Quais são as competências apresentadas na BNCC que contribui para o acolhimento e inclusão de todos os alunos?

11 nov As contribuições da BNCC para uma educação inclusiva

Com o objetivo de garantir uma aprendizagem comum, Base Nacional abre possibilidades para ampliar cultura de inclusão na escola

Por Silvia Ferraresi

O ano termina e, com ele, começa o planejamento escolar para 2019. O próximo ano será repleto de novidades na área da educação e uma delas, em especial, provocará mudanças significativas em todo o país. Trata-se da chegada, na prática, da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) à grande parte das escolas brasileiras.

A BNCC estabelece os conteúdos essenciais e as competências que os estudantes deverão desenvolver ao longo de toda a educação básica. Durante 2018, o documento orientou a elaboração do currículo nas redes estaduais e municipais do país. Para os próximo ano, as equipes docentes deverão começar a implementar estratégias pedagógicas orientadas pela Base Nacional.

E como determina a legislação, as escolas particulares também deverão se alinhar à BNCC. Como seu objetivo é garantir uma aprendizagem comum a todos os estudantes, ela abre possibilidades de construção de uma educação cada vez ainda mais inclusiva também na rede privada. Se a Base não está em pauta em sua unidade, ainda dá tempo de se informar e garantir estratégias e recursos pedagógicos para que todos aprendam.

Diferenças entre BNCC e currículo

Embora digam respeito ao que crianças e adolescentes aprenderão em sala de aula, a Base Nacional Comum Curricular e o currículo são documentos distintos.

• O currículo são as ações voltadas para o projeto pedagógico da unidade escolar
• Já a Base Nacional indica direitos e objetivos para a aprendizagem, mas não define o formato como o processo de ensino-aprendizagem será desenvolvido

Ou seja, a BNCC apresenta o conjunto de conhecimentos e habilidades que os estudantes devem aprender e desenvolver ao longo de cada ano. Já o currículo é o “caminho” que as escolas seguirão para garantir esses direitos. Ela, portanto, não é um currículo em si, mas parte dele.

O que a Base Nacional diz

O documento atual trata da educação infantil e do ensino fundamental e é constituído por 10 competências gerais que todas as crianças e adolescentes devem aprender e expandir, sendo elas:

O desenvolvimento dessas competências ao longo da escolarização dos estudantes constituirá pessoas com atitudes, valores e ações tão necessários em tempos de tanta intolerância.

A BNCC e a educação inclusiva

A Base Nacional Comum Curricular é um grande avanço para a educação brasileira, pois abre oportunidades para uma educação mais inclusiva, que parta do olhar para o aluno e suas singularidades. Ela amplia as possibilidades para que as escolas busquem novas alternativas para ensinar a todos. Sendo assim, dialoga com os princípios do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), que são:

• Proporcionar diversos meios para a aprendizagem
• Proporcionar diferentes formas para expressão do que foi aprendido
• Manter a motivação e permanência dos estudantes

Por tudo isso, elaborar o plano pedagógico 2019 de sua escola será um desafio diferente. Muitos paradigmas deverão ser quebrados para entrarmos em um novo tempo da educação. E essa mudança precisa começar com o professor rompendo seu próprio padrão de funcionamento e se abrindo para enxergar a educação além do desempenho no boletim.

Precisa de ajuda nesse caminho?

Nós do Inclusão na Escola podemos caminhar com você no processo de construção de um currículo alinhado com a BNCC — e em outras demandas relacionadas à inclusão de alunos com deficiência, autismo ou dificuldades de aprendizagem. Nossos principais serviços são:

• Formação de capacitação de professores, equipe gestora e demais envolvidos com o processo ensino e aprendizagem
• Mentoria para a implementação do processo
• Assessoria para o desenvolvimento do plano e currículo

Entre em contato pelo site ou envie um e-mail para para mais informações. Vamos juntos fazer sua escola ser cada vez mais inclusiva!

Compreender o conceito de competências socioemocionais envolve o estudo das emoções. Ao longo da história, as emoções foram abordadas de diferentes perspectivas: da neuropsicologia, da biologia, dos padrões das espécies, da psicopedagogia, da cultura etc. Dentre todas essas abordagens, aquelas voltadas para as competências socioemocionais no contexto escolar são as de interesse nesse texto por abordarem diretamente as novas diretrizes propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a proposta de Educação para o século 21 (proposta pela UNESCO) e o ensino integral.

