Quais estratégias podemos utilizar em sala de aula para estimular o desenvolvimento de uma criança com TEA?

Postado por Autismo em Dia em 12/mar/2021 - 33 Comentários

Eis que você é um professor ou professora e fica sabendo que há um novo aluno autista na escola. E mais: esse aluno está na sua turma. Esse momento pode te deixar preocupado, de fato. Mas como você pode, então, avaliar seu aluno para entender como ele pode aproveitar melhor as suas aulas?

Receber um aluno autista na sua turma vai exigir que você, como líder da sala de aula, saiba antecipadamente algumas coisas. Baseada nos estudos de Temple Grandin, que é uma das maiores autoridades científicas em autismo, nossa lista a seguir tem 14 dicas. Como o número de alunos diagnosticados com autismo nas escolas vem crescendo e você pode precisar de cada uma delas.

Fonte: Envato – Foto de Image Source

Índice

  • 1 1 – Muitos autistas pensam visualmente
  • 2 2 – Evite instruções verbais muito longas
  • 3 3 – Trabalhe as habilidades da criança como uma forma de prepará-la para o futuro
  • 4 4 – As mesmas habilidades podem servir para as outras disciplinas
  • 5 5 – Escrever pode ser o terror do autista na escola
  • 6 6 – Alguns autistas têm ecolalia
  • 7 7 – Preste atenção em como o aluno autista reage aos sons
  • 8 8 – O mesmo vale para as luzes
  • 9 9 – Como ajustar a hiperatividade
  • 10 10 – A recepção mono-canal
  • 11 11 – Alguns autistas não são verbais
  • 12 12 – Quando o ensino envolver o computador, a tela pode fazer a diferença
  • 13 13 – Até o papel pode fazer diferença para o autista na escola
  • 14 14 – Cuidado com a generalização
  • 15 Autista na escola, um lugar a ser cada vez mais ocupado

1 – Muitos autistas pensam visualmente

Quando há um autista na escola, é importante que quem ensina saiba que muitos não pensam com a mesma linguagem das crianças neurotípicas. Alguns autistas pensam, por exemplo, com fotos, desenhos e outros códigos visuais. Para crianças pequenas, por exemplo, algumas noções básicas como “para cima” ou “para baixo” ainda estão sendo ensinadas. Trabalhe bem os substantivos, afinal, eles criam imagens bem definidas. Mas também demonstre utilizando brinquedos.

Você pode utilizar cartões com os termos “para cima” e “para baixo” ao mesmo tempo em que mostra, por exemplo, um avião decolando (para cima) e pousando (para baixo).

Esse tipo de hábito pode funcionar muito bem se o autista mostrar mais interesse em coisas mostradas do que as faladas.

2 – Evite instruções verbais muito longas

Muitos autistas têm grande dificuldade em memorizar sequências. Por isso, estruture um modelo de respostas e tomadas de decisão que a criança consiga lembrar. Isso deve funcionar, principalmente, se a sequência tiver mais do que três etapas. Imagine como esse modelo pode funcionar, por exemplo, se você for ensinar à criança como pedir algo para alguém. Desde o momento em que ela aborda a outra pessoa até a hora de dizer “obrigado” e deixar o local.

3 – Trabalhe as habilidades da criança como uma forma de prepará-la para o futuro

Autistas podem apresentar algumas manias e alguns hiperfocos. Isso significa que eles vão colocar muito esforço e interesse em algumas áreas específicas. Como, afinal, usar isso para levá-lo numa direção que beneficie seus próximos anos? Talvez ele ame demais um certo tipo de desenho animado? Você pode incentivá-lo a aprender mais sobre aquele universo de maneira prática. É um autista que ama o som que algo faz quando toca o vidro? Talvez ele possa descobrir que aquilo vira música.

Algumas habilidades vão parecer mais “úteis” que outras, mas tudo pode se transformar num caminho de aprendizado. Lembre-se que um dia esse autista vai crescer e precisar disputar seu próprio espaço na sociedade e no mercado de trabalho.

