Como deve ser organizado o processo de trabalho das equipes de saúde da família?

A Estratégia Saúde da Família (ESF) é prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica no país, de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde. Favorece uma reorientação do processo de trabalho, ampliação da resolutividade e do impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-efetividade.

A Equipe de Saúde da Família (eSF) é multiprofissional, composta no mínimo por médico, preferencialmente da especialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferencialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal.

Cada ESF deve ser responsável por uma população adscrita de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção Básica. Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equipes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de responsabilidade da equipe

Há duas modalidades de Equipes de Saúde da Família:

  • Modalidade I: municípios com até 30 mil habitantes e/ou equipes que atendam a populações quilombolas ou assentamentos;
  •  Modalidade II: todas as equipes que não se enquadram na modalidade I.

Todas as equipes deverão ter responsabilidade sanitária por um território de referência e o processo de trabalho de cada uma deve ser organizado de modo que garanta o maior acesso possível, o vínculo entre usuários e profissionais de saúde, a continuidade, a coordenação e a longitudinalidade do cuidado.

Acesse a Política Nacional de Atenção Básica - Anexo XXII da Portaria de Consolidação Nº 02/2017.

Saiba Mais

Estratégia Saúde da Família - Ministério da Saúde

Programa Saúde na Hora

Trabalho em equipe na Estratégia Saúde da Família: percepções dos profissionais

Autores:

Carolina Feliciana Bracarense,

Bibiane Dias Miranda Parreira,

Marina Pereira Rezende,

Lucieli Dias Pedreschi Chaves,

Bethania Ferreira Goulart

ARTIGO ORIGINAL

INTRODUÇÃO

A partir da década de 1960, emergiram discussões sobre a importância da Atenção Primária à Saúde (APS) no mundo. A declaração de Alma Ata (1978) e a Carta de Ottawa (1986) apresentaram a temática e contemplaram ferramentas e propostas para sua efetivação. Nesta perspectiva, foram elaboradas estratégias para o desenvolvimento da saúde ancoradas nas estruturas das formações sociais, apoiada por profissionais de saúde, em unidades de saúde locais, responsáveis pela maior parte do cuidado.1-3 Isto representava uma tentativa para a superação do modelo predominante de assistência em saúde, marcado pelo paradigma da doença e da fragmentação, em detrimento à integralidade.

Seguindo a tendência mundial, o Brasil, em 1994, instituiu o Programa de Saúde da Família (PSF) e em 2009 tomou como modelo a Estratégia Saúde da Família (ESF) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), para reorganizar a atenção básica, seguindo as diretrizes do SUS, integrando as Redes de Atenção à Saúde (RAS).4-6 É pertinente destacar que as RAS objetivam proporcionar o cuidado integral, com articulação entre serviços, ações e profissionais. Pretende ainda ser coerente com as necessidades de saúde da população, superar a fragmentação da atenção, ampliar o acesso aos serviços de saúde, e garantir a equidade e a universalidade.4-5,7-8

Neste sentido, a Política Nacional de Atenção Básica preconiza que a ESF deve ser composta por uma equipe mínima de profissionais, dentre eles, médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem, agentes comunitários de saúde e ainda podem ser acrescentados profissionais da saúde bucal. Como atribuições, a equipe deve prover atenção integral, contínua e organizada à população adscrita, por meio de trabalho interprofissional e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de diferentes formações.9-10

Oportuno salientar que a proposta da ESF vai ao encontro da modalidade de equipe integração, pois preconiza o trabalho coletivo, a articulação das ações e dos saberes, a interação comunicativa efetiva dos agentes, e a flexibilidade quanto à divisão do trabalho.11

No entanto, constata-se que o cotidiano ainda é marcado pelo predomínio de equipes nas quais os agentes realizam um trabalho fragmentado, pouco articulado e sustentado por processos de comunicação empobrecidos. Tal fato conduz ao trabalho segmentado e parcelar, o que pode comprometer a assistência integral ao paciente.12-13 Nesta perspectiva, o contexto dos serviços de saúde aproxima-se mais da modalidade de equipe agrupamento11, uma vez que não promove trabalho articulado, integrado e dialógico.

