Quando surgiu o curriculo escolar no brasil

Resumo

Este artigo resgata historicamente os vários movimentos em torno do currículo. A caracterização das suas diferentes dimensões – social, política, econômica e cultural – têm explicitado que a influência de forças diversas, oriundas de cada contexto histórico, tem delineado o processo de desenvolvimento curricular como um território amplamente contestado. Esta caracterísitica é marcante desde o final do Século XIX e início do Século XX, quando o campo de currículo é demarcado como um campo específico de estudos na educação, constituindo-se como fator determinante no desenvolvimento de suas teorias e práticas do cenário educacional atual.

Biografia do Autor

Veronica Gesser, Univali

Doutora em Educação – Currículo e Ensino pela Florida International University – USA. Assessora da Pró-Reitoria de Graduação da UNERJ e Professora do PPG/ME da Univali. E-mail:

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Quando surgiu o curriculo escolar no brasil

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A história da educação nos mostra que os romanos organizavam os conteúdos do seu currículo em três componentes: a gramática, a retórica e a dialética, nos quais consistia o trivium. Essas disciplinas tinham como objetivos ler e escrever com correção e discursar com clareza e argumentar sobre temas diversos. A necessidade de quadros para as tarefas mais elaboradas demandavam uma formação mais profunda de caráter científico. As disciplinas do currículo eram agrupadas em aritmética, música, geometria e astronomia, constituindo o quadriviun na Idade Média o quariviun era praticado nos mosteiros e forma a elite responsável pelo Império Romano.

Com a descobertas de novas terras, novos povos, nova natureza, surge a necessidade de um maior números de indivíduos capazes de lidar com os novos meios de produção, com economia e com a gestão de sociedades capazes de assim  de assimilar o pensamento novo que gerou a partir dos descobrimentos e de suas consequências sociais, políticas e econômicas. A educação não podia ficar restrita as elites. Havia a necessidade de recursos humanos mais bem preparados. O currículo exigia uma ampliação de habilidades e conteúdos. Surgiu, então, necessidade de técnicas para ministrar um ensino variado a toda população, é nesse contexto que nasce a didática moderna do século VII. A obra clássica dessa didática é a Didática Magma de autoria do teólogo Comenius (1592/1670) dizia que tudo pode ser ensinado a todos. E que os ensinamentos tinham um caráter de universalidade. As técnicas para lograr essa educação universal, estão até hoje presente na prática educacional.

As condições sociais e econômicas que haviam levado ao o novo sistema educacional europeu sofrerma grandes transformações nos séculos seguintes. A visão de mundo se modificou-se sobre tudo graças a três grandes revoluções do final do século VIII: a Revolução Industrial com patente da máquina a vapor 1769 por James Watt, a Revolução Americana; e revolução Francesa em 1789.

O estudo sobre o currículo surge nos Estados Unidos com o livro The curriculum de Bobbitt. O livro de Bobbitt é escrito num momento crucial da história da educação estado unidense, num momento em que diferentes forças econômicas, políticas e culturais procuram moldar os objetivos e as formas de educação massa e suas diferentes participações na sociedade.  Esse pensamento sobre o currículo influencia grande parte do mundo inclusive o Brasil. É nesse momento que se tenta responder as questões cruciais sobre finalidades e os contornos da escolarização de massa. Quais os objetivos da educação escolarizada: formar o trabalhador especializado ou proporcionar uma educação geral, acadêmica, à população? O que se deve ensinar: as habilidades básicas de escrever, ler e contar; as disciplinas acadêmicas humanísticas; as disciplinas científicas; as habilidades práticas necessárias para as ocupações profissionais? A finalidade da educação nesse contexto apela pela exigência de vida laboral e o currículo resume-se a uma dimensão técnica. Nos anos de 1960 a tendência tecnicista aparece com força e controla o currículo que se opõe ao currículo humanista que havia dominado a educação desde sua institucionalização. Tal como o modelo de Bobbitt, o currículo desenvolvido por Tyler, seu contemporâneo também era uma questão de técnica. A organização e o desenvolvimento do currículo nesses moldes devem procurar responder, de acordo com Tyler, a quatro questões básicas: 1- Que objetivos educacionais devem a escola procurar atingir? 2- Que experiências educacionais podem ser oferecidas que tenham probabilidade de alcançar esses propósitos? 3-Como organizar eficientemente as experiências educacionais? 4- Como podemos ter certeza que esses objetivos estão sendo alcançados? As quatro perguntas de Tyler correspondem à divisão tradicional da atividade educacional: currículo (1), “ensino e instrução” (2 e 3) e avaliação (4).

As teorias do currículo

Os modelos tradicionais de currículo restringiam-se a atividade técnica de como fazer o currículo. As teorias críticas sobre o currículo, em contraste, começam pôr em questão precisamente os pressupostos dos presentes arranjos sociais tem sua razão de ser sustentada pelos modelos de currículos tradicionais. As teorias tradicionais eram teorias de aceitação, ajuste e adaptação. As teorias críticas são teorias de desconfiança, questionamento e transformação radical. Para teorias criticas o importante não é desenvolver técnicas de como fazer o currículo, mas desenvolver conceitos que nos permitam compreender o que o currículo faz.

As teorias tradicionais do currículo

Ensino, organização, aprendizagem, planejamento, avaliação, eficiência, metodologia, didática, objetivo.

Teorias críticas

Ideologia, reprodução social e cultural, poder, classe social, capitalismo, relações sociais de produção, conscientização, emancipação e libertação, currículo oculto, resistência.

Teorias pós-críticas

Identidade, alteridade, diferença, subjetividade, significação e discurso, saber-poder, representação, cultura, gênero, raça, etnia, sexualidade, multiculturalismo.

Quando surgiu o currículo no Brasil?

No Brasil, a produção sistemática de teses e dissertações sobre a história do currículo iniciou-se na segunda metade da década de 1990 e intensificou-se a partir de 2007, ainda que sem muita regularidade.

Qual a origem do currículo escolar?

Com o surgimento das teorias tradicionais de currículo, no inicio do século XX, este passa a ser compreendido como uma forma de organização das aprendizagens realizadas no contexto da escola com intuito de desenvolver nas novas gerações as habilidades necessárias às ocupações da vida adulta.

Quando surgiu currículo?

Os primeiros registros relativos à formalização de competências e práticas apareceram há cerca de 3.500 anos, no antigo Egito, quando artistas e estudiosos da época registravam suas realizações em papiro e/ou na pedra. No entanto, foi no ano de 1482 que Leonardo da Vinci cria o primeiro currículo profissional.

Quem é responsável pela criação do currículo escolar?

O professor educador tem um papel fundamental na elaboração do currículo na escola, sendo que o mesmo deve sempre se envolver nos assuntos escolares.