Por que os portugueses começaram a ocupar as terras indígenas?

Por que os portugueses começaram a ocupar as terras indígenas?

Martim Afonso de Sousa: grande importância no início da colonização brasileira

Introdução: o período pré-colonial

Embora os portugueses tenham chegado ao Brasil em 1500, o processo de colonização do nosso país teve início somente em 1530. Nestes trinta primeiros anos, os portugueses enviaram para as terras brasileiras algumas expedições com objetivos de reconhecimento territorial e construção de feitorais para a exploração do pau-brasil. Estes primeiros portugueses que vieram para cá circularam apenas em territórios litorâneos. Ficavam alguns dias ou meses e logo retornavam para Portugal. Como não construíram residências, ou seja, não se fixaram no território, não houve colonização nesta época.

Neste período também ocorreram os primeiros contatos com os indígenas que habitavam o território brasileiro. Os portugueses começaram a usar a mão de obra indígena na exploração do pau-brasil. Em troca, ofereciam objetos de pequeno valor que fascinavam os nativos como, por exemplo, espelhos, apitos, chocalhos, etc.

Causas da colonização

Preocupado com a possibilidade real de invasão do Brasil por outras nações (holandeses, ingleses e franceses), o rei de Portugal Dom João III, que ficou conhecido como “o Colonizador”, resolveu enviar ao Brasil, em 1530, a primeira expedição com o objetivo de colonizar o litoral brasileiro. Povoando, protegendo e desenvolvendo a colônia, seria mais difícil de perdê-la para outros países. Assim, chegou ao Brasil a expedição chefiada por Martim Afonso de Sousa com as funções de estabelecer núcleos de povoamento no litoral, explorar metais preciosos e proteger o território de invasores. Teve início assim a efetiva colonização do Brasil.

Nomeado capitão-mor pelo rei, cabia também a Martim Afonso de Sousa nomear funcionários e distribuir sesmarias (lotes de terras) aos portugueses, que quisessem participar deste novo empreendimento português.

O começo da colonização

A colonização do Brasil teve início em 1530 e passou por fases (ciclos) relacionadas à exploração, produção e comercialização de um determinado produto.

Vale ressaltar que a colonização do Brasil não foi pacífica, pois teve como características principais a exploração territorial, uso de mão de obra escrava (indígena e africana), utilização de violência para conter movimentos sociais e apropriação de terras indígenas.

A primeira fase econômica da colonização: o ciclo do açúcar (séculos XVI e XVII)

Grandes quantidades de açúcar eram produzidas nos engenhos estabelecidos na região Nordeste. O produto era exportado, principalmente para o mercado europeu, enriquecendo os senhores de engenho e engordando os cofres da corte portuguesa. A mão de obra escrava africana foi usada em larga escala.

Nesta época, muitos portugueses com recursos econômicos vieram para o Brasil para administrar engenhos de açúcar ou ocupar cargos públicos.

Segunda fase: Ciclo do Ouro (século XVIII)

Embora o processo de colonização tenha sido praticamente todo efetivado nos séculos XVI e XVII, podemos considerar que ele foi finalizado no século XVIII com a descoberta de minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. A “corrida do ouro” trouxe ao Brasil milhares de portugueses em busca de um enriquecimento rápido. Nesta época muitas cidades foram fundadas e a região central do Brasil começou a ser povoada.

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Artigo publicado em: 01/10/06- Última revisão: 12/08/2019.

Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).

Fontes de pesquisa utilizadas na elaboração do artigo:

- BUENO, Eduardo. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.

- SILVA, Francisco de Assis. História do Brasil – Colônia, Império e República. São Paulo: Moderna, 2000.

Bibliografia indicada sobre o tema:

Descobrimento e colonização portuguesa no Brasil
Autor: Fafe, José Fernande
Editora: Temas e Debates

Quando os europeus chegaram aqui, há mais de 500 anos, os povos indígenas estavam espalhados por toda a região que veio a se chamar Brasil e já ocupavam esse território há pelo menos 12 mil anos.

Cada povo tinha formas muito diferentes de ocupar e dividir o território, de conhecer a geografia e de utilizar e cuidar do meio ambiente.

Antes do contato, os povos indígenas não estabeleciam limites territoriais fixos. Eles andavam muito. Faziam longas viagens para procurar recursos naturais em locais distantes de suas aldeias – passavam longos períodos caçando e pescando, viajavam para buscar remédios e coletar frutas e mel, entre outras atividades.

Um dos grandes desafios enfrentados pelos povos indígenas a partir do contato com os não indígenas foi a diminuição da área de seus territórios, o que impedia a ocupação do espaço segundo seus modos de vida e tradições.

Tudo isso aconteceu ao longo dos séculos. Primeiro houve a ocupação do litoral e, aos poucos, o interior do Brasil também foi sendo conquistado. Nesse processo, para garantirem seu espaço, os índios adotaram diferentes estratégias: alguns entraram em guerra com os conquistadores, outros mudaram de território, caminhando em direção ao interior. Muitas vezes esses movimentos de fuga para o interior resultavam em guerras, pois quando um povo chegava em um novo território tinha que disputá-lo com outro grupo indígena que já vivia ali.

