Qual é a relação entre a instalação dos portugueses em Ceuta e a chegada as Índias?

Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)

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A colonização portuguesa na África está relacionada às suas primeiras incursões no século XV durante as grandes navegações, conhecido como o antigo sistema colonial e depois com o imperialismo do século XIX até a metade do século XX.

Cabo Verde, Canárias, Madeira e São Tomé e Príncipe

O primeiro lugar que os portugueses chegam no continente africano foi em Ceuta, no Norte, em 1415. Em princípio estabeleceram comércio com os povos da região. Os interesses portugueses nesse momento eram principalmente encontrar uma nova rota para as Índias e produtos rentáveis para o mercado europeu. Em 1460 os portugueses ocuparam as ilhas de Cabo Verde, que posteriormente foi dividida em duas capitanias entre portugueses, genoveses e castelhanos e até meados do século XVII foi um entreposto comercial com o intuito de comercializar escravos. Os portugueses chegam na ilha de São Tomé em 1470, que logo tornou-se um entreposto comercial para estabelecer relações com o Reino do Congo. Somente o terceiro donatário fundou uma colônia, que contava com degradados, voluntários e crianças judias que foram deportadas da Espanha e separadas de suas famílias, após 1492 com a expulsão dos mouros da Espanha. Em 1502 chegaram a ilha de Príncipe tendo como donatário Antonio Carneiro. Para as ilhas de São Tomé e Príncipe foram levadas técnicas agrícolas, gados e plantas que já haviam dado certo nas ilhas Canárias, ilha da Madeira e no Arquipélago de Cabo Verde, também levaram a cana-de-açúcar e o sistema de capitanias hereditárias. Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, tornam-se territórios portugueses até a sua independência no século XX.

Angola

Em 1482, os portugueses capitaneados por Diogo Cão, aportaram em Angola com a intenção de buscar metais preciosos e escravos, também buscavam um caminho para as Índias. Em 1492 os portugueses - a partir de Angola - fizeram contratos com o Rei do Congo, Nzinga a Nkuvu, que viu nos portugueses uma grande chance de estabelecer novos comércios, e tratou logo de se converter ao catolicismo, pensando politicamente, para agradar aqueles que chegavam, tornando-se João I do Congo.

Moçambique

Os portugueses chegaram a Moçambique durante a primeira viagem de Vasco da Gama para a Índia, entre 1497 e 1499, as várias cidades daquela região eram dominadas por mercadores árabes de Omã, que trocavam ouro e ferro por algodão. Somente em 1505 os portugueses fundaram uma feitoria em Sofala, para extrair o ouro da região.

Durante o século XIX, Portugal passa por algumas crises e decide voltar-se ao continente africano. Algumas conjunturas foram necessárias para esse interesse. Dois eventos dão início a uma contração comercial em Portugal: em 1825 com o reconhecimento da independência do Brasil e 1850 com o tráfico de escravos tornando-se ilegal. Esses eventos fizeram o Estado português perder muitas relações mercantis com o oriente. Ao longo do século XX, os portugueses vão perdendo cada vez mais espaços para os outros países europeus. Em 1890 a Inglaterra retira o projeto do “mapa cor-de-rosa” que daria a Portugal uma extensão, quase do tamanho do Brasil, no continente Africano, juntando os dois oceanos.

A Conferência de Berlim “formalizou” a conquista de Portugal em várias regiões africanas: Angola, Moçambique e Guiné Bissau. Entre 1891 e 1914 os portugueses fizeram várias campanhas a fim de “domesticar” e “pacificar” os territórios ocupados. Em 1911 Portugal cria o Ministério das Colônias, dando aos territórios uma instituição responsável pela sua administração.

Ao longo do século XX os portugueses exploraram esses territórios com violência e etnocentrismo, em contrapartida, vários grupos desses países se organizaram em movimentos pró direitos civis dos grupos africanos e pela independência. Após pressões internas (dentro dos países africanos e em Portugal) e externas (outras nações), Portugal reconhece a independência das ex-colônias entre 1974-1975.

