Porque em sua opinião Apesar da grande produção de alimentos tanta gente morre de fome e de desnutrição?

Quando falamos do problema da fome do mundo, não estamos falando daquela vontade de comer que você sente na hora do almoço ou do jantar. O problema da fome relaciona-se à falta de comida disponível para as pessoas ou na impossibilidade de se conseguir ter acesso ou comprar alimentos.

Assim sendo, a fome no mundo está relacionada com a questão econômica, vinculada diretamente à miséria que algumas pessoas e boa parte dos países sofrem. Atualmente, estima-se que 1 bilhão de pessoas em todo mundo sofram com esse problema.

Para entender melhor essa questão, os cientistas sociais dividiram a fome em dois tipos: a endêmica ou aberta e a epidêmica ou oculta.

Fome epidêmica ou aberta: é aquela que ocorre graças a situações específicas de uma dada região ou localidade, como pragas que atingem a agricultura e impedem o fornecimento de comida, e a realização de guerras, que geram muitas mortes e misérias entre as pessoas de países atingidos.

Fome endêmica ou oculta: é aquela que ocorre em virtude da subnutrição, ou seja, quando as pessoas não têm acesso à quantidade de comida suficiente para lhes garantir a quantidade de nutrientes necessários ao organismo.

A ONU (Organização das Nações Unidas) e a OMS (Organização Mundial da Saúde) definem que, por dia, cada pessoa precisa consumir no mínimo 2500 calorias. Caso as pessoas consumam, em média, menos do que isso, considera-se que elas estejam com fome endêmica ou oculta.

A fome ocorre em muitos lugares, geralmente em países enfraquecidos economicamente (alguns na África, outros na Ásia e nas Américas), mas esse problema não é exclusivo de países ou regiões pobres. Ele também se manifesta nas periferias de grandes e pequenas cidades de países ricos ou emergentes, inclusive o Brasil!


Muitas crianças no mundo possuem pouco acesso à comida¹

Como combater a fome no mundo?

Não existe consenso sobre como resolver o problema da fome do mundo, embora ela venha diminuindo (lentamente!) nas últimas décadas.

Muitas pessoas, países e ONGs (Organizações não Governamentais) investem tempo, dinheiro e recursos para combater a fome no mundo, acreditando que só assim ela irá acabar. Outras pessoas acreditam que somente isso não é suficiente, pois seria necessário combater as desigualdades econômicas e sociais que existem tanto entre os países quanto dentro deles, aumentando, principalmente, a distribuição de renda.

A fome ocorre porque produzimos poucos alimentos?

Durante muito tempo, os políticos e pensadores achavam que o problema da fome agravava-se com o crescimento das populações e a falta de recursos alimentares para elas. Hoje, no entanto, sabemos que isso não é verdade, pois a tecnologia nas produções agropecuárias e demais tipos de alimentos é bastante avançada, de forma que os atuais níveis de produção são mais que suficientes para alimentar todo o mundo.

O problema é que essa produção ocorre de forma desigual. Alguns países produzem mais e outros produzem menos, fator que está diretamente relacionado às características econômicas e políticas pelas quais passam esses países.

Apesar dessas conclusões, não existem certezas plenas sobre as causas e as maneiras de se combater a fome no mundo. Mas, sem dúvida, é preciso combater as desigualdades e a miséria que atingem boa parte das pessoas.

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¹ Créditos da imagem: africa924 e shutterstock


Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia

Roma, 13 de julho de 2020 – Mais pessoas estão passando fome, segundo um estudo anual da ONU. Dezenas de milhões se juntaram às fileiras de subnutridos crônicos nos últimos cinco anos, e países ao redor do mundo continuam lutando com múltiplas formas de desnutrição.

A última edição do relatório O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo, publicado hoje, estima que quase 690 milhões de pessoas passaram fome em 2019 – um aumento de 10 milhões em relação a 2018 e de aproximadamente 60 milhões em cinco anos. Altos custos e baixo poder aquisitivo também significam que bilhões não podem comer de maneira saudável ou nutritiva. As pessoas passando fome são mais numerosas na Ásia, mas esse número aumenta mais rapidamente na África. Em todo o planeta, prevê o relatório, a pandemia de Covid-19 pode levar mais de 130 milhões de pessoas à fome crônica até o final de 2020. Surtos de fome aguda no contexto da pandemia podem ver esse número aumentar ainda mais em momentos como este.

O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo (disponível em inglês) é o estudo global mais oficial que acompanha o progresso em relação a acabar com a fome e a desnutrição. É produzido em conjunto pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Escrevendo no Prefácio, os chefes das cinco agências alertam que "cinco anos após o mundo se comprometer a acabar com a fome até 2030, a insegurança alimentar e todas as formas de desnutrição, ainda estamos fora do caminho para alcançar esse objetivo ".

Os números da fome explicados
Nesta edição, atualizações críticas de dados para a China e outros países populosos levaram a um corte substancial nas estimativas do número global de pessoas com fome, para os atuais 690 milhões. No entanto, não houve mudança na tendência. A revisão de toda a série da fome até o ano 2000 produz a mesma conclusão: depois de diminuir constantemente por décadas, a fome crônica começou lentamente a aumentar em 2014 e continua a fazê-lo.

A Ásia continua sendo o lar do maior número de desnutridos (381 milhões). A África vem em segundo lugar (250 milhões), seguida pela América Latina e o Caribe (48 milhões). A prevalência global de subnutrição – ou porcentagem geral de pessoas com fome – mudou pouco em 8,9%, mas o número absoluto tem aumentado desde 2014. Isso significa que, nos últimos cinco anos, a fome cresceu em sintonia com a população global.

