O que motivou Juscelino Kubitschek a mudar a capital para o centro?

Criado em 29/07/14 08h43 e atualizado em 29/07/14 12h06
Por Plenarinho - Câmara dos Deputados

Brasília, a 3ª capital do Brasil, foi inaugura no dia 21 de abril de 1960. A ideia de construir uma nova capital partiu do presidente Juscelino Kubitschek (JK), que queria povoar o centro do Brasil e também deixar a capital longe de possíveis ataques marítimos.

50 anos em 5

O presidente JK tinha um lema que era “50 anos em 5”; ou seja, ele pretendia fazer o Brasil crescer em apenas 5 anos (tempo de duração de seu mandato) o que cresceria em 50 anos. Para isso, ele tomou várias medidas, como a construção de estradas, abertura de indústrias de carro e eletrodomésticos (fogão, geladeira etc) e investimento em energia elétrica. Mas, com certeza, a “cereja do bolo”, isto é, a meta mais ambiciosa de Juscelino era a construção de Brasília.

Em 1956, o governo lançou um concurso para escolher o melhor projeto para a construção de Brasília. O ganhador foi o  urbanista Lúcio Costa, que desenhou Brasília com a forma de avião e que deu o nome de Plano Piloto. Para concretizar o projeto, foi chamado o arquiteto Oscar Niemeyer. Com os desenhos dos principais prédios prontos, trabalhadores vindos de várias regiões do Brasil, principalmente do Nordeste, começaram a construção de Brasília. No dia 21 de abril de 1960, estava pronta a terceira capital do Brasil.

Hoje, as decisões políticas mais importantes do País acontecem em Brasília, nos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. 

Terceira capital? E quais foram as outras?

O Brasil já trocou de capital três vezes! A primeirona foi Salvador, na Bahia. A cidade foi fundada em 1549 por Tomé de Souza, um português enviado ao Brasil para ser o primeiro governador-geral do País. Na época, o Brasil ainda fazia parte de Portugal. Os prédios de Salvador imitavam os prédios das grandes cidades portuguesas, como Porto e Lisboa (capital de Portugal).

Ouro e nova capital

Por volta de 1700, descobriram ouro na região Sudeste. Com isso, várias pessoas começaram a migrar para as cidades da região, principalmente para o Rio de Janeiro. Porém, a grande riqueza da região causou a cobiça de outros países. Em 1711, uma esquadra com 17 navios e 6 mil homens franceses invadiu o Rio de Janeiro e levou tudo! Com medo de novos roubos, o governo português decidiu, em 1793, transferir a capital de Salvador para o Rio de Janeiro - para poder tomar conta da cidade mais de perto e evitar novas invasões.

Em 1808, chega ao Brasil a corte portuguesa comandada por Dom João. Esse fato ajudou o Rio a se modernizar e se consolidar como coração (político, econômico e cultural) do Brasil. Porém, já nesse período, José Bonifácio de Andrade defendia que o Brasil deveria ter uma capital no interior do País para garantir a segurança da corte contra possíveis ataques marítimos.

No entanto, esse desejo só foi realizado mais de cem anos depois, com a inauguração da moderna Brasília.

Capital estrangeira

Os portugueses chegaram aqui em 1500. Salvador, primeira capital do Brasil, só foi inaugurada em 1549, ou seja, 17 anos depois da chegada dos portugueses. Nesse período, como fazia parte do império português, a capital do Brasil ficava na cidade de Lisboa, lá em Portugal!

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18/4/19 às 11:38, Atualizado em 19/7/19 às 16:05

A transferência para o interior do país é defendida desde o período colonial. A construção de uma nova capital, porém, passou por vontades políticas distintas, muitas mudanças de governo até se transformar em realidade com Juscelino Kubitschek

Gizella Rodrigues, da Agência Brasília

  • Cultura

O que motivou Juscelino Kubitschek a mudar a capital para o centro?
Pedra Fundamental da nova capital colocada próximo a Planaltina em 7 de setembro de 1922 – um marco para a concretização da interiorização da capital Foto: Vinícius de Melo / Agência Brasília

Brasília completa 59 anos, mas, pela história, poderia ter facilmente 268 anos. Sonhada por mais de dois séculos, a criação de uma nova capital no interior do país é defendida desde o período colonial. No início,o objetivo era proteger a colônia de invasões que poderiam vir do litoral. Com o passar dos anos, a tese passou a ser o desenvolvimento do interior do país. Muitas idas e vindas, vontades políticas distintas, mudanças de governo até a construção da capital se  transformar em metassíntese do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek e sair do papel.

