Quais são os principais focos de um procedimento de Customer Due Diligence?

  • 15/03/2021

Aos estudar ou trabalhar com temas que tocam Compliance e PLD, é muito comum se deparar com acrônimos. Já começamos pela sigla PLD, de Prevenção a Lavagem de Dinheiro, ou ainda, AML em inglês.

Aqui, trago algumas diferenças entre os processos de KYC (Know Your Customer) e CDD (Customer Due Diligence), na tradução, “conheça seu cliente” e “devida diligência do cliente”, respectivamente.

O KYC está mais relacionado as verificações realizadas no início do relacionamento com o cliente. Busca identificar, basicamente, se o cliente é quem ele diz que é, sendo este, um ponto muito importante, principalmente a luz das legislações de PLD e para entidades reguladas por tais legislações.

Com o desenvolvimento do KYC, surgiu a questão de que a identificação e verificação eram limitadas em sua eficácia, no combate à lavagem de dinheiro, e a identificação da fonte de recursos tornou-se um dos principais focos do processo. Esse desenvolvimento incentivou fornecedores a desenvolver softwares de verificação de clientes, que também podem detectar se uma organização terceirizada ou um indivíduo está sujeito a sanções comerciais e ajudar na escalabilidade do processo.

Neste contexto, e seguindo a própria autorregulação bancária brasileira, no tocante a prevenção de atos ilícitos, surgiram novas siglas que se remetem a novas necessidades de identificação e verificação, sempre como melhoria contínua dos programas de PLD e abordando, cada vez mais, uma visão sistêmica:

 – KYE – Know your employee ou conheça seu funcionário.

 – KYS – Know your supplier ou conheça seu fornecedor.

 – KYP – Know your partner ou conheça seu parceiro.

Já em relação a devida diligência do cliente (CDD), a verificação de sanções comerciais, por exemplo, é parte integrante do onboarding do cliente, pois o não cumprimento das sanções é uma ofensa de responsabilidade estrita, ou seja, nenhuma justificativa é considerada pelas autoridades relevantes, portanto parte essencial da devida diligência do cliente.

Mas quando usar KYC e CDD? Para entidades regulamentadas, a verificação de KYC, que era suficiente no passado, agora se transforma em programas de CDD, sendo que a principal diferença entre KYC e CDD, além da ênfase na fonte de fundos, é que os checks de CDD continuam ao longo do relacionamento com o cliente.

O CDD fornece uma estrutura de garantia contínua às organizações, para que as movimentações financeiras possam ser monitoradas e as atividades suspeitas e “red flags” (ou sinais de alerta) possam ser detectados. Desta forma, o CDD continua o bom trabalho realizado no início do relacionamento do cliente, com o KYC e, por isso, é incorporado como parte integrante do programa de AML, incluindo questões como: volume de transações, valores, distribuição geográfica, sempre analisados em intervalos regulares. No entanto, é importante ressaltar que a verificação dos sistemas de software é tão boa quanto as lógicas que são inseridas neles, devendo estas passarem por atualizações regularmente, para produzir resultados efetivos.

Não poderia deixar de comentar o conceito de EDD (enhanced due diligence ou diligência devida melhorada), que é tratada em conjunto com o CDD, sendo que exige medidas adicionais voltadas a identificar e mitigar o risco imposto por clientes de risco mais elevado, como pessoas expostas politicamente, por exemplo, que em algumas instituições são considerados clientes de alto risco.

Caso tenha interesse em conhecer mais sobre o KYC, KYE, KYS e KYP, compartilho link do normativo da autorregulação SARB 011/2013, que pode ser acessado aqui.


Autor: Peterson Cis
Especialista em Prevenção à Lavagem de Dinheiro, certificado pela ACAMS. Formado em Telecomunicações, com MBA em Planejamento e Gestão de Negócios e Especialização em Gerenciamento de Projetos. Profissional com mais de seis anos de experiência na área de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, coordenando equipes e projetos em instituições nacionais e multinacionais. Hoje é Coordenador das áreas de Monitoramento de Operações de PLD/FT e Onboarding de Clientes.

Os processos financeiros envolvem várias estratégias para eliminar riscos. Elas auxiliam a empresa a ter uma maior lucratividade e, com isso, atingir melhores resultados em médio e longo prazo. Esse é o caso da estratégia Know Your Customer (KYC), utilizada por bancos para avaliar e indicar riscos de cada pessoa e, assim, tornar as suas carteiras de clientes menos expostas a problemas.

