Quais os impactos que a prática de esportes de aventura podem causar na natureza e econômica de determinada região?

INTRODUÇÃO

Desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem o comprometimento das necessidades das gerações futuras (WCED, 1987; WWF, 2015). Esta é condição básica para o turismo alternativo, que surge como opção ao turismo de massa e seu modelo de desenvolvimento que explora as áreas onde está inserido, causando impactos negativos, sociais, econômicos e ambientais. Exemplos de turismo alternativo, o turismo de aventura, ecoturismo, turismo rural e cultural, possuem em comum a preocupação com o equilíbrio entre o turismo e o espaço, numa amplitude social, econômica e ambiental. O turismo tende a gerar preocupações quanto às condições ambientais, diretamente responsáveis pelo sucesso do turismo (Briguglio, 2017). O turismo no município de Três Coroas – RS está voltado para as atividades de turismo de aventura, onde, entre outras, a mais destacada é o rafting. As características do relevo e dos rios da região são próprias também, para prática de atividades como mountain bike down hill, rapel, arvorismo, escalada e canoagem.

A partir do entendimento da sustentabilidade como fator fundamental para o desenvolvimento de qualquer atividade turística, como o turismo de aventura de Três Coroas atende aos princípios da sustentabilidade? Como parâmetros de medidas de sustentabilidade, que auxiliaram na busca pela resposta dessa pergunta, avaliamos a sustentabilidade das atividades do turismo de aventura em Três Coroas utilizando critérios do ATDI. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a sustentabilidade das atividades do turismo de aventura em Três Coroas utilizando critérios do ATDI.

TURISMO, MASSIFICAÇÃO E IMPACTOS

Desde os anos 1960, o turismo de sol e praia é o exemplo que melhor retrata a relação entre turismo e natureza, entretanto, como outras formas de desenvolvimento, pode provocar problemas, tais como o deslocamento social, perda de patrimônio cultural, dependência econômica e degradação ecológica. Como consequência, surge a ideia de que a exploração indiscriminada e sem planejamento dos recursos naturais pode gerar graves e irreparáveis impactos negativos (Peñalver Torres, 1998).

Em Honduras, a ilha Roatan retrata os impactos provocados pelo turismo. A mesma faz parte do conjunto de ilhas conhecido como Bay Islands, tem como principal fonte de recursos o turismo – focado principalmente no mergulho, devido à qualidade das águas para essa atividade e da presença de recifes de corais. Com mais de 1 milhão de visitantes no ano de 2011, Roatan sofreu com impactos, principalmente sobre o meio ambiente. Mangues e florestas foram destruídos para dar lugar a casas e infraestrutura turística. Socialmente, o turismo trouxe benefícios, porém, a maior parte do dinheiro gerado pelo turismo não ficava no país, por conta dos investimentos virem, na sua maioria, do exterior. Em meados dos anos 1990 foram criadas regulamentações para o turismo, focadas principalmente no âmbito da preservação ambiental, porém, faltaram fiscalização e penalização. No ano de 2006 nenhuma multa por violações ambientais foi aplicada em Roatan e a todos os violadores sem antecedentes foram permitidas compensações substitutas (Doiron e Weissenberger, 2014). Roatan corrobora com a afirmação de Boullón (2003), que diz que no turismo ocorre o paradoxo em que o principal prejudicado pelos problemas que gera é ele mesmo. O desenvolvimento rápido e não planejado do turismo conduz à massificação, ou seja, a capacidade do turismo de chegar a um local, utilizá-lo até perto de extinguirem-se seus atrativos e sair em busca de outros destinos. Uma forma homogênea, rígida e padronizada, similar ao sistema fordista de manufatura (Nunkoo; Gursoy, 2017). A rápida e abundante geração de receitas e postos de trabalho torna-se mais relevante, porém, “não há dúvidas de que a forma como o turismo utiliza o meio ambiente hoje terá consequências para o seu uso – e talvez até para sua viabilidade – no futuro” (Lickorish e Jenkins, 2000, p. 116).

Na década de 1980 surgem novos conceitos relacionados à natureza, sustentabilidade, vida saudável, que acabam abarcando também o turismo (Bezerra, 2009). “À medida que a crise ambiental aumenta, a consciência pública desperta e se manifesta de diversas formas […] chegando a denunciar produtos altamente poluidores” (Molina, 2001, p. 71). A partir dessa ótica, surgem e se popularizam novos segmentos dentro do turismo: as formas alternativas. O turismo alternativo surge como uma opção, pois em seus segmentos, há constante preocupação em identificar como o turismo interfere no meio ambiente e na sociedade onde está inserido.

SUSTENTABILIDADE E TURISMO ALTERNATIVO

No turismo, sustentabilidade representa baixos impactos negativos, ambientais, sociais e econômicos (Brito, 2000). Representa também o respeito e integridade às cultuas e à biodiversidade locais (Chávez-Cortés e Maya, 2010). Pressupõe que os deslocamentos de turistas realizados hoje, não comprometam os deslocamentos dos próximos turistas, que visitarão o lugar no futuro (Jaafar e Maideen, 2012). Os recursos naturais não são explorados até o limite de sua capacidade de carga, além de incentivar o contato positivo entre turistas e anfitriões de maneira a promover a inclusão e sustentabilidade no desenvolvimento do turismo (Pires, 2005; Nunkoo e Gursoy, 2017). A sustentabilidade do turismo depende envolve muitas questões. População residente, turistas, empresários, organizações governamentais e não governamentais, todos, associados a atividades de turismo de baixo impacto (Lee e Hsieh, 2016). Questões anteriores à chegada do turista no destino também precisam ser consideradas, como referem Marzouki; Froger e Ballet (2011) que citam as longas distâncias entre o turista e o destino como limitadores da sustentabilidade do turismo. Sugerem que para ser considerado sustentável, o turismo deve considerar deslocamentos mais curtos.

A partir da consciência da necessidade da sustentabilidade no turismo surgem os conceitos do turismo alternativo. Alternativo a quê? Obviamente não a qualquer forma de turismo, mas sim para o tipo menos desejado, conhecido essencialmente como turismo de massa (Smith, 1992). As formas de turismo alternativo tornam-se uma nova tendência refletindo um novo turista, que valoriza experiências pessoais significantes e as peculiaridades características de cada local, um turismo benigno, distinto do convencional que pode ocorrer em alguns tipos de destinos (Weaver, 1991; Ruschmann, 2001).

