Como as Cruzadas ajudaram a desenvolver e fortalecer o desenvolvimento das cidades modernas europeias *?

As Cruzadas marcam um importante movimento onde vários contingentes militares saíram da Europa Feudal rumo às terras localizadas no mundo oriental. Partindo do pressuposto que o isolamento e insegurança foram duas marcas fundamentais do feudalismo europeu, muitos perguntam pelas razões que motivaram toda essa população a se aventurar por terras desconhecidas. De fato, uma das respostas dessa questão tem íntima relação com a influência exercida pela Igreja nessa época.

Durante o século XI, período em que o movimento cruzadista se iniciou, a Terra Santa – região onde Jesus Cristo teria vivido – era controlada pelos turcos seldjúcidas, civilização originária da Ásia Central. Esses povos foram convertidos ao islamismo em conseqüência da divulgação dessa crença a partir do século VII. Além disso, inspirados pela tendência expansionista de seus governantes, realizaram a conquista de diversas regiões que formaram um vasto império.

O controle dos seldjúcidas sobre a Terra Santa acabou gerando um delicado impasse religioso. Simpáticos a uma interpretação mais ortodoxa dos textos islâmicos, os turcos não admitiam a entrada dos peregrinos cristãos que se dirigiam à cidade de Jerusalém com o intuito de adorar locais considerados sagrados. Em pouco tempo, a alta cúpula da Igreja Católica reagiu à intransigência dos muçulmanos com a organização do movimento das cruzadas.

Em 1095, durante o Concílio de Clermont – cidade francesa onde ocorreu a reunião das principais lideranças da Igreja – o papa Urbano II convocou os cristãos de toda a Europa para organizar um grande exército para arrancar Jerusalém das mãos dos “infiéis” muçulmanos. Além dessa motivação inicial, a Igreja teria o interesse de que o movimento fosse capaz de alargar a influência do cristianismo católico sob o Império Bizantino, região onde o cristianismo tinha se tornado livre da influência do papa.

Para que estes exércitos cristãos fossem formados, a Igreja contou com o apoio dos nobres sem-terra e das populações marginalizadas do mundo feudal. Uma parte expressiva dos exércitos cruzados era formada por cavaleiros e ex-servos que buscavam dominar as terras dos povos orientais. Imbuídos da crença que cumpriam uma determinação divina, homens, mulheres, crianças e idosos se dispunham a compor parte desses exércitos religiosos.

Com o passar do tempo, os comerciantes também tiveram grande interesse na formação dos exércitos cruzados. Diversos mercadores de cidades italianas, como Gênova e Veneza, financiaram as Cruzadas com o objetivo de controlar as rotas comerciais terrestres e marítimas que davam acesso às especiarias orientais. Em meio a essas motivações sócio-econômicas, percebemos como a forte influência religiosa exercida pela Igreja foi capaz de mobilizar milhares de indivíduos.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

A cidade medieval apresentou características distintas nos diferentes momentos da Idade Média. Esse período iniciou-se, cronologicamente, em 476 e encerrou-se em 1453. Dentro desse espaço de tempo, a cidade na Europa Ocidental passou por um processo de esvaziamento, que caracterizou o início da Idade Média, e, após o século XI, viveu um renascimento.

Início da Idade Média

A cidade medieval surgiu da fragmentação do Império Romano do Ocidente. O Império Romano, que se encerrou em 476 d.C., passou por um longo processo de crise a partir do século II d.C. A crise econômica, aliada ao processo de invasão dos povos germânicos, causou uma migração da população das cidades para as zonas rurais.

A invasão dos povos germânicos aconteceu, principalmente, porque esses povos procuravam terras melhores e, também, porque eles fugiam dos povos hunos, que haviam migrado da Ásia e espalhavam terror pela Europa. À medida que as invasões aconteciam, os povos germânicos realizavam saques e traziam destruição para os centros de produção de alimentos do Império Romano. A invasão dos povos germânicos também resultou no enfraquecimento das rotas comerciais.

Além da destruição, muitas fazendas romanas foram abandonadas pelos camponeses temerosos com a chegada dos germânicos. Assim, a diminuição da produção e o enfraquecimento do comércio resultaram na falta de abastecimento das cidades. Nesse cenário, a fome espalhou-se e contribuiu para o surgimento de doenças epidêmicas.

