O que levou os fenícios ao comércio marítimo?

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A Fenícia era uma civilização oriental localizada em uma estreita faixa litorânea do Mediterrâneo, tendo apenas 40 Km de largura, onde, atualmente, situa-se o Líbano e parte da Síria.

Devido a sua localização pouco propícia á agricultura - O relevo fenício era montanhoso e árido - e muito próxima do mar Mediterrâneo, os fenícios desenvolveram sua civilização em função do comércio marítimo, atividade em que foram os grandes mestres da antiguidade.

Não por acaso o regime político era uma talassocracia, que atribuía o poder aos homens ligados ao mar. Graças ás suas grandes habilidades como navegadores, entre os séculos X e I a.C os fenícios estabeleceram rotas comerciais ao longo de todo o Mediterrâneo e até mesmo na costa atlântica da península ibérica e no norte da África.

Produto da necessidade dominar o comércio marítimo, também, foram as inestimáveis contribuições que os fenícios legaram á humanidade. A astronomia e a matemática, por exemplo, foram ciências largamente aperfeiçoadas pelos fenícios e, embora tenham sido muito importantes para o desenvolvimentos das referidas ciências, considera-se a criação do primeiro alfabeto fonético a maior herança deixada pelos fenícios. Sempre em um contexto de intensa atividade mercantil, o alfabeto fonético foi criado devida a necessidade de ter uma linguagem de fácil compreensão, afim de facilitar o entendimento dos mais variados povos com quem os fenícios realizavam transações.

O que levou os fenícios ao comércio marítimo?

O alfabeto fenício. Créditos: uladzimir zgurski / Shutterstock.com

A conjugação da forte vocação marítima com uma grande habilidade comercial resultou na fundação de diversas colônias fenícias, como Cartago, Creta, Gadir e Tingis. Após o século V a Fenícia foi ocupada pela macedônia e deixou de existir como unidade política, embora suas colônias continuassem a prósperar economicamente devido ao comércio marítimo.

Cartago, a principal colônia fenícia chegou a duelar com a poderosa civilização romana pela hegemonia das rotas marítimas no mediterrâneo, em um conflito que ficou conhecido como Guerras Púnicas, no ano de 146 a.C. Derrotados pelos romanos, pouco restou dos fenícios no Mediterrâneo.

A religião Fenícia era politeísta e seus deuses representavam as forças da natureza, os fenícios acreditavam que com o sacrifício de animais atrairiam para si a boa vontade dos deuses. Como a Fenícia foi composta por diversas cidades-estado ( Arad, Biblos, Tiro, Sídon) em cada uma destas cidades os deuses recebiam nomes diferentes, embora fossem comuns á toda civilização Fenícia.

O que levou os fenícios ao comércio marítimo?

Templo de Eshmun, em Sídon, Líbano, construído em homenagem ao deus da cura fenício Eshmun. Foto: Marco Ramerini / Shutterstock.com

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Fontes
Fonte: Os fenícios, Donald Hardem, Editorial Verbo, Lisboa, 1980.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/civilizacoes-antigas/fenicios/

Os fenícios foram um povo da Antiguidade que habitou o território conhecido como Levante e concentrou-se, principalmente, na região que atualmente corresponde ao Líbano. A palavra “Fenícia” tem origem no idioma grego e corresponde ao termo “phoinikes”, que era utilizado pelos gregos para fazer menção à tinta púrpura produzida pelos antigos fenícios. Os fenícios também ficaram conhecidos como sidônios, em referência à cidade fenícia de Sidon.

Eles ficaram famosos na Antiguidade por terem sido excelentes navegadores, e seus navios eram considerados os melhores de seu tempo. Os fenícios utilizaram sua habilidade em navegação para aumentar a influência de sua principal atividade econômica, o comércio. O alcance e a fama do comércio fenício foram gigantescos para a época.

Características da Civilização Fenícia

Os fenícios não formaram uma civilização com fronteiras definidas e poder centralizado, e isso aconteceu porque suas cidades desenvolveram-se como cidades-estado. Isso significa que cada cidade existente na Fenícia possuía uma administração independente, e a influência de seu poder estendia-se até os limites da própria cidade.

Os historiadores não sabem precisar se os fenícios consideravam a si próprios como pertencentes de um mesmo povo ou se essa identificação resumia-se apenas aos limites da cidade. Mesmo assim, sabe-se que as cidades fenícias partilhavam inúmeros aspectos em comum, como as tradições culturais, as crenças religiosas, o idioma etc.

As principais cidades existentes na Fenícia eram Sidon e Tiro, importantes centros econômicos e de poder da região, e a cidade de Biblos (os fenícios chamavam-na de Gebal) era também muito influente por causa do seu caráter de centro religioso, que ainda ocupava uma importância econômica na região.