Mas, onde o turismo é considerado alternativo e onde não é? Existem algumas características que norteiam os conceitos de turismo alternativo, como: “[…] contato e comunicação entre os turistas e a população nativa, um desejo de igualdade, individualidade, consciência ambiental e preocupação com o meio” (Macleod, 2001, p 169). As formas alternativas de turismo têm, essencialmente em comum, a preocupação e a responsabilidade com o meio ambiente e com as comunidades locais, procuram aproximação e contato com estas, o que valoriza e fortalece a cultura local, a maximização dos benefícios do turismo aliada a minimização dos malefícios (Brito, 2000 p. 2).

Weaver (1991) afirma que as formas alternativas de turismo são perceptíveis através de termos genéricos ou estratégicos como: eco, soft, apropriado, responsável, controlado, de pequena escala, verde, cottage. Brito (2000) chama de Novas Formas de Turismo “[…] tais como o turismo de natureza, o turismo de aventura, o turismo verde, o turismo ecológico ou ecoturismo, o turismo rural, o turismo branco ou de neve, o turismo azul ou de mar” (Brito, 2000, p. 5). Há ainda mais alguns como: turismo cultural, turismo social, turismo de pesca e turismo náutico (Brasil, 2010d).

Valentine (1992), Rodrigues (2002) e Elvarsdóttir (2013), consideram o ecoturismo, o turismo de aventura e o turismo rural como segmentos do turismo de natureza. Este não seria uma forma de turismo específica, mas sim uma categoria que engloba vários segmentos distintos com a natureza como fator comum e principal motivação.

Quais os impactos que a prática de esportes de aventura podem causar na natureza e econômica de determinada região?

Figura 1
Representação da hierarquia na relação entre o turismo alternativo, turismo de natureza e seus segmentos.
elaborado pelo autor (2015)

O turismo de natureza não é um tipo de turismo, mas um segmento que compreende diversos outros tipos que têm em comum a natureza como principal motivador da viagem. Entre suas subcategorias encontram-se o ecoturismo e o turismo de aventura. O conceito de sustentabilidade foi acrescido à definição de turismo de natureza constituindo aquelas atividades de turismo onde o principal objetivo são experiências no meio natural de maneira sustentável (Elvarsdóttir, 2013). Se o turismo de natureza fosse desenvolvido de maneira não sustentável, conceitualmente, já não se chamaria mais turismo de natureza e sim atividades turísticas na natureza, pela perda daquela característica (Rodrigues, 2002; Elvarsdóttir, 2013).

O turismo de aventura é uma forma de turismo alternativo, praticado na natureza, que privilegia a preservação dos espaços utilizados como atores fundamentais para a realização de diversas práticas. Os primeiros relatos de turismo de aventura vêm do princípio da atividade que hoje é conhecida como rafting, a decida de corredeiras feita com barcos rígidos, de madeira em 1869, no Rio Colorado nos Estados Unidos (UNWTO, 2014). No Brasil, o turismo de aventura aparece na década de 1990 (ABETA, 2008). Algumas de suas atividades derivam de esportes já praticados e que contém características competitivas. O Ministério do Turismo divide as atividades constituintes do turismo de aventura entre as praticadas na terra[1], no céu[2] e na água[3] (Brasil, 2010c).

O turismo de aventura “[…] é aquele praticado por viajantes na busca do roteiro incomum, com destino e tempo incertos, uma certa dose de adrenalina, com perigo controlado.” (Giaretta, 2003, p. 58). A experiência, a participação e a sensação de perigo, mesmo que controlado, são características comuns aos praticantes, que buscam uma forma menos passiva de turismo (Oliveira, 2008). Para Fennell (2002), fatores como risco e o tipo de atividade praticado são os principais elementos motivacionais do turismo de aventura, superando elementos naturais da paisagem. Dados do Adventure Tourism Development Index (2015) vão de encontro à afirmativa de Fennell (2002) e indicam a beleza natural do destino como primeira característica analisada pelos turistas, seguida pelas atividades e pelo clima.

A descoberta de destinos exóticos também constitui aspectos motivacionais dos turistas, que geralmente buscam lugares pouco explorados. O turismo de aventura, assim como qualquer forma de turismo de natureza, depende do meio ambiente preservado (UNWTO, 2014). Por utilizar-se de espaços em ambientes naturais, o turismo de aventura pode causar impactos negativos sobre o meio ambiente. Nas áreas naturais é comum encontrar sinais evidentes de impacto causados por atividades como rafting e bóia-cross, como a destruição da vegetação ciliar e consequente erosão e assoreamento em trechos dos rios utilizados pelo turismo (Bahia, 2008).

O ATDI (2015) elabora dois rankings. No primeiro estão contemplados os países considerados desenvolvidos e no segundo os países em desenvolvimento. Os destinos com melhor turismo de aventura entre os países desenvolvidos, foram (em ordem decrescente): Suíça, Islândia, Alemanha, Noruega e Nova Zelândia. Esta, inclusive, abriga a cidade de Queenstown, considerada a capital mundial do turismo de aventura. A região sempre foi um ímã para aventureiros e empresários, que acabaram se tornando o pilar do turismo de aventura de Queenstown (Lundqvist, 2016). Entre as nações em desenvolvimento, a República Checa lidera, enquanto o Brasil encontra-se em 45º lugar entre os 163 países em desenvolvimento avaliados (ATDI, 2015). Apesar desta colocação, dados de boletim sobre turismo de aventura do SEBRAE (2015) demonstram que o Brasil está em 3º lugar entre os países que possuem o maior número de praticantes de turismo de aventura, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Argentina. São mais de 3.000 empresas que oferecem serviços de aventura, que contam com 15.585 colaboradores envolvidos em temporadas normais e 22.489 colaboradores na alta temporada. O setor apresenta um faturamento de R$ 515.875.659,00 no mercado nacional. As cinco atividades mais praticadas são caminhada, cavalgada, cicloturismo, montanhismo e técnicas verticais (SEBRAE, 2015).

