O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?

Inspirada nas vanguardas europeias, a SAM reuniu nomes como Mário de Andrade, Anita Malfatti e Cândido Portinari e buscou valorizar a cultura do Brasil

Entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, aconteceu em São Paulo a semana que foi o marco do rompimento com o conservadorismo das artes no Brasil: a Semana de Arte Moderna (SAM). Artistas como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos e Di Cavalcanti foram grandes destaques do evento e tinham como objetivo seguir a linhagem futurista que surgiu na Europa após a Primeira Guerra Mundial. Além disso, os organizadores também pensaram em trazer uma arte que trouxesse, em maior peso, a essência da cultura brasileira.

Em 1922, as obras não foram recebidas de modo positivo — o que ficou evidente pelas vaias que o autor Manuel Bandeira recebeu ao ler o poema “Os Sapos” na abertura da Semana. Agora, porém, críticos reconhecem que o movimento foi extremamente importante para que a arte atingisse o caráter social e denunciatório, incluindo as minorias.

As obras, que incluem pinturas, esculturas, peças literárias e musicais, trazem reflexões que podem ser aplicadas ao contexto contemporâneo, como “Operários”, de Tarsila do Amaral, a qual trata sobre o período da industrialização brasileira. Por isso, no aniversário de 100 anos da SAM, relembramos algumas das obras da exposição e também inspiradas por ela.