Isto pode ser reflexo da influência da fragmentação taylorista-fordista que estimula e reforça a rigidez nas divisões de tarefas, o que culmina com o distanciamento dos integrantes da equipe de saúde, comprometendo a assistência integral aos usuários.12,14 Além disso, constata-se que a estrutura curricular dos cursos de graduação em saúde não promove a prática interprofissional, pois a formação ainda segue a vertente fortemente especializada, técnica e com abordagem individualista, o que não favorece uma atuação compartilhada.15-18

Para consolidação do trabalho em equipe interprofissional, são necessários elementos substanciais que o qualifiquem como potente instrumento para enfrentamento da fragmentação do trabalho em saúde. Tais elementos incluem a cooperação/colaboração interprofissional, comunicação, respeito mútuo, troca de conhecimentos, articulação das ações e objetivos comuns.15,19,20 Diante disto, o trabalho em equipe, quando realizado seguindo princípios da articulação e integração entre agentes, saberes e fazeres, com ênfase na integralidade da assistência, pode representar importante dispositivo para viabilização da ESF enquanto política para reorganização da APS.

Embora a produção científica evidencie o trabalho em equipe como estratégia para superação da fragmentação em saúde, isso ainda não é suficiente para transformação da prática cotidiana e do modo de trabalhar em saúde. Nem mesmo a proposta política da ESF, que valoriza o trabalho realizado por meio de equipes integradas representa um caminho que esteja sendo seguido na prática. A lógica que norteia o cenário da saúde é recortada pela divisão em categorias profissionais e pela baixa articulação no processo de trabalho.

Entende-se por processo de trabalho o modo como os profissionais executam suas tarefas cotidianas. Sem pormenorizar, é o agrupamento de ações desenvolvidas pelos homens, através dos meios de produção, em relação a algum objeto, com a finalidade de promover modificações e torná-lo frutífero. Assim sendo, compõe o processo de trabalho os agentes, os meios de produção, os objetos e objetivos/finalidades. De forma que quanto menos organizado for o processo de trabalho mais árduo será para provocar reflexões e atuar sobre ele21, situação essa presente na APS e ESF.

Considerando-se a ESF, destaca-se ainda que o fato de os profissionais atuarem no mesmo local e atenderem à mesma população não assegura a realização do trabalho em equipe.11 O trabalho em equipe vai muito além da mera proximidade física, representa uma modalidade de trabalho coletivo construído pela articulação técnica e interação entre os agentes do processo de trabalho, seus saberes e práticas.

Diante do exposto, questiona-se qual o entendimento dos profissionais a respeito de trabalho em equipe na ESF. Acredita-se que analisar as percepções possa favorecer a produção de ações que viabilizem a sinalização de mudanças a serem implementadas, tanto no cotidiano de trabalho quanto na formação acadêmica e em serviço, de modo a sensibilizar, promover e viabilizar o trabalho em equipe, entendido como potente tecnologia em saúde. Este estudo objetivou identificar as percepções dos profissionais de saúde a respeito de trabalho em equipe na Estratégia Saúde da Família.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizado com uma equipe de ESF de um município no interior de Minas Gerais. O referido município, conta com população estimada de 300.000 pessoas22 e tem seu sistema de saúde dividido em três Distritos Sanitários, sendo 20 equipes de ESF urbanas e uma rural no Distrito Sanitário I; 12 equipes de ESF urbanas e duas rurais no Distrito Sanitário II e, 15 equipes de ESF urbanas e uma rural no Distrito Sanitário III.

Para participar da investigação foi selecionada a equipe de Saúde da Família do Distrito Sanitário II, que englobava maior população adscrita, a qual contava com 3714 pessoas atendidas, à época da coleta de dados. A equipe era composta por cinco agentes comunitários de saúde (ACS), um auxiliar em saúde bucal, um dentista, um enfermeiro, um médico e um técnico de enfermagem.

Do total de 10 profissionais da equipe, participaram oito profissionais que atenderam aos critérios de inclusão, que consistiam em atuar na referida ESF há, no mínimo, seis meses. Foram excluídos aqueles que estavam afastados do trabalho à época da coleta dos dados e os não localizados após três tentativas para agendamento da entrevista.

