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⁂ Já nos tempos de Jesus, os judeus não comiam comida não-kosher, isto é, comida não-correta, segundo os preceitos religiosos que rigorosamente observavam. A carne, por exemplo, só podia provir de animais que ruminam, o que exclui o porco e o coelho. Das aves podia-se comer as não predatórias. Dos peixes, os que possuem escamas e barbatanas, ficando eliminados, portanto, polvos, mariscos, caranguejos, camarões, etc. Dos animais e as aves denominados impuros, tampouco se deve comer seus ovos ou beber seu leite. Toda comida feita de sangue também era proibida. Então ao abater os animais era extraído o máximo de sangue possível. O restante era retirado com água e sal. Os animais deviam ser abatidos por um especialista, sob superintendência rabínica, de maneira rápida e indolor. Há ainda hoje outras orientações minuciosas, como a que diz que quem come carne não pode comer uma sobremesa que leve leite. Até as panelas que preparam leite e derivados têm que ser diferentes das que preparam carne. Isto posto, entende-se por que um judeu atento andava sempre com um cesto ou “alforje”, contendo provisão de alimentos autorizados, principalmente se o itinerário previa a passagem por povoados gentílicos. Assim procedendo, não correria o risco de passar fome ou de ser obrigado a comer alimento impuro (não-kosher). Isso torna ainda mais curioso o fato de que, quando Jesus envia os setenta discípulos (símbolo de universalidade) em missão por todas as cidades circunvizinhas, recomenda que não levem bolsa (dinheiro), nem alforje (provisão de alimentos-kosher). E Jesus ainda acrescenta: “Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem” (ver Lc 10). Ou seja, Jesus propôs que seus seguidores rompessem uma barreira considerada inegociável, para muitos dos seus contemporâneos. De comer com as pessoas, sem qualquer tipo de preconceito ou reserva, respeitando cada caso, cada casa, cada mesa, cada povo, cada etnia, valorizando sua culinária, sua cultura, sua hospitalidade… disso depende o sucesso da missão. Antes de converter as gentes, a Igreja deve se converter às gentes! Não é de se estranhar, portanto, que houvesse no meio da multidão que seguiu Jesus para o outro lado do lago, lugar de gentios, alguém portanto seu alforje abastecido de alimento kosher. Provavelmente não eram poucos, pois afinal sobraram doze deles. Se só aquele lendário menininho portasse o seu, de onde teriam surgido tantos outros cestos? A conclusão é praticamente inevitável. Todos nós temos os nossos cestos. Mas nem todos estamos dispostos a compartilhá-los. O maior milagre desta história, a maior de todas nos Evangelhos, é que quando nos dispomos a repartir o resultado não é falta, mas a fartura. Carregar alimento no alforje: só se for para repartir, nunca para segregar. Reverendo Luiz Carlos Ramos † O que é um cesto na Bíblia?os cestos, a que se faz referência no milagre da alimentação dos 5.000 (Mt 14.20 - Mc 8.19), eram pequenos - os da alimentação dos 4.000 (Mt 15.37 e Mc 8.20), eram grandes. Foi num cesto desta última espécie que os discípulos desceram S. Paulo em Damasco (At 9.25).
Quantos cestos de comida sobraram depois que a multidão comeu?Toda a multidão comeu até estar satisfeita e, depois do milagre, ainda sobraram aos discípulos sete cestos com pedações de pão.
Quantos cestos sobraram da primeira multiplicação de pães e peixes?De acordo com as escrituras todos comeram e se satisfizeram, sobrando ainda doze cestos com pedaços de pão, que foram recolhidos.
Qual o significado de 5 pães e 2 peixes?E importa de que alimento se trata: pães e peixes, os dois símbolos do próprio Cristo, na Igreja primitiva. E trazidos por um garoto! Uma criança, que deve se apoiar em algum outro para poder viver, mas é ela quem detém a Sabedoria (Mateus 19,14). A criança faz parte dos pobres, aos quais pertence o Reino dos Céus.
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