Quais mudanças ambientais ocorreram com o fim da última era glacial?

Quais mudanças ambientais ocorreram com o fim da última era glacial?
Reconstrução de um exemplar de mamute-lanoso que está no Museu Real da Columbia Britânica (Foto: rpongsaj/Wikimedia Commons)

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Uma mudança no clima produzida de forma abrupta e similar a que acontece atualmente por causa da atividade humana foi responsável pela morte e extinção dos mamutes, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (23) pela revista "Science".

Um grupo de pesquisadores internacionais determinou que uma série de episódios curtos e rápidos de aquecimento global - conhecidos como interestadiais - aconteceu na última era do gelo do período Pleistoceno, coincidindo com as extinções maciças dos grandes mamíferos.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores, liderados por cientistas das universidades de Adelaide e de Nova Gales do Sul, ambas na Austrália, analisaram amostras antigas de DNA extraídas de fósseis, e se serviram da técnica conhecida como datação por radiocarbono.

"Este aquecimento abrupto teve um profundo impacto no clima, causando mudanças bruscas na vegetação e nas chuvas", indicou o diretor do Centro Australiano para DNA Antigo e professor da Universidade de Adelaide, Alan Cooper.

"Mesmo sem a presença de humanos ocorreram extinções maciças. Quando acrescentamos a pressão e a fragmentação do meio ambiente causada pelos humanos às rápidas mudanças do aquecimento global, surgem questões preocupantes sobre o futuro de nosso meio ambiente", prosseguiu Cooper.

A culpa é dos humanos
A pesquisa começou há dez anos, quando se detectou um modelo comum em estudos de DNA antigo que sugeria que o rápido desaparecimento de espécies grandes, como os mamutes, estaria relacionado com episódios repentinos de frio.

No entanto, na medida em que a pesquisa avançou e foram analisadas mais amostras fósseis de DNA, se provou o contrário, que foi o rápido aquecimento, e não o frio, o que causou as extinções maciças durante a última era glacial.

Entre essas extinções, se destacam a dos mamutes e a das preguiças gigantes, que desapareceram há cerca de 11 mil anos, no final da última era de gelo.

"É importante reconhecer que o ser humano também teve papel importante no desaparecimento das espécies gigantes", comentou o professor da Universidade de Nova Gales do Sul, Chris Turney.

"O aquecimento abrupto do clima causou mudanças maciças no meio ambiente que desembocaram em um processo de extinção, mas o aumento de humanos sentenciou o destino de uma população que já se encontrava sob estresse", concluiu.

As mudanças climáticas são, sem dúvidas, um dos maiores desafios da sociedade atual. Apesar de sempre usarmos o urso-polar como símbolo dessas mudanças, as alterações no clima estão longe de atingir apenas esses animais. Os impactos das mudanças climáticas são significativos e afetam desde a nossa saúde até a produção de alimentos. A seguir, você entenderá melhor o que são as mudanças climáticas e como elas afetam a nossa vida e a dos outros seres vivos do planeta.

Leia também: A relação entre impactos ambientais e o surgimento de doenças

Tópicos deste artigo

  • 1 - Mas, afinal, o que são mudanças climáticas e quais as causas?
  • 2 - Quando o clima começou a mudar?
  • 3 - IPCC
  • 4 - Qual a relação entre efeito estufa, aquecimento global e as mudanças climáticas?
  • 5 - Mudanças climáticas e impactos ambientais
  • 6 - O que deve ser feito para conter as mudanças climáticas?
  • 7 - Controvérsias

Mas, afinal, o que são mudanças climáticas e quais as causas?

Mudanças climáticas são alterações provocadas nos padrões climáticos a longo prazo com base nas alternâncias meteorológicas, ou seja, nas condições do tempo observadas por um período. Elas podem ser causadas por processos naturais e também pela ação do homem. Acompanhe o quadro a seguir:

Causas naturais

Causas antrópicas

Incidência solar: A radiação solar que chega até a superfície pode variar, podendo ser mais elevada ou reduzida em alguns períodos.

