Quais são as fontes de produção dos biocombustíveis no Brasil é em outros países

20/03/2012

Profissionais da Ernst & Young Terco, especialistas no setor sucroenergético, produziram um estudo completo sobre os desafios enfrentados no Brasil e no mundo nesse mercado, considerando riscos, adversidades, políticas em curso e oportunidades. 

Um dos objetivos desse estudo foi compreender não somente as dinâmicas dos preços mundiais, como também o comportamento dos mercados nacionais. A outra intenção foi discutir as interações entre mercados de diferentes energéticos, tendo em vista efeitos de substituição e complementaridade. Outra meta foi identificar os condicionantes das trajetórias futuras de preços dos energéticos e apontar as influências nos preços dos aspectos técnicos (ampliação de oferta física), mercadológicos (medidas de eficiência e substituição energética), econômicos (potencial de crescimento e cenário cambial) e político-institucionais (políticas energéticas nos EUA e Brasil).

Por fim, foi levantada a questão a respeito da produção de biocombustíveis frente a escassez de água e a segurança alimentar. Seguem os primeiros materiais produzidos pelos profissionais da Ernst & Young Terco: 

Produção de etanol em crescimento

O consumo de etanol como combustível automotivo vem se ampliando desde a década de 1980 a uma taxa de 5,6% ao ano no Brasil e de 13,4% ao ano nos Estados Unidos. Nos dois países, que são os principais produtores e consumidores, o etanol é utilizado

tanto na mistura com a gasolina quanto como combustível.

O etanol de cana-de-açúcar do Brasil tornou-se um combustível competitivo, beneficiado por crescente produtividade (tanto na fase agrícola quanto na fase industrial) e pelo substancial mercado interno. Entre 1975 e 2006, a área cultivada com cana-de-açúcar tem crescido 4,3% ao ano, sendo atualmente de cerca de 7 milhões de hectares.

No período, o crescimento na produtividade agrícola tem sido de 1,49% ao ano e o da produtividade industrial, de 3,77% ao ano.

Nos Estados Unidos, o etanol é produzido a partir do milho – utilizando 20% da produção de milho e podendo passar a 30% nos próximos anos –, cujo cultivo ocupa uma área plantada de 28 milhões de hectares. No período de 1975 a 2006, o crescimento da produtividade foi de 2,7% ao ano.

A possibilidade de escolher entre dois subprodutos (etanol ou açúcar) permite ao produtor brasileiro desenvolver a melhor estratégia em função dos preços esperados do açúcar e do etanol no mercado internacional e no mercado local.

Usinas mistas (85% do total) têm a flexibilidade para produzir etanol ou açúcar, definindo sua escolha em função do custo de oportunidade entre as duas alternativas. Vale lembrar que, como o Brasil é o principal exportador de açúcar, seus custos de produção determinam os preços e o padrão da concorrência no mercado internacional. 

No fim da presente década, a produção de etanol e outros biocombustíveis por meio de processos de segunda e terceira geração deve se tornar comercialmente viável. Tais tecnologias trazem substanciais ganhos de produtividade em relação aos métodos atualmente adotados, que envolvem a fermentação de açúcares extraídos de plantas alimentícias. Assim, esperam-se ganhos substanciais no que se refere ao retorno energético, à quantidade de biomassa necessária como matéria-prima e à necessidade de insumos de origem fóssil, como fertilizantes. Acredita-se que tais processos reduzirão substancialmente a emissão de carbono da produção de biocombustíveis em relação ao seu nível atual.