Quer saber mais sobre o KYC e como ele é feito? Veja o post abaixo!

Neste conteúdo você vai encontrar:

  • O que é o Know Your Customer?
  • KYC e o compliance
  • Importância do Know Your Customer
  • Quais são os processos essenciais para a realização do KYC?
  • Como estruturar e implementar o KYC
  • A tecnologia no Know Your Customer
  • Por que aplicar o KYC

O que é o Know Your Customer?

Obrigatória por lei, o KYC é uma estratégia em que a instituição busca um grande conjunto de informações sobre o consumidor para analisar o risco de suas escolhas.

Essa estratégia é voltada para empresas que correm riscos de fraudes financeiras, corrupção, lavagem de dinheiro, financiamento ao terrorismo e outras ameaças relacionadas a finanças. Portanto, esses processos aplicam-se principalmente a bancos, fintechs, corretoras, empresas de crédito e de meios de pagamento e outros players dos setores bancário e financeiro.

Ele dá proteção tanto para o negócio quanto para o seu cliente: com um conhecimento maior sobre o perfil do consumidor, a instituição financeira consegue indicar serviços mais adequados às suas necessidades e com maior chance de sucesso.

Essa estratégia tem o intuito de identificar, por meio de metodologia baseada em risco, os clientes de baixo, médio e alto risco, identificando até o nível dos beneficiários finais e Pessoas Expostas Politicamente (PEPs) e demais atributos classificados como “especial atenção”.


KYC e o compliance

O KYC é uma parte importante de uma política de compliance e as leis que regem esses processos fazem com que uma série de fontes e dados sejam necessários para que sua empresa possa validar os clientes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas.

No Brasil, o principal órgão atuando em prol do KYC é a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), criada em 2003 com o objetivo de propagar, gerenciar e elaborar práticas e estratégias para combater lavagem de dinheiro, corrupção, roubo de identidade e outros crimes comuns dentro do cenário financeiro.

A transformação digital e as mudanças do mercado têm gerado mudanças nas regulamentações tanto do Brasil quanto no exterior. Foram publicadas novas leis e regulamentações como:

  • A Lei Anticorrupção (nº 12.846/13), regulamentada pelo Decreto nº 8.420/15, e a Lei nº 12.683/12, que reforça os mecanismos de prevenção à lavagem de dinheiro previstos na Lei nº 9.613/98.
  • A Resolução CMN nº 4.539/16, exigindo que as Instituições Financeiras implementem política que garanta a manutenção da transparência, responsabilidade e diligência na oferta e venda de produtos e serviços a seus consumidores.
  • A Circular Bacen nº 3.865/17 e a Resolução CMN nº 4.595/17 são mais recentes e exigem que as Instituições Financeiras, Administradoras de Consórcio e Instituições de Pagamento implementem Política de Compliance(Conformidade).

O papel do compliance também evoluiu nos últimos anos. De acordo com a Febraban, além da atuação preventiva e detectiva, o compliance cada vez mais tem se tornado uma atividade também consultiva, dando suporte aos objetivos estratégicos e fazendo parte da missão, visão, valores, cultura e gerenciamento de riscos das Instituições.

KYC no mercado financeiro

Por correrem altos riscos, o mercado financeiroé governado por diversas leis. Com base nessas regulamentações aplicadas, cada instituição decide quais procedimentos de KYC aplicar.

Confira quais são as principais regras que devem ser obedecidas:

  • Lei de Prevenção à Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/98);
  • Circular 3.461 do Banco Central;
  • Circular 3.680 do Banco Central;
  • Instrução CVM 301 de Prevenção à Lavagem de Dinheiro;
  • Resolução 4.753 do Banco Central;
  • Circular nº 3.432 do Banco Central;
  • Resolução 3.876 do Conselho Monetário Nacional.

Importância do Know Your Customer

O processo de KYC é essencial para que essas empresas possam identificar os clientes, entender a natureza das atividades, garantir a legitimidade da fonte de renda, detectar padrões suspeitos ou potencialmente fraudulentos e interromper a fraude antes que ela aconteça.

Isso tudo é importante para garantir a segurança das organizações e dos consumidores. Além disso, é possível avaliar riscos de crimes como lavagem de dinheiro, para potencializar a lucratividade lícita e a obtenção de resultados cada vez melhores.

