Qual foi o motivo da revolta popular ocorrida no Egito em janeiro de 2012?

Palco de uma mudança política desencadeada por uma revolta popular que resultou na renúncia, em 2011, do então presidente Hosni Mubarak, na época havia 30 anos no poder, o Egito enfrentou, dois anos depois, novas manifestações populares que terminaram com a derrubada do presidente Mohamed Morsi, em 3 de julho de 2013, em um golpe militar.

O governo interino que assumiu o país depois também não durou muito - em 24 de fevereiro de 2014, o gabinete renunciou. O ministro egípcio da Habitação, Ibrahim Mahlab, foi convocado para assumir o governo como premiê.

Eleito democraticamente em 2012, Morsi se tornou impopular após suas ações contra o Exército, seu acúmulo de poderes, seu autoritarismo e pela influência política da Irmandade Muçulmana no país.

Seu governo, o primeiro de um membro da Irmandade, foi considerado um fracasso político por analistas.

Novos protestos da oposição e da população se espalharam e avolumaram pelo país, acirrando as divisões internas e culminando com forças liberais nas ruas exigindo sua renúncia e com um ultimato militar.

Em 3 de junho de 2013, os militares anunciaram a queda de Morsi e um plano de transição de poder que previa eleições parlamentares e presidenciais.

O presidente deposto e alguns aliados foram presos, a instabilidade prosseguiu, e confrontos entre militantes islâmicos e forças de segurança deixaram mortos e feridos em vários pontos do país ao longo dos meses seguintes.

Morsi recebeu diversas acusações da Justiça, entre elas de incitar a violência contra manifestantes, conspiração e envolvimento com organizações terroristas. Diversas audiências foram realizadas e sempre adiadas devido a algum problema. 

O golpe militar no país árabe mais populoso do mundo provocou inquietação no exterior.

Novo governo
A deposição de Morsi interrompeu a transição democrática que havia sido iniciada no Egito com a derrubada do ditador Hosni Mubarak, em 2011, e desde julho o governo apontado pelos militares tem sofrido críticas internacionais por causa da dura repressão ao movimento Irmandade Muçulmana.

Sua queda abriu caminho para uma delicada transição neste país profundamente dividido entre partidários e opositores do presidente deposto.

Após a derrubada, o chefe da Suprema Corte de Justiça do Egito, Adli Mahmud Mansour, tomou posse como presidente interino do país - antes, entre a queda de Mubarak e a eleição de Morsi, o país foi governado por uma junta militar.

Ainda em julho, uma comissão de especialistas nomeada por Mansur começa a fazer a reforma da Constituição do Egito, suspensa depois da queda de Morsi. O projeto, que dá amplos poderes aos militares, incluindo a capacidade de processar civis em certos casos, é aprovado pela constituinte egípcia. 

Um referendo foi convocado para a aprovação da população. A Constituição foi aprovada pela ampla maioria dos eleitores.

Ao longo dos meses, o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Sisi, acaba se tornando um nome forte do país. Ele pediu uma transição rápida ao governo interino, e acabou virando um dos principais candidatos à presidência, muito apoiado pelo povo. 

Em novembro de 2013, o chanceler egípcio, Nabil Fahmy, anunci a realização de eleições parlamentares "entre fevereiro e março" de 2014, que serão seguidas por uma votação presidencial. Entretanto, em janeiro de 2014, o presidente interino diz que modificou o roteiro para que as eleições presidenciais aconteçam antes das parlamentares.

O pleito tem previsão de realização em meados de abril, em um calendário favorável ao general al-Sissi.

Renúncia do governo interino
Em fevereiro de 2014, meses antes da realização de novas eleições, o governo interino do Egito renunciou. O marechal Abdel Fattah al-Sisi, homem forte do Exército e provável candidato presidencial, também fazia parte do gabinete interino, como ministro da Defesa.

Veja a cronologia dos problemas no Egito desde que Morsi assumiu o poder, passando por sua derrubada e pela transição:

- 30 de junho de 2012: Mohamed Morsi toma posse após vencer as eleições presidenciais com 51,73% dos votos. Ele é o primeiro chefe de Estado egípcio a ser eleito democraticamente, e também o primeiro islamita e o primeiro civil a dirigir o país.