Referência:

HERNANDEZ, Leila M. G. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/colonizacao-portuguesa-na-africa/

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Um dos fatores que mais contribuiu para que Portugal e Espanha descobrissem o caminho para as Índias foi a expansão marítima desenfreada e os interesses mercantilistas dos dois países. Em Portugal, a Escola de Sagres fez com que este objetivo fosse atingido com pioneirismo. Além de Sagres, havia o estímulo do governo português para que toda a atenção dos navegadores se voltasse ao périplo africano, ou seja, a viagem contornando a costa da África que acabaria resultando no caminho para as Índias.

Tentando encontrar um caminho que levasse rapidamente às especiarias indianas, as expedições lusas avançaram milhas e milhas na direção sul da costa africana. Pontos cada vez mais distantes foram atingidos como os Açores, Madeira e Cabo Verde.

Qual é a relação entre a instalação dos portugueses em Ceuta e a chegada as Índias?
Entretanto, outros navegadores também tentavam descobrir atalhos que os levassem às Índias. Bartolomeu Dias, em 1488, chegou ao Cabo da Boa Esperança, que ficava no extremo do meridiano africano. Isso demonstrava que existia uma passagem para o Oceano Índico.

Dez anos depois, Vasco da Gama encontrou de forma definitiva o caminho que levava às Índias. Em 1500, data do descobrimento do Brasil, uma esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral partiu com o objetivo de fazer comércio em larga escala com o Oriente. Acabaram atingindo o litoral de um novo continente, a América, quando avistaram terra na costa do que mais tarde seria o Brasil.

Ao conquistar o périplo africano, os portugueses prosperavam e as novas descobertas aumentavam os conhecimentos técnicos e geográficos sobre navegação.

Para facilitar, segue abaixo uma organização temporal de todos os acontecimentos anteriores e posteriores da descoberta do caminho às Índias:

  • 1492: Tomada de Ceuta (Norte da África)
  • 1418-1432: Portugueses ocupam o Arquipélago dos Açores e introduzem os sistema de capitanias hereditárias.
  • 1434: Gil Eanes consegue dobrar o Cabo Bojador
  • 1444: Descoberto o Arquipélago de Cabo Verde
  • 1482: Diogo Cão atinge o Rio Zaire
  • 1486: Organização de expedição para o Oceano Índico comandada por Bartolomeu Dias
  • 1488: Dias ultrapassa o Cabo da Boa Esperança
  • 1498: Vasco da Gama descobre o caminho para as Índias avistando Calicute (oeste da Índia)
  • 1500: Cabral toma posse do Brasil

Fontes:
Migliacci, Paulo. Os Descobrimentos: Origens da supremacia européia. São Paulo: Editora Saraiva, 1994.
Silva, Janice Theodoro. Descobrimentos e Colonização. São Paulo: Editora Ática, 1987.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Descoberta_do_caminho_mar%C3%ADtimo_para_a_%C3%8Dndia
http://www.infopedia.pt/$descoberta-do-caminho-maritimo-para-a-india

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/descoberta-do-caminho-para-as-indias/

Como foi a chegada dos portugueses a Índia?

O navegador e explorador português Vasco de Gama tornou-se o primeiro europeu a atingir a Índia atravessando os oceanos Atlântico e Índico, quando chegou a Calicute, em 20 de maio de 1498, abrindo assim o caminho para as Índias.

Qual é a importância de Ceuta para os portugueses?

A Conquista de Ceuta ocorreu em 1415 e simboliza o começo da expansão ultramarina portuguesa. O objetivo da Coroa, impulsionada pela burguesia, era se apoderar da cidade que recebia as caravanas de mouros que transportavam ouro, marfim, especiarias e escravos.

Porque os portugueses queriam encontrar um novo caminho para as Índias?

O projeto para o caminho marítimo para a Índia foi delineado pelo rei português D. João II como medida de redução dos custos nas trocas comerciais com a Ásia e tentativa de monopolizar o comércio das especiarias.

Qual era o interesse de Portugal com a região das Índias?

A Índia continuava a ser o grande alvo das navegações marítimas portuguesas. Os interesses mercantil e religioso prevaleciam acima de qualquer outro. "A alternativa ao espaço índico, território das especiarias e pedras preciosas, é, para todo o nosso século XVI, o norte da África.