Fonte: Envato – Foto de Seventy Four Images

4 – As mesmas habilidades podem servir para as outras disciplinas

Do mesmo modo que as áreas de interesse podem ajudar  a descobrir mais coisas que o autista gosta, elas podem auxiliar nas matérias não tão agradáveis. Por isso, é importante que você, como professor, traga exemplos daquele universo para explicar as teorias das demais matérias. O seu aluno ama trens, mas odeia matemática? Peça para ele calcular distâncias de trens entre uma cidade e outra.

5 – Escrever pode ser o terror do autista na escola

Infelizmente, muitos autistas têm dificuldades motoras. Por isso, a escrita pode ser assustadora. Afinal, todas as outras crianças vão começar a disputar quem tem a letra mais bonita. Nesse caso, pode ser que você precise permitir que esse aluno autista utilize um computador ou tablet para fazer as tarefas. É uma das formas em que você pode diminuir a frustração do autista. Além disso, lembra que falamos sobre os recursos visuais? Os dispositivos podem oferecer não só a escrita como vários outros recursos interessantes.

6 – Alguns autistas têm ecolalia

Algumas crianças aprendem a ler melhor com lições de fonética, enquanto outras memorizam as palavras inteiras. Porém, se a criança tem ecolalia, que é aquele hábito de repetir palavras ou sílabas, o método precisa ser adaptado. Elas provavelmente vão aprender melhor se você utilizar cartões visuais ilustrados sobre as palavras. É muito importante que tanto a palavra quanto a imagem estejam do mesmo lado do cartão. É bem parecido com o nosso exemplo do avião que vai para cima e para baixo.

Certifique-se de que a criança está vendo a palavra e ouvindo o som ao mesmo tempo.

7 – Preste atenção em como o aluno autista reage aos sons

Um autista na escola pode sofrer com a quantidade de sons que existe do início ao fim do período de aula. Tem as campainhas indicando início e fim, cadeiras que arranham no chão, gritos e vários outros. Se em algum momento você vir a criança colocando a mão sobre os ouvidos, é porque aquilo está incomodando. A criança pode criar resistências a horários e ambientes onde ela sabe que algum som está por ser ouvido.

Nesses casos,  a opção é combinar com a escola adaptações que minimizem o impacto. As cadeiras, por exemplo, podem ter as pernas completadas com materiais que não permitam o atrito com o chão. E se for possível, a escola precisa permitir que o aluno se isole durante o horário do intervalo num lugar de sua preferência.

8 – O mesmo vale para as luzes

Assim como a sensibilidade aos sons, alguns autistas também podem se sentir incomodados com a luz. Uma dica de adaptação é colocar o aluno próximo da janela, onde ele não dependa das luzes artificiais das lâmpadas, se esse for o motivo do incômodo.

9 – Como ajustar a hiperatividade

A hiperatividade é uma comorbidade bem comum em autistas. Isso pode, de fato, atrapalhar o andamento da aula. Mas você sabia que existe um tipo de colete acolchoado para acalmar o sistema nervoso? Converse com a família sobre para que eles solicitem ao médico orientação em relação a essa técnica. Mas atenção: o colete não deve ser usado por mais do que 20 minutos, pois do contrário o sistema nervoso pode ficar acostumado com isso e passar a não ter mais efeito.

Fonte: Envato – Foto de Valeriy Goncharuk Photo

10 – A recepção mono-canal

Alguns autistas não verbais simplesmente não conseguem absorver informações que sejam visuais e auditivas ao mesmo tempo. O que não tem nada a ver com ser surdo.

Para esses alunos, não peça que eles te ouçam e olhem para você ao mesmo tempo. Ou você entrega uma tarefa por som ou por visual. Porém, mantenha-se informado com a família da criança se algo está sendo feito para melhorar o processamento nervoso que leva à recepção mono-canal.

11 – Alguns autistas não são verbais

Ser um autista não verbal não significa que a criança não é capaz de falar. Apenas que ela não desenvolveu a fala como seu meio mais lógico e pronto de se comunicar. Enquanto educador, fique tranquilo que o processo de evolução não está nas suas mãos, pois existem outros profissionais focados nisso. Porém, você pode ajudar nesse processo.