O turismo de aventura é mais uma forma de turismo de natureza que, como no ecoturismo, quando planejado pode auxiliar no desenvolvimento sustentável da localidade onde está inserido. Sua relação com o meio ambiente é muito próxima, podendo levar tanto a impactos negativos, se não forem tomadas medidas de prevenção, quanto ao desenvolvimento sustentável e à preservação das áreas naturais, além de trazer benefícios às comunidades residentes.

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado no Município de Três Coras, localizado no Vale do Rio Paranhana, no estado do Rio Grande do Sul. O município está a 105 quilômetros de Porto Alegre, capital do estado, e a 24 quilômetros de Gramado, cidade com o qual faz divisa juntamente a Canela, ao norte. Possui uma área de 185,539 Km² e uma população de 25.822 habitantes. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é de 0, 710 pontos e o Produto Interno Bruto (PIB) per capta é R$ 30.393,46 (IBGE, 2016).

A economia de Três Coroas está baseada no setor secundário, principalmente na indústria calçadista (IBGE, 2016). A geografia de Três Coroas, aliada à vocação para esportes no ambiente natural fez com que o turismo de aventura se desenvolvesse no município. Apesar de não ser a principal atividade econômica de Três Coroas, o turismo possui papel importante na divulgação do município, que comporta três parques[4] de turismo de aventura, que oferecem diversas atividades para os turistas, sendo o rafting nas corredeiras do rio Paranhana, a principal atração (Três Coroas, 2016).

METODOLOGIA

Para elencar o nível de desenvolvimento do turismo de aventura, o ATDI (2015) considera preceitos de sustentabilidade, serviços de saúde e segurança, preservação dos recursos naturais e culturais, variedade de atividades oferecidas, oportunidades de envolvimento com as populações locais, bons níveis de infraestrutura e expertise do “negócio” turismo de aventura.

O estudo foi efetuado por meio de pesquisa de abordagem descritiva, de caráter qualitativo. O levantamento de dados foi realizado por meio de entrevistas, de pesquisa documental (material publicitário e plano diretor do município de Três Coroas, leis municipais, estaduais e federais) e da observação participante, como forma de complementação para a pesquisa. As entrevistas proporcionaram dados a partir do olhar do poder público e privado, enquanto a observação participante e o as pesquisas documentais permitiram a complementação das informações colhidas por meio dos entrevistados.

Foram realizadas entrevistas com cinco empresários e um representante do poder público, na figura do Diretor de Turismo do município de Três Coroas. Os empresários eram os donos das operadoras de turismo: Brasil Raft, Central Sul, Eco Aventuras, Exxtreme 4 e Raft Adventure. Reitera-se que estas cinco empresas representam o universo total de operadoras de turismo de aventura no município ao tempo da pesquisa. O Parque das Laranjeiras[5] é um espaço público, em área cedida pelo Município de Três Coroas. As empresas Central Sul, Eco Aventuras e Exxtreme 4 têm sede neste parque. As operadoras Brasil Raft e Raft Adventure têm suas sedes localizadas em parques privados[6]. Além das entrevistas, um passeio de rafting realizado pelo autor foi considerado a melhor forma de contemplar a etapa de observação participante.

Sediada em Seattle, nos Estados Unidos da América e fundada em 1990, a Adventure Travel Trade Association (ATTA), é uma associação que representa mais de 1.000 membros em 80 países no mundo (ATTA, 2015). Em ação conjunta, a George Washington University, localizada em Washington D.C. nos Estados Unidos, e a ATTA (2015) desenvolvem o Adventure Tourism Development Index (ATDI).

Os dados coletados para esta pesquisa foram analisados com base nos critérios utilizados em pela ATTA e a George Washington University para a elaboração do ATDI (2015). Originalmente, o relatório ATDI (2015) objetiva promover o desenvolvimento sustentável do turismo de aventura e elenca os 191 países analisados de acordo com a sua competitividade no turismo de aventura sustentável. Para esta pesquisa, utilizou-se dos mesmos critérios, porém, com o objetivo de avaliar a sustentabilidade do turismo de aventura do município de Três Coroas e não sua força competitiva perante outros destinos. Como o ATDI (2015), elege a sustentabilidade como peso preponderante para a competitividade de um destino, julgou-se que os mesmos critérios poderiam ser úteis na análise da sustentabilidade de um destino turístico. Foram utilizados os critérios denominados 10 Pillars of Adventure Tourism Market Competitiveness (Quadro 1).