- 12 de agosto de 2012: Morsi afasta o marechal Hussein Tantawi, ministro da Defesa, que se tornou chefe de Estado após a queda de Hosni Mubarak, e suspende as amplas prerrogativas políticas dos militares.

- 22 de novembro de 2012: Início de uma crise política desencadeada por um decreto em que Morsi estende seus poderes e os coloca acima de qualquer controle judicial.

No dia 30, um projeto de Constituição é aprovado pela Comissão Constitucional, que foi boicotada pela oposição de esquerda e laica, assim como pelos círculos cristãos.

A decisão de Morsi provoca uma série de protestos, que causaram violentos confrontos entre opositores e partidários do regime.

Os confrontos causam a morte de sete pessoas e deixam centenas de feridos em 5 de dezembro perto do palácio presidencial.

- 8 de dezembro de 2012: Morsi aceita abandonar o projeto que fortalece seus poderes para superar a crise, mas mantém o referendo sobre um polêmico projeto de Constituição. Entre os dias 15 e 22 de dezembro a Constituição defendida por islamitas é aprovada (cerca de 64%), após um referendo boicotado pela oposição.

- 24 de janeiro de 2013:Início de uma nova onda de violência entre manifestantes e policiais na véspera do segundo aniversário da revolta que derrubou Mubarak.

- 9 de março de 2013: São registrados sessenta mortes em uma semana, incluindo 40 em Port Said (nordeste), após o anúncio das sentenças de morte de 21 torcedores do clube de futebol local por seu envolvimento em um grave episódio de violência após uma partida contra uma equipe do Cairo (74 mortos em 2012).

- 19 de abril de 2013: Mais de cem feridos em confrontos no Cairo entre manifestantes anti e pró-Morsi.

- 2 de junho de 2013: A Justiça invalida o Senado, que assume o poder legislativo na ausência da Assembleia, assim como a comissão que elaborou a Constituição. A Presidência reage dizendo que o Senado - um organismo historicamente sem poder que ganhou um papel legislativo quando a Assembleia do Povo foi dissolvida por ordem judicial - vai continuar a legislar até que novas eleições legislativas sejam realizadas, e que a lei fundamental é intocável.

- 24 de junho de 2013: Ministro da Defesa declara que 'as Forças Armadas têm o dever de intervir para impedir o Egito de mergulhar em um conflito', na véspera do primeiro aniversário da eleição de Morsi. Os líderes da oposição já reivindicam a renúncia do presidente.

- 26-29 de junho de 2013: Manifestações pró e anti-Morsi. Os confrontos causam oito mortes, incluindo a de um americano, principalmente em Alexandria e no Delta do Nilo.

- 30 de junho de 2013: Manifestações em massa contra o presidente. A multidão ocupa as ruas do Cairo e de muitas outras cidades, gritando "O povo quer a queda do regime", mesmo lema do início de 2011 contra o governo de Hosni Mubarak. Pelo menos dezesseis mortes no país, incluindo oito em confrontos entre manifestantes favoráveis e contrários a Morsi no Cairo.

- 1º de julho de 2013: A oposição dá 24 horas a Morsi para que renuncie. O movimento Tamarrod (rebelião, em árabe) pede que o Exército "tome uma posição clara ao lado da vontade popular".

- 3 de julho de 2013: O Exército anuncia a deposição de Morsi, detém o presidente e promete uma transição.

- 4 de julho de 2013: O presidente interino, Adly Mansour, presta juramento ao cargo diante da assembleia geral do Supremo Tribunal Constitucional, a instância judicial que ele mesmo presidia até hoje; a Irmandade Muçulmana, cujos principais líderes foram presos, não reconhece o golpe e convoca protestos.

- 5 de julho de 2013: Islamitas e opositores convocaram manifestações, e houve novos confrontos com mortes.

