Quem nasce em lisboa é lisboeta

Alfacinhas são os lisboetas. E porquê?

Para ser um alfacinha de gema não basta comer alfaces, é preciso ser natural de Lisboa e viver na capital do país. A questão que aqui nos traz é saber a origem deste termo. Estará relacionada com a quantidade de alfaces cultivadas nas hortas da região desde o tempo dos árabes? Ou será que a popular designação tem uma veia mais literária do que gastronómica? O segredo dos alfacinhas fica desvendado neste "Cuidado com a Língua!".

O ator Diogo Infante e a jornalista Maria Flor Pedroso dão lições de Português no programa “Cuidado com a Língua!”.

Ficha Técnica

  • Título: Cuidado com a Língua! - II Série
  • Tipologia: Extrato de Programa
  • Autoria: José Mário Costa
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2008

O que é afinal um "alfacinha de gema"? São aqueles cidadãos, metade hortaliça, metade ovo, nascidos e criados entre as sete colinas e tidos como os Verdadeiros Lisboetas. Sabe como distingui-los entre a multidão? Nós damos um ajuda.

1. O Verdadeiro Lisboeta lembra-se do dia em que as escadas rolantes da estação Baixa-Chiado estavam todas a funcionar.

Um evento tão surpreendente que é provável que, mesmo o mais esquecido, saiba dizer com muita certeza o que tinha vestido nesse dia.

2. Tem sempre uma multa de estacionamento dentro do carro.

Isso faz parte do Kit de Lisboeta Básico. O nível Avançado inclui várias multas da EMEL no porta-luvas e uma folha A4 com a frase “Estou no supermercado” escrita a marcador para quando estaciona em segunda fila. O grau de Lisboeta Superior atinge-se quando, dentro do carro mal estacionado, deixa uma cópia do Código Civil em cima do tablier com a nota: “Estou no tribunal”.

3. Ainda se refere à estação do Marquês de Pombal como “Rotunda”.

Chama “Palhavã” à Praça de Espanha e “Socorro” ao Martim Moniz. Tem sempre de pensar duas vezes quando alguém fala em Aeroporto Humberto Delgado e chama Germânia à cervejaria Portugália (ok, o nome mudou em 1925, este exemplo aplica-se só aos lisboetas mais antigos). Parque das Nações? Para o Verdadeiro Lisboeta é Expo e mais nada.

Fotografia: Arlindo Camacho

4. Diz aos turistas que têm de andar no eléctrico 28.

Mas não anda de eléctrico. Recomenda os pastéis de Belém a toda a gente, mas só lá vai quando tem visitas. O mesmo é verdade para o Castelo de São Jorge ou Alfama.

Fotografia: Arlindo Camacho

5. Tem uma relação forte com um lugar obsoleto da cidade

Há anos que a Brasileira ou a Mexicana não são a mesma coisa, mas o Verdadeiro Lisboeta insiste em frequentar todos esses sítios esporadicamente para poder dizer, “isto já não é a mesma coisa”.

6. Nasceu na MAC e espera que toda a gente saiba o que é a MAC

Maternidade Alfredo da Costa. Mas é preciso explicar tudo? Também é comum o Verdadeiro Lisboeta apresentar-se como um “natural de São Sebastião da Pedreira”. Dá um toque rústico ao seu olisipocentrismo.

7. Acha que não tem sotaque

Existe uma maneira de falar específica em Lisboa a que chamamos de “silabalismo” ou “etimofagia”, expressões que descrevem o estranho hábito de comer sílabas. Cada conversa é como uma colherada numa sopa de letras invisível. Exemplo: “Oh qu’rida pod t’fnar à emp’gada e pedi’ pa’ela virámnhã?”.

8. Vai dizer “não é nada disto!”.

E mostrar uma quantidade imoderada de indignação depois de ler este texto. Nós não queríamos ter de contar a história do peixe, mas lá vai ter de ser: dois peixes cruzam-se no meio do oceano e um peixe pergunta, “Então, como está a água hoje?”. Ao que o outro responde: “Água? O que é água?”. É normal esquecermo-nos daquilo que nos rodeia quando o que nos rodeia é o que sempre conhecemos.

+ Mistérios e curiosidades: os maiores segredos de Lisboa

  • Luís Leal Miranda

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