Quadro 1

10 Pillars of Adventure Tourism Market Competitiveness da Adventure Tourism Development Index

1. Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável (Government Policies Supporting Sustainable Development) Políticas públicas que deem suporte e incentivem o turismo sustentável são cruciais para a competitividade do turismo de aventura, porque elas são a garantia dos recursos naturais, patrimoniais e culturais e proporcionam um clima favorável ao investimento privado. Quando as ações dos setores público e privado são conjuntas, o setor privado floresce, atraindo investimentos e desenvolvendo a região.
2. Segurança (Safety) Examinar qualitativamente a capacidade dos operadores de turismo de aventura em prover segurança aos turistas e identificar a existência de instalações para lidar com possíveis acidentes. Por exemplo, em destinos onde scuba diving é popular, existem câmaras hiperbáricas para descompressão? Em destinos onde prevalece o montanhismo, operações de resgate estão disponíveis? Os guias possuem treinamento de primeiros socorros? De maneira geral, os processos relacionados à segurança dos turistas atende aos padrões internacionais?
3. Recursos Naturais (Natural Resources) Viajantes de turismo de aventura procuram lugares sem interferências e com recursos naturais bem geridos. Destinos com recursos pouco usuais ou raros, que são bem geridos, serão mais competitivos e valorizados pelos turistas.
4. Saúde (Health) Uma população saudável tende a apoiar e investir em novos negócios e utilizar responsavelmente seus recursos. Países onde há saúde pública de fácil acesso e qualificada apoiam mais facilmente o turismo de aventura.
5. Recursos de Aventura (Adventure Resources) Esportes de aventura abrangem atividades ao ar livre – desde observação de pássaros a montanhismo; rafting a escalada; espeleoturismo ao parapente. Os recursos naturais de um destino irão guiar o desenvolvimento de um determinado esporte, por exemplo, penhascos que são excelentes para escaladas, ou florestas com grande variedades de pássaros, podem significar uma vantagem competitiva.
6. Empreendedorismo (Entrepreneurship) A força e originalidade do mercado de aventura vem de algo chamado “alternativo“ - são negócios pioneiros que vendem atividades inusuais e que parecem apelar para um pequeno nicho de clientes. Produtos que têm início fora do mainstream, ou que pareceriam muito excêntricos para serem vendidos ao grande público, despontam como atividades populares: o surto de popularidade do snowboarding é um exemplo disso. Dada esta realidade, destinos onde o empreendedorismo no setor de turismo de aventura está prosperando e ganhando maior competitividade.
7. Desenvolvimento Humano (Humanitarian) Relacionado às condições de desenvolvimento humano do país. A presença de serviços básicos, como saneamento básico, por exemplo, e o potencial de combinar viagens de aventura e voluntariado. A tendência de crescimento do turismo voluntário e seu apelo aos praticantes de turismo de aventura continuará a crescer; destinos preparados para o turismo voluntário ganharão em competitividade.
8. Infraestrutura (Infrastructure) Turistas de aventura, diferentemente dos turistas usuais, geralmente são menos sensíveis a hard infrastructure[7] que turistas convencionais, porém, são mais sensíveis quando se trata de conservação e da soft infrastructure[8]. Enquanto hard infrastructure pode requerer maior investimento e anos para ser desenvolvida, a soft infrastructure necessária aos turistas de aventura pode ser muito mais barata.
9. Recursos Culturais (Cultural Resources) Turistas de aventura são interessados em conhecer novas culturas e explorar a natureza. Para este viajante poder experimentar a autêntica cultura local faz parte do pacote da aventura. Destinos que encorajem suas populações a preservarem suas culturas, mesmo que continuem sendo moldadas por influências modernas. Nosso método não encoraja as populações locais a virarem museus vivos de seu passado ou atores de costumes antigos, mas o conhecimento e orgulho de seus costumes, o reconhecimento de sua contribuição única para o cenário mundial.
10. Marca (Adventure Image/Brand) Imagem pode ser um dos mais maleáveis aspectos da competitividade do destino. Também influencia no planejamento e desenvolvimento sustentável. A imagem de sustentabilidade e aventura atrairá pessoas que valorizam esses aspectos. A visita dessas pessoas e seus gastos no destino irá ajudar a financiar e apoiar o país no curso sustentável.

ATDI (2015)

Os dados coletados por meio das entrevistas, da observação participante e das pesquisas bibliográficas foram organizados e confrontados com 10 pilares do ATDI (2015), visando avaliar a sustentabilidade das atividades do turismo de aventura em Três Coroas. Os resultados obtidos foram classificados por meio de um sistema de gradação de cores, onde, a cor verde indicou avaliação positiva, a cor amarela indicou situação regular e a cor vermelha indicou as situações que não se encontravam de acordo com os critérios. Entre os 10 itens do ATDI (2015), Cultural Resources foi excluído por não foi considerado relevante ao foco da pesquisa que está no turismo de aventura. Por outro lado, os itens saúde e segurança foram analisados conjuntamente por se considerar relevante ao turismo de aventura. Ressalta-se que o relatório ATDI (2015) tem por objetivo medir a competitividade dos destinos, porém, empregou-se os mesmos critérios para avaliar o turismo de aventura desenvolvido no município de Três Coroas, sem a pretensão de analisar o grau de competitividade do destino perante o mercado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Políticas públicas para o desenvolvimento sustentável

Este item busca avaliar as ações do poder público em razão da sustentabilidade do turismo e das relações com o setor privado. Em Três Coroas, a prefeitura é responsável pela infraestrutura básica necessária para o turismo – manutenção de estradas e acessos. Além disso, participa por meio da publicidade e apoio a eventos e feiras. Outras iniciativas que passaram pelo poder público ocorrem por meio da delimitação de áreas turísticas, e administração do Parque das Laranjeiras, conjuntamente com a Associação Trescoroense de Canoagem (ASTECA[9]).

Os empresários entrevistados concordam que, apesar do turismo não ser a principal atividade econômica do município, é tratado como alternativa para o desenvolvimento. No Plano Diretor do município, Lei Municipal 2.546 de 10 de Outubro de 2006, o turismo é descrito como fator estratégico de desenvolvimento social e econômico. O mesmo plano determina o zoneamento da Área Turística Consolidada que engloba áreas consideradas de uso turístico e inclui os locais onde estão localizados os parques de aventura (Três Coroas, 2006). Nesta delimitação turística, entretanto, não há referências à proteção ou intenção de preservação ambiental.

Há ressalvas, porém, na questão do aproveitamento do movimento de turistas provenientes das cidades vizinhas, Canela e Gramado. A melhoria das condições Rodovia Arnaldo Oppitz, que liga Canela a Três Coroas, com aproximadamente 13 quilômetros, foi citada por alguns empresários como uma ação pública importante para o desenvolvimento turístico da região. Outros, entretanto, afirmaram que o impacto do público vindo de Canela e Gramado seria pequeno e afirmam que seu produto não é muito divulgado pelas agências de turismo de Gramado e Canela por tomar bastante tempo e ser considerado muito barato. Ainda, segundo o Entrevistado B, “É muito mais fácil para as agências venderem cinco passeios a um museu em um dia, do que uma decida de rafting, que envolve transporte e demora um dia inteiro”.

SEGURANÇA E SAÚDE

Este item se refere às condições necessárias para garantir a segurança dos turistas durante a realização das atividades e os procedimentos necessários em caso de acidentes (ATDI, 2015). No turismo de aventura, como referido por Giaretta (2003) e Oliveira (2008), o turista procura certa dose de adrenalina, associada a perigo e risco controláveis. As medidas de segurança para o rafting são regidas pelo Decreto 7.381 de 2 de dezembro de 2010, no artigo 34, o qual se refere a empresas que prestam serviços de turismo de aventura (Brasil, 2010c). Além disso, a norma ABNT NBR 15370 discorre especificamente sobre as exigências para os condutores de rafting (ABNT, 2006). Antes do passeio de rafting, realizado durante a observação participante, verificou-se que os turistas recebem instruções de segurança, as quais incluem: técnicas de comportamentos básicos dentro dos botes e na água (em caso de queda) e técnicas de remada. Foi observada a utilização por todos, inclusive guias, de capacetes, coletes de flutuação e remos e a presença de bombas de inflar e cabos de resgate. Nas agências havia a possibilidade de aluguel de roupas e botas de neoprene.