Na BNCC, as competências socioemocionais estão presentes em todas as 10 competências gerais. Portanto, no Brasil, até 2020, todas as escolas deverão contemplar as competências socioemocionais em seus currículos. Diante dessa demanda, precisamos conhecer mais sobre a educação socioemocional (Social Emotional Learning – SEL).

Segundo CASEL, a educação socioemocional refere-se ao processo de entendimento e manejo das emoções, com empatia e pela tomada de decisão responsável. Para que isso ocorra, é fundamental a promoção da educação socioemocional nas mais diferentes situações, dentro e fora da escola, pelo desenvolvimento das cinco competências apresentadas a seguir:

Envolve o conhecimento de cada pessoa, bem como de suas forças e limitações, sempre mantendo uma atitude otimista e voltada para o crescimento.

Relaciona-se ao gerenciamento eficiente do estresse, ao controle de impulsos e à definição de metas.

Necessita do exercício da empatia, do colocar-se “no lugar dos outros”, respeitando a diversidade.

Relacionam-se com as habilidades de ouvir com empatia, falar clara e objetivamente, cooperar com os demais, resistir à pressão social inadequada (ao bullying, por exemplo), solucionar conflitos de modo construtivo e respeitoso, bem como auxiliar o outro quando for o caso.

Preconiza as escolhas pessoais e as interações sociais de acordo com as normas, os cuidados com a segurança e os padrões éticos de uma sociedade.

Existem diferentes estudos e práticas internacionais e nacionais voltadas ao trabalho com competências socioemocionais (por exemplo: OCDE, Casel, Wida, Center for Curriculum Redesign, MEC) Além do estudo e disseminação do conhecimento, diferentes avaliações de grande escala contemplam as competências socioemocionais, como o PISA (Programme for International Student Assessment) e o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).

[...]para que as competências socioemocionais sejam trabalhadas no contexto escolar do aluno do século XXI, elas devem ser o foco de qualquer proposta curricular que venha a ser delineada a partir da BNCC.

O grande desafio que se configura atualmente é investir nas competências cognitivas/acadêmicas e também nas competências socioemocionais. Quanto a essa questão, CASEL (2015) aponta que investir em competências socioemocionais beneficia o aluno não apenas no desenvolvimento dessas competências, mas também no desempenho escolar de modo geral e na manutenção de uma sociedade pró-social. Portanto, para que as competências socioemocionais sejam trabalhadas no contexto escolar do aluno do século XXI, elas devem ser o foco de qualquer proposta curricular que venha a ser delineada a partir da BNCC.

No campo do desenvolvimento das competências socioemocionais, um tema muito importante nos dias atuais é o bullying. O termo bully pode ser traduzido como valentão, brigão ou tirano. Assim, o termo bullying compreende o conjunto de ações violentas e intencionais (geralmente repetidas) contra outra pessoa e que tem como produto danos que variam desde a ordem física à psicológica, deixando “marcas” não apenas momentâneas, mas também capazes de reverberar ao longo da vida da pessoa que foi alvo do bullying.

O bullying é uma preocupação para toda a sociedade, sendo inclusive destacadas, pelo MEC, as ações anti-bullying nas escolas. No combate ao bullying, as 5 competências socioemocionais, descritas anteriormente, devem ser trabalhadas: autoconsciência, autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável. 

Para serem trabalhadas, é fundamental que o educador tenha clareza dessas competências, apoie e monitore os alunos quanto ao exercício delas.

Por exemplo: criando estratégias em que um aluno que apresente maior conhecimento do tema abordado possa auxiliar aqueles que apresentem maior dificuldade e seja valorizado por isso, bem como incentivando e apoiando o aluno que apresenta maior dificuldade no tema em questão a falar sobre suas limitações com os demais. O grupo como um todo pode apoiar as decisões tomadas para a resolução dessa atividade de modo positivo, respeitando as limitações e valorizando ações pró-sociais.