Biblos recebeu esse nome dos gregos como referência ao papiro, que era um dos principais produtos vendidos naquela cidade. Por causa disso, os gregos pegaram a palavra “biblos”, usada para referir-se a livros, e passaram a usá-la para chamar a cidade fenícia, até então conhecida como Gebal. Biblos surgiu por volta de 4000 a.C. e, por volta de 1100 a.C., iniciou um processo de decadência muito relacionado com o crescimento de Tiro.

A cidade de Tiro surgiu em aproximadamente 2800 a.C., nas proximidades de outra importante cidade, Ushu. Com o crescimento de Tiro, Ushu transformou-se em parte de Tiro. Essa cidade fenícia foi um importante centro comercial e possuía um porto extremamente movimentado. O principal produto produzido em Tiro era a tinta púrpura, cuja produção ocorreu em algum momento a partir do século XIV a.C.

Por fim, o surgimento de Sidon aconteceu por volta de 4000 a.C., cidade que teve como principais produtos a tinta púrpura e a produção de vidros. Essa foi a maior cidade existente na Fenícia e, durante muito tempo, disputou a hegemonia na região com Tiro. O auge de Sidon deu-se no período de 1200 a.C. a 800 a.C.

Comércio dos fenícios

Os fenícios tornaram-se extremamente conhecidos por terem desenvolvido habilidades para a navegação marítima e para as atividades comerciais. A priorização dessas atividades por esse povo decorreu da condição geográfica da região, caracterizada pela existência de uma cadeia montanhosa que dificultava o desenvolvimento da agricultura em larga escala.

Atualmente, os historiadores sabem que o alcance dos navios fenícios foi grande e que conseguiu chegar à região da Britânia, a qual corresponde atualmente à Inglaterra. Esses navios utilizavam tanto os remos quanto a força dos ventos, a partir das velas. Os fenícios adornavam essas embarcações com uma cabeça de cavalo em homenagem ao deus fenício dos mares, conhecido como Yam.

Com o desenvolvimento comercial, as mercadorias produzidas pelos fenícios tornaram-se apreciadas e caras. O principal produto fenício, a tinta púrpura, era obtida a partir de um molusco típico do litoral da região, chamado múrice. Essa tinta fenícia era uma mercadoria tão apreciada e cara que a cor púrpura transformou-se em sinônimo de nobreza. Outras mercadorias fenícias apreciadas eram os vidros, a cerâmica, joias etc.

O largo alcance das embarcações e do comércio dos fenícios fez com que eles mantivessem contatos comerciais constantes com regiões distantes como Mesopotâmia, Egito, Chipre, Creta e outras regiões do litoral do Mar Mediterrâneo. Essa expansão comercial possibilitou que os fenícios fundassem diversas colônias em diferentes regiões litorâneas.

As colônias fenícias serviam como entrepostos comerciais permanentes que armazenavam mercadorias para serem comercializadas. Fundadas primordialmente visando à expansão da influência comercial dos fenícios, essas colônias não faziam parte de um projeto de expansão territorial (naturalmente, isso acabou acontecendo como consequência da instalação dessas colônias). A maior colônia fenícia foi Cartago, famosa por ter rivalizado com a cidade de Roma entre os séculos III e II a.C.

O grande fluxo do comércio dos fenícios levou-os a produzirem mecanismos de organização de entrada e saída de mercadorias. Para que os registros das vendas e compras pudessem ser mantidos, os fenícios criaram a primeira forma de escrita alfabética da humanidade. O alfabeto dos fenícios foi criado por volta de 1100 a.C. e foi legado aos gregos que, tempos depois, adicionaram as vogais a ele.

Decadência dos fenícios

A fase comercial dos fenícios iniciou-se a partir de 1500 a.C. e, no período de 1200 a.C. e 800 a.C., alcançou o seu auge. A prosperidade da Fenícia atraiu a ambição de povos estrangeiros que atacaram e dominaram a região, como os caldeus liderados por Nabucodonosor. A região da Fenícia foi integrada ao domínio do Império Macedônio a partir de conquista de seu território, em 332 a.C. A cidade de Tiro ofereceu resistência aos exércitos de Alexandre, o Grande e, por isso, a foi saqueada e teve seus cidadãos vendidos como escravos.

Qual dos fatores contribuiu para que os povos fenícios tornassem grandes comerciantes marítimos?

A existência de madeira de lei, Cedro do Líbano, e a pequena extensão territorial são os fatores que a história atribui o desenvolvimento da construção naval e o posterior comércio, que caracterizaram a civilização fenícia.

Por que os fenícios comercializavam?

Comércio fenício Com o crescimento das cidades-estado fenícias, um poderoso comércio desenvolveu-se naquela região. Os fenícios comercializavam mercadorias apreciadas por diferentes povos da Antiguidade, tais como objetos de vidros, joias, cerâmica, etc.