Quanto aos guias, todos possuem alguns cursos de qualificação e são atletas de canoagem da região. Segundo os empresários entrevistados, a maioria dos guias possui certificação pelo International Rafting Federation (IRF), e o curso de salvamento em águas brancas Rescue 3 International, organização internacional que promove treinamentos de salvamento em água (Rescue 3 International, 2016). Os empresários mencionaram a baixa rotatividade dos guias a cada temporada, o que também contribui para a segurança dos turistas.

Para o ATDI (2015), há atividades que requerem práticas específicas de segurança. Por exemplo, operações de resgate disponíveis em regiões montanhosas, ou câmaras hiperbáricas para locais onde há atividades de mergulho. Entretanto, não foi observada a presença de paramédicos, postos de atendimento de emergência ou ambulâncias em nenhum dos locais visitados. Outro problema constatado foi a falta de sinal de celular, o que pode dificultar um eventual pedido de socorro.

O item saúde refere-se à satisfação das necessidades básicas de acesso à saúde das populações locais, que refletirá em condições mais favoráveis ao apoio ao turismo por parte das mesmas (ATDI, 2015). A população de Três Coroas conta com um hospital com disponibilidade de 58 leitos (Brasil, 2010a). São disponibilizados atendimentos ambulatoriais e de emergência, especialidades como obstetrícia, pediatria, psicologia e odontologia (IBGE, 2016; Três Coroas, 2016). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é ideal que haja de três a cinco leitos para cada mil habitantes. A situação de Três Coroas, com média de 1,66 leitos para mil habitantes não contempla o considerado ideal pela OMS e se encontra abaixo da média regional (Brasil, 2010b).

RECURSOS NATURAIS

O ATDI (2015) avalia melhor os locais que possuem ações em prol da preservação dos seus recursos naturais. O Rio Paranhana corta o vale de mesmo nome e pode ser considerado o recurso natural mais importante para o turismo de aventura em Três Coroas, porém, ao longo de seu percurso, passa por áreas industriais e está sujeito a receber despejos domésticos e industriais. Em dezembro de 2010, ocorreu uma mortandade de 20 toneladas de peixes no Rio dos Sinos. O laudo apontou o esgoto doméstico e a carga de dejetos industriais provenientes de municípios do vale, trazida pelo Rio Paranhana como fator agravante do estado crítico da poluição do Rio dos Sinos (Rio Grande do Sul, 2011).

Cybis et al. (2005) classificaram a qualidade da água do Rio Paranhana como ruim, principalmente devido à altíssima concentração de coliformes fecais. Gehlen et al. (2014) encontraram valores acima dos limites permitidos para chumbo na nascente do rio. Foram constatados, ainda, valores excedentes de ferro tanto na nascente quanto na foz e nos altos valores para coliformes fecais na foz. Os autores atribuíram ao aumento progressivo das atividades antrópicas às margens do rio como causa do impacto negativo sobre a qualidade da água.

Verificou-se que os entrevistados são cientes de que o turismo que promovem é dependente das boas condições ambientais e ficou evidente a preocupação com a produção de lixo nos parques e o excesso de turistas nos passeios. Quanto ao aspecto da capacidade de carga, verificou-se que os limites consideram apenas o aspecto estrutural dos parques sem considerar os limites impostos pela capacidade suportada pelo meio ambiente e pela população local (Pires, 2005). Os empresários concordam ser necessário um estudo mais aprofundado nesse sentido e demonstraram interesse em contribuir para que isso ocorra, porém afirmam dependerem da participação do poder público. O Entrevistado C afirma que “Começou errado, começou sem estudo. Pessoal que fazia canoagem, numa competição na Europa, viu um bote, ‘vamos comprar pra andar no nosso rio’. Ainda tem alguns resquícios do start”.

Existe um limite para o número de barcos que cada empresa pode trabalhar, entretanto, se as operadoras quiserem trabalhar com mais barcos, basta pagar uma taxa para terem o direito de operar. O Entrevistado C afirma ser melhor “[…] aumentar 3 reais o valor do meu produto, ao invés de colocar mais um bote”. Porém, o mesmo admite que “[…] isso tem que ser acompanhado pelos outros, porque, se eu subir o preço, perco para quem vende por menos”. A regra não se aplica aos outros dois parques particulares, que possuem limite próprio de número de turistas. Estes limites também se referem a questões físicas e estruturais e não ao recurso natural.

Para evitar o excesso de turistas, as empresas trabalham com um cronograma integrado, em que cada uma tem os horários determinados para operar. Além disso, os parques particulares evitam abrir seus espaços para acampamentos de turistas que não desejam participar das atividades de aventura.

Os agendamentos prévios são outra maneira para diminuir a quantidade de pessoas. “Acho bonito o cara vir aqui e não fazer, faz tua reserva, liga![…] Cara vir sem reserva, querer descer em nove, dez num bote, vai comprometer a segurança. A gente já fez assim, já foi” comenta o Entrevistado C, sobre o respeito à política de agendamentos prévios, que visam organizar o turismo. Um problema encontrado aqui é que nem todas as empresas trabalham desta forma, sendo que algumas atendem os turistas que chegam sem agendamento.

Segundo Bahia (2008), em rios onde há prática de rafting, é comum haver destruição das matas ciliares, erosão e assoreamento causados pela concentração de pessoas. Na observação participante, constatou-se que, no local onde é feito o embarque nos botes, a mata ciliar já foi suprimida. As diferentes formas de utilização da natureza pelas principais atrações turísticas de Três Coroas reforçam o peso do recurso natural e sua preservação para a manutenção e o desenvolvimento do turismo em Três Coroas.

RECURSO DE AVENTURA

Os recursos de aventura são as características físicas e geográficas da região, como presença de água, montanhas, matas, rochas, entre outras e possuem influência decisiva sobre o segmento de turismo de aventura que será implementado (ATDI, 2015). Na cidade de Três Coroas, o Parque das Laranjeiras e os parques particulares estão localizados em uma região de vale, com presença de Mata Atlântica e relevo acidentado. As matas são propícias para trilhas e arvorismo, enquanto o terreno íngreme é utilizado para atividades de mountain bike down hill, cross country, rapel, tirolesa e trekking. Pelas corredeiras e pelo percurso acidentado, o Rio Paranhana constitui-se no principal atrativo e concentra as atividades aquáticas de rafting, canoagem, duck e boia-cross (Três Coroas, 2006).