- 8 de julho de 2013: O Exército abriu fogo contra islamitas que tentavam se aproximar do local onde Morsi estaria detido. Houve dezenas de mortos e feridos. A Irmandade Muçulmana convoca novos protestos. O governo interino anuncia um cronograma de transição, rejeitado pelos islamitas.

- 9 de julho de 2013: O economista liberal Hazem el-Beblawi, ex-ministro de Economia, foi nomeado premiê interino, em meio a novos protestos de islamitas.

- 10 de julho de 2013: Ele oferece cargos à Irmandade Muçulmana, que os rejeita. A promotoria manda prender o líder da Irmandade, por incitação à violência.

- 12 de julho de 2013: Manifestantes pró e contra Morsi fazem novos atos públicos.

- 14 de julho de 2013: O Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, um dos líderes da oposição a Morsi, toma posse como vice-presidente encarregado das relações internacionais.

- 16 de julho de 2013: Novos confrontos de rua entre islamitas e forças de segurança deixam mortos e feridos. O novo gabinete provisório tomou posse, e a Irmandade Muçulmana voltou a contestar a legitimidade do governo.

- 18 de julho de 2013: A Irmandade Muçulmana acenou com a possibilidade de diálogo por intermédio da União Europeia. O presidente interino do país, Adli Mansour, denunciou tentativas de "levar o Egito ao caos".

- 21 de julho de 2013: Uma comissão de especialistas nomeada pelo presidente interino Adli Mansur começa a fazer a reforma da Constituição do Egito, suspensa depois da queda de Morsi.

- 23 de julho de 2013: Confrontos com mortes continuam, e negociação entre exército e islamitas parece cada vez mais distante.

- 24 de julho de 2013: O Ministério Público do Egito ordena a prisão do líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, e de oito membros de alto escalão do movimento islâmico, em uma investigação sobre as acusações de incitação à violência.

- 25 de julho de 2013: O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exige dos militares egípcios a libertação do presidente deposto Mohamed Morsi e de outros líderes da Irmandade Muçulmana

- 26 de julho de 2013: Novos confrontos entre partidários e adversários de Morsi deixam pelo menos dois mortos e dezenas de feridos no Egito.

- 27 e julho de 2013: Ataques das forças de segurança contra manifestantes pró-Morsi no Cairo deixam cerca de 70 mortos. EUA se dizem "profundamente preocupados" com a violência no país.

- 30 de julho de 2013: A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, se reúne com Morsi, ainda detido em local secreto.

- 31 de julho de 2013: Comunidade internacional faz apelos à reconciliação nacional após  fracasso da manifestação de '"um milhão" convocada pela Irmandade Muçulmana. Apenas algumas dezenas de milhares de manifestantes responderam à convocação. O governo interino encarrega a polícia de tomar as "medidas necessárias" para colocar fim aos protestos. Ainda assim, islamitas convocam novas manifestações.

- 2 de agosto de 2013: Estados Unidos declararam que os militares do país estavam "restaurando a democracia" ao deporem o líder eleito, o que faz partidários de Morsi convocarem novos protestos. A Anistia Internacional pede investigação sobre torturas no Egito.

- 3 de agosto de 2013: O chefe da rede Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, acusa os Estados Unidos de organizar um complô com o Exército egípcio para derrubar Morsi. Enviado dos EUA faz tentativa de mediação para evitar que a dispersão anunciada das manifestações de partidários Morsi se transforme em um banho de sangue.

- 4 de agosto de 2013: Autoridades aeroportuárias egípcias impedem a vencedora do prêmio Nobel da Paz e ativista iemenita Tawakul Karman de entrar no país. Ela havia anunciado sua solidariedade a Morsi.

- 5 de agosto de 2013: Enviados internacionais visitam o vice-líder da Irmandade Muçulmana, Khairat El-Shater, na prisão, em busca de uma solução para a crise.

- 6 de agosto de 2013: Emissários internacionais intensificam as negociações no Cairo para tentar tirar o país do atoleiro político, multiplicando contatos entre as novas autoridades.