Conhecer o risco de cada cliente começa no processo de onboarding, ou seja, na identificação e validação de cada pessoa para evitar o crime de falsidade ideológica.

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Quais são os processos essenciais para a realização do KYC?

A implementação do Know Your Customer no ambiente de negócios passa pelo engajamento de todos os profissionais da empresa. É importante que o empreendimento auxilie todas as áreas relacionadas a investimentos financeiros a terem uma estratégia com menos riscos e mais foco na análise de perfil do consumidor. Veja abaixo alguns pontos necessários para atingir esse objetivo!

  • Veto de relacionamento devido ao risco

Nos últimos anos, as normas de compliance tornaram-se abrangentes e, para atendê-las, empresas do setor financeiro devem ser capazes de negar contratos para pessoas com alto risco.

Nesse sentido, o KYC é uma das estratégias mais inteligentes, pois permite que o perfil de um consumidor seja avaliado a partir de vários pontos. Isso facilitará a realização de parcerias comerciais mais sólidas e inteligentes.

  • Conhecimento da origem e volume do patrimônio do cliente

Saber a origem e volume do patrimônio de um investidor pode ser um ponto-chave para evitar negócios com alto risco de fraudes. Com uma análise minuciosa e aprofundada da renda do consumidor, o Know Your Customer permite que bancos tenham maior capacidade de evitar a validação de contratos mantidos com recursos de origem ilícita.

  • Classificação de riscos

A classificação de riscos é outro ponto essencial para definir taxas e avaliar a viabilidade de um negócio. Adotando o KYC, o banco pode evitar problemas nessa área e, assim, garantir que o seu nível de exposição seja baixo. Isso será fundamental para estruturar uma carteira de investimentos mais robusta e segura e para deixar de realizar negócios com clientes com alto risco.

Na análise de investimentos, a avaliação dos riscos que existem em uma aplicação é de grande importância. Ao optar por estratégias como o KYC, a empresa pode eliminar uma série de pontos de atenção que envolvem novos investimentos para garantir mais rentabilidade às suas aplicações financeiras. Dessa forma, a instituição bancária se torna mais competitiva e atraente para novas oportunidades de negócio.

Como estruturar e implementar o KYC

Para estruturar e implementar um programa de KYC eficaz e abrangente, a instituição deve estar atenta a vários pontos. Confira os mais importantes abaixo:

  • Automatize seu processo de KYC

O primeiro e mais importante passo no processo de KYC é a identificação dos clientes. Com a transformação digital torna-se imprescindível que a coleta e a análise de dados aconteçam de forma automática. Isso porque, com a ajuda da tecnologia, esse processo torna-se mais rápido, simples, preciso e menos suscetível ao erro humano.

  • Faça uma boa análise de risco com o CDD – Due Diligence

É importante que a empresa saiba analisar os riscos de lidar com um cliente com o CDD (Customer Due Diligence), conhecido em português como diligência prévia.

Atualmente, e principalmente no setor financeiro, as ações de Due Diligence são voltadas para diversas áreas, mas, quando se trata de clientes, refere-se ao processo de investigação, para que as instituições possam avaliar os riscos de determinadas relações, observando-se quatro elementos básicos:

  1. Política de Privacidade do Cliente;
  2. Processo de Identificação do Cliente;
  3. Monitoramento de Transações;
  4. Gerenciamento de Riscos.

Essa estratégia auxilia a empresa a gerenciar, com precisão, os riscos ocultos de cada consumidor e, assim, a eliminar operações que possam afetar a rentabilidade ou a imagem do negócio.

  • Crie rotinas de atualização de cadastros

O processo de KYC depende do nível de atualização dos dados internos. Diante disso, a empresa deve vincular aos seus contratos o compromisso de o cliente manter informações sempre atualizadas. Assim, a companhia conseguirá acompanhar a evolução financeira de seus parceiros comerciais e identificar qualquer mudança suspeita com uma análise de documentos mais confiável.

A tecnologia no Know Your Customer

Cada vez mais os bancos buscam a tecnologia como aliada para gerar economia e melhorar a qualidade e frequência dos dados coletados. Por outro lado, encontram muitos desafios relacionados às legislações, principalmente quando se trata da proteção de dados, já que devem assegurar integridade e confidencialidade das informações e dos documentos eletrônicos utilizados.

