Durante muito tempo a educação Infantil era compreendida como período pré escolar

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EM Gilberto Jose Tanus Braz

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para o crescimento da demanda do atendimento público da Educação Infantil (uma das etapas da Educação Básica, segundo a LDB n° 9.394/96) destinado a crianças de zero a seis anos. Com a procura de classes sociais mais favorecidas economicamente por esse tipo de atendimento, houve uma preocupação maior com a socialização, a criatividade e o desenvolvimento infantil como um todo. A instituição de educação infantil deixa de ser pensada como uma instituição assistencialista e começa a ser pensada como um ambiente estimulador, que proporciona bem-estar e condições necessárias para o desenvolvimento infantil, ao menos nas instituições que recebiam as crianças das classes mais favorecidas. Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional aprovada em 1961, o atendimento a crianças menores de sete anos passa a ser incluído no sistema de ensino, ainda que com a fi nalidade de uma educação pré-escolar, ou seja, não com objetivos próprios, mas sim como um simples preparo para o ensino primário. Assim, para a população de baixa renda, foram sendo criadas propostas de trabalho para as instituições de educação infantil (creches e pré-escolas) com caráter compensatório, baseados na teoria da privação cultural. As propostas visavam a uma estimulação precoce e ao preparo para a alfabetização, dando continuidade às práticas assistencialistas de educação e ensino. Já para as camadas mais favorecidas, os projetos elaborados para educação infantil começavam a ter uma conotação de aprimoramento inte- lectual, visando aos aspectos cognitivos, sociais e emocionais da criança. Privação cultural baseava-se na ideia de que só havia um modelo de criança: a da clas- se média, e assim, as outras crianças desfavorecidas economicamente comparadas a estas crianças-modelo eram consideradas “carentes” e “inferiores”. Faltavam para elas determinadas atitudes e conteúdos. Na década de 70, ocorre a profusão de movimentos sociais e com eles surge, dentre outras, uma proposta de creche mais afi rmativa para a criança, a família e a sociedade. Para encerrar este período, é importante ainda lembrar que, em 1975, o Ministério de Educação e Cultura instituiu a Coordenação de Educação Pré-Escolar e, em 1977, foi criado o Projeto Casulo, vinculado à Legião Brasileira de Assistência (LBA) que atendia crianças de zero a seis anos de idade e tinha a intenção de proporcionar às mães tempo livre para poder “ingressar no mercado de trabalho e, assim, elevar a renda familiar” (GONÇALVES, 2009). C E D E R J 85 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Atende ao Objetivo 2 2. Apresente uma refl exão crítica sobre a seguinte afi rmação: A história da creche liga-se às modifi cações do papel da mulher na sociedade e suas repercussões no âmbito da família, em especial no que diz respeito à educação dos fi lhos. A creche deve ser com- preendida dentro de um contexto social que inclui a expansão da industrialização e do setor de serviços, ao mesmo tempo em que a urbanização se torna cada vez maior (OLIVEIRA, 1999). RESPOSTA COMENTADA Ao refl etir sobre a história da creche no Brasil não podemos deixar de atrelá-la à inserção da mulher (pobre e imigrante) no merca- do de trabalho. Na primeira metade do século XX, as demandas econômicas devidas ao aumento da industrialização, assim como a necessidade de suprir a mão de obra masculina no período das grandes guerras, fi zeram com que muitas mulheres deixassem seus lares para entrar no mercado de trabalho, surgindo então a neces- sidade de um local no qual pudessem deixar seus fi lhos. As creches nesse período detinham-se apenas aos cuidados com a criança. A partir da segunda metade do século XX, gradativamente as mulhe- res de classe média também começaram a investir em uma carreira profi ssional, ao mesmo tempo em que ocorreu uma diminuição dos espaços para as crianças brincarem devido à especulação imobi- liária, levando ao surgimento das pré-escolas com uma proposta de trabalho educativo para as crianças. Gradativamente ao longo deste século, a família passa a compartilhar a educação dos fi lhos pequenos com essas instituições (creche e pré-escola). ATIVIDADE Educação Infantil 1 | A história do atendimento à criança no Brasil 86 C E D E R J ATIVIDADE FINAL Atende aos Objetivos 1 e 2 Como atividade para esta aula podemos sugerir que você faça uma refl exão, baseada no