O sediamento do Campeonato Mundial de Canoagem, em 1997, exemplifica a qualidade dos recursos de aventura encontrados em Três Coroas. O evento foi o motivo da construção do Parque das Laranjeiras. Constatou-se por meio das entrevistas e da observação que os recursos de aventura influenciaram na construção da identidade turística de Três Coroas.

Para o ATDI (2015), os empreendedores do turismo de aventura devem buscar inovação, propor ações que vão contra as principais correntes e buscar nichos específicos e exclusivos. Em Três Coroas os empresários têm na canoagem uma origem comum. Eram atletas que competiam por todo o Brasil. Acredita-se que esta experiência constituiu influência positiva para a qualidade dos serviços e da infraestrutura de turismo de aventura. Nas entrevistas foi possível constatar que há união e amizade entre os atores do turismo de aventura de Três Coroas. Foi relatado que há frequentes reuniões informais e jantares, nas quais são discutidos assuntos relacionados ao turismo.

As empresas possuem capacidades de atendimento distintas. Foi aferido nas entrevistas que as empresas recebem em média 9.000 turistas ao ano, sendo o máximo relatado de 23.000 turistas e o mínimo 5.000 turistas por ano. Os valores citados sobre o faturamento individual das empresas variaram de R$ 60.000,00 a R$ 1.000.000,00 de reais ao ano em valores brutos. O período considerado alta temporada, geralmente, vai de outubro a março, acompanhando os meses quentes do ano.

O relatório ATDI (2015) incentiva os empreendedores investirem em atrações pioneiras, que atraiam nichos de mercado menores e mais exclusivos. Em Três Coroas constatou-se um mercado mais tradicional, calcado no rafting como maior atração, o “carro chefe das empresas de turismo da região” como relatou o Entrevistado C. Entretanto, existem diversos outros tipos de atividade oferecidos pelos parques, mas nenhum pode ser considerado pioneiro.

Em Três Coroas ocorre um movimento de acessibilidade, no sentido de proporcionar atividades que contemplem um amplo espectro de públicos e idades e não privilegiem somente pessoas consideradas “aventureiras”. Segundo Boullón (2003), a participação e a superação de dificuldades são inerentes às atividades de turismo de aventura, porém exigência em excesso causaria a diminuição do número de participantes. A partir desta afirmativa, surgiu um questionamento: o grau de dificuldade de atividade determina o público ou a atitude deste é que determina o grau de dificuldade e emoção das atrações? No caso de Três Coroas, segundo os donos das operadoras, o perfil dos turistas – formado majoritariamente por famílias e casais – determinou o nível de dificuldade das atrações. Os empreendedores optaram pela oferta de atrações com graus de dificuldade menores, acessíveis a todos os públicos. Esta atitude, entretanto, provoca um paradoxo entre o fácil acesso às atividades e o eventual excesso de turistas.

Ao fato de os parques privados cobrarem ingressos mais caros de turistas que não desejam participar das atividades foi atribuída tentativa de focar no público específico de turistas de aventura, demonstrando que sabem qual nicho desejam atrair e que não desejam superlotar os parques. Essas medidas restritivas vão ao encontro do que é afirmado nos critérios do ATDI (2015), que valoriza o investimento em nichos menores, com menor impacto ambiental e maior valorização do atrativo.

DESENVOLVIMIENTO HUMANO

Este critério considera os aspectos essenciais para a qualidade de vida da população, como fácil acesso a serviços de educação, saneamento básico e segurança. Estes assuntos não estão diretamente relacionados ao turismo, mas são considerados essenciais para a sustentabilidade do mesmo na localidade. A Lei Orgânica do município de Três Coroas trata o saneamento básico como serviço público essencial e dever municipal (Três Coroas, 1990). Apesar disso, somente 53,2% das famílias têm rede de esgoto e 1,8% ainda apresenta esgoto a céu aberto. Além disso, apenas 30% do esgoto do município é tratado (IBGE, 2016; Portal Saneamento Básico, 2016).

Quanto ao acesso à educação, 86% das crianças de 7 a 14 anos estão matriculadas em instituições de ensino, percentual pouco maior que a média nacional, que é de 76%. O Produto Interno Bruto Per Capita Municipal de 2013 é de R$ 30.393,46/hab., número pouco acima da média nacional do mesmo ano, R$ 25.655.37/hab. (IBGE, 2016). O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Três Coroas é 0,710, número considerado alto. O maior IDH é 0,862, em São Caetano do Sul – SP e o menor é 0,418, em Melgaço – PA (PNUD, 2010).

INFRAESTRUTURA

Neste ponto o ATDI (2015) divide a infraestrutura em hard infrastructure e soft infrastructure, sendo a primeira relativa à estrutura fixa, como rodovias, ferrovias, aeroportos e hotelaria. A segunda está ligada à estrutura mais específica do turismo, como acesso a informações, guias, serviços e lojas especializadas. Também é referido que os turistas de aventura são mais sensíveis às condições da soft infrastructure, condição que o difere do turista convencional, mais afetado pela hard infrastructure (ATDI, 2015).

A hard infrastructure de Três Coroas não apresenta aeroporto, porém está distante 98 quilômetros do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, e a 85 quilômetros do Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul. O principal acesso rodoviário para Porto Alegre é a ERS – 020. Outro acesso importante é a ERS – 115, que liga o município à região de Canela e Gramado, a 30 quilômetros de distância. A Rodovia Arnaldo Oppitz, sem pavimentação, liga Três Coroas ao município de Canela em aproximadamente 13 quilômetros.

O Parque das Laranjeiras, o Raft Adventure Park e o Brasil Raft Park ficam localizados a 15 quilômetros do centro da cidade e são parte da soft infrastructure de Três Coroas. Oferecem serviços de hospedagem, alimentação, mesas e churrasqueiras, campo de futebol, quadra de vôlei, banheiros, vestiários, estacionamento, trilhas, venda de souvenires, guias capacitados, material de segurança, panfletos de publicidade e informações e uma variedade de atrações

Por ser público, o Parque das Laranjeiras é utilizado como espaço de lazer para acampar e almoçar e concentra maior número de pessoas. A falta de espaço específico para estacionamento nesse parque fez com que os veículos ficassem estacionados ao longo das vias internas, problema não identificado nos parques privados.

