Quais são os dois fatores necessários para que haja evolução de uma espécie?

Especiação é um processo que leva ao surgimento de uma nova espécie e pode ocorrer em consequência de uma barreira geográfica ou não.

Quais são os dois fatores necessários para que haja evolução de uma espécie?
Os tentilhões são exemplos de espécies que sofreram especiação alopátrica

A especiação refere-se ao surgimento de uma ou mais espécies a partir de uma população ancestral. Esse processo, que envolve mecanismos de diferenciação genética que impedem a reprodução entre duas populações, pode ocorrer por vários fatores, entre eles, o isolamento geográfico e redução de fluxo gênico.

Quando ocorre o isolamento geográfico (separação espacial), novas espécies podem surgir através da seleção natural. Ambientes diferentes proporcionam pressões seletivas diferentes, consequentemente, características distintas são selecionadas em cada local. Como existe uma barreira geográfica entre as populações, elas não se cruzam. Dessa forma, com o tempo, ocorrerão o isolamento reprodutivo e o surgimento de novas espécies.

A especiação pode ocorrer mesmo em locais onde não há uma separação espacial entre os indivíduos de uma população. Em populações que ocupam áreas grandes, por exemplo, pode ocorrer uma redução do fluxo gênico como consequência da reprodução que ocorre apenas entre grupos que vivem próximos. Além disso, em virtude de a área geográfica ser ampla, podem ocorrer diferentes pressões em locais distintos.

A especiação pode ser dividida em três modos principais:

Especiação alopátrica (alo = outros; pátrica = lugar): Esse tipo é um dos modos mais frequentes de especiação e ocorre em decorrência do isolamento geográfico. Como ocorre uma separação espacial, a população envolvida interrompe completamente seu fluxo gênico e, com o tempo, pode surgir divergência genética.

O efeito fundador é considerado um tipo de especiação alopátrica. Esse processo ocorre graças à migração de uma pequena população inicial para fora dos limites da população original. Esse pequeno grupo pode sofrer os efeitos da deriva genética e da seleção natural e dar origem a uma nova espécie ou, então, em face do número reduzido de indivíduos, ser extinto.

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Como exemplo de especiação alopátrica, podemos citar os tentilhões de Galápagos, em que apenas um ancestral colonizou o arquipélago e, posteriormente, dispersou-se para as diferentes ilhas. Nessas ilhas, as populações sofreram diferentes pressões e hoje encontramos treze espécies diferentes.

Especiação simpátrica (sim = igual; pátrica = lugar): Esse modo de especiação ocorre entre populações que se encontram em uma mesma área geográfica sem que haja barreira geográfica. Isso acontece, por exemplo, quando as populações passam a explorar um novo nicho e gradativamente vão se isolando. Pode ocorrer também em consequência de alguma modificação genética que afeta o cruzamento entre indivíduos.

Como exemplo de especiação simpátrica, podemos citar a radiação adaptativa dos peixes ciclídeos no Lago Malawi e no Lago Tanganica, ambos na África.

Especiação parapátrica (para = ao lado; pátrica = lugar): Nesse modo de especiação não existe nenhuma barreira geográfica e as populações vivem em áreas contíguas. O cruzamento ocorre normalmente entre os indivíduos próximos, fazendo com que ocorra uma redução no fluxo gênico.

Como exemplo de especiação parapátrica, podemos citar uma espécie de gramínea denominada Anthoxanthum odoratum. Alguns indivíduos dessa espécie vivem em locais contaminados por metais pesados e outros não. Os que vivem nesses locais contaminados sofreram seleção natural e apenas os tolerantes a metais sobreviveram. Apesar das duas populações estarem próximas o suficiente para que ocorra a reprodução, as tolerantes a metais florescem em época diferente.


Por Ma. Vanessa dos Santos

Por Vanessa Sardinha dos Santos

Mestre em Ecologia e Evolução (Unifesp, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (Unifesp, 2013)

A seleção natural é um dos mecanismos condutores do processo evolutivo que, por sua vez, é a mudança das populações ao longo do tempo. Ela consiste no processo pelo qual os indivíduos de uma população que estão mais bem adaptados a determinada condição do ambiente são favorecidos por possuírem mais chances de sobreviver e reproduzir que aqueles menos adaptados.

Embora a maior parte dos livros didáticos atribua a elaboração da teoria da Seleção Natural a Charles Darwin (1809-1882), muitos autores defendem que Alfred Russel Wallace (1823-1913), outro naturalista britânico, é co-autor dessa teoria.

Quais são os dois fatores necessários para que haja evolução de uma espécie?

Charles Darwin, autor da Teoria da Seleção Natural.