texto e na sua vivência, sobre as instituições creche e pré-escola. Você ainda percebe diferenças entre elas? Quais? Faça uma correlação entre os aspectos levantados por você e os aspectos históricos estudados na aula. RESPOSTA COMENTADA Para responder a essa questão, é importante que você refl ita baseado em sua experiência de vida e nos textos. A creche atualmente ainda cumpre somente o papel assistencial (como durante boa parte de nossa história) ou já tem um comprometimento efetivo com a educação das crianças em amplo aspecto? É importante também que você faça uma CONCLUSÃO Dessa forma, com as transformações socioeconômicas e culturais observadas nas últimas décadas, houve um crescimento gradativo do atendimento coletivo às crianças pequenas no Brasil e como consequência surgiu a necessidade de uma legislação mais apropriada a esse tipo de atendimento, como veremos na próxima aula. Atualmente, com essa perspectiva, o ambiente creche é utilizado como um espaço de educação infantil, que favorece o desenvolvimento e a socialização da criança des- de os primeiros meses de vida, com um trabalho baseado em objetivos próprios para a faixa etária. C E D E R J 87 A U LA 6 M Ó D U LO 1 R E S U M O É essencial que você compreenda o panorama do atendimento à infância no Brasil, sobretudo da tutela da criança pobre pelo Estado nos diferentes períodos históricos. Perceba as condutas que permaneceram em relação à criança pobre, mesmo que, em cada período, as estratégias tenham sido diferenciadas, assim como as condutas que realmente mudaram ao longo dos períodos históricos. Atente para o fato de que, desde o descobrimento do Brasil, a criança pobre sempre foi tutelada pelo governo, ou seja, era retirada da convivência familiar ou havia um incentivo para que a própria família o fi zesse e colocasse essa criança aos cuidados do governo através de diferentes instituições. É importante também você perceber que, historicamente, creche e pré-escola se constituíram em dois campos diferentes de atuação. Enquanto a pré-escola desde a sua origem evidencia um caráter educacional, de preparação para a escola regular, a trajetória da creche nos mostra que o assistencialismo foi presença marcante em toda a sua história. Durante muito tempo a creche foi uma instituição para abrigar e salvar crianças (pobres) cujas famílias não possuíam estrutura para fazê- lo. Assim, a maior preocupação das propostas presentes nas creches era com a higiene, considerada extremamente precária entre as camadas populares, e com a saúde, tendo em vista o altíssimo grau de mortalidade infantil. A história da creche está diretamente relacionada às modifi cações do papel da mulher na sociedade e suas repercussões na estrutura familiar, em especial na educação dos fi lhos. O surgimento e mudanças ocorridas nesse tipo de instituição estão envolvidos em um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais. comparação com as escolas de educação infantil que não atendem em período integral e tampouco crianças na faixa etária de creche (zero até três anos). Pode levar em consideração também as instituições públicas e privadas. Refl ita se existe uma tendência em diferenciar o tipo de atendimento de acordo com a classe social atendida

Como a educação infantil era vista antigamente?

A criança era vista como um adulto em escala reduzida, sua educação e cuidados eram de responsabilidade da mãe. “[...] mal adquiria algum embaraço físico, era misturada aos adultos e partilhava de seus trabalhos e jogos” (Áries, 1978, p. 11).

Qual é a origem da Pré

Em 1970, ocorre uma crescente evasão escolar e repetência das crianças das classes pobres no primeiro grau. Por causa disso, foi instituída a educação pré-escolar (chamada educação compensatória) para crianças de quatro a seis anos para suprir as carências culturais existentes na educação familiar da classe baixa.

Em que momento a educação infantil passou a ser concebida como uma etapa da Educação Básica?

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB evidenciou a importância da Educação Infantil, que passou a ser considerada como primeira etapa da Educação Básica.

Como era a educação infantil antes da LDB 9.394 1996?

Nesse quadro, a maioria das creches públicas prestava um atendimento de caráter assistencialista, que consiste na oferta de alimentação, higiene e segurança física, sendo, muitas vezes, prestado de forma precária e de baixa qualidade, enquanto as creches particulares desenvolviam atividades educativas, voltadas para ...

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