Qual a diferença entre o conceito de desigualdade é o conceito de diferença?

Autores

  • Sergio Costa Freie Universität Berlin. Lateinamerika-Institut. http://orcid.org/0000-0001-6347-0614

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v32i85.27771

Palavras-chave:

Diferença. Desigualdade. Articulação. Posicionalidade. Quilombolas.

Resumo

Neste artigo, estudam-se as tensões e superposições entre desigualdade e diferença a partir de duas questões complementares: Quando diferenças se tornam politicamente relevantes? Como desigualdades e diferenças se correlacionam? O argumento é desenvolvido, primeiramente, mediante a discussão crítica de três abordagens influentes nos debates acadêmicos e políticos contemporâneos, a saber: o paradigma do reconhecimento-redistribuição, como é desenvolvido por N. Fraser e A. Honneth, a abordagem das desigualdades categoriais de C. Tilly e a abordagem das desigualdades horizontais-verticais de F. Stewart. A despeito de suas divergências, essas três abordagens apresentam uma limitação conceitual comum, que é tratar diferenças dinâmicas como categorias binárias e fixas: brancos-negros, homens-mulheres, mestiços-indígenas, etc. Para superar esse déficit, com base no conceito de articulação, desenvolve-se uma matriz analítica segundo a qual diferenças representam posicionalidades ou lugares de enunciação no âmbito de relações sociais hierárquicas. O nexo entre diferenças e desigualdades é ilustrado por meio da articulação recente dos quilombolas no Brasil.

INEQUALITY, DIFFERENCE, ARTICULATION

This article studies the tensions and overlaps between inequality and difference starting from two complementary questions: When do differences become politically relevant? How do inequalities and differences correlate? The argument is first developed through a critical discussion of three influential approaches in contemporary academic and political debates: the recognition-redistribution paradigm, as developed by N. Fraser and A. Honneth, the categorical inequalities approach of C. Tilly and the horizontal-vertical inequalities approach of F. Stewart. In spite of their divergences, these three approaches present a common conceptual limitation, which is to treat dynamic differences as binary and fixed categories: black-whites, menwomen, mestizos-indigenous, etc. To overcome this deficit, I develop in the present article, starting from the concept of articulation, an analytical matrix according to which differences represent positionalities or sites of enunciation within hierarchical social relations. The nexus between differences and inequalities is illustrated by the recent articulation of the quilombolas in Brazil.

Key words: Difference. Inequality. Articulation. Positionality. Quilombolas.

INÉGALITÉ, DIFFÉRENCE, ARTICULATION

Cet article étudie les tensions et les chevauchements entre inégalités et différences à partir de deux questions complémentaires: Quand les différences deviennent-elles politiquement pertinentes? Quel est la corrélation entre les inégalités et les différences? L’argument est d’abord développé à travers une discussion critique de trois approches influentes dans les débats académiques et politiques contemporains: le paradigme reconnaissanceredistribution, tel que développé par N. Fraser et A. Honneth, l’approche d’inégalité catégorielle de C. Tilly et l’approche des inégalités horizontaleverticale de F. Stewart. Malgré leurs divergences, ces trois approches présentent une limitation conceptuelle commune, qui consiste à traiter les différences dynamiques comme catégories binaires et fixes: blanc-noir, hommes-femmes, métis-indigènes, etc. Pour surmonter ce déficit, le présent article développe, à partir du concept d’articulation, une matrice analytique selon laquelle les différences représentent des positionalités ou des sites d’énonciation dans des relations sociales hiérarchisées. Le lien entre les différences et les inégalités est illustré par la récente articulation des quilombolas au Brésil.

Mots-clés: Différence. Inégalité. Articulation. Positionnalité. Quilombolas.

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Biografia do Autor

Sergio Costa, Freie Universität Berlin. Lateinamerika-Institut.

Doutor em sociologia pela Freie Universität Berlin, Alemanha. Professor titular desde 2008. Dirige o Maria Sybilla Merian Center Conviviality-Inequality in Latin America, desenvolvendo pesquisas sobre desigualdades sociais, diferenças e convivência, teoria social, estudos pós-coloniais. Entre suas publicações mais recentes, contam-se: The research on modernity in Latin America: lineages and dilemas. In: Current Sociology, nov. 2018; Estrutura Social e Crise Política no Brasil. In: Dados no. 4, 2018; Global Entangled Inequalities. Conceptual Debates and Evidence from Latin America. Londres: Routledge, editado com Elizabeth Jelin e Renata Motta.

Qual a diferença entre o conceito de desigualdade é o conceito de diferença?

Como Citar

Costa, S. (2019). DESIGUALDADE, DIFERENÇA, ARTICULAÇÃO. Caderno CRH, 32(85), 33–45. https://doi.org/10.9771/ccrh.v32i85.27771

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Qual é a diferença entre desigualdade e diferença?

A diferença não significa desigualdade. A diferença faz descobrir o outro, enriquece, aumenta o potencial de partilha e favorece a complementaridade. A desigualdade afasta, empobrece as pessoas e os povos, dificulta a solidariedade e é pretexto para o abuso de poder e a exploração.

Qual é o conceito de desigualdade?

A noção de desigualdade refere-se à falta de igualdade. Duas coisas, portanto, são desiguais quando não são as mesmas: ou seja, quando são diferentes ou assimétricas. O conceito é usado em várias áreas. No campo da matemática, desigualdade refere-se à relação de ordem estabelecida entre valores distintos.

Qual é a diferença entre igualdade e diferença?

IGUALDADE, DESIGUALDADE E DIFERENÇA. Existe uma distinção sutil envolvida nesses dois contrastes. Quando consideramos o par “igualdade x diferença” (ou “igual” x “diferente”), temos algo da ordem das modalidades de ser: uma coisa ou é igual à outra, pelo menos em determinado aspecto, ou então dela difere.

Quando é como uma diferença pode produzir desigualdade?

Para que uma diferença produza desigualdades, é necessário que todos (ou pelo menos a maioria dos “privilegiados” e dos “lesados”) considerem que a privação de uma actividade, de um saber, do acesso a um determinado bem cultural ou a um dado serviço constitui uma falha, um handicap ou uma injustiça inaceitáveis.