Em 1831, Darwin iniciou uma viagem de cinco anos ao redor do mundo e, durante essa viagem, desenvolveu a hipótese de que a diversidade de organismos existentes na natureza seria resultado de um longo processo evolutivo, o qual seria conduzido, principalmente, por um mecanismo que chamou de seleção natural. Darwin começou a escrever uma versão detalhada de sua teoria em 1850 e passou anos trabalhando nela. Em 1858, foi surpreendido por uma carta de Wallace acompanhada de um manuscrito que continha ideias muito similares às suas. Neste mesmo ano, Darwin e Wallace fizeram uma publicação conjunta de seus artigos no Journal of the Linnean Society of London. No ano seguinte Darwin publicou a primeira edição do seu livro A Origem das Espécies, no qual trabalhou a ideia de descendência com modificação por meio de seleção natural.

Ambos naturalistas chegaram às mesmas ideias independentemente e influenciados por uma obra do economista Thomas Malthus sobre populações humanas. Basicamente, Malthus defendia que as populações não crescem indefinidamente por conta de fatores que impõem limites ao seu crescimento, como escassez de recursos, doenças, guerras e outras catástrofes. Darwin e Wallace entenderam que esse princípio também era aplicável a outras espécies. O crescimento populacional acentua a competição por recursos e quem sobrevive a essa disputa acaba ampliando suas chances de reproduzir e deixa mais descendentes – eis a seleção natural. Considerando que os ancestrais são diferentes entre si e suas características são herdáveis, ao longo do tempo a população irá mudar e a evolução irá ocorrer.

Para que a seleção natural ocorra, são necessárias quatro condições básicas:

  • 1) Reprodução: os organismos devem se reproduzir para formar novas gerações;
  • 2) Variabilidade: deve haver diferenças entre os indivíduos da população;
  • 3) Hereditariedade: os descendentes devem herdar características dos seus progenitores.
  • 4) Variação na aptidão: alguns indivíduos devem ter maior probabilidade de se reproduzir (aptidão) que outros.

Neste contexto, vale ressaltar que a seleção natural não só é um dos mecanismos condutores da evolução, mas é o único que explica as formas de adaptação que encontramos na natureza de maneira consistente. Ela atua diretamente sobre o fenótipo dos organismos e indiretamente no genótipo, aumentando a frequência dos alelos que conferem vantagem adaptativa e diminuindo os alelos desvantajosos.

Um dos exemplos mais ilustrativos da seleção natural está na diversidade de bicos de aves que podemos observar na natureza. Embora compartilhem um ancestral comum, as aves possuem bicos bem diferentes entre si, perfeitamente adaptados aos alimentos que consomem: beija-flores, por exemplo, usam seu bico longo e fino para alcançar o néctar de que se alimentam mesmo em flores de corola comprida, enquanto gaviões usam seu bico curvo e afiado para dilacerar suas presas. Isso é fruto de milhares de anos de evolução e, por meio da seleção natural, a competição por recursos levou à formação dessa imensa diversidade que conhecemos hoje.

Leia também:

  • Modos de seleção natural: direcional, estabilizadora e disruptiva

Referências:

Entendendo a Evolução. IB-USP

Reece, Jane B. et al. Biologia de Campbell. 10ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2015.

Ridley, Mark. Evolução. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2006.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/evolucao/selecao-natural/

Exercícios e questões de vestibulares

Questão 01: (UFMG 2010)

Desenvolvida, há 150 anos, por Charles Darwin e Alfred Wallace, a ideia da seleção natural pode ser sustentada por observações científicas atuais.

Assinale a alternativa que contém uma informação que NÃO é sustentada pela Teoria Evolutiva por Seleção Natural.

A)

A reposição do fator de coagulação mediante transfusão de sangue aumenta a adaptabilidade dos hemofílicos.

B)

Certas bactérias, em face de mudanças no ambiente, adquirem a capacidade de produzir novas substâncias.

C)

O vírus HIV pode sofrer mutações, o que dificulta o tratamento de indivíduos soropositivos.

D)

Os peixes cegos apresentam menor chance de sobrevivência em ambientes iluminados.

Quais fatores evolutivos que podem ocorrer em uma população?

São elas: mutação, acasalamentos não aleatórios, fluxo gênico, tamanho finito da população (deriva genética) e seleção natural.

Quais os 3 principais fatores da evolução?

Essa teoria considera que as mutações, combinações gênicas, e seleção natural são os fatores principais que culminam na evolução; sendo as combinações gênicas consequências da segregação independente dos cromossomos, e permutações que ocorrem durante a meiose.

Quais são os fatores que influenciam a evolução das espécies?

De acordo com a teoria sintética da evolução, a evolução ocorre por intermédio de alguns fatores principais, tais como mutação, recombinação gênica, deriva genética, migração e seleção natural.

Como acontece a evolução das espécies?

Darwin diz que as espécies evoluem através do processo de descendência, sendo estes modificados dando origem às outras espécies. Diferente do que alguns acreditam, a teoria criada por Darwin não prevê que o ser humano descende do macaco, mas que as espécies evoluem através do processo de descendência.