O método utilizado para coleta de dados foi a entrevista semiestruturada. O roteiro da entrevista foi elaborado pelos próprios autores, submetido à validação aparente e de conteúdo por três peritos na temática e/ou em metodologia de pesquisa. Realizado teste-piloto para testar em condições reais os procedimentos de coleta de dados, contando com participantes que não fariam parte da coleta definitiva dos dados, os quais eram de outra equipe de ESF. O roteiro constituiu-se de duas partes: a primeira direcionada aos dados sociodemográficos e profissionais dos participantes; a segunda composta pelas seguintes questões norteadoras: A partir de sua vivência profissional aqui: Conte-me como os profissionais realizam o trabalho aqui na ESF. Trabalho em equipe: o que você entende por isso? Com base em seu entendimento, você considera que o trabalho realizado aqui se configura como um trabalho em equipe? Justifique sua resposta.

Para coleta de dados definitiva, a entrevista foi desenvolvida pelo próprio pesquisador, face a face, gravada em meio digital, em dia e local previamente agendados, em comum acordo entre os participantes, responsáveis pelo serviço e pesquisador, em ambiente que assegurasse privacidade. Não houve ônus para os participantes. Os dados foram coletados em 2017. Para preservar sigilo e anonimato, os participantes foram denominados como E1, E2, E3 e assim por diante, até E8, sendo a letra E usada para representar a entrevista do participante, e o numeral, a ordem sequencial de realização da entrevista. Pertinente ressaltar que não houve a preocupação com a identificação e distinção de categoria profissional dos entrevistados, pois o interesse do estudo era pela equipe em sua totalidade.

Para análise dos dados, as entrevistas foram transcritas na íntegra, pelo próprio pesquisador e utilizou-se análise de conteúdo, na modalidade temática, seguindo-se as três etapas. Na primeira etapa, denominada pré-análise, realizou-se leitura exaustiva do material, para apreender o todo dos dados e das particularidades do conjunto. Na segunda fase, procedeu-se à exploração do material, para identificação das categorias que emergiram e agrupamento, por afinidade, das unidades de contexto. Na última etapa, síntese interpretativa, realizou-se o agrupamento dos trechos de acordo com os temas que emergiram das entrevistas, e a organização em unidades temáticas.23 Utilizou-se como referencial teórico conceitos do processo de trabalho em saúde.21 Os elementos do processo de trabalho (objeto, finalidade, instrumentos e agentes) nortearam a análise dos resultados na perspectiva do cotidiano e dinâmica do trabalho em equipe de saúde.

Em atendimento a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde24, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro no dia 29 de Agosto de 2016, com CAAE 56426916.4.0000.5154 e parecer de número 1.700.853. Os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS

Assim, a população do estudo constituiu-se de oito profissionais da equipe de ESF, dos quais, cinco eram agentes comunitários de saúde (62,5%), um dentista (12,5%), um enfermeiro (12,5%) e um médico (12,5%).

Não participaram dois profissionais, sendo o auxiliar de saúde bucal que se recusou a participar da entrevista, e a técnica de enfermagem que foi exonerada com o término do contrato com a prefeitura, durante o período de coleta de dados.

Dentre os oito participantes da pesquisa, todos eram do sexo feminino; com idades entre 29 e 56 anos, sendo a média de 44 anos; quatro (50%) profissionais possuíam o ensino superior completo, quatro (50%) o ensino médio completo. O tempo médio de formação foi de 22 anos, com tempo de atuação na ESF variando de 1 a 11 anos, sendo a média de 6 anos de atuação.

Os resultados que emergiram das entrevistas foram agrupados, por afinidade de conteúdo, em três categorias temáticas: Elementos constitutivos do trabalho em equipe, que concentra o maior número de unidades de registros; Especificidade profissional; e Trabalho em equipe em momentos específicos.

A categoria temática Elementos constitutivos do trabalho em equipe revela que os entrevistados identificam a colaboração, o diálogo, o auxílio mútuo, o consenso e a união como atributos para construção e realização do trabalho em equipe. Pode-se dizer que estes elementos correspondem aos meios de produção utilizados pelos agentes para modificar a condição do paciente, com a finalidade de promover saúde e prevenir doenças.21 Isto é ilustrado nas falas que seguem:

[...] trabalho em equipe é quando um profissional solo não consegue resolver aquele problema [...] precisa de outros profissionais juntos para somar conhecimento [...] experiência (E1).