Isso, por sua vez, esconde grandes disparidades regionais: em termos percentuais, a África é a região mais atingida e cada vez mais, com 19,1% de sua população desnutrida. Isso é mais que o dobro da taxa na Ásia (8,3%) e na América Latina e no Caribe (7,4%). Nas tendências atuais, em 2030, a África abrigará mais da metade das pessoas com fome crônica no mundo.

O preço da pandemia
À medida que o progresso no combate à fome estanca, a pandemia de Covid-19 está intensificando as vulnerabilidades e inadequações dos sistemas alimentares globais – entendidos como todas as atividades e todos os processos que afetam a produção, a distribuição e o consumo de alimentos. Embora seja muito cedo para avaliar o impacto total dos bloqueios e outras medidas de contenção, o relatório estima que, no mínimo, outros 83 milhões de pessoas, e possivelmente até 132 milhões, possam passar fome em 2020 como resultado da recessão econômica desencadeada pela Covid-19. O revés coloca em dúvida o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 (Acabar com a fome).

Dietas não saudáveis, insegurança alimentar e desnutrição
Superar a fome e a má nutrição em todas as suas formas (incluindo desnutrição, deficiências de micronutrientes, sobrepeso e obesidade) é mais do que garantir comida suficiente para sobreviver: o que as pessoas comem – e especialmente o que as crianças comem – também deve ser nutritivo. No entanto, um obstáculo fundamental é o alto custo de alimentos nutritivos e a baixa acessibilidade a dietas saudáveis para um grande número de famílias.

O relatório apresenta evidências de que uma dieta saudável custa muito mais que US$ 1,90 por dia, o limiar de pobreza internacional. Isso coloca o preço até mesmo da dieta saudável menos cara em cinco vezes o preço de forrar estômagos apenas com amido. Laticínios ricos em nutrientes, frutas, vegetais e alimentos ricos em proteínas (de origem vegetal e animal) são os grupos de alimentos mais caros do mundo.

As estimativas mais recentes são de que três bilhões de pessoas ou mais não podem pagar por uma dieta saudável. Na África ao sul do Saara e na Ásia Meridional, esse é o caso de 57% da população – embora nenhuma região, incluindo a América do Norte e a Europa, seja poupada. Em parte como um resultado, a corrida para acabar com a desnutrição parece comprometida. Segundo o relatório, em 2019, entre um quarto e um terço das crianças com menos de cinco anos (191 milhões) sofrem de marasmo ou atraso no crescimento – muito baixas para a idade ou muito magras. Outros 38 milhões de crianças menores de 5 anos estavam acima do peso. Entre os adultos, enquanto isso, a obesidade se tornou uma pandemia global por si só.

Uma chamada à ação
O relatório argumenta que, uma vez levadas em consideração as questões de sustentabilidade, uma mudança global para dietas saudáveis ajudaria a reverter o declínio em relação à fome, ao mesmo tempo em que proporcionaria enormes economias. Calcula que essa mudança permitiria compensar quase inteiramente os custos de saúde associados a dietas não saudáveis, estimados em US$ 1,3 trilhão por ano em 2030; enquanto o custo social relacionado à dieta das emissões de gases de efeito estufa, estimado em US$ 1,7 trilhão, pode ser reduzido em até três quartos.

O relatório pede uma transformação dos sistemas alimentares para reduzir o custo de alimentos nutritivos e aumentar a acessibilidade a dietas saudáveis. Embora as soluções específicas sejam diferentes de país para país, e mesmo dentro deles, as respostas gerais estão em intervenções ao longo de toda a cadeia de suprimento de alimentos, no ambiente alimentar e na política econômica que molda as políticas de comércio, despesa pública e investimento. O estudo apela aos governos para que integrem a nutrição em suas abordagens à agricultura; trabalhem para reduzir os fatores que aumentam os custos na produção, armazenamento, transporte, distribuição e comercialização de alimentos – inclusive reduzindo ineficiências e perdas e desperdícios de alimentos; apoiem os pequenos produtores locais no cultivo e venda de alimentos mais nutritivos e na garantia de seu acesso aos mercados; priorizem a nutrição infantil como a categoria de maior necessidade; promovam a mudança de comportamento por meio da educação e comunicação; e incorporem nutrição nos sistemas nacionais de proteção social e estratégias de investimento.

Os chefes das cinco agências das Nações Unidas por trás do relatório O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo declaram seu compromisso em apoiar essa mudança importante, garantindo que ela se desenvolva "de maneira sustentável, para as pessoas e o planeta".

Por que mesmo com o aumento da produção mundial de alimentos ainda há fome em vários países do mundo?

Concentração da renda e da produção, falta de vontade política e até mesmo desinformação e consolidação de uma cultura alimentar pouco nutritiva são fatores que compõe o cenário da fome e desnutrição no planeta.

Por que o Brasil sendo um grande produtor de alimentos ainda convive com a fome?

Dentre suas principais causas estão a desigualdade socioeconômica e a má distribuição de renda que caracteriza a população do país, sendo essas também as maiores causas da fome em um contexto mundial.

Porque muitas pessoas ainda passam fome no mundo?

Os fatores que causam a fome no mundo são vários, dentre os quais estão a desigualdade social, a pobreza, os conflitos e guerras, as crises econômicas, a má distribuição de alimentos e o manejo inadequado dos recursos naturais.

Porque no Brasil ainda obtém um alto índice de pessoas que passam fome e entra nas estatísticas de óbito em uma escala gritante?

“Temos uma concentração de renda muito grande. Se, por um lado, temos pessoas passando fome, por outro, temos o problema da obesidade, que é cada vez maior. Haveria, então, um problema ligado à renda e à educação, que estaria dificultando o acesso aos alimentos. Aí também entra a questão das perdas”, disse Aguiar.

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