Joaquim (1997), Feitosa (2013) e Li (2014) alertam para o crescimento descontrolado das estruturas turísticas e seus impactos sociais e ambientais, estes, principalmente, quando ocorrem em áreas naturais, como o caso de Três Coroas. Assim como a infraestrutura é comemorada por, algumas vezes, representar planejamento e desenvolvimento, é preciso precaução, pois com o aumento da estrutura, há o aumento de todos os vetores relacionados ao turismo. O exemplo da ilha de Roatan, em Honduras, citado por Doiron e Weissenberger (2014), reflete o problema da superestrutura. Com o aumento exagerado do número de visitantes e, consequentemente, da infraestrutura turística, a ilha sofreu com graves impactos ambientais e também sociais.

MARCA

Neste critério é avaliada a imagem do local perante os turistas e outros mercados. Localidades que associam sua marca à preservação e à valorização de questões ambientais e sociais tendem a atrair turistas preocupados com essas mesmas questões (ATDI, 2015). Em Três Coroas observou-se, por meio das pesquisas nos materiais publicitários, em sites de operadoras de turismo de aventura e da prefeitura municipal, que a publicidade da cidade está associada aos recursos naturais e à sustentabilidade, fato que parece estar institucionalizado pela expressão “Cidade Verde”, utilizada em diversos eventos promovidos pela prefeitura municipal. Para Rodrigues (2002), a implementação do turismo alternativo como um bem de consumo ou uma marca influenciou o crescimento do turismo de natureza. As operadoras turísticas reforçam a imagem da natureza associada à aventura, principalmente por meio de esportes aquáticos, sendo o rafting a atividade mais divulgada. Weaver (1991) afirma que as formas alternativas de turismo apelam para termos que referenciem o meio ambiente natural e preservado, como eco, responsável ou verde. No entanto, lembra que essa publicidade sustentável não significa que exista real preocupação com o planejamento e gestão corretos, como serviria de exemplo o caso de poluição do Rio Paranhana, provocada por ações antropogênicas e insuficiência de serviço de saneamento básico (Cybis et al., 2005; Gehlen et al., 2014).

Em concordância com o que diz a ATDI (2015), o SEBRAE (2015) afirma que a associação de uma marca ao compromisso socioambiental é tendência que atrai cada vez mais turistas preocupados com as mesmas questões. Os eventos8 de esportes de aventura e o Templo Budista Khadro Ling também ajudam a reforçar a consolidação de uma marca da cidade como destino que oferece contato com a natureza (TRÊS COROAS, 2006).

AVALIAÇÃO DO TURISMO DE AVENTURA

De forma a fornecer uma apreciação sucinta dos oito critérios usados para a análise do turismo de aventura em Três Coroas, foi feita a classificação por meio de cores (Quadro 2) a partir dos dados obtidos pelas entrevistas, observação participante e fontes secundárias. Para as avaliações consideradas positivas, ou de acordo, foi utilizada a cor verde. A cor amarela avalia o item como em situação regular; e a cor vermelha foi utilizada para indicar as situações consideradas inadequadas ou que não se enquadram aos critérios do ATDI (2015).

Quadro 2

Avaliação do turismo de aventura de Três Coroas – RS, com base nos critérios do Adventure Tourism Development Index9.

Quais os impactos que a prática de esportes de aventura podem causar na natureza e econômica de determinada região?

Autor (2016).

Quadro 2. Continuación

Avaliação do turismo de aventura de Três Coroas – RS, com base nos critérios do Adventure Tourism Development Index9

Quais os impactos que a prática de esportes de aventura podem causar na natureza e econômica de determinada região?

Autor (2016).

O município de Três Coroas possui recursos naturais e de aventura de grande valor para o turismo e sua gestão pública investe no mesmo como forma de desenvolvimento do município, inclusive com a tentativa de construção da imagem da cidade como destino de turismo sustentável. Os empresários, por sua vez, trabalham conjuntamente pelo desenvolvimento das atividades que promovem, oferecem uma variedade de atividades, além do rafting, que consiste na maior atração do local. Os fornecedores de serviços são qualificados e as condições de segurança estão de acordo, porém se sente a falta de serviços de atendimento de emergência no local para possíveis acidentes.

A falta de estudos sobre a capacidade de carga que o local pode suportar consiste em um problema. Cada parque trabalha com uma capacidade, porém esta é medida de acordo com a infraestrutura dos mesmos, o que pode ser insuficiente como parâmetro para impactos ambientais. Entende-se a realização destes estudos como de extrema importância para todos os atores envolvidos no turismo em Três Coroas.

As questões presentes nos itens do ATDI (2015) referentes ao acesso a serviços básicos para a população local, como saúde e educação, por exemplo, foram pontos considerados insuficientes. São exemplos o número de leitos hospitalares abaixo do mínimo referido pela OMS, que é de 3 a 5 leitos por mil habitantes, além do saneamento básico insuficiente.

A poluição do Rio Paranhana, um dos maiores atrativos do turismo de aventura da região, consiste em outra situação negativa. Conforme Cybis et al. (2005) e Ghelen et al. (2014), atividades antrópicas, como pecuária, seriam os principais motivos para a degradação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O turismo de aventura, entendido como um segmento de turismo alternativo, deve ser desenvolvido de maneira sustentável. Este trabalho teve como objetivo avaliar a sustentabilidade das atividades do turismo de aventura em Três Coroas utilizando critérios do ATDI. Pode-se observar na Figura 2 que, de maneira geral, houve predominância de situações que foram consideradas adequadas, ou sustentáveis.

Quais os impactos que a prática de esportes de aventura podem causar na natureza e econômica de determinada região?

Figura 2:
Representação gráfica da avaliação do turismo de aventura em Três Coroas - RS
Autor (2017).

