Releia o poema de Gregório de Matos e em seguida responda as perguntas propostas

Para responder à questão 3, leia o poema Psicologia de um Vencido, de Augusto dos Anjos:

Psicologia de um Vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,

Monstro de escuridão e rutilância,

Sofro, desde a epigênesis da infância,

A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,

Este ambiente me causa repugnância...

Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia

Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —

Que o sangue podre das carnificinas

Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,

E há de deixar-me apenas os cabelos,

Na frialdade inorgânica da terra.

Augusto dos Anjos

I. Influenciado pela estética parnasiana, Augusto dos Anjos demonstra grande domínio técnico e gosto pela métrica, características evidenciadas através da escolha renitente pelos sonetos;

II. A influência simbolista pode ser percebida através dos temas recorrentes em sua obra, como a fascinação pela morte, a angústia e a utilização de elementos simbólicos, além do uso de metáforas;

III. A adoção do vocabulário científico produz um efeito poético de angústia existencial diante das implacáveis leis da natureza, promovendo assim uma análise sobre a efemeridade humana;

IV. Ao fazer referência ao amoníaco, Augusto dos Anjos estabelece uma metáfora entre o composto químico e a alma do eu-lírico, pois ao fim da vida a matéria se desintegra, mas a alma é inorgânica, por isso mantém-se intacta.

Julgue as proposições:

a) Todas estão corretas.

b) Todas estão incorretas.

c) Apenas IV está correta.

d) I, II e III estão corretas.

e) I e IV estão corretas.

Sobre a poesia de Vinícius de Moraes estão corretas:

I. Sua obra poética costuma ser dividida em duas fases: a primeira é conhecida como “transcendental”, com o predomínio de uma temática mística, e a segunda é conhecida como “materialista”, na qual se percebe um movimento de aproximação do mundo material.

II. Em sua poesia predominam questões de natureza política e social, tais como a liberdade, a justiça, a miséria, a ganância, a traição e o idealismo.

III. O poeta explorou com sensualismo os temas do amor e da mulher por meio do verso livre, aderindo então as propostas dos modernistas de 1922.

IV. Além da poesia sensual, Vinícius interessou-se também pela poesia social. Utilizando uma linguagem simples e direta, o poeta manifestou sua solidariedade às classes oprimidas em poemas como “O operário em construção”.

V. A linguagem empregada em seus poemas afasta-se da linha surrealista, aproximando-se de uma linguagem direta, exata, caracterizada pela economia da linguagem em uma tentativa de geometrizá-la.

a) II e V.

b) III, IV e V.

c) I, II e IV.

d) I, III e IV.

e) I, II e V.

(Ufscar - 2002)

Soneto de fidelidade
(Vinicius de Moraes)

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, delineia-se a ideia de que o poeta

a) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas.

b) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível apaixonar-se por outra e trocar de amor.

c) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de duas pessoas.

d) concebe o amor como um sentimento intenso a ser compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza.

e) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento para as pessoas se entregarem ao amor.

(PUC Rio)

A mulher que passa

Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!

Oh! Como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.

Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontrava se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que boia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.

(Vinicius de Moraes. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, pp.88-89).

A figura da mulher como musa, fonte de inspiração do poeta, é um traço de permanência na literatura brasileira. Seguem-se abaixo trechos de poemas escritos por diferentes autores, em distintos períodos literários, sobre o sentimento que a musa inspiradora provoca no poeta. Aponte a única opção cuja imagem da mulher se distancia por completo da observada no poema de Vinícius de Moraes:

a) "Anjo no nome, Angélica na cara! / Isso é ser flor, e Anjo juntamente: / Ser Angélica flor, e Anjo florente, / Em quem, senão em vós, se uniformara " (Gregório de Matos).

b) "Ai Nise amada! se este meu tormento, / Se estes meus sentidíssimos gemidos / Lá no teu peito, lá nos teus ouvidos / Achar pudessem brando acolhimento" (Cláudio Manuel da Costa).

c) "Se uma lágrima as pálpebras me inunda, / Se um suspiro nos seios treme ainda / É pela virgem que sonhei... que nunca / Aos lábios me encostou a face linda!" (Álvares de Azevedo).

d) "A primeira vez que vi Teresa / Achei que ela tinha pernas estúpidas / Achei também que a cara parecia uma perna" (Manuel Bandeira).

e) "E à noite, ai! como em mal sofreado anseio, / Por ela, a ainda velada, a misteriosa / Mulher, que nem conheço, aflito chamo!" (Alberto de Oliveira).

SONETO DE SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto 
Silencioso e branco como a bruma 
E das bocas unidas fez-se a espuma 
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. 

De repente da calma fez-se o vento 
Que dos olhos desfez a última chama 
E da paixão fez-se o pressentimento 
E do momento imóvel fez-se o drama. 

De repente, não mais que de repente 
Fez-se de triste o que se fez amante 
E de sozinho o que se fez contente. 

Fez-se do amigo próximo o distante 
Fez-se da vida uma aventura errante 
De repente, não mais que de repente.

Sobre o poema de Vinícius de Moraes, é correto afirmar, exceto:

a) O poema Soneto de separação possui forma fixa e regular, formado por quatro estrofes, quatorze versos, dois quartetos e dois tercetos. Vinícius está entre os poetas que consagraram o soneto no Brasil.

b) O recurso da antítese em “fez-se” e “desfez-se” revela, sob certo aspecto, a inconstância na vida amorosa de Vinícius, que ao longo da vida casou-se várias vezes.

c) O soneto é composto por um jogo antitético: riso x pranto,  calma x vento; triste x contente e próximo x distante, o que confere certo dinamismo ao soneto.

d) No soneto, o poeta utiliza vocábulos do cotidiano, pouco comuns nesse tipo de composição. Pode-se observar também que o erotismo é recriado a partir de uma forma clássica e de uma linguagem direta.

Qual a principal contradição do poema?

c) Qual a principal contradição do poema? A de que quanto mais o poeta comete pecados, mais o Senhor deve perdoá-lo para que Ele não perca a sua ovelha (o poeta). Quanto maior for o pecado cometido, tão maior deve ser o poder de Deus para perdoá-lo.

Qual é o tema do poema de Gregório de Matos?

Temas abordados e poemas São três os principais temas abordados por Gregório de Matos: a poesia amorosa, a poesia religiosa e a poesia satírica.

Quais as características dos poemas de Gregório de Matos?

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS A poesia de Gregório de Matos é religiosa e lírica [ver Antologia]. Absolutamente conforme com a estética do Barroco, abusa de figuras de linguagem; faz uso do estilo cultista e conceitista, através de jogos de palavras e raciocínios sutis.

Quais são os principais poemas de Gregório de Matos?

Poemas escolhidos de Gregório de Matos (análise da obra).
À cidade da Bahia. Triste Bahia! ... .
A Jesus Cristo Nosso Senhor. Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, ... .
Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem. Ardor em firme Coração nascido; ... .
E isto é o amor? Mandai-me Senhores, hoje..