Os principais processos de segunda geração envolvem a produção de etanol a partir de celulose e lignina, elementos estruturais presentes em todas as espécies vegetais disponíveis, incluindo algumas com alta produtividade agrícola. Estima-se que o potencial produtivo do etanol de celulose dos EUA corresponda a 11 milhões de barris de petróleo equivalentes (boe) por dia, o equivalente a cerca de 60% do consumo atual de petróleo daquele país. No entanto, apesar dos incentivos substanciais, os investimentos não estão seguindo o ritmo previsto pelos planos e mandatos fixados pelo Energy Independence Security Act de 2007. Embora os mandatos sejam direcionadores dos investimentos e promovam o financiamento por garantir a venda do produto, com a crise de 2008, os fundos disponíveis para energia limpa foram orientados para projetos de energia eólica e solar, que dispunham de maior apoio por parte do governo dos EUA.

Esse atraso levou a EPA (Agência de Proteção Ambiental do governo dos Estados Unidos) reduzir o volume do mandato estabelecido para 2010 e 2011 para 1,72 e 1,74 milhão de litros de etanol de celulose. O cronograma original fixa, para 2022, o mandato de 4,3 bilhões de litros de etanol de celulose. Mandatos envolvendo a oferta de etanol de celulose exigem que as empresas distribuidoras misturem volumes determinados do produto à gasolina. Uma penalidade incide sobre as empresas de petróleo caso a oferta de etanol de celulose não atenda ao volume previsto no mandato, levando-as a financiar a construção de plantas de etanol de celulose.

Os EUA atualmente lideram a pesquisa e desenvolvimento comercial de tais processos, as, à medida que a produção em larga escala se mostrar comercialmente viável, o etanol de segunda geração tem o potencial de se tornar um dos principais componentes da matriz energética em nível investimento nos grandes países produtores de etanol, como Brasil, China e Índia.

Políticas de subsídios à produção de etanol

Em alguns países, os subsídios à produção nacional de etanol têm funcionado como garantia de competitividade em face da gasolina e do etanol importado. No entanto, com a implantação de mandatos fixando a proporção de mistura à gasolina ou cotas para os diversos tipos de etanol, há uma garantia de mercado e os subsídios ficam caracterizados como apoio às condições locais de produção do etanol e barreira adicional ao etanol importado.

Nos Estados Unidos, um conjunto de subsídios federais e estaduais fornece incentivos ao longo da cadeia de valor do etanol. Além disso, uma tarifa de importação de US$ 0,14/litro também contribui para garantir a competitividade do etanol de milho em face do produto importado. A política de subsídios ao etanol teve início na década de 1970, e hoje estima-se que, graças a isso, o etanol produzido nos EUA seja, em média, 30% mais barato. Entretanto, diante da frágil situação econômica e fiscal dos EUA, bem como ao crescente reconhecimento político de que o etanol importado será necessário para atender à demanda futura, muitos acreditam que a tendência durante a próxima década envolverá a gradual redução dos subsídios.

De modo abrangente, a política comercial da União Europeia restringe a importação de biocombustíveis com uma tarifa de proteção ao etanol de 45% ad valorem (conforme o valor). Ao mesmo tempo, em 2008, por falta de matéria-prima, utilizou-se apenas 44% da capacidade de produção de etanol da União Europeia (de 5 milhões de toneladas). 

Isenções a impostos especiais de consumo, estimados em cerca de € 2,8 bi em 2008, contemplam o etanol produzido em vários países-membros. Além disso, a União Europeia concede subsídios a investimentos em capacidade de produção que incluem tecnologias para a fabricação de etanol de segunda geração. Entretanto, a produção na região é incipiente em comparação com os grandes produtores, nos quais a sua política de subsídios tem relativamente menor impacto no mercado internacional.

Medidas de eficiência e substituição energética

A intensidade energética (i.e.,o volume de energia utilizado para gerar uma unidade de Produto Interno Bruto) vem se reduzindo em razão de (1) melhorias na eficiência energética, (2) substituição de combustíveis e (3) mudanças em indústrias intensivas em energia. Como consequência, entre 1980 e 2008, ocorreu uma redução de 32%, ou 1,35% ao ano, no consumo global de energia, equivalente ao consumo atual somado dos Estados Unidos e da União Europeia. 