Além da falta de alimento, as cidades eram um excelente alvo para os povos germânicos, que viam no saque das cidades romanas uma ótima maneira de obter riquezas rapidamente. A cidade de Roma, capital do Império Romano, por exemplo, foi saqueada em 410, 455 e 476 por diferentes povos germânicos.

A violência, a destruição, a fome e as doenças resultaram, além da diminuição da população na Europa Ocidental, em um processo de ruralização. A população pobre passou a se abrigar próximo das residências rurais da elite romana, que era dona das terras produtivas. Isso causou um grande processo de isolamento. Nesse período, que abrangeu o século V ao século X, quase não houve comércio.

Crescimento urbano

A partir do século XI, inovações técnicas permitiram um desenvolvimento agrário e houve um aumento populacional. Essas técnicas, como a melhoria no uso do arado e a implantação do revezamento do cultivo do solo, ampliaram a capacidade de produção. Além disso, ocorreu o aumento do solo utilizado para cultivo agrícola, a partir do século VIII, com o uso do arroteamento na derrubada de florestas.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

O aumento das terras cultivadas e da população resultou no surgimento de novas aldeias, e algumas das cidades existentes ganharam novos habitantes a partir de um processo de migração populacional. O historiador Hilário Franco Júnior dá os indícios em estatísticas do aumento populacional e urbano do período:

Enquanto por volta do ano 1000 talvez não existisse na Europa católica nenhuma cidade com uma população de 10.000 habitantes, no século XIII, havia 55 cidades com um número de habitantes superior àquele: duas na Inglaterra, seis na Península Ibérica, oito na Alemanha, 18 na França e Países Baixos, 21 na Itália|1|.

Além disso, Hilário Franco Júnior mostra várias cidades italianas que podem ter tido mais de 100.000 habitantes: Milão, Florença, Veneza e Gênova|2|. Já o historiador Jacques Le Goff diz que a cidade de Paris teve por volta de 200.000 habitantes e que muitas outras cidades apresentaram populações menores, mas ainda bastante expressivas para o século XIII|3|.

O crescimento das cidades ganhou impulso com a construção das muralhas, que permitiam o desenvolvimento delas e traziam um sentimento de segurança contra eventuais saques realizados por povos invasores, como aconteceu com os normandos e húngaros.

A partir do século XIV, a Europa passou por um novo processo de redução demográfica e esvaziamento das cidades em virtude da proliferação da peste negra. A doença era contraída das pulgas presentes nos ratos e foi trazida por navios vindos da Ásia. Na Europa, proliferou-se de maneira fulminante e, ao final do século XIV, pelo menos um terço da população havia morrido.

|1| FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média, nascimento do ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006, p.23.
|2| Idem, p.23.
|3| LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Petrópolis: Vozes, 2011, p.147.

Como as Cruzadas ajudaram a desenvolver e fortalecer o desenvolvimento das cidades modernas europeias?

Apesar de tais limitações, as Cruzadas tiveram papel fundamental para que a civilização europeia trilhasse novos rumos. Os saques promovidos no Oriente permitiram que uma expressiva quantidade de moedas adentrasse a economia feudal.

Qual a importância das Cruzadas para a sociedade europeia?

As Cruzadas tiveram consequências de grande importância para a história mundial. Reabriram a navegação do Mediterrâneo aos europeus e dinamizaram as relações comerciais entre o Ocidente e o Oriente.

Por que as Cruzadas favoreceram o desenvolvimento comercial do continente europeu?

Um dos fatores responsáveis pelo ressurgimento do comércio na Europa foram as Cruzadas, pois elas contribuíram para o restabelecimento das relações entre o Ocidente e o Oriente e para a abertura do mar Mediterrâneo aos mercadores da Europa ocidental.

O que as Cruzadas trouxeram para a Europa?

Consequências das Cruzadas As cruzadas conseguiram restabelecer as relações europeias com o norte da África e a Ásia. Foram responsáveis pela reabertura do Mediterrâneo ao comércio internacional e pelo desenvolvimento do comércio ocidental.

Como as Cruzadas influenciaram as mudanças na Europa?

As Cruzadas acabaram por aumentar as diferenças entre cristãos e muçulmanos, entretanto, contribuíram para um grande impulso comercial, que resultou em mudanças na Europa medieval, como o renascimento urbano e o uso da moeda.