Marcos Meier e Sandra Garcia (2007), pautados em Feuerstein, apontam alguns critérios de mediação, em consonância com ações apoiadas nas competências socioemocionais, que podem ser transpostos para a sala de aula, a saber:

  1. Intencionalidade e reciprocidade: o educador deve apresentar objetivos/metas claras e concretas (assim produzirá maior reciprocidade entre os alunos).
  2. Significado: o educador deve explicar o conceito (relacionado ao tema trabalhado na aula) e suas implicações com outros conceitos de modo claro e objetivo verificando se o aluno os compreendeu.
  3. Transcendência: o educador deve articular as aprendizagens de modo que transcendam o “aqui e agora”, favorecendo o aluno a pensar sobre as implicações do que está sendo “dito e feito”.
  4. Competência: o educador deve proporcionar que o aluno se sinta “capaz” de aprender, favorecendo sua motivação e autoestima. Ou seja, deve oportunizar situações em que o aluno obtenha sucesso. Para isso, as aulas, avaliações, linguagens etc. devem estar de acordo com o nível do aluno para o tema abordado. O feedback ao aluno é fundamental!
  5. Regulação e controle do comportamento: o educador deve apoiar o aluno a controlar/regular suas ações nas diferentes situações, incluindo as estressoras. Portanto, apoiar a discussão reflexiva, com o aluno e no grupo, é importante!
  6. Compartilhar: o educador deve manter e reforçar o clima escolar de respeito, ajuda mútua e valorizar a importância do controle das emoções, da comunicação clara e respeitosa, do balanceamento entre os objetivos/metas pessoais e do grupo. Situações de debate, troca de ideias e afins são de fundamental importância!
  7. Individuação e diferenciação psicológica: o educador deve valorizar as diferenças, desenvolvendo a consciência e a singularidade de cada aluno – e como ela pode coabitar com o grupo e fortalecê-lo.
  8. Planejamento e busca por objetivos: o educador pode apoiar o aluno na identificação de suas metas (objetivas, claras e que respeitem os demais) e ajudá-lo no planejamento (concreto e com passos possíveis de serem realizados) para que essas metas sejam alcançadas. A conversa e as estratégias para análise (como antecipação por imagens mentais) são de suma importância.
  9. Procura pelo novo e pela complexidade: o educador deve propor situações desafiadoras e incentivar a sua resolução de modo respeitoso.
  10. Consciência da modificabilidade: o educador deve sempre buscar novos caminhos, recursos, estratégias etc., de forma a apoiar a todos os alunos (nunca desistir de um aluno quando a maioria já dominou um assunto, situação etc.).
  11. Sentimento de pertença: o educador deve apoiar o aluno a identificar as pessoas que se aproximam ou que se identificam com ele, em outras palavras, o educador deve auxiliar os alunos a se sentirem pertencentes a um grupo.
  12. Construção do vínculo: o educador deve buscar vincular-se aos alunos e vice-versa. O vínculo é fundamental para a ação em grupo!

Um bom exemplo de onde essa mediação poderia desenvolver as competências socioemocionais dos alunos está nas páginas 8 e 9 do Caderno de boas práticas (CP_EF-AF_006 e CP_EF-AF_007) em que é proposto pensar a linguagem (e a prática escolar) como prática social.

Nessa atividade, é sugerido o desenvolvimento de um jornal escolar que contasse com a participação ativa dos alunos e trabalhasse temas do cotidiano e universo estudantil, relevantes para a comunidade escolar.

Em um desdobramento simples e que não pretende esgotar toda a discussão e o trabalho em competências socioemocionais, durante a produção desse jornal, os educadores poderiam, por meio de uma roda de conversa, verificar as forças e limitações de cada aluno (trabalhando a competência de autoconsciência), mediar a participação de cada aluno com base nessa análise de limite e potencialidade e auxiliar os alunos nas tomadas de decisão sobre os temas, textos etc. (trabalhando as competências de autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável).

Nesse processo, o educador pode apresentar claramente e objetivamente os propósitos do jornal, as tarefas de cada aluno e as metas individuais e do grupo.

Durante a produção do jornal, o educador pode:

  • a) incentivar e valorizar a reciprocidade;
  • b) incentivar  a transcendência ou implicações da produção escrita;
  • c) valorizar a capacidade de cada aluno e do grupo (auxiliando a escolha de tarefas a partir das potencialidades de cada aluno);
  • d) valorizar a regulação (ao mediar conflitos que possam surgir, por exemplo);
  • e) incentivar e valorizar o compartilhar (em que todos os alunos tenham voz ativa, mas saibam respeitar os demais) e;
  • f) respeitar a singularidade de cada aluno.