[...] não tenho que resolver sozinha, aí tem que conversar [...] ver o que é melhor [...] vejo que preciso de ajuda de outra amiga agente comunitária, porque [...] uma experiência que ela tem e que eu não tenho [...] converso com ela e ela me ajuda [...] (E3).

[...] A gente trabalha em grupo, todos tem seu papel na equipe, e nós trocamos ideias, informações, conhecimento, experiência, fazemos planejamento, fazemos educação continuada, então temos sim um trabalho em equipe [...] (E8).

Fica evidente a colaboração como instrumento indispensável para concretização do trabalho em equipe frente à complexidade demandada para atuação da equipe na ESF. A fala a seguir exemplifica essa questão:

[...] acho essencial, primordial [...] a gente tem que ter mesmo a colaboração de cada um para que o trabalho possa acontecer [...] a gente atua em várias frentes, é um trabalho de grande complexidade [...] (E8).

Para os participantes, outro aspecto importante refere-se aos objetivos comuns para alcance do trabalho em equipe. Revelam que para prestação de assistência integral e de qualidade à população, é fundamental que todos os profissionais da equipe estejam alinhados com objetivos pactuados, conforme ilustram as falas a seguir:

[...] trabalho em equipe [...] é quando todo mundo trabalha por um ideal, não apenas em números de pessoas, mas com os mesmos objetivos (E2).

Nós realizamos em conjunto [...] e geralmente funciona muito bem porque é um auxiliando o outro [...] trabalho em equipe tem que ser todo mundo junto pelo mesmo objetivo [...] (E5).

A segunda categoria temática, Especificidade profissional, evidencia a realização do trabalho pautado na especificidade de cada profissão. Indica uma divisão do trabalho dos profissionais em etapas, inclusive “dentro” e “fora” da Unidade, o que pode ser constatado nas falas que seguem:

[...] a enfermeira tem o trabalho dela aqui [na unidade] [...] e externo [...] a dentista também. Ela tem o trabalho dela aqui [...] e nos dias que tem que ir para creche e [...] escola [...] a agente comunitária tem que estar sempre junto (E4).

Tipo assim, a agente comunitária atua na área (...) a gente tem a enfermeira que faz visita com agente [comunitária], a médica também com os acadêmicos também faz visita com agente [comunitária] na área, o técnico de enfermagem fica mais aqui dentro da unidade [...] (E6).

[...] cada um tem suas funções [...] as agentes comunitárias estão mais em contato direto com as famílias, normalmente elas trazem para gente os problemas que encontram [...] (E7).

Algumas falas indicam a especificidade de ações conforme formação profissional, mas revelam, também, uma tímida tentativa de articulação entre os profissionais. Conforme cenário analisado, os agentes que desenvolvem o processo de trabalho podem ser vistos sob a ótica individual, grupal e em equipe, permanentemente empenhados em alcançar a finalidade do processo de trabalho que é a saúde e qualidade de vida dos pacientes.21

[...] a agente comunitária vai nas casas, se ver alguma coisa passa para a enfermeira, e aí a enfermeira vai lá com a gente, a médica tem o dia dela [...] (E3).

[...] Trabalho em equipe é todos tentando trabalhar juntos por um melhor resultado, e a gente faz o que é da [nossa] parte [competência profissional] [...] vamos supor, qualquer conversa minha que tenho com o usuário na casa, na visita, se for para dentista eu chego e vou tentar passar para secretária dela [...] para enfermeira mesma coisa [...] neste sentido [...] e cada um no seu quadrado [...] (E4).

A terceira categoria temática, Trabalho em equipe em momentos específicos, desvela que, para os entrevistados, a estratégia de trabalho em equipe ocorre em situações específicas, como nas circunstâncias de atendimento em grupo, nas ações junto a escolares, em palestras e na educação continuada. Isto pode ser constatado nas falas que seguem:

[...] nos grupos [com usuários] a gente trabalha em equipe, na educação continuada [...] e aí nestes momentos a gente trabalha em equipe [...] (E1).