Queima de combustíveis fósseis, o que emite à atmosfera gases de efeito estufa.

Órbita da Terra: O planeta sofre variação em sua órbita segundo os movimentos que realiza, o que faz ele receber mais ou menos radiação solar.

Aumento do desmatamento, ou seja, da retirada da cobertura vegetal.

EL Niño e La Niña: Esses fenômenos causam alterações na temperatura média das águas do Pacífico, modificando as condições climáticas das áreas em que atuam.

Emissão de gases poluentes à atmosfera por indústrias e automóveis.

Atividade vulcânica: Os vulcões podem apresentar períodos de maior atividade. Em situações de elevadas ocorrências de erupções vulcânicas, ocorre o sistema de resfriamento climático da Terra.

Poluição do solo e dos recursos hídricos, o que altera o equilíbrio ambiental.

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Quando o clima começou a mudar?

As mudanças climáticas não aconteceram de uma hora para outra. A nossa história evolutiva está intrinsecamente ligada às alterações provocadas no clima, as quais são observadas desde a formação do planeta Terra. Ao longo dos 4,6 bilhões de anos do planeta, o clima modificou-se. Houve, nos últimos 400 mil anos, quatro ciclos diferentes, glaciais e interglaciais.

Nos últimos 150 anos, no entanto, o planeta teve sua temperatura aumentada de maneira considerável. Estudos indicam que a Terra aquece-se cerca de 0,2°C por década. Estudos feitos pela Nasa e pela Noaa (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) mostram que a temperatura registrada na Terra em 2018 foi a quarta mais alta nos últimos 140 anos. Em 2017, a temperatura aumentou cerca de 0,83ºC com base na temperatura média registrada entre os anos de 1951 e 1980. A temperatura média anual mais alta foi registrada no ano de 2016.

Quais mudanças ambientais ocorreram com o fim da última era glacial?
O aumento nas temperaturas iniciou-se especialmente no período Pós-Revolução Industrial.

Mas por que a temperatura aumentou?De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, o planeta está mais quente do que no período anterior ao processo de industrialização. O cenário mundial após a Revolução Industrial mudou não só economicamente, mas também o modo produtivo, provocando mudanças no cenário ambiental.

O consumo exagerado e a produção elevada, além de aumentar a exploração dos recursos naturais, provocaram também o aumento da poluição atmosférica, por causa da emissão gases poluentes pelas indústrias e automóveis. A produção também acelerou o desmatamento, o que também provocou alterações no clima.

IPCC

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é um órgão criado com o objetivo principal de fazer avaliações a respeito das mudanças climáticas, sendo ele encarregado de criar documentos que mostrem o que de fato está ocorrendo com o planeta, nosso papel nesse processo e as perspectivas futuras desse impacto. Sua criação, em 1988, ocorreu em um momento em que ficava cada vez mais claro o papel do homem no que diz respeito ao aumento da temperatura da Terra.

O primeiro relatório foi publicado em 1990 e destacou a importância da cooperação internacional para evitar os danos causados pelas mudanças climáticas. Esse relatório foi essencial para a criação daConvenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), o principal tratado internacional com o objetivo de reduzir o aquecimento global.

O IPCC libera, periodicamente, dados importantes sobre as mudanças climáticas no mundo, sendo esses dados fundamentais para a formulação de políticas internacionais voltadas para o clima. No relatório publicado em 2007 (quarto relatório), por exemplo, o IPCC destacou dados bastante preocupantes. De acordo com esse relatório, o aumento da temperatura global até 2100 ficaria entre 1,8ºC e 4ºC, sendo esse último cenário catastrófico.

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O cartaz acima faz um apelo pela preservação ambiental com os dizeres “sem natureza, sem futuro”.