Essa redução é diferenciada em cada país em função da estrutura econômica, da aplicação de medidas de eficiência energética, bem como de diversos fatores exógenos que incluem desde o modelo de urbanização (distância entre moradia e trabalho) e clima (necessidade ou não de climatização) até estrutura de produção (existência ou não de empresas intensivas em energia). Estima-se que diferenças na estrutura de produção respondam por quase 50% da variação de intensidade energética industrial entre países.

O preço dos combustíveis e a tributação têm efeito negativo sobre a intensidade energética. Isso explica a intensidade mais elevada nos Estados Unidos, bem como em países que subsidiam os combustíveis e em países produtores de petróleo. Também explica a menor intensidade demandada por economias com elevada tributação do consumo, como na União Europeia.

No setor de transportes, a necessidade de ganhos de eficiência energética conjuga-se com os objetivos de segurança energética e de redução das emissões, gerando incentivos substanciais não somente à adoção de medidas de eficiência e tecnologias de redução do consumo, como também à substituição de fontes de energia. Dentre estas, as principais são o carro elétrico híbrido de tomada (PHEV), o etanol e o biodiesel.

Nos EUA, as metas governamentais, que vinham sendo implementadas pelo padrão Cafe (Corporate Average Fuel Economy) a uma taxa de crescimento de 2,2% ao ano, estão sendo intensificadas para que haja alinhamento com a meta da Califórnia de redução, em 2025, das emissões a 40%-50% do nível de 2016. Para isso, será necessário promover ganhos de eficiência de 3% a 6% ao ano no período 2016-2025. Ademais, prevê-se uma intensificação das vendas de veículos E85 (85% de etanol e 15% de gasolina), de forma a atender às metas mandatórias de consumo de etanol. Foram concedidos créditos federais a fabricantes que produzissem automóveis capazes de funcionar com combustíveis alternativos.

Na União Europeia, as metas de consumo de etanol não são mandatórias, uma vez que não há competência para definir parcelas de mercado aos países-membros, apesar de uma diretiva de 2003 estabelecer uma parcela de 5,75% do mercado aos biocombustíveis em 2010. Recentemente, no entanto, países como a França, Alemanha, Áustria e Holanda fixaram metas mandatórias. É importante também considerar a intensidade energética do setor industrial. Nos países da OCDE, entre 1990 e 2006, esse indicador sofreu uma redução de 32%, ou 2,3% ao ano, em decorrência principalmente de medidas de eficiência energética.

No entanto, essa redução não foi uniforme. No Japão o país de maior redução, a eficiência é um tema de segurança energética, e medidas contínuas têm sido aplicadas para desvincular o consumo de energia do crescimento econômico. No período 1973-2007, enquanto o PIB do país duplicou, o consumo do setor industrial ficou constante.

Olhando à frente: o que muda até 2020

No panorama até 2020, alta dos preços e favorecimento das fontes renováveis.

Os anos até 2020 reservam substanciais mudanças de panorama para os mercados internacionais de energéticos. O preço do petróleo tende a subir continuamente já a partir de 2011, puxado pelo descompasso entre o crescimento da demanda e a incorporação de novas reservas. Essa trajetória começa a se amortecer apenas a partir de 2017, apontando para um novo equilíbrio viabilizado pelas novas fontes, que, entretanto, terão custo de produção médio muito superior ao das fontes atuais. Tal arrefecimento não se mostra provável para o mercado de etanol nesse horizonte; conforme a matriz energética mundial passa a favorecer fontes renováveis, a demanda por esse combustível tende a permanecer à frente da oferta, ocasionando uma escalada de preços cujo fim não parece estar à vista. Em função desse cenário, as cotações médias do petróleo e do etanol no mercado internacional devem alcançar altas medianas, respectivamente, de 43,1% e 125,9% até 2020.

