Quais são as consequências da extração dos recursos naturais no Ártico?

Consequências das rápidas mudanças ambientais no Ártico (Consequences of rapid environmental changes in the Arctic)


Resumo


Este artigo analisa as mudanças ambientais que ocorreram no Ártico ao longo das últimas cinco décadas. O estudo foi realizado pela coleta de dados em artigos científicos, livros e também relatórios de ONGs associadas a questão ártica. Durante os últimos 50 anos, o Ártico mostrou a mais rápida aquecimento no Planeta, duas vezes mais que a média mundial, isso causou rápidas mudanças ambientais, como a redução do volume das geleiras, o que contribuí para o aumento do nível médio dos mares; o degelo do permafrost, que libera grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) na atmosfera, intensificando o efeito estufa; a migração da vegetação em direção ao Norte, alterando a disponibilidade de alimentos e os padrões de migração dos animais; o aumento da temperatura da superfície do mar, o que pode causar a migração de cardumes de peixes para áreas mais ao Norte. A mudança mais rápida, e a que mais chama a atenção, é a drástica redução da área coberta por gelo marinho no verão. O Ártico é o sinalizador do impacto das mudanças climáticas de origem antrópica e caminha, rapidamente, para se tornar um ambiente diferente daquele conhecido desde as grandes descobertas. Em poucas décadas não haverá gelo marinho no verão, causando claras mudanças no ambiente físico e com consequências graves para a biota.

A B S T R A C T

This article analyses the environmental changes that have occurred in the Arctic over the past five decades. The study was conducted by collecting data in scientific papers, books and also NGOs reports associate with the Arctic issue. During the past 50 years, the Arctic showed the fastest warming on the planet, more than twice the world average, it caused rapid environmental changes, such as reducing the volume of glaciers, which contributed to the increase in the mean sea level; the melting of permafrost, which releases large amounts of carbon dioxide (CO2) and methane (CH4) into the atmosphere, enhancing the greenhouse effect; migration of vegetation towards the north, changing the availability of food and animal migration patterns; increasing sea surface temperature, which can cause migration of fish shoals in areas further north. The fastest change, the one that draws the most attention, is the drastic reduction in the area covered by sea ice in the summer. The Arctic is a climate change beacon because of anthropogenic and walks quickly to become a different environment from the time known from of the great discoveries. In a few decades there will be no sea ice in the summer, causing clear changes in the physical environment and with serious consequences for the biota.

Keywords: Arctic, Sea ice, Climate Change, Polar Geography.

 


Palavras-chave

Ártico, Gelo Marinho, Mudanças Climáticas, Geografia Polar.


DOI: https://doi.org/10.5935/1984-2295.20160077

 

Quais são as consequências da extração dos recursos naturais no Ártico?
   
Quais são as consequências da extração dos recursos naturais no Ártico?
  

Quais são as consequências da extração dos recursos naturais no Ártico?

Revista Brasileira de Geografia Física - ISSN: 1984-2295

Quais são as consequências da extração dos recursos naturais no Ártico?

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  • Redação
  • BBC News Mundo

14 maio 2022

Quais são as consequências da extração dos recursos naturais no Ártico?

Crédito, Getty Images

A busca por recursos naturais e a necessidade de fontes alternativas de energia é um tema recorrente no mundo, sobretudo quando diversos países enfrentam uma crise energética, como vem acontecendo nos últimos meses.

O Ártico é uma região do planeta onde se estima que haja uma quantidade significativa — e inexplorada — de petróleo e gás natural.

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Mas o acesso a esses recursos é uma questão polêmica devido aos danos ambientais e às disputas territoriais que pode causar.

Há justamente um processo judicial em andamento para decidir se as empresas de energia têm o direito de perfurar as camadas de gelo do Ártico em busca de petróleo e gás.

Trata-se de uma ação movida por um grupo de ativistas ambientais contra o governo norueguês no Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) sobre a exploração no Ártico.

Este caso pode indicar até que ponto será possível explorar os recursos naturais nesta área no futuro.

Quem são os donos do Ártico e quantos recursos possui?

Crédito, Reuters

Legenda da foto,

A Noruega é o maior produtor de petróleo e gás natural da Europa Ocidental

O Círculo Polar Ártico, localizado no Polo Norte da Terra, pode conter cerca de 160 bilhões de barris de petróleo e 30% de gás natural não descobertos, segundo estimativas do Serviço Geológico dos Estados Unidos.

Os países com território ou águas territoriais dentro do Círculo Polar Ártico são Noruega, Rússia, Suécia, Finlândia, Islândia, Estados Unidos, Canadá e Dinamarca (dona também da Groenlândia).

Como o Ártico é uma área predominantemente de água, não existe um tratado internacional que o proteja do desenvolvimento econômico, como no caso da Antártida, no Polo Sul.

O aquecimento global derreteu parte da região no extremo norte do planeta, tornando mais fácil perfurar, explorar e extrair recursos.

Em que consiste o julgamento norueguês?

A Noruega é o maior produtor de petróleo da Europa Ocidental. Desde 2016, o governo concedeu uma série de licenças para explorar fontes de petróleo e gás no Mar de Barents, dentro do Círculo Polar Ártico.

Mas em 2021, seis jovens noruegueses e dois grupos ambientalistas, Greenpeace Nordic e Young Friends of the Earth, resolveram ir ao tribunal europeu para tentar impedir as concessões.