Ao sugerir novos temas desafiadores para o conteúdo do jornal, o educador cria novas oportunidades para desenvolver as competências socioemocionais dos alunos e a participação ativa de todos, com a devida mediação do educador, favorece o estabelecimento de vínculo e o respeito. Em outras palavras, nessa atividade é possível combater o bullying na escola por meio das competências socioemocionais.

Para os educadores fica o desafio de alinhar as práticas de sala de aula (e fora de sala de aula) com os pressupostos aqui apresentados, relacionados às competências socioemocionais, com a certeza de que a mudança alcançada não apenas auxiliará no desempenho acadêmico e cognitivo dos alunos, mas também promoverá um clima escolar mais respeitoso e empático (combatendo o bullying) com impactos em toda a vida dos alunos e da sociedade.

Saiba mais

Links interessantes para consulta:

CASEL. Resources: Infographics. Disponível em: //casel.org/resources-infographics/>. Acesso em: 25 fev. 2019.

CASEL. Resources: Guides. Disponível em: //casel.org/resources-guides/>. Acesso em: 25 fev. 2019.

CASEL. Middle School SEL Resources. Disponível em: //casel.org/middle-resources-2/>. Acesso em: 25 fev. 2019.

CASEL. Creating a Safe, Supportive Environment for Learning. Disponível em: //casel.org/creating-a-safe-environment-for-learning/>. Acesso em: 25 fev. 2019.

CASEL. Casel Guide – Effective Social and Emotional Learning Programs. Disponível em: //secondaryguide.casel.org/#Outcomes>. Acesso em: 25 fev. 2019.

A HISTÓRIA, os pilares e os objetivos da educação socioemocional. Revista Educação. Disponível em:

//www.revistaeducacao.com.br/historia-os-pilares-e-os-objetivos-da-educacao-socioemocional/>. Acesso em: 25 fev. 2019.

ABED, Anita Lilian Zuppo. O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho para a aprendizagem e o sucesso escolar de alunos da Educação Básica. Disponível em:

//pepsic.bvsalud.org/pdf/cp/v24n25/02.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2019.

COELHO, Vítor; SOUSA, Vanda; FIGUEIRA, Ana-Paula. The Impact of a School-Based Social and Emotional Learning Program on the Self-Concept of Middle School Students. Disponível em:

//www.redalyc.org/html/175/17531400006/>. Acesso em: 25 fev. 2019.

MACHADO, Paula et al. Relações entre o conhecimento das emoções, as competências acadêmicas, as competências sociais e a aceitação entre pares. Disponível em:

//www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312008000300008>. Acesso em: 25 fev. 2019.

HIBOO. Social Emocional Learning. Disponível em:

//www.hiboo.com.br/social-emocional-learning>. Acesso em: 25 fev. 2019.

Programa Nuvem9Brasil. Disponível em:

//www.nuvem9brasil.com.br/#projeto>. Acesso em: 25 fev. 2019.

Referências bibliográficas

MEIER, Marcos; GARCIA, Sandra. Mediação da aprendizagem: contribuições de Feuerstein e Vygotsky. Curitiba: Edição do Autor, 2007.

Quais as competências básicas que devem ser trabalhadas na escola visando a preparação para a cidadania do século XXI?

Para isso, é essencial que o aluno no século XXI, tenha algumas competências específicas, olha só:.
Comunicação. Por natureza já somos comunicadores. ... .
Protagonismo. A geração alpha já nasce com mais independência. ... .
Habilidades socioemocionais. ... .
Coletividade..

Quais são as competências socioemocionais Segundo a BNCC?

Competências socioemocionais como fator de proteção à saúde mental e ao bullying.
Autoconsciência. ... .
Autogestão. ... .
Consciência social. ... .
Habilidades de relacionamento. ... .
Tomada de decisão responsável..

O que diz a BNCC sobre a inclusão?

É importante mencionar que a BNCC faz referência a educação necessária para a pessoas com deficiência, apenas uma vez, em sua introdução, ao mencionar a Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que se caracteriza no Estatuto da Pessoa com Deficiência, ...

Quais são as principais competências e habilidades da BNCC?

Quais são as 10 Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular?.
Conhecimento. ... .
Pensamento científico, crítico e criativo. ... .
Repertório cultural. ... .
Comunicação. ... .
Cultura digital. ... .
Trabalho e projeto de vida. ... .
Argumentação. ... .
Autoconhecimento e autocuidado..

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