A velocidade com que essas mudanças no panorama internacional se refletirão no mercado brasileiro de combustível será modulada, antes de tudo, pela política de preços da Petrobras e pelas variações cambiais. Os preços médios da gasolina não devem começar a se elevar de forma sistemática antes de 2015 e, de fato, podem não se alterar durante o período inteiro, tendo uma alta mediana de apenas 18,7% até o fim do período. Isso gera uma barreira para que o preço do etanol siga as cotações mundiais.

De fato, dependendo das pressões da demanda, o preço tende a ficar estável e depois acompanhar a gasolina na sua escalada pós-2015, ou até mesmo a registrar quedas. A tendência mediana é de alta de apenas 7,0% até 2020. Tais trajetórias podem ser afetadas

por diversos condicionantes, sendo que cada um dos sete drivers considerados no início do estudo tem diferentes graus de impacto sobre os mercados analisados. A análise, mantendo as condições inalteradas, dá destaque ao potencial de crescimento econômico, que aparece como o principal condicionante para os mercados mundiais de petróleo e etanol, e em terceiro lugar no mercado brasileiro de gasolina.

Em relação ao panorama nacional de forma geral, o câmbio e o ano de transição de regimes da Petrobras são os drivers de maior destaque, ocupando os dois primeiros lugares nos mercados de gasolina e etanol. Os condicionantes de caráter mais técnico, como a ampliação da oferta e a implementação de medidas de eficiência e substituição, mesmo sendo sujeitos a menor incerteza, são também de alto impacto. Por fim, a trajetória dos subsídios ao etanol, especialmente nos EUA, mostra ser um driver de relevância para a evolução dos preços mundiais.

Biodiesel: um mercado em expansão

O biodiesel é um combustível derivado de óleos vegetais ou gordura animal que pode ser misturado ao óleo diesel em proporções variáveis, geralmente 2%, 5% e 20% (indicadas por B2, B5 e B20) para aplicações similares às do óleo diesel. Na Alemanha, principal produtora e consumidora mundial, o biodiesel é consumido desde 1991. 

Como no etanol, a expansão do mercado de biodiesel passa pela determinação mandatória dos níveis de mistura ao óleo diesel e por incentivos à aquisição de veículos, bem como por subsídios à produção. Ainda assim, na União Europeia há um déficit de 20% da produção, tornando inevitável o recurso às importações. 

No Brasil, há 48 usinas de biodiesel em funcionamento, e 42 utilizam a soja como matéria-prima. A participação da agricultura familiar na produção de biodiesel tem sido objeto de política diferenciada por parte do governo federal.

O Minaspetro divulga notícias de outros veículos como mera prestação de serviço. Esses conteúdos não refletem necessariamente o posicionamento do Sindicato.

Quais são as fontes de produção dos biocombustíveis no Brasil e outros países?

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, os dois principais biocombustíveis líquidos usados no Brasil são o etanol obtido a partir de cana-de-açúcar e o biodiesel, que é produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais e adicionado ao diesel de petróleo em proporções variáveis.

Quais são os países maiores produtores de biocombustíveis?

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), os biocombustíveis são fontes de energia limpa, o que ajuda a diminuir o lançamento de gases tóxicos na atmosfera terrestre. Brasil e Estados Unidos são os maiores produtores mundiais do produto.

Quais são as fontes de produção dos biocombustíveis no Estados Unidos?

Nos Estados Unidos, cerca de metade da produção de biodiesel vem do óleo de soja e a outra metade trata de todas as outras matérias-primas. A flexibilidade adicional a partir do uso de várias fontes permite aos produtores utilizarem todas as gorduras e óleos disponíveis, dependendo da dinâmica do mercado.

Qual a principal fonte de biocombustíveis no mundo hoje?

O etanol, o biodiesel e o biogás são três dos principais tipos de biocombustíveis derivados de matérias-primas como soja, girassol, milho e gordura animal e vegetal. Eles emitem menos gases poluentes da atmosfera e apresentam menor custo quando comparados aos combustíveis fósseis.