Como a classe burguesa conseguiu fortalecer o poder real?

No estudo da formação das monarquias nacionais européias, temos uma usual definição onde tentamos buscar nas mudanças do período medieval a principal fonte explicativa para a ascensão desse tipo de governo. Para tanto, realiza-se uma extensa discussão sobre a crise que assolou a Europa durante o século XIV e engendrou todo um contexto favorável para a ascensão política do monarca. Nesse contexto, dá-se destaque fundamental para os interesses da burguesia e da nobreza.

Em certo sentido, temendo a ascensão dos movimentos contrários à supremacia nobiliárquica, os grandes senhores feudais apoiaram politicamente a formação de grandes exércitos capazes de garantir-lhes a manutenção de seus privilégios econômicos. Durante tal processo, a figura política local do senhor de terras teve suas funções assumidas pela figura do rei, agora responsável único pelas tributações e ordenação dos serviços militares.

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No entanto, essa troca de papéis não significou necessariamente o início de um processo de marginalização política dos nobres. A nobreza representava uma forte base de sustentação política capaz de legitimar a autoridade do monarca. Por essa razão, os nobres foram amplamente privilegiados no interior do estado absolutista ao ter a isenção sobre diversos impostos, além do expressivo poder de barganha política para obter favores pessoais do rei.

Concomitantemente, a burguesia também apoiou a figura do rei absolutista ao perceber os problemas que o poder local e a falta de unidades fiscais e monetárias causavam aos seus negócios. Os diversos tributos pagos a cada um dos senhores feudais e a ausência de uma moeda com valor previamente definido causavam sérios contratempos no desenvolvimento das atividades comerciais. Por isso, a burguesia via com bons olhos a ascensão de uma autoridade capaz de estabelecer tais padrões.

Para sustentar seu poder e ampliar seu mecanismo de controle sobre o Estado, o rei aplicou pesados impostos sobre o campesinato e a burguesia. Ao mesmo tempo, o Estado preocupou-se em ampliar suas riquezas implementando práticas que pudessem, principalmente, ampliar o volume de negócios geridos pela própria burguesia. Em razão de tal fato, podemos apontar uma troca de favores entre o rei e a classe comerciante.

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Excluindo as questões de ordem política e econômica, temos também que salientar que a vinculação a valores religiosos foi de grande importância para a consolidação da realeza. Nascendo em uma sociedade ainda visivelmente marcada por um imaginário de traço religioso, o rei também deveria demonstrar a natureza divina do seu poder. Sendo assim, os reis se cercaram de formas ritualizadas e comportamentos distintivos capazes de sacralizar sua própria imagem.

Por fim, ao contrário do que possa parecer, o Estado Absolutista encontrou grandes entraves na reafirmação de sua autoridade. À medida que visava impor sua vontade, o rei podia muitas vezes interferir nos interesses de determinadas classes ou causar sérios prejuízos à nação ao tomar certas decisões. Por isso, apesar de “absoluto”, o poder do rei teve que enfrentar diversas tensões para impor seu próprio poder.

O termo “burguesia” designa a classe social dominante do sistema capitalista e está formada por proprietários de bens ou capitais.

A burguesia surge no fim da Idade Média, com a expansão do comércio e das cidades medievais.

A palavra tem origem em “burgos”, que significava “fortaleza” ou “pequenas cidades”.

O conceito de burguesia foi mudando com o tempo: na Idade Média eram os comerciantes; e durante a Revolução Industrial, os banqueiros e empresários.

Surgimento da burguesia

No final da Idade Média, a Europa passava por modificações nos campos político, econômico, social e cultural.

Nesse período aconteceu o declínio do sistema feudal e a quantidade de terra deixou de ser um sinal de riqueza. A partir de agora, seria a quantidade de dinheiro que faria uma pessoa ser considerada rica.

Ao mesmo tempo, a política mudava. Os senhores feudais deixam de ter poder e este passa ao rei (absolutismo), no processo de formação das monarquias nacionais. Até a religião sofre mudanças com a eclosão da reforma protestante.

Neste novo período, surge um grupo de pessoas que se dedicarão, especialmente, ao comércio e às transações comerciais. O local de trabalho serão as cidades, chamadas de burgos e, por isso, quem vive ali será conhecido como “burguês”.