- 7 de agosto de 2013: Presidência do Egito anuncia fracasso das mediações internacionais e culpa a Irmandade Muçulmana. EUA e União Europeia se manifestam. O premiê interino Hazem el-Beblawi diz que o governo não recuou da decisão de colocar fim a dois acampamentos de partidários de Morsi e afirma que a paciência das autoridades está quase acabando.

- 8 de agosto de 2013: no feriado islâmico do Eid al-Fitr, que marca o fim do mês sagrado do Ramadã, partidários de Morsi fazem um protesto festivo no Cairo pedindo sua volta. Exército evita agir e não cumpre ameaça de acabar à força com os acampamentos.

- 9 de agosto de 2013: O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, alerta para uma possível guerra civil no Egito. Milhares de manifestantes pró-Morsi voltam às ruas de diversas cidades do país. Confrontos são registrados.

- 12 de agosto de 2013: A justiça egípcia anuncia a prorrogação por 15 dias da prisão preventiva de Morsi. Apoiadores do presidente deposto fazem novos protestos ao redor do país.

- 13 de agosto de 2013: Grupos pró e contra Morsi se enfrentam no Egito - uma pessoa morre. Segundo jornal estatal, governo ainda decide se avançará contra os acampamentos. A vencedora do prêmio Nobel da Paz e ativista iemenita Tawakul Karman diz que o golpe no Egito é letal para democracia árabe.

- 14 de agosto de 2013: Forças de segurança cumprem ameaça e avançam contra acampamentos de partidários de Morsi com policiais, blindados e helicópteros, deixando centenas de mortos e milhares de feridos. O governo decreta estado de emergência por um mês e impõe toque de recolher no Cairo e em outras cidades, de 19h às 6h. O vice-presidente interino Mohamed ElBaradei, Nobel da Paz, anuncia que está deixando o governo, por não concordar com a violência. A Casa Branca afirma que é contrária ao estado de emergência, e a comunidade internacional condena a violência.

- 15 de agosto de 2013: O governo atualiza o número de mortos no confronto do dia anterior, que passa de 500, entre civis e policiais. Novos protestos são convocados, resultando em confrontos e mais mortes. O primeiro-ministro da Turquia denuncia um massacre e pede ação da ONU - que pede uma investigação sobre a conduta das forças de segurança e alerta para o risco de represálias anticristãs no Egito. A Irmandade Muçulmana diz ter sofrido um "forte golpe", e o Papa Francisco reza pelas vítimas. O presidente dos EUA, Barack Obama, condena o ocorrido no país e cancela os exercícios militares que seriam realizados com o Egito, e pede que os cidadãos americanos deixem o país.

- 16 de agosto de 2013: novos confrontos ocorrem em manifestações ao redor do país, convocadas pelos islamitas, que as batizaram de "Marcha da ira" ou "Sexta da fúria". Pelo menos 173 pessoas são mortas e mil são detidas. A Irmandade Muçulmana do Egito convoca uma semana de protestos diários contra o governo militar interino. Agências de viagens europeias cancelam viagens para o Egito. O Itamaraty chama o embaixador egípcio no Brasil por preocupação com a violência. EUA pedem ao Egito que não recorra à "força letal" contra manifestantes pacíficos.

- 17 de agosto de 2013: Apoiadores de Morsi que buscaram refúgio na Mesquita Al-Fath são cercados pelas forças de segurança. Alguns deixam o local durante a madrugada, e ao longo do dia a polícia invade a mesquita e retira os islamitas à força. Há troca de tiros. Duas irlandesas são presas no local. O premiê egípcio propõe a dissolução da Irmandade Muçulmana. Em meio ao caos, o ex-presidente Hosni Mubarak não comparece a audiência de seu julgamento. Simpatizantes do ex-presidente Morsi protestam em vários países. A Arábia Saudita, aliada do governo egípcio, ordena o envio de três hospitais de campanha para o país. O secretário geral da ONU condena o "uso excessivo da força".

