Quais fatores da economia estão diretamente ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico?

Quais fatores da economia estão diretamente ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico?
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Quais fatores da economia estão diretamente ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico?

Apesar de estar entre as nações menos competitivas do mundo, o Brasil insiste em deixar de lado uma das principais agendas que pode reverter a situação: a da inovação. O país, que ficou neste ano na 59ª posição entre 63 países no ranking global de competitividade da escola de administração de Lausanne, na Suíça, perdeu pontos em fatores diretamente ligados à inovação como qualidade de mão de obra e desenvolvimento tecnológico.

Especialistas ouvidos pelo JOTA são unânimes em afirmar que a agenda de inovação precisa ser priorizada pelo governo. Um dos pontos criticados, por exemplo, é a recente edição da Medida Provisória nº 1.136, de 29 de agosto de 2022, que limita o uso de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), a principal fonte de financiamento à inovação no país.

A MP fixa que o FNDCT poderá aplicar somente R$ 5,555 bilhões em 2022. O valor representa R$ 3,5 bilhões a menos do inicialmente previsto. A partir do ano que vem, a medida estabelece uma porcentagem de aplicação que chegará em 100% dos recursos só em 2027.

De acordo com Gianna Sagazio, diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), enquanto o mundo investe trilhões de dólares em inovação, os poucos recursos que se têm para essa finalidade no país são contingenciados ou caem vertiginosamente. “O Brasil precisa de um sistema robusto e continuado de financiamento”, completa.

Países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) investem cerca de 3% do PIB em inovação. Coreia do Sul e Israel, quase 5% do PIB. O Brasil investe apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em inovação, segundo CNI.

Sagazio cita pesquisa da CNI que mostra que, durante a pandemia, 90% das empresas brasileiras inovaram, mas apenas 10% tiveram acesso a recursos públicos. “Pesquisa e desenvolvimento são vetores do desenvolvimento sustentável. Se não priorizá-los, o futuro do país ficará comprometido”, diz.

Já para as micros e pequenas empresas, especificamente, o desafio maior é desmistificar a inovação como algo elitista e caro, aponta Paulo Renato Cabral, gerente de Inovação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Ele explica que, para enfrentar esse desafio, o Sebrae desenvolve iniciativa que aglomera empreendimentos de um mesmo setor, mapeia os desafios tecnológicos comuns e conecta-os a startups para desenvolver soluções. “Esse processo reduz significativamente os custos”, atesta Cabral.

Outros programas do Sebrae também buscam tanto incentivar a geração de pequenas empresas de alta tecnologia como promover a inserção digital de negócios tradicionais. “Não tem mais como a empresa ter só estratégia física. É preciso ser híbrida e o Sebrae as ajuda a ter desde Instagram até marketplace”, relata Cabral.

O gerente do Sebrae ressalta que é preciso modificar uma visão equivocada de que a inovação não traz resultados, o que explicaria a pouca prioridade que o tema recebe. “É preciso ter continuidade nos investimentos, pois pesquisa e desenvolvimento é igual à obra: não pode parar. Se parar, deteriora-se e o custo é maior”, afirma Cabral.

Integração de iniciativas de estímulo à inovação

A desburocratização de instrumentos de PD&I (pesquisa, desenvolvimento e inovação) e uma visão “macro” de desenvolvimento são necessários para reverter o cenário de perda de competitividade e falta de estímulo à inovação, aponta Cabral. “Embora tenhamos avançado na integração de iniciativas de estímulo à inovação, é preciso integrar mais as políticas públicas para potencializar os resultados”, declara.

Ele dá o exemplo da cadeia da soja no Brasil, forte no setor do agronegócio, que acaba exportando produtos de baixo valor agregado, como grãos, farelo e óleo. “Teríamos o potencial para explorar cerca de 20 produtos biotecnológicos a partir da soja e desenvolver a cadeia de insumos e equipamentos agrícolas”, afirma Cabral. “Mas são necessários investimentos, profissionais altamente qualificados e estímulo para que empresas contratem pesquisadores.”

Sagazio, que também é coordenadora-executiva da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), que reúne 400 executivos empresariais em prol da agenda de inovação do país, conta que vários empresários do grupo informam ter vagas de emprego que não conseguem preencher por falta de qualificação dos profissionais. Ela destaca ainda que uma maior articulação entre empresas e universidades é um grande desafio. “A inovação faz parte da cadeia de valor do conhecimento”, pontua.

