O rompimento da barragem da mineradora Samarco, ocorrido em novembro de 2015

No dia em que a tragédia ocorrida no município de Mariana, causada pelo rompimento da barragem da Mineradora Samarco, completa seis meses, pesquisadores, profissionais de órgãos governamentais (defesa civil, saúde e meio ambiente), movimentos sociais e representantes dos moradores das regiões afetadas se reúnem no seminário O Desastre da Samarco: balanço de seis meses de impactos e ações. O evento, que ocorre nos dias 5 e 6 de maio, será na cidade de Mariana, no Hotel Providência (Rua Dom Silvério, 233, Centro).

“Nosso objetivo é mostrar os avanços do conhecimento sobre o tema, disseminando os progressos obtidos. A ideia é que todo esse conhecimento possa se transformar em medidas concretas, remediando os efeitos do desastre e gerando políticas públicas”, destaca Léo Heller, coordenador do grupo de pesquisa de Direitos Humanos e Políticas Públicas em Saúde e Saneamento da Fiocruz Minas, responsável por conduzir as ações relacionadas à tragédia em toda a Fundação.

Durantes dois dias de evento, os participantes vão se debruçar sobre os efeitos do desastre, que é considerado o maior já ocorrido no Brasil em termos de danos socioambientais. Temas como a compreensão dos riscos de desastres na mineração, o Marco de Sendai, bem como as lições que podem ser tiradas da tragédia estarão em debate. Os participantes também vão discutir novas dinâmicas de desenvolvimento econômico e social sustentável com projetos de mineração.

“Nas discussões que tivemos sobre o evento, foi defendido que deveríamos marcar e deixar claro que os impactos não terminaram no dia 5 de novembro de 2015 ou mesmo um ou dois meses depois. São impactos que não só continuam, mas vão se ampliar por anos, por décadas”, afirma o coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Ensp/Fiocruz), Carlos Machado, um dos organizadores do seminário. “Desastres como esse requerem encontros semestrais ou anuais para fazer um balanço e não permitir que caiam no esquecimento, pois é nisso que as empresas e aqueles que não têm compromisso com a defesa desses direitos apostam”, completa.  

O seminário O desastre da Samarco: balanço de seis meses de impactos e ações é promovido pela Fiocruz, em parceria com a United Nations International Strategy for Disaster Reduction (UNISDR), a Rede de Pesquisadores em Redução do Risco de Desastres no Brasil (RP-RRD-BR), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udes). “Iniciamos desde o mês de fevereiro um trabalho coletivo, envolvendo não somente várias instituições, mas também diferentes perspectivas sobre esse desastre. O resultado, a meu ver excelente, é a combinação de reflexão sobre o desastre com balanço dos impactos e ações e, ao mesmo tempo, subsídio para as ações por parte do Estado e dos movimentos sociais”, explica Machado.

Nos dois dias, o seminário acontece das 9h às 17h. Veja a programação completa no site da Fiocruz Minas. 

Ações da Fiocruz
Desde meados de novembro, após o rompimento da barragem em Mariana (5/11), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem articulado ações estratégicas com profissionais de outras instituições para discutir formas de atuação nas regiões afetadas pela tragédia. Além das pesquisas iniciais referentes à qualidade da água e ao impacto do desastre no meio ambiente, a Fiocruz também vem discutindo com o Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) o desenvolvimento de estudos para a avaliação dos impactos na saúde, provenientes do rompimento da barragem.

O Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas) também tem coordenado atividades e participado de discussões da força-tarefa do governo do Estado de Minas Gerais, instituída por meio do decreto 46.892/2015 pelo governador Fernando Pimentel. A iniciativa visa avaliar os efeitos e os desdobramentos do rompimento da barragem.

Ações integradas ao município de Mariana também estão ocorrendo desde o mês de dezembro, quando o CPqRR participou de reunião técnica, em que o secretário municipal de saúde, Juliano Duarte, transmitiu à equipe as principais necessidades da cidade. Já no início de janeiro, um segundo encontro entre técnicos das secretarias municipal e estadual de saúde e profissionais da Fiocruz foi efetuado com o intuito de realizar uma ação conjunta e coordenada.

A Fundação também participou dos debates com pesquisadores de diferentes áreas para a construção de projeto para o edital 04/2016 da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais (Fapemig), com o título Tecnologias para recuperação da Bacia do Rio Doce. O edital foi lançado no dia 7 de janeiro e destina cerca de 7 milhões a pesquisas que busquem soluções para os problemas que atingem as regiões afetadas.

Já no mês de fevereiro, na semana em que a tragédia ocorrida em Mariana (MG) completou três meses, a Fiocruz e mais 20 instituições brasileiras assinaram um manifesto que alerta para a importância de acompanhar com cautela todo e qualquer projeto de reconstrução das localidades afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão. Os signatários do documento ressaltaram que o processo de construção da nova localidade deve considerar, no mínimo, a equivalência das condições de vida existentes anteriormente à tragédia; e que todas as decisões devem levar em consideração o desejo e a opinião da população afetada.

Qual foi o motivo do rompimento da barragem de Mariana?

A barragem de Fundão passava por um processo de alteamento, quando ocorre a elevação do aterro de contenção, pois o reservatório já chegava a seu ponto limite, não suportando mais o despejo dos dejetos da mineração. Aproximadamente às 15h30min da tarde do dia 5 de novembro de 2015, a contenção apresentou um vazamento.

Quais foram as consequências do rompimento da barragem de Mariana em 2015?

Além de causar morte no interior dos rios, a lama provocou a morte de toda a vegetação próxima à região. Uma grande quantidade de mata ciliar foi completamente destruída. Os resíduos da mineração também afetaram o solo, causando sua desestruturação química e afetando o pH da terra.

Qual foi o impacto ambiental causado pelo rompimento da barragem?

Dentre os impactos sobre o meio físico, pode-se constatar a degradação da qualidade da água, o assoreamento dos cursos d'água, a alteração da vazão dos rios e a degradação da paisagem.

Que ações foram adotadas em relação ao rompimento da barragem de uma empresa mineradora em 2015?

Outras ações foram feitas para mapear e reparar danos ambientais; capacitar equipes para lidar com casos de severo impacto social; bloquear valores da mineradora Vale, responsável pelas estruturas que ruíram; reestruturar o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) local; e homologar acordos pré- ...

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