Os ativistas argumentam que "ao permitir novas perfurações durante uma crise climática, a Noruega está violando direitos humanos fundamentais".

Eles afirmam que a perfuração no Ártico pode contaminar as camadas de gelo polar e acelerar o ritmo de seu derretimento.

Crédito, Lasse Frode/Greenpeace

Legenda da foto,

Os seis ativistas que tentam impedir a perfuração para obter petróleo e gás nos mares do Ártico norueguês

Os jovens citam o Artigo 2 da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que protege o direito à vida, e o Artigo 8, que protege o direito à vida familiar e ao lar.

"Ao reclamar, podemos ter a chance de deter esta perfuração catastrófica de petróleo", diz Mia Chamberlain, uma das ativistas.

Lasse Eriksen Bjoern, ativista do povo indígena Sami no norte da Noruega, disse à agência de notícias Reuters que a perfuração pode prejudicar a exploração pesqueira e seu modo de vida.

Três tribunais noruegueses rejeitaram a denúncia, mas o Tribunal Europeu de Direitos Humanos, em Estrassburgo, na França, resolveu considerar o caso e solicitou ao governo norueguês que se posicionasse sobre os argumentos dos ativistas.

A Noruega respondeu em 26 de abril dizendo ser capaz de continuar a explorar petróleo e gás sem afetar sua meta de atingir emissões zero de carbono até 2050.

Além disso, acrescentou que seria prejudicial para a sociedade norueguesa interromper a produção de petróleo e gás antes que haja mais energia renovável confiável disponível. O governo também pediu que o tribunal rejeitasse o caso, dizendo que haverá uma demanda cada vez maior por recursos da Noruega por causa da invasão russa da Ucrânia.

O TEDH está considerando fazer deste um "caso de impacto", o que significa que pode estabelecer um precedente para casos semelhantes na União Europeia. Se assim for, pode haver uma sentença nos próximos meses.

Nos últimos anos, ativistas ambientais têm recorrido cada vez mais aos tribunais para forçar governos e empresas a adotar uma abordagem mais verde.

Em 2021, um tribunal holandês determinou que até 2030 as emissões da Royal Dutch Shell devem ser 45% mais baixas do que em 2019 — uma redução muito maior do que a empresa havia prometido anteriormente. O caso foi apresentado pela ONG Friends of the Earth.

Três anos antes, o supremo tribunal da Colômbia ordenou que o governo tomasse medidas urgentes para impedir o desmatamento da Floresta Amazônica, alegando que ele restringia os direitos das crianças a um ambiente saudável.

Quem mais perfura o Ártico?

Empresas petrolíferas russas operam no Ártico há mais de uma década. Em 2020, houve um grande derramamento de óleo diesel em seu território ártico.

Os Estados Unidos estão considerando permitir que suas companhias de petróleo perfurem no norte do Alasca, apesar do catastrófico vazamento de óleo do navio petroleiro Exxon Valdez no Alasca em 1989.

Crédito, EPA

Legenda da foto,

O vazamento de combustível de uma usina em Norilsk ameaçou uma área enorme e intocada no Ártico em 2020

Que direitos os países do Ártico têm?

Todos os países com territórios no Círculo Polar Ártico têm direito sobre o fundo do oceano próximo a suas costas.

Também podem estabelecer zonas econômicas exclusivas, até 200 milhas náuticas (370 quilômetros) da costa.

Nestas áreas, eles têm o direito de pescar, construir infraestrutura e extrair recursos naturais.

Os países podem estender estas zonas se mostrarem que sua massa terrestre vai mais além dentro da água.

Atualmente, existe uma disputa sobre uma cadeia de 1.721 quilômetros de montanhas sob o mar, a chamada Cordilheira de Lomonosov, que atravessa o Polo Norte.

Canadá, Rússia e Groenlândia reivindicam este território como seu. Quem sair vitorioso também poderia reivindicar 55 mil milhas quadradas de mar ao redor do Polo Norte.

Em 2007, exploradores russos alarmaram seus vizinhos árticos ao fincar sua bandeira nacional no fundo do mar do Polo Norte.

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Quais são os problemas ambientais causados pela exploração do Ártico?

Em termos de problemas ambientais, sofrem com exatamente o mesmo problema ambiental do polo sul: o aquecimento global, causado pelo aumento do efeito estufa em função do aumento da poluição atmosférica. O aquecimento global causa o derretimento das calotas polares, aumentando o nível das águas dos demais oceanos.

Quais riscos ambientais podem gerar a exploração do petróleo e gás natural no Ártico?

O derretimento das calotas polares é uma consequência do aquecimento global e uma constatação dos efeitos negativos da ação humana sobre o planeta. Esse problema ambiental, assim como muitos outros, está diretamente associado o uso de combustíveis fósseis.

São recursos naturais explorados no Ártico?

O Ártico é uma região do planeta onde se estima que haja uma quantidade significativa — e inexplorada — de petróleo e gás natural.

Quais as possíveis consequências da exploração predatória da Antártida?

O resultado desse aquecimento inclui o rápido colapso e a desintegração das plataformas de gelo que estão mais ao norte; a aceleração do fluxo de geleiras na Península e ainda a migração de algumas espécies de pinguins e outras aves mais para o sul do continente.