O que acontecerá a duração do dia quando parte da calota polar derreter?

De acordo com um novo estudo, se os humanos continuarem emitindo gases de efeito estufa no ritmo atual, o nível global do mar pode subir mais de 38 centímetros até 2100.

Os gases de efeito estufa, como dióxido de carbono, contribuem significativamente para as mudanças climáticas e para o aquecimento do planeta, e são emitidos principalmente pela atividade humana. Conforme a Terra esquenta, as camadas de gelo na Antártica e na Groenlândia derretem. Uma nova pesquisa realizada por uma equipe internacional de mais de 60 cientistas especializados em gelo, oceanos e atmosfera estima o quanto esses mantos de gelo contribuirão para aumentar os níveis do mar.

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Segundo a pesquisa, se os níveis de emissão de gases do efeito estufa continuar no mesmo ritmo que vemos atualmente, o derretimento das camadas de gelo da Groenlândia e Antártica aumentarão em 28 centímetros o nível do mar. Este novo estudo, publicado na revista The Cryosphere, faz parte do Projeto de Intercomparação do Modelo de Manto de Gelo (ISMIP6).

A equipe projetou o crescimento do nível dos oceanos entre 2015 e 2100, explorando uma variedade de cenários com diferentes emissões de carbono. Segundo eles, com altas emissões estendendo-se por todo esse período, o derretimento da Groenlândia contribuirá com 9 cm de água a mais nos oceanos. Com emissões menores, esse número cai para 3 cm.

Emissão de gases do efeito estufa pode aumentar o nível do mar em quase 40 cm. Imagem: elmvilla/iStock

O derretimento no polo sul é mais difícil de prever; embora as plataformas de gelo continuem a erodir no lado ocidental da Antártica, o leste do continente pode ganhar massa devido ao aumento da neve. Por isso, a variação detectada pela equipe foi muito maior. Segundo os pesquisadores, o derretimento do gelo da Antártica aumentaria em 30 cm o nível do mar, sendo 18 cm apenas na parte ocidental do continente.

Esses resultados estão alinhados com as estimativas feitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), cujo Relatório Especial sobre Oceanos e Criosfera de 2019 mostrou que o derretimento das calotas polares contribuiria para cerca de um terço do aumento global do nível do mar.

O IPCC estimou entre 8 cm e 27 cm de aumento causado pelo derretimento da Groenlândia, e uma variação entre 3 cm e 28 cm para a Antártica. Os resultados desse novo estudo ajudarão a embasar o próximo relatório do IPCC, previsto para 2022.

Via: Space

Você provavelmente já ouviu falar sobre alguns dos impactos da elevação dos mares: quase um quinto de Bangladesh, no sul da Ásia, pode ficar submerso. Algumas ilhas baixas do Pacífico podem desaparecer. Espera-se que cidades costeiras como Miami e Nova York tenham mais enchentes.

Mas exatamente como e por que os mares estão subindo?

A resposta mais óbvia é que os humanos estão aquecendo o planeta queimando combustíveis fósseis, derrubando florestas e participando de outras atividades que liberam gases que prendem o calor na atmosfera. Os políticos concluíram que o aquecimento seria especialmente perigoso se ultrapassasse um limite de 2 graus Celsius acima da temperatura da Terra do início da revolução industrial. Mas para obter detalhes sobre como a mudança climática está elevando o nível dos oceanos procurei o meteorologista da CNN International e supervisor para assuntos sobre o clima, Brandon Miller.

Abaixo você encontrará uma transcrição editada de nossa conversa por e-mail.

1. Por que o nível do mar está subindo?

O aumento global do nível do mar ocorre devido a dois fatores. A maior razão é por causa de algo chamado “expansão térmica”, que significa simplesmente que a água se expande à medida que se aquece, assim como o líquido em um termômetro se expande com o aumento da temperatura. Portanto, à medida que as temperaturas globais continuam subindo, os oceanos ficam mais quentes e literalmente se expandem, fazendo com que o nível do mar suba. O outro principal contribuinte para o aumento do nível do mar é a perda de geleiras e das calotas polares. Quando as geleiras e calotas polares derretem, a água flui para o oceano e aumenta seu volume. 