O quinto relatório do IPCC forneceu base científica para o Acordo de Paris, um compromisso internacional assinado por 195 países que tem como um de seus objetivos manter o aumento da temperatura média global a menos de 2ºC acima dos níveis pré-industriais. Esse acordo prevê ainda esforços para limitar o aumento a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

Em 2018, o IPCC liberou o Relatório Especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre o aquecimento global de 1,5 °C, que apresenta informações importantes para garantir a tomada de decisões corretas por parte dos governantes a fim de evitar o aumento exagerado da temperatura.

De acordo com esse relatório, é essencial que a temperatura global não suba 2º C acima dos níveis de temperatura antes da Revolução Industrial, pois isso poderia ter consequências desastrosas, como perda de biodiversidade, perda de habitat, diminuição das calotas polares etc. Para garantir que o aquecimento não ultrapasse o 1,5ºC, são essenciais mudanças rápidas.

Leia também: Aquecimento global e a extinção de espécies

Qual a relação entre efeito estufa, aquecimento global e as mudanças climáticas?

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Os gases presentes na atmosfera terrestre, como o dióxido de carbono, evitam que toda radiação solar seja devolvida ao espaço, aprisionando calor.

A partir da Revolução Industrial, toneladas de gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono, foram lançadas à atmosfera. Sabe-se que a atmosfera terrestreé formada por gases como oxigênio, nitrogênio, dióxido de carbono e também vapor d'água. Esses gases, principalmente o gás carbônico, possuem a capacidade de absorver a radiação solar emitida à superfície terrestre.

Essa absorção evita que o calor seja completamente devolvido ao espaço, retendo-o. A parcela de calor retida faz com que haja o equilíbrio energético, evitando assim  uma grande amplitude térmica, ou seja, uma grande diferença entre as temperaturas máxima e mínima. Ao manter a temperatura média da Terra em torno de 14°C, a Terra apresenta então condições favoráveis à existência de vida. Esse processo natural é chamado de efeito estufa. Portanto, se ele não existisse, não haveria desenvolvimento dos seres vivos.

Quando se fala em efeito estufa, muitas pessoas associam a algo ruim, mas ele é essencial à manutenção da vida na Terra. O problema é que esse processo natural que mantém a temperatura média da Terra tem sido agravado principalmente pela ação humana. As atividades industriais e o aumento de veículos que emitem à atmosfera gases poluentes são responsáveis pela maior concentração de gases.

Como esses gases atuam na absorção de calor, esse tem sido impedido de ser devolvido ao espaço, ficando então aprisionado na atmosfera terrestre. Esse aprisionamento tem provocado o aumento considerável das temperaturas da Terra, que, associado ao aumento dos níveis de desmatamento e da poluição, provoca o que chamamos de aquecimento global.

Saiba também: Acordos climáticos e o aquecimento global

Mudanças climáticas e impactos ambientais

As mudanças climáticas geram uma série de consequências ambientais graves, muitas até já podem ser observadas atualmente. Uma das consequências do aumento da temperatura do planeta é o aumento do nível do mar, que ocorre em virtude do degelo das geleiras. Isso pode resultar na inundação e na submersão de áreas costeiras, causando diversos prejuízos às pessoas que vivem nessas áreas.

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O derretimento das geleiras causará o aumento do nível do mar.

As altas temperaturas também poderão causar grandes secas, que afetarão ativamente a agricultura, ocasionando diversos problemas em relação à produção de alimentos. Dados do IPCC de 2019 indicam que o aquecimento do planeta pode causar uma redução nas safras de milho no Brasil em 5,5% a cada grau de aquecimento. Com a diminuição da produção de alimentos e o consequente aumento dos preços, muitas pessoas sofrerão com a questão da segurança alimentar, ou seja, com o acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e permanente.

Além de afetar a agricultura, a seca está relacionada com o aumento de focos de incêndio e com a escassez de água. Esse último problema poderá levar parte da população a sofrer com baixa disponibilidade de água potável e poderá gerar competição por esse recurso.