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), Thiago Falda, o país precisa avaliar suas vocações e traçar planos de longo prazo para canalizar os investimentos e esforços. Segundo ele, países que não têm as vantagens comparativas que o Brasil tem estão com a agenda de sustentabilidade mais estruturada.

“Precisamos fazer o mesmo por aqui, para desenvolver setores prioritários capazes de levar o país para outro patamar de desenvolvimento”, afirma Falda.

Falta de mão de obra qualificada e barreiras culturais à inovação

Outro problema histórico é a falta de mão de obra qualificada que se agrava com a aceleração tecnológica, o que pode deixar o Brasil ainda mais distante dos países desenvolvidos na corrida pelo desenvolvimento. Gustavo Araújo, co-fundador da Distrito, plataforma que ajuda na conexão de startups com grandes empresas, diz que se soma a esse problema a questão de barreiras culturais que impedem empresas tradicionais de se adequarem às novas demandas de mercado e tecnológicas.

Araújo afirma que os próprios dirigentes e gestores empresariais precisam estar mais preparados para tornar os negócios “ambidestros”, em que se mantêm as operações enquanto inovam ao mesmo tempo. “Esse modelo já está mais presente nas empresas de tecnologia, mas os negócios tradicionais precisam atuar dessa forma também sob o risco de ficarem obsoletos”, reforça.

Pesquisa da CNI sobre adoção de tecnologias digitais pela indústria mostra que o tamanho da empresa influencia significativamente o nível de adoção das tecnologias digitais. Enquanto 86% das grandes usam pelo menos uma das 18 tecnologias listadas, esse percentual cai para 64% entre as médias e para 42% nas pequenas. Entre as tecnologias analisadas estão inteligência artificial, sistemas integrados de engenharia e prototipagem rápida.

Estímulo para avanço de novas tecnologias e de startups

O Brasil tem oportunidades também de acelerar a inserção de novas tecnologias 4.0. Segundo Araújo, da Distrito, a população brasileira é a mais conectada do mundo, o que torna o país importante para as plataformas digitais. O Brasil já é o terceiro maior mercado de criptomoedas no mundo, por exemplo. “Aqui é um território fértil para novas tecnologias, mas faltam políticas e incentivos tributários para alavancá-las”, diz Araújo.

Falda destaca que os obstáculos à inovação afetam de forma mais intensa as startups, que ele chama de “berços da inovação” por ser “onde a inovação acontece”. Ele reconhece que houve avanço com a Lei das Startups, mas que é preciso dar mais condições para que elas se desenvolvam por meio de mais financiamento e segurança jurídica.

Ele cita, entre os contrassensos jurídicos, a Lei do Bem, que cria a concessão de incentivos fiscais às empresas que inovam, mas que só se aplica a empresas tributadas no lucro real e não no presumido, sistema no qual a maioria das startups se enquadra.

Na visão dos especialistas ouvidos pela reportagem, os desafios à inovação no Brasil são grandes e urgentes. Cabral, do Sebrae, pondera que os empreendedores brasileiros são os mais resilientes e criativos do mundo. “Com mais estímulo à inovação, esse potencial poderá ser alavancado de forma expressiva”, avalia.

O Sebrae também tem feito esforços para inserir os pequenos negócios na indústria 4.0 por meio de agentes de transformação digital, comenta o gerente. A instituição está com cem agentes em campo em todo o país para ajudar empresas a implementar soluções digitais.

Redação JOTA – Brasília

Quais setores de economia estão diretamente ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico?

O setor secundário e terciário da economia estão diretamente ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico.

Como o desenvolvimento científico e tecnológico impactam os setores da economia?

A tecnologia trouxe bastante melhorias à economia, pois permite que se criem melhores resultados nos estudos planejados, com menor esforço e custo, além de consentir que se crie um desenvolvimento muito mais aprofundado no produto final.

Qual a importância do desenvolvimento científico e tecnológico para as economias?

Resposta verificada por especialistas O desenvolvimento cientifico e tecnológico é o que move as economias desenvolvimento da Europa e da Ásia, já que eles são países tipicamente exportadores de conhecimento e tecnologia.

Qual maneira o desenvolvimento científico e tecnológico modifica a economia de um país?

Resposta verificada por especialistas O desenvolvimento tecnológico que é conseguido especialmente através da educação, causa a ascensão econômica de uma país, pois o mesmo passará a produzir e vender produtos com alto valor agregado, o que transforma sua economia.