Entretanto, nos resultados apresentados no Quadro 2, concluiu-se que os pilares de número 1 (Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável), 2 (Segurança), 3 (Recursos Naturais) e 6 (Desenvolvimento Humano) apresentaram fatores considerados em situação regular e inadequadas, representados pelas cores amarela e vermelha, respectivamente. Estes fatores vão de encontro aos interesses dos critérios de desenvolvimento sustentável do turismo de aventura segundo o ATDI. Já os itens 4 (Recursos de Aventura) e 8 (Marca) apresentaram-se totalmente de acordo com os critérios do ATDI e foram representados na sua totalidade pela cor verde.

Para a promoção do turismo de aventura em Três Coroas, sugere-se o incentivo à atração de nichos menores, com a implementação de atividades inovadoras, que poderiam valorizar o produto sem necessidade de aumento da demanda e da infraestrutura. A implementação de atrações que ofereçam maior grau de dificuldade aos turistas pode atrair um público exclusivo. Isto poderia, também, destacar o turismo do município perante outros mercados, por oferecer atrações diferenciadas e específicas. Um destino com atividades exclusivas pode atrair turistas vindos de outros estados e países. Isso aqueceria o comércio e setor hoteleiro do município, pois pessoas vindas de locais mais distantes tenderiam a ficar mais tempo, utilizando-se mais da infraestrutura turística oferecida, além de uma maior interação com a cultura e população locais.

A questão da diversificação dos atrativos turísticos também é aspecto a ser considerado para a sustentabilidade do turismo em Três Coroas. A delimitação de áreas turísticas e a promoção de novos segmentos de turismo, como ocorre, por exemplo, com o templo budista, pode significar melhor distribuição e aproveitamento do fluxo de turistas, sem sobrecarregar uma área específica. Além disso, um maior leque de opções de atividades turísticas poderia significar uma resposta à sazonalidade do turismo de aventura.

Outro aspecto que merece maior atenção é a qualidade dos recursos naturais. A constante preocupação com a preservação dos espaços naturais e qualidade da água é fundamental para a continuidade das atividades turísticas. Estudos sobre capacidade de carga nos locais onde são praticadas as atividades são imprescindíveis para garantir a qualidade ambiental.

Localidades que perdem sua atratividade em consequência do turismo de massa também perdem os benefícios trazidos pelos turistas, tendo que arcar com passivos ecológicos, econômicos e sociais. No caso de Três Coroas, encontrou-se um turismo em fase de desenvolvimento, com atores interessados em um crescimento sustentável. Com investimento em pesquisa sobre os impactos ambientais e a (necessária) parceria entre os setores público e privado para o desenvolvimento de um turismo sustentável, é possível tornar o município um exemplo bem-sucedido de turismo alternativo, mais especificamente de turismo de aventura para outros destinos.

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Notas

[1] Arvorismo, bungee jump, cachoeirismo, canionismo, caminhada, cavalgadas, cicloturismo, espeleoturismo, escalada, montanhismo, tirolesa.

[2] Balonismo, paraquedismo, voo livre (asa delta ou parapente).

[3] Boia cross, canoagem, duck, flutuação/snorkeling, kitesurf, mergulho autônomo turístico, rafting, windsurf

[4] Brasil Raft Park, Parque das Laranjeiras e Raft Adventure Park.

[5] Parque público, localizado no município de Três Coroas, em área de Mata Atlântica, é transpassado pelo Rio Paranhana, que apresenta corredeiras de nível II e III, ideais para a prática de esportes de aventura como canoagem, rafting e duck. No local também são praticadas outras atividades, como: rapel, tirolesa, trekking, mountain bike down hill e cross country (Parque das Laranjeiras, 2016).

[6] Brasil Raft Park (www.brasilraft.com.br) e o Raft Adventure Park.(www.brasilraft.com.br).

[7] Hard Infrastructure: estradas; aeroportos; trilhas.

[8] Soft Infrastructure: Mapas; acesso a informações sobre cultura local; lojas e serviços especializados (outfitters).

[9] Fundada em 1986 por atletas de canoagem slalom de Três Coroas. Pelo que foi verificado nas entrevistas, essa associação administra o Parque das Laranjeiras e media a relação entre o poder público e as empresas. A associação não administra os parques privados. A ASTECA apoia e patrocina atletas e promove projetos sociais relacionados à canoagem para crianças de escolas públicas municipais. Para isso, conta com a contribuição mensal das empresas e a receita obtida na cobrança da entrada no Parque das Laranjeiras (ASTECA, 2016).

[10] Em 2015, ocorreu o 7º Desafios da Natureza, realizado no Parque das Laranjeiras. Este evento reuniu atividades de esportes de aventura como downhill, cross country, canoagem, rafting e tiro com arco, além de atividades culturais e espaços para camping. Outro exemplo de acontecimento com temática parecida é o percurso de motocicletas por trilhas no meio da mata, a Trilha Cidade Verde, que no ano de 2015 completou sua 12ª edição. Há ainda a Copa de Futebol Cidade Verde, maior competição de categorias de base do Brasil, que recebe clubes de todo o país e do exterior.

[11] No sistema de cores os itens em verde indicam avaliação positiva, em amarelo, situação regular e em vermelho, estão as situações consideradas inadequadas.

Quais os impactos ambientais causados pelos esportes de aventura na natureza?

Quando os esportes de aventura são realizados por meio de motocicletas off road, nas chamadas “trilhas” podem causar diversos danos socioambientais como erosão do solo, poluição da água, poluição sonora, descarte lixo, incêndios, entre outros.

Quais os impactos ambientais positivos e negativos dos esportes de aventura na natureza?

Durante a prática montanhismo por exemplo, as pessoas podem deixar lixo no caminho e infelizmente poluir o meio ambiente, esse tipo de prática pode ser muito maléfica pois muitos materiais passam muito tempo para se decompor naturalmente o que causa consequentemente uma degradação ambiental.

Quais podem ser as consequências econômicas para a região que exploram a natureza local para práticas esportivas?

Geração de empregos na comunidade; Geração de novas rendas para a região; Melhora na infraestrutura da região; Surgimento de novas alternativas de emprego na área dos esportes.

Qual os impactos da poluição e destruição da natureza nas práticas esportivas como um todo?

Mesmo quando invisível, a poluição é uma grande inimiga das práticas esportivas, podendo tanto prejudicar o desempenho físico quanto causar danos sérios à saúde, incluindo infartos e câncer de pulmão.