[...] nos grupos [com usuários] a gente trabalha em equipe, quando a gente desenvolve nossos trabalhos na escola, e aí a gente vai lá enquanto equipe para fazer avaliação [...] palestras na escola [...] (E1).

[...] Geralmente na segunda-feira temos visita com a médica na residência, e são duas [agentes comunitárias] que vai com a médica e as outras [agentes comunitárias] vão com dentista na escola, tem dia da creche, tem o dia do grupo de hipertenso e diabético [...] (E5).

Considerando-se os relatos dos participantes, evidencia-se que, de acordo com as percepções dos profissionais da equipe da ESF, o trabalho em equipe acontece em momentos de agrupamento dos profissionais, relacionados a alguma ocasião específica e local definido, podendo ou não haver articulação das ações dos agentes da equipe.

DISCUSSÃO

Constata-se, por meio dos relatos, que os profissionais da ESF partilham em suas perspectivas que o trabalho em equipe é construído por meio de elementos da prática interprofissional em saúde. Isso foi nitidamente evidenciado na categoria Elementos constitutivos do trabalho em equipe. Identificou-se, nas falas dos entrevistados, a presença dos instrumentos não materiais do processo de trabalho como viabilizadores para o trabalho em equipe. Evidenciam a colaboração e a ajuda mútua como atributos cruciais para a realização do trabalho em equipe.19-20

Esses achados revelam que os profissionais da ESF reconhecem que, para um trabalho em equipe integral e coletivo, são indispensáveis a comunicação em equipe, a colaboração, e o auxílio mútuo, de modo que cada profissional com sua formação específica contribua no processo de trabalho da equipe de saúde.11,20

Na perspectiva da equipe da ESF, a colaboração é desenvolvida com o propósito de articular as ações das várias especialidades, com vistas à atenção integral em saúde. Neste sentido, equipes que desenvolvem a prática colaborativa utilizam como mecanismo para efetivação do trabalho em equipe a troca de informações, a interdependência, a comunicação horizontalizada, a confiança, o auxílio, o respeito mútuo e a responsabilidade entre os profissionais da equipe.25-26 Tais elementos emergiram nos resultados do presente estudo, o que indica aproximação entre os achados com a produção científica.

A confiança e o respeito são dois termos relacionados como condições prévias subjacentes para uma colaboração bem-sucedida. Uma relação de confiança e respeito pode criar um ambiente aberto e seguro em que os profissionais se atrevam a pensar e agir mais amplamente do que sua própria disciplina.27 Isso possibilita uma atuação criativa e ampliada sobre o objeto de trabalho, à medida que possibilita aos profissionais se enxergarem e agirem como parceiros na busca pelo alcance da finalidade do processo de trabalho, ou seja, um cuidado integrado e coletivo.

Tais aspectos têm estreita ligação com os instrumentos não materiais do processo de trabalho. Isso significa que, no contexto estudado, os participantes identificam esses elementos como impulsores para a concretização da proposta de trabalho em equipe. A maneira como os profissionais se relacionam e interagem influencia diretamente na dinâmica do trabalho.

Assim, ressalta-se que o trabalho em equipe deve ser construído por meio da interação e articulação dos profissionais em uma equipe, na tentativa de superar a fragmentação do trabalho e, consequentemente, o parcelamento da assistência. Os agentes do processo de trabalho precisam ter um relacionamento interprofissional ancorado na colaboração, no auxílio mútuo e na união, na tentativa de alcance da finalidade do processo de trabalho, ou seja, assistência integral e de qualidade à comunidade adscrita da ESF.

O trabalho em equipe é efetivo quando há construção da interprofissionalidade dentro da equipe, de maneira que todos os profissionais utilizem e se apropriem de elementos que viabilizem uma equipe integrada, que os objetivos e metas de cada profissional estejam alinhados na perspectiva de um trabalho coletivo, contribuindo diretamente para uma visão mais ampliada a respeito do objeto de trabalho.14,27-29

A categoria temática Especificidade profissional indica, na perspectiva dos participantes da pesquisa, que o trabalho segue uma lógica dividida por categorias profissionais, ou seja, cada agente do processo de trabalho desenvolve suas atribuições específicas, e eles tentam fazer uma articulação com os demais profissionais.