“A transferência da capital para o interior do país não ocorreu bruscamente, tampouco gozou de unanimidade. Foi um lento processo em que poucos acreditaram e, desses, uma porcentagem ainda menor o defendeu publicamente”, afirma Jeferson Tavares, autor do livro Projetos para Brasília: 1927 – 1957, que conta a história da transferência da capital e dos projetos feitos para Brasília. “Não tardaram as vozes contra essas ações, denominando-as de loucas e insanas”, completa.

É atribuída ao Marques de Pombal a ideia mais antiga que se conhece de transferir a capital do Brasil para o interior. Em 1751, ele contratou um cartógrafo italiano que elaborou a carta geográfica de Goiás e ressaltou o valor estratégico do Planalto Central. Anos depois, em 1789, os inconfidentes mineiros queriam transferir a capital para São João Del Rey, em Minas Gerais, com a alegação de vantagem estratégica (segurança) e demográfica (povoamento do interior).

Com a proclamação da Independência e a Assembleia Constituinte, José Bonifácio foi mais uma voz a defender a mudança. Ele chegou a sugerir o nome Petrópolis (cidade de Pedro) ou Brasília para a nova capital, que seria erguida na comarca de Paracatu do Príncipe, Minas Gerais. A Constituição de 1824, porém, não incorporou a tese da interiorização da capital.

Foi apenas com a Constituição de 1891 que surgiu o primeiro marco legal para a interiorização: em seu artigo 3º, a lei reservou à União uma área com 14.400 quilômetros quadrados no Planalto Central, que seria oportunamente demarcada para nela estabelecer-se a futura Capital Federal. “Sempre se falava em ir para o interior, por causa da vulnerabilidade do litoral. Mas não havia nenhum estatuto legal até então”, conta o historiador do Arquivo Público do DF, Elias Manoel da Silva.

Comissão Cruls

Floriano Peixoto, o primeiro presidente da República, criou a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil em 1892. Presidida por Luiz Cruls e formada por 22 expedicionários, eles passaram sete meses no Planalto Central e delimitaram o quadrilátero de 14.400 km² conforme determinava a Constituição. Dois anos depois, Luiz Cruls publica o relatório da expedição e, graças ao sucesso da missão, o presidente envia uma segunda comissão ao Planalto Central, que estudou a área demarcada e especificou o melhor lugar para a construção da cidade: entre os córregos Gama e Torto, onde hoje está Brasília.

O que motivou Juscelino Kubitschek a mudar a capital para o centro?
Comissão Cruls, formada por 22 expedicionários, passou sete meses no Planalto Central e delimitou o quadrilátero de 14.400 km² para o Distrito Federal Foto: Arquivo Público do DF

“Estava tudo pronto para começar a construir a capital, mas o governo de Floriano Peixoto chegou ao fim e seu sucessor, Prudente de Morais, paulista, não queria a mudança da capital, como seus conterrâneos”, lembra o historiador. “Propuseram a reforma do Rio de Janeiro, Prudente de Moraes cortou as verbas da comissão de estudos da nova capital e a ideia morreu por aí”, explica Elias Manoel.

Mais cem anos se passaram até que, no Centenário da Independência, em 1922, deputados mudancistas voltaram a falar da transferência da capital. Eles defendiam que as ideias da Constituição fossem resgatadas e fizeram um projeto de lei para que uma pedra fundamental fosse colocada dentro do quadrilátero reservado ao futuro Distrito Federal. No dia 7 de setembro de 1922, ao meio dia, a pedra fundamental da nova capital é assentada próximo a Planaltina – um marco para a concretização das aspirações para a interiorização da capital.

A Constituição de 1934 volta a prever a transferência para o ponto central do Brasil, mas apenas em 1946, com a quarta Constituição Republicana, a lei volta a representar ação prática para a mudança: o presidente Eurico Dutra nomeia um novo grupo técnico para realizar estudos de localização. Liderada por Djalma Polli Coelho, a comissão indica o mesmo território apontado por Luiz Cruls.

O relatório da comissão Djalma Polli é enviado ao Congresso Nacional em 1948, mas só é aprovado em 1953. Um projeto de lei autoriza o governo a definir o sítio da nova capital e Getúlio Vargas cria uma Comissão de Planejamento da Mudança da Capital Federal. Um ano depois, com assessoria de empresas de foto análise e foto interpretação, a delegação indica os cinco melhores sítios para ser construída a nova capital e o governo enfim escolhe o Sítio Castanho como local exato para a construção da nova capital.

