De quem é a frase Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas?

Foto: Hannah Busing

Cíntia Campos Peterka

Cíntia Campos Peterka

Cofundadora Comunicatta - Assessoria de Comunicação e Marketing

Publicado em 9 de nov. de 2020

Não são poucas as pessoas que conhecem a frase que compõe o título deste artigo, escrita por Antoine de Saint-Exupéry no livro "O Pequeno Príncipe". Essa frase, inclusive, estampa quadros, camisetas, cadernos e até tatuagens, pois, de certa maneira, expressa um significado profundo em várias esferas. O que me fez, já há algum tempo, refletir sobre o seu significado no ambiente corporativo.

Como comunicadora e, agora, empreendedora, eu acredito muito no valor que as pessoas têm em nossa trajetória profissional. Acredito, mesmo, que pessoas constroem pessoas e aí surge a importante incumbência em ser "eternamente responsável por aquilo que cativas". Isto é, todos temos os nossos admirados, pessoas que admiramos em nossa trajetória, que nos ensinaram - e ainda ensinam - sobre as relações corporativas e sobre a vida. Por outro lado, também somos os admirados de alguém e é nesse ponto que essa frase faz ainda mais sentido para mim.

Como tem sido a nossa responsabilidade sobre as pessoas que, em algum momento, cativamos?

É muito importante que tenhamos essa consciência no ambiente corporativo. As promessas que fazemos, a forma como lidamos com o outro, principalmente se, hierarquicamente, o outro depender de nós. Essa reflexão traz, de forma sutil, a consciência às nossas relações. Que possamos tratar com carinho - o que não anula a seriedade de nossas relações corporativas - aqueles que, em algum momento, cativamos. Que possamos manter sempre viva a chama da admiração. Ela constrói profissionais melhores, líderes inspiradores e ambientes de trabalho mais leves, onde queremos permanecer por mais tempo (não de forma literal) e por completo.

Outro dia li uma frase que dizia que, atualmente, o maior ativo das empresas são as pessoas. Sempre acreditei nisso. Construir relações com significado tem um impacto imensurável em nossa vida e também em nossa construção como profissionais. Que possamos sempre passar adiante aquele brilho que alguém, em algum momento, viu em nós.

7 de dezembro de 2020

De quem é a frase Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas?

Quando Antoine de Saint-Exupéry escreveu a frase “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, na obra O Pequeno Príncipe, quis chamar a atenção para nosso envolvimento com terceiros – afinal, somos parcialmente responsáveis por eles também.

Casos de terceirização de serviços no Brasil são muito comuns. Isso não ocorre somente em função da legislação trabalhista, mas também do alto nível de especialização que esses profissionais passaram a ter com o aumento da demanda. O segmento de prestação de serviços gerais vem adquirindo cada vez mais envergadura, sendo a estratégia adotada por diversas organizações. Até aqui tudo bem, pois você não precisa ser empresário para já saber ou ter ouvido falar da complexidade da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

No entanto, em um mundo altamente conectado e com novas exigências por parte dos consumidores e colaboradores, é preciso entender que os terceiros que te representam devem ser “cativados” de acordo com suas regras também. No mundo corporativo, chamamos essa ferramenta de due diligence, ou diligência prévia. Significa que antes de estabelecer determinado relacionamento, a empresa tem por obrigação verificar o histórico da instituição para quem pretende terceirizar parte de seus serviços. Afinal, embora os trabalhadores sejam de outra organização, estarão lá diariamente a serviço e representando determinada marca, pouco importando para o cliente a segmentação de personalidade jurídica.

O triste e recente caso ocorrido no Carrefour nos mostrou o quanto este tema faz-se presente no dia a dia. O que pensaria Saint-Exupéry ao ouvir de uma empresa que ela não é responsável pelos seus terceiros? Um afronte ao piloto-escritor e aos mecanismos modernos de integridade corporativa. Ter e estender regras de conduta é um princípio básico para a formação e percepção de valor e de transparência de um negócio, princípio esse pelos quais as empresas devem ser cada vez mais cobradas.

Atualmente existem diversas ferramentas e mecanismos de busca capazes de um levantamento bastante detalhado acerca de informações jurídicas, reputacionais e de integridade de uma pessoa física ou jurídica. Além disso, cláusulas contratuais também são necessárias para estender esse conhecimento à outra parte. Um dos pilares de um sistema de conformidade efetivo é a gestão de terceiros, que se responsabiliza por levar informações e capacitar fornecedores acerca das normas de ética vigentes no negócio.

Porém, não basta diligenciar corretamente e deixar de lado a manutenção e o preparo desses colaboradores para situações de crise. Treinamentos recorrentes são necessários para reforçar o que por vezes, no dia a dia, esquece-se. Fortalecer uma cultura ética que seja extensiva a terceiros é desafiador em um país de tantos contrastes quanto o nosso.

A polêmica do caso em questão ressaltou a carência e o despreparo das pessoas e das instituições no Brasil em lidar com situações de crise, bem como a violência que muitas vezes impera entre os relacionamentos e acaba sendo a tentativa frustrada de solucionar impasses. O problema é que as consequências que essas condutas têm gerado para nós, enquanto sociedade, são extremamente graves e urgem por uma solução assertiva.

As relações que estabelecemos com outras pessoas são de nossa responsabilidade e por isso é importante mantê-las bem, alinhadas aos nossos propósitos e saudáveis. O senso coletivo ainda precisa ser trabalhado por aqui, pois o que se nota são resquícios de uma colônia individualista, carente de valores morais que nos orgulhem daquilo que mais nos faz brilhar: a diversidade.

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Letícia Sugai é sócia das empresas Veritaz Gestão de Riscos e Compliance e Gordion Consultoria. É presidente do Instituto Paranaense de Compliance (IPACOM) e criadora do Movimento “Integridade sempre vale a pena”.

Leticia Sugai • Sócia da Veritaz, presidente do Instituto Paranaense de Compliance, criadora do Movimento #integridadesemprevaleapena Trabalhando por um Brasil melhor.

De quem é essa frase Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas?

Dom Marcos Barbosa afirmava que "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Ferreira Gullar, por sua vez, optou por uma construção distinta, usando o tempo passado do verbo: "Você é eternamente responsável por aquilo que cativou".

Qual a frase mais famosa do Pequeno Príncipe?

“Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.” Essa é uma das frases do pequeno príncipe que se tornou mais marcantes. É preciso enxergar além das aparências para que se veja aquilo que realmente importa.

O que o pequeno príncipe disse a Rosa?

– Vai ver as rosas. Assim compreenderás que a tua é única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te presentearei com um segredo. Ela é sozinha, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela que eu reguei.

Qual é o nome do autor do livro do Pequeno Príncipe?

Antoine de Saint-ExupéryO Pequeno Príncipe / Autornull