- 18 de agosto de 2013: o governo anuncia a prisão de 385 pessoas retiradas da Mesquita Al-Fath. A União Europeia determina a revisão das relações com o Egito. Manifestações convocadas pela Irmandade Muçulmana são canceladas por razões de segurança, e poucos vão às ruas. O general Abdel Fatah al-Sisi, comandante do exército egípcio afirma que o país "não cederá" à violência dos islamitas. Iraque declara apoio ao governo. Presos islamitas morrem asfixiados por gás lacrimogêneo em tentativa de fuga. O governo confirma 830 mortes em quatro dias de conflito.

- 19 de agosto de 2013:24 policiais egípcios são mortos em ataque no Sinai, classificado como "terrorista" pelo governo. Jornal israelense diz que governo local considera que deve apoiar o Exército egípcio. A promotoria egípcia ordena que Morsi fique preso por mais 15 dias. EUA anunciam que não suspenderão por enquanto sua ajuda militar e econômica ao Egito, mas podem tomar uma decisão a respeito nas próximas semanas.

- 20 agosto de 2013: o Guia Supremo da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, é capturado no Cairo e colocado em prisão preventiva por "incitação ao assassinato" de manifestantes. Mahmud Ezzat é nomeado como líder temporário da confraria. O primeiro-ministro turco acusa Israel de estar por trás da deposição de Morsi. Professor de direito egípcio decide processar o Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, ex-vice-presidente do Egito,  por "traição de confiança".

- 21 de agosto de 2013: Justiça determina a soltura do ex-presidente Hosni Mubarak, e o governo provisório decide que ele ficará em prisão domiciliar. A Arábia Saudita pede que a comunidade internacional manifeste seu apoio ao Egito. Aliados de Morsi convocam novos protestos para dali dois dias.

- 22 de agosto de 2013: O ex-presidente Hosni Mubarak deixa a prisão de Tora após a justiça determinar sua soltura e é levado de helicótpero para o hospital militar de Maadi, na perifera do Cairo, onde ficará em prisão domiciliar.

- 23 de agosto de 2013: Os partidários de Morsi convocaram protestos na chamada "Sexta-feira dos Mártires", mas apenas alguns milhares tomaram as ruas do Cairo, depois de parte da Irmandade Muçulmana ter sido dizimada ou presa nos últimos dias.

- 24 de agosto de 2013: Governo do Egito encurta o toque de recolher dez dias após sua implantação, reduzindo-o para o período entre 21h às 6h, exceto às sextas-feiras, quando ainda terá início às 19h.

- 25 de agosto de 2013: O julgamento de três líderes da Irmandade Muçulmana é adiado para 29 de outubro. O julgamento do ex-presidente Hosni Mubarak é retomado e acaba sendo adiado até 14 de setembro.

- 29 de agosto de 2013: A polícia egípcia captura o importante político da Irmandade Muçulmana Mohamed El-Beltagi, à medida que as autoridades continuam com a repressão que colocou a maior parte dos líderes do grupo islâmico atrás das grades.

- 30 de agosto de 2013: Novos confrontos durante protestos islamitas deixam mortos e feridos.

- 3 de setembro de 2013: Um tribunal militar do Egito condena à prisão perpétua 11 membros da Irmandade Muçulmana por terem agredido, em agosto, a militarez em Suez.

- 9 de setembro de 2013: O ex-premiê egípcio Ahmed Shafiq declara apoio à candidatura presidencial do general Abdel Fattah al-Sissi, contribuindo para as especulações de que ele vai se tornar chefe de Estado.

- 12 de setembro de 2013: O presidente interino, Adly Mansur, amplia por dois meses o estado de emergência.

- 17 de setembro de 2013: O porta-voz da Irmandade Muçulmana, Gehad El-Haddad, é preso.

- 23 de setembro de 2013: Um tribunal do Cairo proíbe todas as atividades da Irmandade Muçulmana e ordena o congelamento de seus fundos.

- 1 de outubro de 2013: o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Sissi, pede uma rápida transição para as eleições, de modo que seja possível restaurar a estabilidade no país.

- 6 de outubro de 2013: Novos confrontos entre opositores e forças de segurança matam ao menos 50 pessoas durante manifestações realizadas em comemoração ao 40º aniversário da guerra árabe-israelense.