O KYC aliado às novas tecnologias pode ser muito mais eficaz em processos, como:

  • Prevenção à lavagem de dinheiro: verificando listas globais e nacionais para mitigar as chances de atividades ilegais;
  • Combate ao financiamento do terrorismo: com checagem de bancos de dados internacionais que envolvem pessoas que estão sendo investigadas;
  • Validação da identidade de clientes e os scores de riscos que estes podem oferecer.

Tecnologias utilizadas

As novas tecnologias estão intimamente relacionadas com o compliance, seja como aliadas, seja como desafios. A inovação tecnológica se move com rapidez e esse cenário apresenta um grande desafio em que a tecnologia precisará se agregar aos programas KYC para otimizar processos e gerir informações geradas por eles de forma automatizada.

Conheça algumas dessas tecnologias:

  • OCR (Optical Character Recognition — ou Reconhecimento Óptico de Caractere, em português): tecnologia que permite o reconhecimento de informações em textos digitalizados e imagens;
  • Inteligência Artificial: auxilia o software a se tornar mais inteligente automaticamente. Com o apoio de redes neurais, os dados inseridos são continuamente analisados e os documentos treinados, para ampliar a precisão do reconhecimento e evitar riscos, uma vez que somente com o OCR não é possível extrair informações e identificar documentos complexos, como RG, CNH e comprovante de residência.
  • Cloud Computing: Na nuvem, os sistemas podem ser mais acessíveis, escaláveis e eficientes. Permite processamentos em grande escala, tratamento de picos de produção e sazonalidades;
  • RPA (Robotic Process Automation): a robotização é capaz de interagir com sistemas e sites externos e internos da empresa. Com o RPA, processos de busca e interações podem ser automatizados de forma simples.

Com a aplicação dessas tecnologias é possível implementar uma análise eletrônica de documentos, validação automática de risco do documento RG, background check, automação de fluxos operacionais etc. Desta forma os processos se tornam mais rápidos, práticos e seguros.

Por que aplicar o KYC?

O problema das fraudes, afeta empresas do mundo todo. Por isso, investir em estratégias de KYC no seu negócio ajuda a:

  • Prevenir os riscos;
  • Gerir os riscos de forma mais eficaz;
  • Auxiliar no cumprimento das leis de compliance;
  • Diminuir as perdas e otimizar os lucros;
  • Melhorar experiência do cliente a partir do mapeamento de perfil.

A Simply oferece hoje no mercado a melhor plataforma enterprise aplicada aos processos de cadastros, formalização e onboarding digital. Isso porque conta com as tecnologias mais avançadas e o desenvolvimento constante de suas soluções. Quer saber como essas tecnologias são aplicadas? Conheça as soluções Simply:

  • Atomics: faz o reconhecimento e a extração dos dados de documentos;
  • Mining: para automatização da consulta a dados de clientes;
  • S-Forms: para captura de dados de entrada em formulários web;
  • S-Works: plataforma para automação de processos;
  • VAR: para validação automática de regras antifraude para RG de todos os estados brasileiros.

Além disso, a Simply conta com tecnologias inovadoras voltadas ao combate às fraudes. Com a proposta de oferecer soluções tecnológicas para trazer mais automação, segurança e eficiência operacional para as empresas. Conheça as Soluções Antifraude!

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Quais são os pontos mais importantes em um procedimento de Customer due diligence?

Dito isso, alguns pontos fundamentais que ocorrem em uma Due Diligence são:.
auditoria;.
identificação de oportunidades;.
gestão de riscos e compliance;.
previsão de cenários de negócios..

Quais os itens ou tarefas devem ser realizadas em um processo de due diligence?

Dentre os objetivos de um processo de Due Diligence estão: analisar documentos e dados contábeis e financeiros a fim de eliminar ou mitigar riscos envolvidos em uma operação de aquisição. Ou, ainda, descobrir informações escondidas sobre um negócio.

O que é Customer due diligence?

2º) Diligência junto ao Cliente (CDD – Customer Due Diligence) é a obtenção de informações dos clientes em sua sede operacional, buscando a verificação de elementos que se mostrem essenciais para o estabelecimento seguro da relação.

O que são processos de due diligence?

Due Diligence: O que é, para que serve e mais. Due Diligence significa a busca e a análise prévia de informações sobre uma empresa. O processo é essencial antes de concretizar novas parcerias, pois por meio dele as empresas podem avaliar e mitigar os riscos de se envolver em possíveis fraudes e irregularidades.

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