Quais as estratégias devem ser tomadas para diminuir a desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

Conforme o IBGE, as mulheres ganham, em média, 77% do salário pago aos homens - Foto: Naab Thalyz/Governo do Tocantins file_download

As mulheres apresentam maior média de escolaridade que os homens, no entanto, ganham 77% do salário deles, mesmo tendo uma produtividade 22% maior. Esses são dados da Estatística de Gênero do Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IGBE) de 2018 que mostram uma realidade pouco falada, mas sentida na pele e nos números, provando que ainda existe desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

Diante desse cenário, a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) fomenta o debate e recomenda alguns passos para promover a igualdade de gênero nas instituições e empresas, tanto por ser um direito humano e constitucional, quanto por ser sinônimo de maior faturamento nos negócios, segundo informações da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A OIT ouviu 13 mil empresas em 70 países e revelou, em 2019, que seis em cada 10 organizações privadas concordaram que a diversidade de gênero melhorou os negócios, relatando ganhos em criatividade, inovação e reputação. Além disso, quase três quartos das companhias participantes relataram aumentos entre 5 e 20% no faturamento. A maioria teve crescimento de 10 a 15%, de acordo com estudo da Organização Internacional do Trabalho.

O impacto da promoção da igualdade de gênero também é ter ganhos em escala global: outro relatório da OIT indica que reduzir as desigualdades de gênero em 25%, até 2025, poderia adicionar US$ 5,8 trilhões para a economia global e aumentar as receitas fiscais. No Brasil, o impacto seria de aproximadamente R$ 382 bilhões e um acréscimo de até R$ 131 bilhões em receita tributária.

Para a diretora de Direitos Humanos da Seciju, Sabrina Ribeiro, os números trazem à tona a necessidade de equiparar mulheres e homens em direitos e dignidade. “Promover a igualdade de gênero é mostrar que os direitos humanos e constitucionais são respeitados. Ter mulheres e homens em igual patamar, no que tange a remuneração, cargos de gestão e liderança, modifica a realidade econômica e social em que vivemos”, explica.

O que fazer

O primeiro passo para promover a igualdade de gênero é observar se no local de trabalho há uma equidade entre homens e mulheres, se os salários são iguais para os mesmos postos de trabalho, se há mulheres em cargos de confiança. Para mensurar isso de uma forma eficaz, a Organização das Nações Unidas – Onu Mulheres criou uma plataforma para empresas que desejem mensurar a igualdade de gênero em seus respectivos ambientes de trabalho. Utilizada por mais 1.835 companhias em todo o mundo, a Ferramenta de Análise de Lacunas dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs) é online e gratuita.

Conforme a Onu Mulheres, a plataforma identifica se há equiparação no nível de oportunidade para mulheres e homens. O patamar de igualdade de gênero na empresa é medido com base em um questionário de 18 perguntas. As questões são de múltipla escolha e divididas em quatro temas: Liderança, Local de Trabalho, Mercado e Comunidade.

“Também é preciso observar os comportamentos discriminatórios dentro do ambiente de trabalho e entender a necessidade de tratar as mulheres de forma igualitária, além de evitar a inferiorização de projetos e ideias apenas por serem apresentadas por mulheres. Essas pequenas atitudes também fazem parte da promoção da igualdade e devem ser as primeiras mudanças a se pensar”, considera a diretora da Seciju.

A menos que medidas proativas sejam tomadas para combater a desigualdade econômica, ela pode trazer um impacto negativo em diversas outras áreas, como a saúde e a política, criando uma espiral descendente, aumentando a diferença entre os gêneros. 

Porque as mulheres ficam tão atrás dos homens em relação a parte econômica? Atualmente, 55% das mulheres adultas estão no mercado de trabalho mundial, contra 78% dos homens, mas a renda média anual das mulheres é de cerca de US$ 11.500, contra US$ 21.500 dos homens. As mulheres também são frequentemente sujeitas a práticas discriminatórias tendenciosas, incluindo a "penalidade de maternidade": as mães enfrentam preconceitos na contratação, salários iniciais e percepção de competência, enquanto os pais podem se beneficiar de serem pais. Da mesma forma, se são empreendedoras, o preconceito contra as mulheres pode significar que elas lutam para ter acesso ao capital de que necessitam para crescer e melhorar seus negócios.

Então, como podemos garantir que não vamos esperar mais de dois séculos para alcançar a igualdade econômica? Há ações que podemos tomar agora.

Melhorar o efeito de "role model"

Por exemplo, precisamos de mais exemplos para alimentar as ambições das mulheres. O relatório de desigualdade de Gênero do Fórum Econômico Mundial encontra uma correlação positiva entre os países que têm um elevado nível de empoderamento político feminino e o seu elevado número de mulheres em cargos de liderança. Precisamos que as empresas desempenhem aqui um papel importante: as mulheres precisam ver que essa liderança é atingível e real. Além disso, elas não deveriam ser chamadas apenas para liderar em tempos de crise ou em circunstâncias que dificultam incrivelmente o seu sucesso – o chamado cenário de "penhasco de vidro".