A criança precisa entender que palavras tornam as coisas reais. Por isso, se ela pedir algo, dê exatamente o que ela pedir. Assim, se aquilo que você deu não corresponde ao que ela quer, isso pode facilitar que a criança aprenda  como se comunicar para conseguir o que ela quer.

Além disso, você pode se deparar com crianças que falem de maneira mais vogal, ou seja, não conseguem compreender nem falar as consoantes mais fortes como D ou L. Nesse caso, vai ser preciso aplicar alguma técnica fonográfica para trabalhar essa limitação.

12 – Quando o ensino envolver o computador, a tela pode fazer a diferença

Apesar de a tecnologia ter evoluído bastante, alguns monitores podem apresentar uma cintilação que os autistas mais visuais vão perceber e ficar incomodados. Em geral, telas de notebooks e tablets não fazem isso. Mas se a escola só tiver computadores mais antigos e algum for mais novo, reserve-o para o seu aluno autista.

Fonte: Envato – Foto de Choreo Graph

13 – Até o papel pode fazer diferença para o autista na escola

Alguns autistas podem ter dificuldade de ler em papel onde o contraste seja baixo. Por isso, se for possível, invista em papeis coloridos com a impressão em preto. Porém, não use cores muito luminosas, como alguns tons de amarelo.

14 – Cuidado com a generalização

Vários conceitos são ensinados às crianças de forma generalizada, por exemplo, que se deve dizer obrigado às pessoas. Mas nem todos os autistas vão entender a ideia da generalização. Se você for ensinar que não se deve atravessar a rua fora da faixa e com o sinal aberto, é importante ensinar várias vezes e em situações e lugares diferentes. Do contrário, o autista pode acabar entendendo que só se deve aplicar a regra ensinada numa determinada situação.

Autista na escola, um lugar a ser cada vez mais ocupado

Hoje as nossas dicas foram voltadas para professores, assim como outros profissionais que lidam diariamente com os autistas na escola. Mas o processo de tornar o hábito de estudar coletivamente cada vez mais confortável depende, também, de outras pessoas fora da escola. A família e os terapeutas também vão cumprir um papel essencial.

Além disso, nunca é demais lembrar que não existe padrão de comportamento autista. O espectro do autismo é bem amplo e para cada um deverá ser dada oportunidades e auxílios diferentes.

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Referência bibliográfica e a data de acesso:

Indiana University Bloomington – artigo escrito por Temple Grandin, PhD.

“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”

Como trabalhar com alunos com TEA em sala de aula?

A inclusão do autismo em sala de aula.
Crie e mantenha uma rotina. ... .
Promova uma adaptação ao ambiente. ... .
Evite ruídos altos em sala de aula. ... .
Use os interesses da criança nas atividades. ... .
Não faça diferenciações de conteúdo. ... .
Dê orientações claras e use recursos visuais. ... .
Promova atividades coletivas..

Quais são os métodos recursos e estratégias utilizadas com os alunos com TEA?

Algumas estratégias utilizadas para manter o sujeito com autismo em sala de aula são: privilegiar vínculos afetivos; utilizar linguagem objetiva; privilegiar as habilidades individuais; propor pequenas tarefas, mesmo que sejam diversas; incentivar sempre; propor atividades que estimulem o pensamento lógico; adaptar o ...

Quais estratégias conheço para facilitar a aprendizagem de estudantes com TEA e Di?

Valorizar o contato do pequeno com o restante da turma; Evitar falar muito alto em sala, lembrando que o autista tem sensibilidade aguçada em determinadas partes, como a audição; Mantenha a calma em alguma crise de birra feita pelo aluno e explique aos colegas o que está acontecendo.

Quais são as estratégias que estimulam as habilidades psicomotoras do estudante com TEA?

Estimular o contato visual, usar mudanças na tonalidade de voz para fazer comandos, oferecer brinquedos apropriados que considerem a hipersensibilidade da criança com autismo, ajuda a trabalhar as habilidades psicomotoras.

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