Novos Desafios

Por que os portugueses começaram a ocupar as terras indígenas?
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Veja aqui um exemplo de como a limitação dos territórios indígenas e o confinamento em pequenas Terras Indígenas é de fato um grande desafio.

Nessa cartilha produzida pelo projeto Plano de Gestão Ambiental na Área Indígena de Caarapó, em Mato Grosso do Sul, vemos o esforço do povo Guarani Kaiowá para encontrar novas formas de se relacionar com seus territórios.

O que mudou na vida dos povos com a restrição de seus territórios?

Um dos problemas gerados foi a concentração de aldeias em torno dos postos de apoio instalados pela Funai. As pessoas foram morar perto desses locais, pois ali tinham acesso à assistência médica, à educação, entre outras coisas. Em muitas terras indígenas, a população se concentrou em uma única área e assim se tornou sedentária – isto é, deixou de se deslocar pelo território.

Aos poucos, o número pessoas foi crescendo e o aumento de atividades de caça, pesca, coleta e plantio nos arredores das aldeias contribuiu para a diminuição das espécies animais e vegetais, tão importantes para os modos de vida indígenas.

Preocupadas com tais mudanças, algumas comunidades indígenas começaram a desenvolver projetos de uso sustentável dos recursos mais usados e em risco de desaparecimento.

Leia abaixo o texto de Korotowï Ikpeng que fala de um jeito de pescar que faz uso do timbó. O timbó é um cipó que tem uma substância venenosa para os peixes. Bater timbó é um tipo de pescaria muito comum entre diversas populações indígenas.

Os Ikpeng eram um povo guerreiro que vivia caminhando pelo seu território. Hoje eles vivem em aldeias fixas no Parque Indígena do Xingu.

O texto abaixo, publicado no livro Ecologia, Economia e Cultura (2005), fala sobre como os Ikpeng agora cuidam para que os peixes em sua terra não acabem.

O manejo dos peixes

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Desenho de Mariti Ikpeng. Fonte: Ecologia, Economia e Cultura (livro 1). Instituto Socioambiental (ISA), Associação Terra Indígena do Xingu (ATIX), 2005.

O meu povo tem seu manejo com os peixes da lagoa. Bate timbó nesse ano na lagoa e espera um ou dois anos para bater outra vez. Assim sempre tem peixe na lagoa onde batemos timbó.

Meu povo diz que se bater timbó todos os anos na mesma lagoa pode acabar com o peixe e pode nascer capim na lagoa. Então os jovens têm essa orientação sobre o cuidado com os peixes.

Texto de Korotowï Ikpeng

Para saber mais sobre a pesca com o timbó e outras técnicas de pescaria, visite a seção Alimentação.

Manejo de tartarugas - Comunidade Ashaninka do rio Amônia

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Localização da Terra Indígena Kampa do rio Amônea. Fonte: Instituto Socioambiental, 2009.

No Brasil, os Ashaninka vivem na região do alto Juruá, no Acre, e somam mais de 1000 pessoas. Há também muitos Ashaninka vivendo no Peru: são mais de 95 mil!

A preocupação dos Ashaninka com o ambiente é grande. Após os danos causados pela exploração madeireira, pelas pescarias e caçadas predatórias realizadas por não indígenas, eles decidiram realizar um plano de manejo dos tracajás, um tipo de tartaruga que quase desapareceu da região.

Proibiram a coleta de ovos e o consumo da carne do animal durante um período de 3 anos. A população de tartarugas, que estava em extinção no rio Amônia, aumentou novamente. Desde 2003, os Ashaninka promovem uma festa anual no dia da soltura de centenas de tartarugas que voltam aos rios da região.

Assista ao vídeo!

Quais as razões que levaram os portugueses a colonizar o nosso território?

A decisão de Portugal colonizar o Brasil se baseou em dois motivos principais: o perigo de perder a colônia na América devido às invasões e a crise econômica ocasionada pela queda do comércio de produtos do oriente.

Por que os portugueses assinaram tantos indígenas?

Isso foi determinado principalmente como um compromisso para permitir que Portugal permanecesse no controle de suas terras, como as Ilhas Canárias e colônias na África, mas também para dar à Espanha mais reivindicações de terras nas Américas.

Qual foi o interesse dos portugueses em terras brasileiras?

Isso porque o grande interesse dos portugueses era a obtenção do ouro e esse metal precioso não seria fácil de achar, pois era preciso explorar a terra. Naquele momento, o comércio com as Índias era mais lucrativo e, por isso, tornou-se a prioridade portuguesa.

O que os portugueses faziam para tomar as terras dos nativos?

Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu trabalho. Interessados nas terras, os portugueses usaram a violência contra os índios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos e tomar as terras.