Quais as principais construções de um latifúndio e produtor de açúcar?

Com o fim da exploração do pau-brasil e decadência do comércio de especiarias no Oriente, era necessário encontrar um produto para plantar na colônia na América e para Portugal conseguir lucrar. Assim, a metrópole resolveu investir e plantar cana de açúcar no Brasil. A cana de açúcar foi escolhida por alguns motivos como o fato de Portugal já conhecer as técnicas de plantio, pois já plantava em outros territórios; e o Brasil possuía solo e clima favoráveis a esse tipo de cultura.

Um engenho de açúcar era o nome dado ao lugar que produzia açúcar e ia desde o processo de plantio da cana, passando pela sua transformação em açúcar e seus derivados, como o melaço e a cachaça. Esse tipo de cultura no Brasil foi adotado com o sistema chamado “plantation” que tinha como base o latifúndio (grandes terras), a monocultura e a mão de obra escrava.

Esses engenhos de açúcar eram de propriedade do chamado senhor de engenho e eram constituídos da casa-grande, senzala e moenda (onde ocorria a produção de açúcar). O canavial e o curral também faziam parte da estrutura do engenho.

A casa-grande era onde o senhor de engenho e toda a sua família viviam. Essa construção ficava na parte mais alta do terreno para assim ter uma visão panorâmica de toda a propriedade. Somente os senhores mais ricos usaram alvenaria de tijolos maciços. Com o tempo, essas propriedades foram ficando mais luxuosas e passaram a ter diversos cômodos.

É importante ressaltar que a sociedade dos senhores de engenho no período colonial era baseada no patriarcado, ou seja, uma organização cujo patriarca era geralmente um homem mais velho e que tinha um enorme poder sobre todos que moravam com ele, sobre seu engenho e seus empregados e escravos. As mulheres também viviam sob as ordens de seus maridos e pais, senhores do engenho e tinham pouco poder nesse sistema.

A sociedade também possuía os pequenos produtores, ou seja, os plantadores independentes de cana de açúcar. Mas como eles não possuíam os recursos necessários para moer e tratar a cana de açúcar era necessário utilizar a montagem do grande produtor, ou seja, do senhor de engenho. Haviam pessoas também que acabavam servindo, de certa forma, ao senhor de engenho e esses eram os chamados trabalhadores assalariados como os feitores, mestres de açúcar, artesão se os também chamados agregados que eram as pessoas que moravam na casa grande juntamente com o senhor de engenho e sua família. Esses últimos acabavam morando na casa grande por causa da troca de prestação de serviços, ou seja, as pessoas faziam um serviço qualquer para o senhor de engenho e este, como pagamento, dava proteção e auxílio para essas mesmas pessoas.

Assim, é importante concluir que os senhores de engenho, pessoas ricas, fidalgos, pessoas que faziam parte da aristocracia em Portugal e no Brasil, eram as pessoas que mandavam no engenho e tinham grande influencia em toda a região.

Referência Bibliográfica:

COSTA, Marcos. A História do Brasil para quem tem pressa. Rio de Janeiro: Valentina, 2016.

DEL PRIORE, Mary, VENANCIO, Renato. Uma Breve História do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.

SILVA, Kalina Vanderlei. Fidalgos, Capitães e Senhores de Engenho: o Humanismo, o Barroco e o diálogo cultural entre Castela e a sociedade açucareira (Pernambuco, séculos XVI e XVII). VARIA HISTORIA, Belo Horizonte, vol. 28, nº 47, p.235-257, jan/jun 2012.

Possuíam um edificações para a moagem de cana de açúcar, locais para transformar o caldo em melado e rapadura, capela, casa para os proprietários e a senzala para os escravizados.

As primeiras mudas de cana de açúcar chegaram de Portugal em meados do século XVI. Os portugueses já possuíam técnicas de plantio, pois a cultivavam e fabricavam o produto na ilha da Madeira e nos Açores.

Estrutura dos engenhos coloniais

O engenho colonial era um grande complexo dividido em diversas partes:

  • Canavial: onde a cana de açúcar era cultivada;
  • Moenda: local para moer a planta e extrair o caldo. A moenda funcionava movida por tração animal, água (moinho) ou ainda a força humana dos próprios escravizados.
  • Casa das Caldeiras: espaço usado para ferver o caldo da cana de açúcar em buracos cavados no solo. O resultado, um líquido espeço, eram então fervido em tachos de cobre.
  • Casa das Fornalhas: uma espécie de cozinha que abrigava grandes fornos que aqueciam o produto e o transformavam em melaço de cana.
  • Casa de Purgar: ali ficavam as formas com o caldo cristalizado, chamados pão de açúcar. Após seis a oito dias eram retirados dos moldes, refinados e prontos para serem comercializados.
  • Plantações: Além dos canaviais, havia as plantações de subsistência (hortas), em que eram cultivados frutas, verduras e legumes destinados à alimentação dos moradores do engenho.
  • Casa Grande: representava o centro do poder dos engenhos, sendo o local onde habitava o proprietário da terra e sua família. Apesar do nome imponente, nem todas as casas eram grandes.
  • Senzala: locais que abrigavam as pessoas escravizadas e onde não havia nenhum tipo de conforto e dormiam no chão de terra batida. Durante a noite eram acorrentados para evitar fugas
  • Capela: construção feita para celebrar os ritos religiosos dos habitantes do engenho, sobretudo, dos portugueses. Ali ocorriam as missas e as principais manifestações católicas como o batismo, casamentos, novenas, etc. Vale lembrar que os escravizados muitas vezes eram obrigados a participarem dos cultos.
  • Casas de Trabalhadores Livres: pequenas e simples habitações onde viviam os trabalhadores livres do engenho. Geralmente eram empregados especializados como carpinteiros, mestre de açúcar, etc.
  • Curral: abrigava os animais usados nos engenhos, seja para o transporte (produtos e pessoas), nas moendas de tração animal ou para alimentação da população.
Quais as principais construções de um latifúndio e produtor de açúcar?
Moenda movida por tração animal e pessoas escravizadas. Engenho de açúcar, de Guilherme Piso, 1648

Funcionamento dos engenhos coloniais

Primeiro, as canas eram cultivadas em grandes extensões de terra (latifúndios), depois colhidas e levadas para a moenda, local em que era produzido caldo de cana.

Após esse processo, o produto era levado para as caldeiras e, em seguida, para a fornalha. Por conseguinte, o melaço da cana era colocado em formas e uma vez cristalizado era conhecido como pão de açúcar. Finalmente, era refinado na casa de purgar e ensacado para ser transportado.

Parte dele, e sobretudo do açúcar mascavo (que não passava pelo processo de refino) era destinado ao comércio interno. No entanto, a maior parte da produção era enviada para abastecer o mercado europeu.

Devido a sua estrutura e a grande quantidade de mão de obra, os engenhos eram considerados “pequenas cidades”. No final do século XVII, já existiam cerca de 500 engenhos no Brasil, sobretudo na região nordeste.

A partir do século XVIII, o açúcar entrou em decadência, com a concorrência realizada por britânicos, holandeses e franceses nas suas colônicas do Caribe.

Além disso, foram descobertas jazidas de ouro, que deram início ao Ciclo do Ouro no Brasil e, aos poucos, vários engenhos de açúcar foram desativados.

O trabalho dos escravizados nos engenhos

As pessoas escravizadas representavam a principal mão de obra nos engenhos açucareiros (cerca de 80%) e não recebiam salários. Embora a maior parte fosses oriundos da África, muitos escravizados indígenas atuaram nos engenhos coloniais.

Além de trabalharem longas jornadas, viviam em péssimas condições, vestiam trapos, eram açoitados pelos capatazes e se alimentavam muito mal. Trabalhavam tanto na produção da cana, como nas casas senhoriais, ocupando-se da cozinha, faxina, criação dos filhos do senhor, etc.

Saiba mais sobre o tema, com a leitura dos artigos:

  • Capitanias Hereditárias
  • Brasil Colônia
  • Ciclo da Cana-de-Açúcar
  • Escravidão no Brasil
  • Escravidão Indígena no Brasil Colonial

Brasil Colônia - Toda Matéria

Quais as principais construções de um latifúndio e produtor de açúcar?

Juliana Bezerra

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Quais as principais construções de um latifúndio e o produtor de açúcar?

Resposta. Resposta: No engenho havia várias construções: a casa-grande, moradia do senhor e de sua família; a senzala, habitação dos escravos; a capela; e a casa do engenho.

Quais as principais construções?

8 das construções mais importantes do mundo.
Canal do Panamá | Panamá ... .
Aswan High Dam | Egito. ... .
Muralha da China | China. ... .
Estação Espacial Internacional. ... .
Sydney Opera House | Austrália. ... .
Big Dig | Boston (EUA) ... .
The Great Man-Made River | Líbia. ... .
New Century Global Centre | China..

Quando a produção de açúcar no Brasil Colonial é correto afirmar que?

(Unifesp-SP) Com relação à economia do açúcar e da pecuária no nordeste durante o período colonial, é correto afirmar que: por serem as duas atividades essenciais e complementares, portanto as mais permanentes, foram as que mais usaram escravos.

Como era a divisão do trabalho no engenho de cana

O engenho, a grande propriedade produtora de açúcar, era constituído, basicamente, por dois grandes setores: o agrícola - formado pelos canaviais -, e o de beneficiamento - a casa-do-engenho, onde a cana-de-açúcar era transformada em açúcar e aguardente.