O que pode o ensino de história sobre o uso de fontes na sala de aula?

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ser entendido. O triunfo do documento deixou de ser o triunfo da verdade. O critério de verdade empirista, baseado na idéia de uma corres- pondência entre o relato e a realidade, foi abandonado pela história sousa Destacar sousa Destacar sousa Destacar sousa Destacar Anos 90, Porto Alegre, v. 15, n. 28, p. 113-128 , dez. 2008 Nilton Mullet Pereira e Fernando Seffner 117 desde a crítica ao positivismo, para o qual os documentos eram veículos da verdade do passado. Ao contrário, o critério da corres- pondência passou a ser inaplicável à pesquisa histórica, sobretudo porque aprendemos a distinguir passado e história (JENKINS, 2004). O passado é o objeto de estudo do historiador, apenas aces- sível pela linguagem que o ordena; a história é um discurso que os historiadores produzem como resultado de um longo trabalho de seleção de fontes, de seleção do método e de seleção da teoria, mergu- lhado em importantes conflitos e lutas políticas do presente. A pro- dução da verdade em história tornou-se um engenho complexo. Ao invés de se mostrar como um trabalho recalcado, de quem quer acessar um passado do qual poderia apenas aproximar-se, a produção da verdade se tornou uma produção discursiva. Isso implicou reco- nhecer que a ciência histórica, para se efetivar, precisa considerar toda uma série de mediações, desde o caráter do documento como monumento, até a compreensão da história como um discurso sobre o passado, política e culturalmente informado. Esse debate passa ainda pelo tratamento do discurso histórico como um conjunto de representações (CHARTIER, 1991) sobre o passado. Assim, entendemos que o discurso histórico disputa espaço com outras representações acerca do passado que transitam na nossa sociedade, como aquelas produzidas pela literatura, pelo cinema, pela televisão, pelo rádio, pelas propagandas comemorativas oficiais do governo ou das empresas etc. Na memória social, o passado se constrói num jogo de forças constante e no seu interior a história é um dos discursos que procura marcar lembranças e determinar esque- cimentos. É assim que ocorre quando os estudantes da Escola Básica assistem a uma minissérie televisiva como O Quinto dos Iinfernos,2 por exemplo. Eles são colocados diante de representações que ensinam sobre o passado e produzem memória, tanto quanto ou mais do que a aula de História. sousa Destacar sousa Destacar sousa Destacar sousa Sublinhar sousa Sublinhar sousa Sublinhar sousa Sublinhar Anos 90, Porto Alegre, v. 15, n. 28, p. 113-128, dez. 2008 O que pode o ensino de história?... 118 Sobre os objetivos do ensino de história O tempo da disciplina escolar aproxima-se mais do conjunto de representações do senso comum do que do tempo da pesquisa. Isso quer dizer que a incorporação dos avanços da historiografia pela sala de aula tem a ver tanto com a cultura específica do espaço escolar, quanto com o descompasso e a distância existente entre a pesquisa e o ensino. O que se ensina na escola não é o mesmo que se ensina na academia, e nem poderia ser. Isso se explica por duas ordens de fatores: os processos de mediação didática que buscam construir o conhecimento escolar, a partir de várias fontes, sendo uma delas o conhecimento produzido pela pesquisa histórica; e os interesses, circunstâncias socioculturais específicas e contexto polí- tico específico daqueles que são os receptores da história ensinada na escola, alunos e comunidade de pais e professores. No curso de História, integrado ao ambiente acadêmico, o ensino se volta a uma formação que exige a aprendizagem da filosofia e da epistemologia da disciplina, de modo que não apenas o futuro professor de História amplie e refine seu olhar para o real, mas que se torne um agente da pesquisa e da socialização do conhecimento histórico. Na escola, os objetivos e procedimentos são aqueles defi- nidos em diversos níveis, todos eles fortemente políticos. A His- tória é disciplina escolar citada na Constituição Federal de 1988 (como de resto, citada em todas as constituições), e de modo explí- cito na LDB.3 A Constituição Federal cita duas áreas apenas ao falar da educação nacional: ensino de língua materna e ensino de história. Na LDB, a disciplina de História aparece com destaque, e no parágrafo 4º do Artigo 26 se diz claramente que “o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígenas, africana e européia”. Decretos federais já trataram de inserir temas no ensino escolar de História, notadamente as questões ligadas à identidade negra e indígena.4 Desta forma, sousa Destacar sousa Destacar sousa Sublinhar sousa Destacar Anos 90, Porto