2. Isso já está acontecendo ou é algo para o futuro?

Sim, já está acontecendo e, sim, continuará a acontecer no futuro, com a taxa de aumento do nível do mar provavelmente aumentando também. Desde 1900, estamos observando os mares subirem, em média, cerca de 20 cm. Embora os níveis dos oceanos tenham variado nos últimos 2 mil anos, eles variaram muito mais lentamente. Levaria várias centenas de anos para alterar o nível do oceano na quantidade que testemunhamos no século passado, com grande parte desse aumento ocorrendo nos últimos 25 anos.

A taxa de mudança nos últimos 20 anos é cerca do dobro da taxa de mudança nos últimos 100 anos, indicando que a taxa de aumento do nível do mar está aumentando.

3. O que acontecerá com o nível do mar se o clima esquentar em dois graus?

Os níveis do mar certamente continuarão a subir se o clima esquentar 2°C. A elevação do nível do mar não vai parar, mesmo que o aquecimento termine em 2 graus. Em vez disso, continuará por muitos séculos devido ao atraso existente no tempo de resposta dos oceanos e dos enormes mantos de gelo do mundo.

Se olharmos para o passado distante, 120 mil anos atrás, quando apenas os primeiros humanos existiam, a temperatura era 2 graus mais quente do que é agora. O nível do mar estava cerca de 5 metros mais alto do que hoje. Quase 500 milhões de pessoas em todo o mundo vivem atualmente em regiões com menos de 5 metros de altitude.

Enorme iceberg que separou-se da placa de gelo Larsen C, na AntárticaFoto: Mario Tama/Getty Images

4. Quanto os níveis do mar devem subir, digamos, até 2100?

De acordo com as últimas projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), um aumento de 2 graus na temperatura até o final deste século resultaria em cerca de meio metro de elevação do nível do mar. Se reduzirmos drástica e imediatamente a quantidade de gases do efeito estufa que estamos emitindo, o nível do mar ainda continuará a subir como resultado do aquecimento que já produzimos, mas deve ser menor, provavelmente em torno de 40 cm. Se continuarmos a aumentar as emissões de gases de efeito estufa na taxa atual, o aumento no nível do mar pode chegar ao dobro desse valor, ou 80 cm até 2100.

O derretimento das geleiras é um fator importante no aumento do nível dos oceanosFoto: Josef Friedhuber/Getty Images/File

5. E no longuíssimo prazo?

Uma das grandes questões é quanto aquecimento será necessário para derreter o manto de gelo da Groenlândia, que contém água suficiente para elevar o nível do mar em 7 metros (23 pés). Esta é uma pergunta incrivelmente difícil de responder, mas pesquisas atuais mostram que é provável que o aquecimento esteja entre 1 e 4 graus, em comparação com as médias pré-industriais. Se 2 graus são suficientes para derreter a camada de gelo da Groenlândia, por exemplo, isso pode significar que o nível do mar subiria muito mais e mais rápido do que mostram as projeções atuais. O derretimento total do gelo da Groenlândia provavelmente levaria milhares de anos, no entanto.

6. Muitas ilhas do Pacífico vão realmente desaparecer?

Provavelmente não desaparecerão, pelo menos não no curto prazo (até o final deste século), mas serão dramaticamente impactadas. Muitas regiões baixas verão mudanças drásticas em sua geografia costeira devido à erosão das praias, desafios significativos de infraestrutura relacionados à intrusão de água salgada no sistema de água para uso e deslocamento da população devido a inundações. Existem alguns exemplos extremos, como as Ilhas Marshall, onde 99% do país fica abaixo de 5 metros de altitude, e que poderiam ser literalmente “varridas do mapa”, mas o problema vai muito além.

As comunidades costeiras em todo o mundo enfrentarão riscos maiores de ondas de maré induzidas por tempestades, inundações frequentes de marés altas, etc. Muitas das maiores e mais influentes cidades do mundo estão localizadas na costa e devem fazer preparativos significativos para combater a elevação do nível do mar.