Consertar a divisão digital

Precisamos de atrair mais mulheres para o setor tecnológico. A tecnologia está mudando o nosso mundo para melhor em muitos aspectos. No entanto, está tendo uma influência negativa na desigualdade econômica entre os gêneros. As mulheres estão altamente representadas no comércio a varejo e nos empregos "de escritório", que são desproporcionadamente afetados pela mudança para a automação. Ao mesmo tempo, eles estão sub-representados em empregos associados a tecnologias emergentes – empregos que poderiam permitir a elas desenvolver habilidades que o mercado procura, ganhar altos salários e potencialmente se tornar líderes ou empreendedoras.

A análise realizada pelo Fórum Econômico Mundial, em parceria com o LinkedIn este ano, revelou que apenas 12% das mulheres estão empregadas como profissionais de cloud computing, sendo os restantes 88% preenchidos por homens. Pouco mais de um em cada quatro profissionais de dados e inteligência artificial são do sexo feminino, de acordo com a análise. Esta é uma preocupação séria, dado que as profissionais do setor tecnológico são cruciais para garantir que as soluções futuras não tenham qualquer forma de preconceito de gênero não intencional.

Atrair mais mulheres para o setor requer um grande esforço de um conjunto amplo e diversificado de partes interessadas. Mas o primeiro passo é encorajar a aceitação da educação STEM, independentemente da idade. Infelizmente, muitas meninas e mulheres de hoje estão privadas dos meios para aprender estas competências porque não completam o ensino secundário básico.

Em 2018, um relatório do Banco Mundial constatou que 132 milhões de meninas em todo o mundo, com idades entre 6 e 17 anos, não frequentam a escola, sendo que apenas um terço das meninas de países de baixa renda termina o ensino médio. De acordo com o relatório, as mulheres adultas a nível global estão perdendo entre 15 trilhões de dólares e 30 trilhões de dólares em ganhos ao longo da vida como resultado de não terem os 12 anos completos de educação.

O relatório de desigualdade de gênero constatou que as diferenças de desempenho educacional entre homens e mulheres eram pequenas em média, mas descobriu que em alguns países o investimento no talento das mulheres era "insuficiente". Também observou que mesmo em países onde o nível de escolaridade é relativamente elevado, "as competências das mulheres nem sempre estão de acordo com as necessárias para o sucesso nas profissões do futuro".

Abordar a lacuna de competências, apoiando a educação para as mulheres

A educação de meninas e mulheres é a base de todos os outros esforços para acabar com a desigualdade de gênero. A educação permite às mulheres garantir empregos bem remunerados em tecnologia e outros setores desejáveis, bem como aumentar suas chances de acesso ao financiamento para iniciar seus próprios negócios. Elas também precisam de educação para seguir carreiras onde possam fazer a diferença para outras mulheres – na política ou na saúde, por exemplo.

Hoje em dia, o mundo está sob uma escassez de competências, com a falta de competências tecnológicas a sendo particularmente alta. Portanto, é do interesse dos governos e das empresas que eles colaborem para garantir que as meninas vão à escola, fiquem lá e estudem assuntos voltados para o futuro. Elas também precisam "equipar" as mulheres adultas com as habilidades necessárias para prosperar em um mundo cada vez mais impulsionado pela tecnologia.

Com CEOs e executivos de algumas das organizações mais poderosas e reconhecidas do mundo reunidas em Davos nas próximas semanas, os dados do relatório deste ano devem servir como um forte lembrete da importância da igualdade de gênero econômica. É por esta razão que acredito que a redução dessa desigualdade entre os gêneros é uma questão para o mundo, não só para as mulheres – mas, o que é importante, uma questão que deveria estar no topo da agenda.

Quando você vai passar de ambição para ação a longo prazo? Junte-se ao EY para discutir questões econômicas e sociais mais pertinentes, enquanto aguardamos a Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial 2020 - de 21 a 24 de Janeiro. Junte-se à conversa via ey.com/wef e usando #WEF20 e #BetterWorkingWorld

O que pode ser feito para diminuir a desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

Apesar dos avanços, ainda há um longo caminho pela frente para alcançarmos esse objetivo..
E a igualdade de gênero no trabalho? ... .
Garanta a paridade salarial. ... .
Crie um programa de liderança feminina. ... .
Ofereça creche ou auxílio-creche. ... .
Ofereça flexibilidade. ... .
Tome medidas contra o assédio. ... .
Inclua a igualdade de gênero nos valores..

O que podemos fazer para diminuir a desigualdade de gênero?

5 dicas para diminuir a desigualdade de gênero no mercado de....
1- Mantenha a confiança em sua funcionária. ... .
2- Respeite suas características próprias. ... .
3- Dê total apoio para o pós-licença maternidade. ... .
4- Não a faça escolher entre trabalho e família. ... .
5- Licença paternidade estendida..

Como promover a igualdade de género no mercado de trabalho?

Como promover a equidade de gênero no mercado de trabalho?.
Salários padronizados para homens e mulheres que exercem as mesmas funções..
Recrutamento e seleção direcionado..
Programa de liderança feminina..
Auxílio-creche..
Inclusão da igualdade de gênero nos valores..
Criação de um ambiente seguro..
Medidas contra o assédio..

Quais são as medidas tomadas na atualidade quanto a desigualdade de gênero no mercado de trabalho?

Para alcançar a igualdade salarial, todas as esferas da sociedade devem fazer sua parte. O governo, implementando um maior número de creches e tornando lei a licença-maternidade compartilhada, o que permitiria às mulheres mais dedicação à sua vida profissional.