JK

Neste momento, a história da transferência cruza-se com a de Juscelino Kubitschek, então candidato à Presidência da República. Em 4 de abril de 1955, em um comício na cidade de Jataí (GO), JK é questionado se cumpriria a Constituição e faria a transferência da capital caso fosse eleito. “Quero confessar que até aquele instante não havia fixado, com a devida atenção, o problema da mudança. Mas tive que responder de pronto à pergunta”, escreveu Juscelino mais tardeCom a eleição de JK, a construção da capital começa a se tornar realidade. Em setembro de 1956, é sancionada a lei que criou a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e deu o nome de Brasília à capital. As obras começaram em outubro daquele ano e, depois de três anos e meio, Brasília é inaugurada em uma festa que durou quase dois dias.

O que motivou Juscelino Kubitschek a mudar a capital para o centro?

    As obras de Brasília começaram em outubro de 1956 e ficaram prontas depois de três anos e meio Foto: Arquivo Público do DF

“São dois séculos de história, mas faltou vontade política em outros momentos e um cara ousado como foi JK”, afirma Elias Manoel. “Mas Juscelino só pôde construir a capital em um único governo porque, quando assume a presidência, o Distrito Federal já está delimitado, o local escolhido e desapropriado. Todos os trabalhos da comissão foram passados para a Novacap”, opina o historiador.

Sonho de Dom Bosco

Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Disse, então, uma voz repetidamente: – Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a terra prometida, de onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível Dom Bosco

Os livros de história contam que a fundação de Brasília teria sido até mesmo profetizada por um santo. Em 1883, Dom Bosco, santo italiano fundador da Congregação dos Salesianos, teria sonhado que fazia uma viagem à América do Sul e viu um local especial ao chegar à região entre os paralelos 15° e 20°, onde, nas palavras de um anjo que o acompanhava em sua visão, apareceria “a terra prometida” e que seria “uma riqueza inconcebível”.

A visão acabou sendo interpretada como uma premonição do local em que deveria ser construída a nova capital do Brasil. Mas Dom Bosco nunca viajou à América do Sul e historiadores afirmam tratar-se de uma manobra política criada por parlamentares mudancistas goianos para assegurar a construção da Capital Federal no Planalto Central brasileiro. O episódio é até apelidado de “Operação Dom Bosco” pelo jornalista e historiador Jarbas Silva Marques.

“O sonho existiu, mas foi usado na década de 50 pelos goianos para justificar a construção de Brasília. Eles foram muito espertos, ressignificaram o sonho para dizer que até Deus queria Brasília. Havia uma forte oposição contra a mudança da capital, mas o povo brasileiro é muito religioso”, afirma o historiador Elias Manoel da Silva. Para a arquiteta Angelina Nardelli Quaglia, que estuda a história de Brasília há 14 anos, o sonho de Dom Bosco acabou se transformando em uma “simpática lenda”. “Alguns estudiosos atuais dizem que foi uma manipulação do sonho para fazer as pessoas acreditarem que aqui era um lugar prometido. Na época havia a necessidade de se criar essa comoção nacional, foi uma forma de convencer as pessoas”, acredita.

 

O que motivou Juscelino Kubitschek a mudar a capital para o centro?

Porque o presidente Juscelino Kubitschek quis transferir a capital do Brasil para Brasília?

Só quando Juscelino Kubitschek foi eleito presidente do Brasil que a ideia que mudou o destino do Brasil foi colocada em prática. Juscelino Kubitschek queria não apenas evitar ataques marítimos mas também povoar o centro do Brasil. Naquela época o Centro do país era completamente deserto.

Porque a capital do Brasil foi transferida para o Centro Oeste?

A ideia de construir uma nova capital partiu do presidente Juscelino Kubitschek (JK), que queria povoar o centro do Brasil e também deixar a capital longe de possíveis ataques marítimos.

Qual o motivo justificaram a transferência da capital brasileira?

Resposta: Porque a capital naquela época tinha que ficar no centro do país,pois o Rio está no litoral e por motivos de segurança para que outros países se fossem atacar não iam atingir a capital porque ela estaria protegida.

Qual foi o objetivo com a transferência da capital federal para Brasília?

No início,o objetivo era proteger a colônia de invasões que poderiam vir do litoral. Com o passar dos anos, a tese passou a ser o desenvolvimento do interior do país.