Oportuno destacar que o trabalho em equipe não tem o intuito de abolir a especificidade profissional, mas sim aprimorar e articular as habilidades específicas de cada profissão, em prol de trabalho coletivo, integrando os saberes de distintos campos de atuação em saúde.11 No entanto, questiona-se se estas articulações das diversas formações profissionais, no contexto em foco, são frágeis, pois ocorrem em momentos de legítima necessidade. Não fica muito claro, por meio dos relatos, se os agentes realizam o trabalho de maneira articulada e integrada como uma premissa para o fazer em saúde cotidiano e coletivo.

Nesse sentido, a divisão técnica do trabalho depende do grau de interação em que os membros da equipe de saúde estão envolvidos, podendo moldar-se em equipe integração ou agrupamento.11 A divisão de tarefas entre profissionais de saúde pode auxiliar na organização do processo de trabalho, mas também pode levar a um processo de fragmentação, segmentação do trabalho, comprometendo a efetivação do trabalho em equipe.

Contudo, a institucionalização dos saberes e sua organização na atuação prática em saúde se dariam por meio do núcleo e campo de competência e responsabilidade, sendo que o núcleo contempla as ações específicas voltadas para a formação profissional, o que confere a identidade profissional. Já o campo de competência e responsabilidade configura-se como espaços e limites imprecisos, nos quais cada disciplina e profissão se complementam com as demais, com vistas a cumprir suas atribuições no processo de trabalho em saúde.30

Destaca-se que, de acordo com as entrevistas, a atuação prática dos profissionais da ESF e a composição dos saberes se fundamentam mais nos núcleos do que nos campos de competência e responsabilidade. Isto significa que a atuação do profissional fica restrita a seu núcleo de atuação específica. Evidencia-se incipiente e tímido processo de articulação entre os profissionais apenas em determinadas situações na ESF.

Deste modo, os profissionais precisam olhar para além de sua própria profissão para compartilhar os objetivos com profissionais de outras formações.27 Isto pode contribuir para reconstrução de um caminho compartilhado com vistas à assistência adequada ao usuário, com participação de todos os profissionais no plano de cuidado, assinalando como potente ferramenta na promoção em saúde, conduzindo à integralidade da assistência.

A terceira categoria temática, Trabalho em equipe em momentos específicos, revela que para os participantes o trabalho em equipe acontece em momentos específicos no cotidiano de trabalho da ESF, como por exemplo, nas ações realizadas com escolares, em grupos com pacientes. Isso pode revelar as percepções de que o trabalho em equipe ocorre em momentos pontuais e pré-determinados, nos quais todos estão reunidos no mesmo local envolvidos com a mesma atividade. Contudo, não fica evidente se essas percepções dos entrevistados, de trabalho integrado, refletem uma efetiva articulação ou meramente um “agrupamento” dos agentes em momentos específicos. Questiona-se ainda se os sujeitos não percebem que o trabalho em equipe deve permear todo o processo de trabalho em saúde, e não se configurar como ferramenta para ações isoladas e pontuais.

Neste sentido, outros estudos revelam que o trabalho na ESF permeia a lógica multidisciplinar, mas a depender do nível de interação entre os profissionais, pode ou não garantir a interprofissionalidade e o trabalho coletivo e integrado. Somente o fato de agrupar profissionais não necessariamente se traduz em prática colaborativa.31-32

Atividades coletivas com a participação de diversos profissionais que compõem a ESF nem sempre impulsionam uma lógica integrativa. Evidenciou-se que mesmo essas ações coletivas eram fundamentadas pela perspectiva individualizada, havendo apenas a exposição de conhecimentos relativos ao núcleo de conhecimento, e a não interação dos saberes, o que não favorece a implementação do trabalho em equipe na ESF.25 Isto também foi evidenciado na presente pesquisa, constatando-se que os participantes identificam o trabalho em equipe como aquele que ocorre em momentos nos quais os profissionais estão juntos fisicamente, independentemente de haver interação e troca de conhecimento ou não entre eles.