- 8 de outubro de 2013: O governo do Egito retira a Irmandade Muçulmana da lista de organizações não-governamentais autorizadas.

- 9 de outubro de 2013: Os EUA anunciam a suspensão de parte da ajuda militar e financeira ao Egito, atrelada aos progressos na democracia e nos direitos humanos no país. O governo egípcio critica a medida.

- 30 de outubro de 2013: A polícia do Egito invade o campus da Universidade de Al-Azhar para dispersar uma manifestação em apoio a Morsi. É a primeira vez que a polícia entra em uma universidade egípcia desde 2010. 25 estudantes são detidos.

- 3 de novembro de 2013: Em visita ao Egito, o secretário de Estado americano, John Kerry, pede eleições livres e justas no país.

- 4 de novembro de 2013: Morsi participa de audiência do processo em que responde por ter "incitado" as forças de segurança a matar manifestantes em 5 de dezembro de 2012, mas o julgamento é adiado para 8 de janeiro de 2014.

 - 8 de novembro de 2013: O chanceler egípcio, Nabil Fahmy, diz que serão realizadas eleições parlamentares "entre fevereiro e março", seguidas por uma votação presidencial.

- 12 de novembro de 2013: Um tribunal encerra o estado de emergência que vigorou ao longo de três meses.

 - 13 de novembro de 2013: Doze partidários do ex-presidente Mohamed Morsi são condenados a 17 anos de prisão cada um por ações violentas durante protestos.

 - 16 de novembro de 2013: Irmandade Muçulmana convoca o "diálogo" para "sair" da crise política no Egito.

- 22 de novembro de 2013: Confrontos entre opositores e partidários de Morsi causam duas mortes, entre elas de uma criança de 10 anos.

- 24 de novembro de 2013: O presidente interino do Egito promulga uma controversa lei sobre o direito de protestar, denunciada como mais uma tentativa de reprimir manifestações após a destituição de Morsi. A Irmandade Muçulmana critica a medida.

- 1 de dezembro de 2013: A comissão constituinte egípcia aprova o projeto da nova Constituição do país, que dá amplos poderes aos militares.

- 14 de dezembro de 2013: O referendo para a aprovação ou não da nova Constituição pelos eleitores egípcios é marcado para os dias 14 e 15 de janeiro de 2014.

- 18 de dezembro de 2013: O Ministério Público egípcio denuncia Morsi por conspiração com organizações internacionais para a realização de atos terroristas no Egito e por divulgar segredos militares a um país estrangeiro.

- 24 de dezembro de 2013: Um atentado contra um edifício da polícia do Egito em Dakahliya mata ao menos 14 pessoas.

- 25 de dezembro de 2013: O governo egípcio designa formalmente a Irmandade Muçulmana como organização terrorista e a acusa do atentado contra um prédio policial no dia anterior.

- 26 de dezembro de 2013: O Ministério Público egípcio ordena a prisão por "pertencimento a organização terrorista" de 18 membros da Irmandade Muçulmana.

- 27 de dezembro de 2013:Três pessoas morrem em confrontos entre islamitas e adversários em todo o Egito, e 265 pessoas são detidas.

- 30 de dezembro de 2013: A Justiça do Egito condena a dois anos de prisão 139 partidários de Morsi.

- 3 de janeiro de 2014: Confrontos entre as forças de segurança e partidários de Morsi deixam ao menos 13 mortos no Egito.

- 8 de janeiro de 2014: O julgamento de Morsi por incitar a morte de manifestantes é adiado pela segunda vez seguida, desta vez para 1 de fevereiro.

- 11 de janeiro de 2014: O chefe do exército do Egito, general Abdel Fattah al-Sisi, diz que se concorrer para a presidência deve ser a pedido do povo e com um mandato do exército.

- 14 de janeiro de 2014: Começa o referendo sobre a nova Constituição. Uma pessoa morre em confrontos entre as forças de segurança e manifestantes.

- 15 de janeiro de 2014: Eleitores egípcios aprovam em "ampla maioria" a nova Constituição, segundo o Ministério do Interior.