7. E quanto a Bangladesh? Não é um risco muito alto?

Sim, absolutamente. Bangladesh está em uma situação muito complicada, pois é vulnerável a inundações de todos os lados como resultado das mudanças climáticas. O aumento do nível do mar reduzirá continuamente as comunidades costeiras localizadas em regiões baixas, enquanto os principais rios que correm através de Bangladesh (Ganges e Brahmaputra) enfrentarão o aumento do nível das águas devido ao derretimento das geleiras no Himalaia. Bangladesh tem a oitava maior população do mundo — 158 milhões — e a maioria dessas pessoas vive nas áreas onde a correnteza dos rios sofreria interferência do aumento do nível do mar.

Mulher celebra rito hindu na Baía de Bengala, em Bangladesh. O país seria gravemente prejudicado pelo aumento do nível dos oceanos.Foto: Rehman Asad/NurPhoto via Getty Images

8. O que acontecerá com as cidades dos EUA — como Nova York, Nova Orleans e Miami?

O Banco Mundial conduziu recentemente um estudo que classificou as cidades em todo o mundo em termos de risco de inundações costeiras resultantes da mudança climática. Ao analisar os custos gerais dos danos, cinco das dez principais cidades estavam nos Estados Unidos: Miami (2ª), Nova York (3ª), Nova Orleans (4ª), Tampa (7ª) e Boston (8ª). Isso se deve em grande parte a impactos em enormes infraestruturas, ativos econômicos e população que estão localizados diretamente na costa e em baixas elevações.

Com base na Avaliação Climática Nacional dos EUA, de 2014, a cidade de Nova York veria um aumento do nível do mar local de quase 1,2 metros até 2100. Um aumento do nível do mar desse tamanho resultaria em quase 100 mil pessoas submersas somente na cidade de Nova York, com um dano às propriedades no valor de US$ 16,5 bilhões.

Água do mar inunda área em Manhattan, na cidade de Nova YorkFoto: Lev Radin/Pacific Press/LightRocket via Getty Images

9. Quantas pessoas serão deslocadas pela subida do mar?

Em um cenário de aumento de 2 graus, centenas de milhões de pessoas serão afetadas por inundações costeiras como resultado das mudanças climáticas. As regiões Leste, Sudeste e Sul da Ásia serão particularmente afetadas. Infelizmente, algumas dessas regiões, que enfrentarão os maiores e mais imediatos impactos da subida do mar, têm menos recursos para combatê-los. Em muitos casos, o custo da adaptação costeira pode ser muito alto, inundações causadas por tempestades, que aumentam o nível das águas e as levam para dentro das casas, se tornarão muito frequentes ou a intrusão de água salgada no lençol freático local tornará o cultivo de alimentos impossível — e pessoas em todas as regiões do mundo serão forçadas a deixar suas casas e suas cidades.

(Texto traduzido. Leia o original em inglês).

O que acontece se a calota polar derreter?

Se as calotas polares derretessem provocariam uma elevação do nível do mar que causariam destruições e inundariam quase todas as cidades baixas do mundo. A Terra está esquentando. Graças à queima de petróleo e carvão, só no último século a temperatura média do planeta já aumentou 0,5 ºC.

Quais os danos que podem ocorrer com o derretimento das calotas polares?

Dentre as consequências ligadas ao derretimento das geleiras, as principais são o aumento do nível da água dos oceanos, o avanço do mar sobre ilhas e cidades litorâneas, podendo ocasionar na sua submersão, e a extinção de várias espécies animais e vegetais em decorrência do desaparecimento de determinados ecossistemas.

O que pode acontecer se as geleiras derreterem?

Se todo o manto de gelo da Antártica derretesse, poderia elevar o nível do mar em cerca de 57 metros, mais do que nove vezes mais a quantidade que poderia ser liberada pela Groenlândia. As outras geleiras e mantos de gelo do mundo contêm água mais do que suficiente para causar grandes problemas às cidades costeiras.

Quais seriam as consequências imediatas para a vida na Terra caso houvesse derretimento de todo o gelo do planeta?

Nesse caso, a temperatura média passaria a 26,6 ºC, em vez dos atuais 14,4 ºC. Imensas regiões se tornariam inabitáveis para os seres humanos e haveria ampliação das áreas desérticas.

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