Alegre, v. 15, n. 28, p. 113-128 , dez. 2008 Nilton Mullet Pereira e Fernando Seffner 119 verifica-se que os processos que determinam o estabelecimento de objetivos para o ensino de História na escola pública brasileira são bastante diversos daqueles que regem o ensino superior. Nossa concepção é que ensinar história na escola significa permitir aos estudantes abordar a historicidade das suas determi- nações socio-culturais, fundamento de uma compreensão de si mes- mos como agentes históricos e das suas identidades como constru- ções do tempo histórico. O presente, que é o espaço/tempo dos estudantes, de onde eles olham para si mesmos e para o passado, torna-se histórico, na medida em que, passo a passo, o professor de História consegue historicizar as instituições, as políticas, os mode- los culturais, os modos de ser e, sobretudo, as identidades. Trata-se de levar as novas gerações a conhecerem suas próprias determina- ções, a construir relações de pertencimento a um grupo, a uma história coletiva e a lutas coletivas. Na escola, o ensino de história coloca os estudantes diante das representações que as gerações passadas produziram sobre si mesmas (nossas fontes) e, ao mesmo tempo, estimula-os a elaborar a crítica das representações que hoje produzimos sobre nosso próprio passado. Então, ao ensinarmos história na escola, pomos-nos a ensi- nar a ler o passado através das representações que sobre o passado estão sendo ou foram produzidas, mas também, quem sabe, através dos vestígios deixados pelas gerações anteriores. O ensino de história procura mostrar que a disciplina é um dis- curso que, em meio a diversos outros e em conflito com estes, cria ordem para o passado, estabelece formas de sentir e de olhar para o último e, com isso, situa o sujeito num certo presente. O professor de História na escola estabelece as diferenças entre os diversos dis- cursos que se propõem a recriar o passado e o relato historiográfico, discute a especificidade do cinema, da televisão, da literatura e, sobretudo, da historiografia como o espaço mesmo do ofício da produção de representações sobre o passado. O alvo principal do ensino de história na escola é a construção da compreensão de que estudar esta disciplina é uma ação social sousa Sublinhar sousa Sublinhar sousa Destacar Anos 90, Porto Alegre, v. 15, n. 28, p. 113-128, dez. 2008 O que pode o ensino de história?... 12 0 que se dá no presente. A dedicação ao estudo da história na escola não consiste em mero diletantismo, mas em compreender a si mesmo e a sua sociedade e, sobretudo, acumular conceitos para ler a própria realidade, e criar novidades, formas novas de intervenção na socie- dade, novas práticas sociais, novas realidades. Em última análise, o ensino de história deve levar homens e mulheres do meio urbano ou rural a se tornarem artífices de si mesmos, a construírem-se como singularidades e a olhar para seu presente como diferença em relação ao seu passado e, ao mesmo tempo, como produto dos conflitos e das lutas do passado. Na base desses objetivos, está o pressuposto de que a escola forma cidadãos, não historiadores. Forma sujeitos capazes de histo- ricizar a própria vida e de, como conseqüência, promover rupturas e pôr em suas mãos os destinos da sua cidade, da comunidade, da região. O acúmulo

Qual a importância das fontes para o estudo da história?

As fontes históricas são essenciais para o historiador realizar o seu trabalho. Esse trabalho do historiador nos ajuda a entender um pouco da nossa realidade e só é possível a partir desses vestígios, que são chamados de fontes históricas, também conhecidas como documentos históricos.

Porque é importante trabalhar o ensino de história com o uso das fontes históricas como ferramentas na produção do conhecimento histórico?

As fontes históricas assumem um papel fundamental na prática do ensino de História, uma vez que são capazes de ajudar o aluno a fazer diferenciações, abstrações, o que, entre outros aspectos, é uma dificuldade quando tratamos de crianças e jovens em desenvolvimento cognitivo.

Como trabalhar com fontes históricas em sala de aula?

O trabalho com fontes históricas em sala de aula requer cuidados, pois todo documento histórico expressou uma versão de um determinado fato ou momento. Para utilizar boas metodologias, o professor precisa construir um roteiro de análise para os alunos.

Qual a importância das fontes históricas para o ensino de história no Ensino Fundamental?

O uso de fontes nas aulas de história possibilita ao aluno compreender o trabalho do historiador além de favorecer a capacidade de refletir, observar, indagar e elaborar hipóteses sobre o conhecimento.

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