- 21 de janeiro de 2014: Fontes judiciais indicam que Morsi será julgado por espionagem com o objetivo de realizar "'ações terroristas" a partir de 16 de fevereiro.

- 23 de janeiro de 2014: A Anistia Internacional denuncia que as autoridades instaladas pelo Exército reprimem a dissidência e "pisoteiam" os direitos humanos em uma escala inédita no Egito, três anos depois da revolta que tirou do poder Hosni Mubarak.

- 25 de janeiro de 2014: Protestos em comemoração aos três anos da derrubada de Mubarak deixam pelo menos 49 mortos.

- 26 de janeiro de 2014: O presidente interino do Egito, Adly Mansour, anuncia que modificou o roteiro decretado pelas autoridades para que as eleições presidenciais aconteçam antes das parlamentares.

- 27 de janeiro de 2014: O comando militar do Egito aprova a possibilidade de candidatura à presidência do general Abdel Fattah Al-Sissi poucas horas após o anúncio de sua promoção a marechal. Dados oficiais apontam que a receita com o turismo no Egito afundou 41% em 2013 ante o ano anterior.

- 31 de janeiro de 2014: Enfrentamentos entre as forças de segurança e os grupos islamitas que se manifestavam em favor de Morsi deixam um morto e mais de 30 feridos.

- 5 de fevereiro de 2014: O chefe do Exército do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, diz que vai concorrer à Presidência, segundo um jornal do Kuwait.

- 6 de fevereiro de 2014: Relatório do Comitê de Proteção de Jornalistas (CPP) alerta para deterioração da liberdade de imprensa no país.

- 8 de fevereiro de 2014: O líder da esquerda egípcia Hamdeen Sabahi anuncia sua intenção de se candidatar nas próximas eleições presidenciais.

- 9 de fevereiro de 2014: O Ministério do Interior anuncia o desmantelamento de uma célula "militar", composta por islamistas e formada para atacar as forças de segurança.

- 12 de fevereiro de 2014: Homens armados matam três policiais no nordeste do Egito, o que eleva a cinco o número de agentes assassinados em menos de 24 horas no país.

- 16 de fevereiro de 2014:Pelo menos três pessoas morrem e outras 13 ficaram feridas na explosão de uma bomba perto de um ônibus que transportava turistas estrangeiros na cidade de Taba, no sul do Sinai. O grupo jihadista Ansar Beit al Maqdis reivindica o ataque, e o governo fecha a passagem de Taba, na fronteira com Israel. O julgamento contra o ex-presidente egípcio Mohamed Morsi pela acusação de espionagem é adiado para 23 de fevereiro.

- 24 de fevereiro de 2014: O governo interino do Egito renuncia, e o premiê Hazem el-Beblawi assume provisoriamente a presidência.

- 25 de fevereiro de 2014: O ministro egípcio da Habitação Ibrahim Mahlab, é convocado para formar o novo governo do país e se torna primeiro-ministro. Ele promete trabalhar para  "esmagar o terrorismo".

Os principais motivos para o início das manifestações e tumultos foram a violência policial, leis de estado de exceção, o desemprego, o desejo de aumentar o salário mínimo, falta de moradia, inflação, corrupção, falta de liberdade de expressão, más condições de vida e fatores demográficos estruturais.

Qual o motivo da Primavera Árabe?

Começou com os primeiros protestos que ocorreram na Tunísia em 18 de Dezembro de 2010, após a autoimolação de Mohamed Bouazizi, em uma forma de protesto contra a corrupção policial e os maus tratos.

Em que países a Primavera Árabe trouxe mudanças significativas?

No total, entre países que passaram e que ainda estão passando por suas revoluções, somam-se à Tunísia: Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria, Jordânia e Omã.

Quais eram as principais reivindicações defendidas pela Primavera Árabe?

De modo geral, as reivindicações populares são voltadas para a melhora da qualidade de vida e pela liberdade de expressão. As revoltas foram motivadas principalmente pela corrupção dos governos autoritários da região, pelas altas taxas de desemprego e pela falta de democracia.