A Insurreição Pernambucana ocorreu entre as décadas de 1640 e 1650, resultando na expulsão dos holandeses das terras brasileiras.
A denominada Insurreição Pernambucana ocorreu no contexto da ocupação holandesa de parte da região Nordeste do Brasil, incluindo a região de Pernambuco. Os holandeses estabeleceram-se nessa região a partir de 1630, no período que em que o Brasil estava sob o jugo do trono espanhol, que estava unido a Portugal desde 1580 no processo conhecido como União Ibérica. As invasões holandesas, que ocorreram em colônias portuguesas na África também, como Angola, foram motivadas pelas divergências com a Espanha que iam desde problemas relacionados com o comércio marítimo até questões religiosas.
A situação dos engenhos de açúcar de Pernambuco, que eram controlados pela Companhia das Índias Ocidentais (empresa holandesa), a partir da década de 1640, começou a apresentar sinais de declínio. Os produtores locais passaram a ficar insatisfeitos com a administração holandesa, que lhes cobrava os dividendos dos lucros a qualquer custo. Alguns senhores de engenho, pressionados pelos holandeses, refugiaram-se na Bahia; outros procuravam eximir-se da dívida de outras formas.
Essa situação chegou a um ponto de saturação no ano de 1645, quando houve a primeira campanha de insurreição, sobretudo porque foi nesse ano que o governador Maurício de Nassau partiu de Pernambuco para a sua terra natal. Os primeiros a comandarem a insurreição de 1645 foram os senhores de engenho do interior de Pernambuco. Depois, logo passaram a ser apoiados pelos senhores de engenho que retornaram da Bahia com o objetivo de reaver as suas terras. Em poucos meses, as tropas conseguiram chegar até Recife.
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Posteriormente, os holandeses foram expulsos também de Alagoas e Sergipe. Os principais comandantes das tropas insurgentes foram João Fernandes Vieira, Antônio Felipe Camarão e Henrique Dias, além de vários comandantes que enfrentaram em menor número e com poucos recursos as tropas holandesas.
As batalhas decisivas desenrolaram-se no lugar chamado Montes Guararapes e ficaram conhecidas como Batalhas de Guararapes, ocorridas entre o fim de 1648 e o início de 1649 (ver imagem no topo da página).
A criação da empresa "Companhia das Índias ocidentais", a famosa W.I.C, foi a reação do governo e empresários holandeses à política hostil da Espanha. Mas a primeira investida aconteceu mesmo em 1624, na Bahia, sede do governo geral do Brasil. Por um ano, os holandeses governaram o Brasil até que foram expulsos em 1625 por uma poderosa esquadra comandada pelo almirante espanhol D. Fradique de Toledo.
O domínio
- Uma segunda invasão aconteceu em fevereiro de 1630. A poderosa esquadra comandada pelo experiente general Hendrick Corneliszoom desembarcou em vários pontos do litoral de Recife e Olinda. Entre 1630 e 1637 os holandeses lutaram arduamente para consolidar seu domínio. A luta estendeu-se por todo o litoral nordestino e uma parte do interior. O principal foco de resistência era o Arraial do Bom Jesus (atual Recife antigo), que caiu em 1635, e a cidade de Porto Calvo (em Alagoas)
É dessa época a história de Domingos Fernandes Calabar, portocalvense, profundo conhecedor do território nativo, que teria se bandeado para o lado "inimigo", fornecendo informações decisivas aos exércitos invasores. Calabar foi capturado e condenado a morte por traição. Alguns historiadores contestam a idéia de um Calabar "traidor" dos interesses nativos, apontando-o como um sujeito consciente que entre a opressão portuguesa e a opressão holandesa, optou pela última.
Consolidada a vitória, a Casa de Orange enviou o Príncipe, Guerreiro e Administrador Maurício de Nassau para governar, a partir de Olinda, o Brasil holandes.
Nassau
No período 1637-1644, Nassau impôs uma administração de excelência, aliando-se com os donos de engenho que haviam desistido de produzir ou fugido diante dos conquistadores estrangeiros. Devolveu-lhes a terra e os meios, incetivando a produção; restaurou igrejas profanadas, re-estabelecendo as práticas religiosas católicas; abriu ruas, construiu casas e moralizou o serviço público e a justiça. Patrono das artes e das ciências, Nassau trouxe em sua comitiva pintores (entre eles Frans Post), botânicos, médicos, cientistas, etc.
Pernambuco (Olinda e Recife) viveu uma época de prosperidade e organização social incomuns ao domínio ibérico. Entretanto, os holandeses nunca deixaram de ser vistos como os estrangeiros dominadores, com costumes "eréticos", de linguajar incompreensível e rude. A idéia de "liberdade" ainda era forte, embora adormecida.