Deste modo, para que o trabalho se configure minimamente como coletivo, com vistas ao trabalho em equipe, é fundamental a maneira como os profissionais interagem e se relacionam diante do objeto de trabalho. Se este espaço for utilizado com o propósito de um trabalho compartilhado, apropriando-se da comunicação horizontalizada, com compartilhamento e articulação das ações, isto pode impulsionar o trabalho em equipe.21,26-27

O presente estudo apresenta como limitação a coleta ter sido realizada em uma única equipe de ESF. Porém, a intenção era desvelar o cotidiano e a dinâmica do trabalho de uma equipe de profissionais, pois não se pretendia generalizar os resultados, mas conhecer a realidade com mais profundidade. Acredita-se que a realidade encontrada apresenta muitas semelhanças com outras equipes da APS.

Como recomendação, sugere-se realização de pesquisa utilizando-se a Técnica do Incidente Crítico para evidenciar situações reais a respeito de trabalho em equipe, na ESF, e identificar comportamentos que favoreçam e dificultem tal modalidade de trabalho para se pensar em estratégias em serviço com vistas ao fortalecimento dos aspectos positivos e à superação das fragilidades.

CONCLUSÕES

Os resultados evidenciam que os profissionais percebem o trabalho em equipe como aquele ancorado na ajuda mútua, colaboração e nos objetivos comuns. Revelam que o trabalho na ESF realiza-se com base nas atribuições específicas de cada profissional, e que isso se configura como trabalho em equipe. Entretanto, os relatos não indicam articulação e integração efetiva entre agentes, saberes e fazeres.

Pelos discursos, observa-se que na prática o trabalho segue a tendência mais individualizada. Isto fica claro nas entrevistas nas quais os participantes discorrem que quando estão juntos em determinadas ações, em momentos específicos na ESF, caracteriza-se como trabalho em equipe. Entretanto, não mencionam se há troca de saberes e integração.

Desta forma, esses resultados sinalizam que os profissionais da ESF desconhecem que os elementos constitutivos do trabalho em equipe devem perpassar todo o processo de trabalho na ESF, que sem a utilização desses elementos o trabalho em equipe não é efetivo, podendo reforçar a assistência fragmentada em saúde.

Os resultados foram apresentados para os gerentes das unidades de Saúde da Família dos três Distritos Sanitários, em uma reunião na Secretaria Municipal de Saúde, do município em foco. Espera-se contribuir por meio da reflexão e reflexão dos achados como sinalizadores para promover atuações coletivas, mais integradas e solidárias. Acredita-se que estudos desta natureza podem inclusive, favorecer futuras mudanças curriculares dos cursos da saúde, para que incorporem aspectos não materiais como fundamentais também na atuação profissional. A presente pesquisa evidencia, inclusive, a necessidade de investimento na colaboração interprofissional nos cursos de graduação, pós-graduação e na formação/capacitação em serviço.

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Como é organizado os cuidados pelas equipes da saúde da família na atenção básica?

Está organizada em quatro dimensões: Autoavaliação; Monitoramento; Educação Permanente; e Apoio Institucional. Na terceira fase ocorre a avaliação externa, quando são averiguadas as condições de acesso e de qualidade da totalidade de municípios e equipes da Atenção Básica, participantes do programa.

Como é o processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família?

O processo de trabalho na ESF tem por base as diretrizes e os fundamentos definidos na PNAB, como norteadores das ações e serviços a serem desenvolvidos, na garantia de que os princípios do SUS sejam garantidos na Atenção Básica (AB) à população e que o modelo assistencial reveja as suas práxis.

Como deve ser a estrutura organizacional de uma Unidade de Estratégia de saúde da família?

As equipes são formadas por médico clínico, enfermeiro, dentista, técnico de enfermagem, auxiliar de Saúde Bucal, recepcionista, auxiliar de serviços gerais e os agentes comunitários de saúde. Os profissionais têm como objetivo prestar uma assistência integral e humanizada a toda família e comunidade.

Quais as características do processo de trabalho das equipes de saúde da família?

A ESF tem como proposta trabalhar com uma clientela adscrita, com foco na família, estabelecendo vínculos por meio de uma equipe multiprofissional. Esses profissionais devem planejar suas ações pautadas na realidade de vida das famílias a serem atendidas.