O burguês defendia valores que eram estranhos à sociedade medieval como a liberdade pessoal, livre comércio, direitos religiosos e civis.

Ao mesmo tempo, a Europa vive o chamado “Renascimento Comercial” através das Cruzadas, e da expansão ultramarina dos séculos XV e XVI.

Tudo isso possibilitou ampliar as relações comerciais, bem como desenvolver o comércio interno das cidades impulsionado pelas feiras.

De tal modo, o crescimento das cidades foi um fator importante para a formação da burguesia. Os burgueses se reuniam nas “Guildas” ou “Corporações de Oficio” que consistiam nas associações de profissionais que defendiam o interesse dos seus membros.

A partir do fortalecimento do comércio, a nobreza, antiga detentora do poder, vai perdendo espaço para a burguesia. Os servos, que antes trabalhavam para a nobreza e o clero, vislumbraram no comércio ascensão social, econômica e política.

Assim, a classe burguesa se consolida e começa a exigir espaço na política. Isto se dá através de várias revoluções, nas quais podemos destacar a Revolução Francesa, em 1789 e a Revolução Industrial, que ocorre nos séculos XVIII e XIX.

Burguesia e proletariado

Na teoria marxista, desenvolvida pelos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), a burguesia e o proletariado representam duas classes sociais com interesses contrários.

A burguesia é a classe dominante do sistema capitalista, pois detém o poder e os meios de produção. Já o proletariado representa a classe dominada, pois o único que lhe resta é vender sua força de trabalho à burguesia.

Desta maneira, burgueses e proletariados estariam sempre em luta e seria isso que provocaria as mudanças na sociedade.

Veja também: Marxismo

Burguesia mercantil

O termo “Burguesia Mercantil” designa aqueles que adotaram as ideias mercantilistas ou seja: acúmulo de capital, balança favorável e metalismo. essas ideias.

Este grupo surge a partir do século XV, na Europa, e foi uma das consequências do Renascimento Comercial, Cultural e Urbano.

O sistema feudal foi decaindo, seja pelo aumento da população, pelas novas tecnologias e pela busca de produtos orientais. Sendo assim, aos poucos, o sistema feudal foi substituído por um capitalismo primitivo, o mercantilismo.

Os burgueses buscavam o enriquecimento e a mobilidade social, algo que era impossível dentro da sociedade feudal, onde o nascimento determinava o lugar de cada um.

Veja também: Renascimento Comercial

Burguesia industrial

A Burguesia Industrial, como o próprio nome indica, representa uma das classes sociais surgidas com a Revolução Industrial no século XVIII.

Esse grupo foi muito importante nesse período, pois foi a burguesia que possibilitou o emprego de máquinas para aumentar a produção. Isso aconteceu na medida em que investiram na compra de máquinas e matérias primas, bem como na contratação dos empregados.

No entanto, o lucro obtido pelas primeiras indústrias foram conseguidos graças a exploração dos operários em longas jornadas de trabalho.

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  • Renascimento Urbano
  • Revoluções Burguesas
  • Revolução Industrial
  • Formação das Monarquias Nacionais

Como a classe burguesa conseguiu fortalecer o poder real?

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Como a classe burguesia conseguiu fortalecer o poder real?

A expansão marítima que foi crescendo nessa época gerou a ampliação das relações comerciais pelo mundo, fortalecendo também as relações entre os burgueses. Essa ampliação das relações ligadas ao comércio, assim como as trocas comerciais, foi uma das responsáveis pela ascensão da burguesia.

Como a burguesia se fortaleceu?

A consolidação da burguesia como classe deu-se conjuntamente com a diminuição da influência dos senhores feudais no período final da Idade Média, ainda no século XIV, quando uma epidemia de peste bubônica agravaria a já existente paralisação do mercado agrícola feudal.

Qual foi o papel da burguesia no fortalecimento do poder do rei?

A burguesia passa a apoiar o rei por meio de doações e empréstimos. Nobreza se aproxima do rei, visando manter privilégios.

Por que a burguesia foi favorável ao fortalecimento real?

Benefício para a expansão do comércio, o fortalecimento do Estado-nação, por seu turno, induzia ao aumento dos impostos para o pagamento de exércitos profissionais, do corpo jurídico, da máquina administrativa e, em alguns casos, para comprar a submissão e a fidelidade da nobreza ao rei.