Quais mudanças ambientais ocorreram com o fim da última era glacial?
O aumento da temperatura pode levar a episódios de seca extrema.

Enquanto algumas áreas enfrentarão seca extrema, em algumas regiões poderá ocorrer um aumento exagerado das chuvas. Isso poderá causar problemas como inundações e deslizamento de terras em áreas com grande quantidade de pessoas.

Diversos animais e plantas, tanto espécies terrestres como aquáticas, serão diretamente afetados pelas mudanças climáticas, que causarão mudanças em seu habitat. Isso gerará aextinçãode uma grande quantidade de espécies, diminuindo-se, assim, a biodiversidade. Um estudo publicado na revistaEcology andEvolution concluiu que o aquecimento global poderá levar 10% das espécies de sapos, rãs e pererecas endêmicas da Mata Atlântica à extinção em cerca de 50 anos.

Outro ponto importante diz respeito à saúde da população. Além da poluição atmosférica agravar-se em diversas partes do mundo, ocasionando doenças cardiovasculares e respiratórias, algumas doenças, como dengue e malária, que são transmitidas por mosquitos, poderão espalhar-se por mais lugares do globo.

O que deve ser feito para conter as mudanças climáticas?

A preocupação com as questões referentes às mudanças climáticas e suas consequências são discutidas no mundo todo por meio de diversas conferênciasambientais. Essas conferências reúnem representantes de várias nações para avaliar as pesquisas, estudos e dados obtidos a cerca do clima e suas alterações e também buscam apresentar possíveis ações que possam amenizar os problemas causados pelas mudanças climáticas.

Dessas conferências, resultaram alguns acordos entre os países a fim de diminuir os níveis de emissão de gases de efeito estufa, bem como promover ações com o objetivo de conter o aquecimento global. Como já dito anteriormente, um deles foi o Acordo de Paris. Outro exemplo é o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997 e que entrou em vigor em 2005 com o objetivo de propor metas aos países em desenvolvimento a fim de diminuir as emissões de dióxido de carbono e também contar com a ação voluntária dos países em desenvolvimento.

Leia também: Acordo de Paris - o que é, objetivos, metas e a questão dos Estados Unidos

Controvérsias

Apesar das inúmeras evidências acerca das mudanças climáticas, não há um consenso quanto a essas alterações. Alguns estudiosos e também governantes de alguns países acreditam que as mudanças provocadas no clima são resultados de processos naturais e que a Terra encontra-se, na verdade, rumo a uma nova glaciação. Para os céticos do aquecimento global, os estudos feitos a respeito das mudanças climáticas são alarmistas, gerando uma preocupação desnecessária.

Por Ma. Vanessa Sardinha dos Santos e Por Rafaela Sousa

Quais as principais mudanças que ocorreram no planeta após o fim da última glaciação?

O planeta ainda mudaria a inclinação do eixo de rotação e passaria por variações na direção desse mesmo eixo de rotação. Os movimentos realizados pela Terra são conhecidos como excentricidade, obliquidade e precessão. Ao mesmo tempo, a Terra apresenta mudanças na composição da atmosfera e nas correntes oceânicas.

Quais foram as principais mudanças ocorridas a partir da era glacial?

Nos períodos entre uma glaciação e outra, a neve dava lugar a florestas ou savanas. Na zona boreal, predominavam extensos gramados, que serviam de pasto para herbívoros como o mamute. Com a chegada do homem, a concorrência pela presa tornou-se, de certa forma, desleal.

O que aconteceu com o fim da última era glacial?

No fim da última Era Glacial, o nível dos oceanos subiu quase 18 metros em cerca de meio milênio.

Qual o impacto da última glaciação?

A principal parte que a última glaciação (conhecida por Laurenciano) tem para a história da humanidade, é a possibilidade que gerou de travessia dos grupos humanóides entre diferentes regiões que, sem ligação terrestre, seria impossível.