  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Os operários” (1933), de Tarsila do Amaral. Tarsila, seguindo as características modernistas iniciadas após o evento da Semana da Arte Moderna, deseja denunciar e expor a industrialização brasileira, momento histórico marcado pela migração de trabalhadores, classe ainda muito vulnerável e explorada, sem leis que a defendessem propriamente.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “A estudante” (1915-1916), de Anita Malfatti. A pintora Anita Malfatti foi uma figura emblemática no evento, já que foi constantemente atacada pelo autor Monteiro Lobato, que a via como uma artista “rebelde sem causa”. Mas, contrariando as expectativas de Lobato, ela foi responsável pelo estopim da Semana, com diversas obras aclamadas pela crítica. Além disso, Malfatti também foi um marco relacionado ao feminismo, porque anteriormente ao seu legado, o mundo da arte era, em sua maioria, dominado por homens.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “A ventania” (1915), de Anita Malfatti. A composição A Ventania, da artista brasileira Anita Malfatti, é influenciada pelo trabalho do holandês Vincent van Gogh por apresentar pinceladas de textura espessa, ressaltadas e rápidas. Nela, o vento é o elemento principal, ao dobrar tudo que à sua volta se encontra, com sua força colossal, num turbilhão de formas e cores.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “O homem amarelo” (1917), de Anita Malfatti. O retratado nesta obra, segundo Anita, era um homem pobre, excluído e desconhecido, um imigrante italiano que lhe pediu para posar para ela, com uma “expressão desesperada”. Ele traz uma aguda melancolia no seu olhar vago e distante. Ainda que se apresente de gravata, seu paletó encontra-se visivelmente desgastado e mal ajeitado no corpo contorcido, transpondo os limites da tela, característica comum aos trabalhos da pintora. Seus olhos escuros são delimitados por contornos pretos, com espessas sobrancelhas em forma de acento circunflexo.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    Apresentações de Guiomar Novaes — Foto: Reprodução/Instituto Piano Brasileiro. Além de promover uma renovação na temática artística, a SAM apresentou também possibilidades para as mulheres apresentarem suas obras. Dessa forma, algumas das mostras musicais da Semana de Arte foram compostas por Guiomar Novaes, considerada por muitos a maior pianista brasileira.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Os Carnavais” (1968), de Di Cavalcanti. Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976) dedicou-se ao tema do Carnaval, das máscaras e dos pierrôs e colombinas. Fascinado pelo tema carnavalesco, quer como um retrato da festa de rua, quer como um devaneio, foi responsável por uma pintura onírica e sensual.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Pierrete” (1922), de Di Cavalcanti. O estilo artístico de Di Cavalcanti é marcado pela influência do expressionismo, cubismo e dos muralistas mexicanos (Diego Rivera, por exemplo). Abordou temas tipicamente brasileiros como, por exemplo, o samba. Em suas obras são comuns também os temas sociais do Brasil, como festas populares, operários, as favelas, protestos sociais, etc.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Cabeça de Cristo” (1919-1920), de Victor Brecheret — Foto: Reprodução/IEB USP. A escultura “A cabeça de Cristo” é uma das únicas que tem seu paradeiro conhecido, já que,das 13 esculturas que formam a obra, apenas quatro estão expostas: “Cabeça de Cristo” e “Vitória” estão no acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP), “Soror Dolorosa” está no Museu casa Guilherme de Almeida, e “Cabeça de Mulher” está na Pinacoteca de São Paulo.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “O Artesão” (1922), de Vicente de Rego Monteiro. Em 1920, Vicente de Rego Monteiro realizou uma exposição de quadros explorando motivos indígenas, que foi considerada pela crítica como futurista. Aproximou-se da corrente modernista de pintura de São Paulo, especialmente de Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral, além do romancista Oswald de Andrade.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “O mestiço” (1934), de Cândido Portinari. Em suas obras, Portinari buscava escancarar a diversidade e a dificuldade enfrentada pelo povo brasileiro. Assim, “O mestiço”retrata um lavrador de cafezal, referência à sua infância em Brodowski, na região de Ribeirão Preto.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “O Abaporu” (1928), de Tarsila do Amaral. A tela foi batizada de Abaporu por Oswald de Andrade em uma junção dos vocábulos tupis aba (homem), pora (gente) e ú (comer). Sendo assim, seu significado é “homem que come gente” ou “homem antropófago”. Neste trabalho, é retratada uma figura humana sentada numa posição pensativa em uma paisagem árida e ensolarada.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Amigos (Boêmios)” (1921), de Di Cavalcanti. Atualmente no acervo da Pinacoteca de São Paulo, “Amigos (boêmios)” foi criado em 1921 por Di Cavalcanti (1897-1976). O pintor carioca se destacou nas Artes Plásticas por retratar aspectos populares da cultura brasileira, a exemplo das favelas, do samba e do carnaval.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Macunaíma” (1928), de Mário de Andrade. Obra consagrada de Mário de Andrade, defensor do Manifesto Antropofágico, o livro reúne a história dos “três povos formadores do Brasil”: pretos, indígenas e europeus, por meio da história de Macunaíma. O personagem seria o “herói de nossa gente, preto retinto e filho do medo da noite”, um menino que por meio da magia virou adulto logo cedo, se transformando no “herói sem nenhum caráter”.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Cabeças negras” (1920), de Vitório do Rego Monteiro. Em contraste com as paisagens europeias, o pernambucano Vicente do Rêgo Monteiro é um dos primeiros a evocar assuntos brasileiros em suas telas. Cabeças Negras evidencia o tema e também se destaca por sobretudo se assemelhar à plasticidade e à delicadeza impressionista, valorizando a luz para compor a tela.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Paulicéia desvairada” (1922), de Mário de Andrade. A coleção de poemas “Paulicéia desvairada” fala sobre a experiência paulistana da época, sempre com um tom irreverente, se afastando da estética utilizada pela poesia nacional até então.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Paisagem da Espanha” (1917), de John Graz. O autor da obra, o pintor suíço-americano John Graz, foi outro dos artistas convidados a expor na Semana de Arte Moderna. Hoje, o quadro está em exibição na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Retrato do Desembargador Gabriel Gonçalves Gomide” (1917), de John Graz. O autor da obra, John Graz, participou da Semana de 22 por conta da amizade com Oswald de Andrade, expondo sete obras. Também foi um dos sócios-fundadores da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM), em 1932. Entre as obras escolhidas para fazer parte da exposição, estava a tela “Retrato do Desembargador Gabriel Gonçalves Gomide”, de 1917.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Libertinagem” (1930), de Manuel Bandeira. Com esse livro, que apresenta a famosa poesia “Vou-me embora pra Pasárgada”, Manuel foi considerado ícone modernista pelo tom debochado, sem apego à tradição poética nacional.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “O homem de sete cores” (1915-1916), de Anita Malfatti. Apesar de ter sido pintada durante a estadia de Malfatti nos Estados Unidos, a obra teve acréscimos após o retorno da artista ao Brasil, devido à influência do movimento nacionalista que recebeu no país. Pode-se notar que a cabeça da figura não está inserida toda na tela, apenas uma parte em que se vê o queixo e parte da boca, sem qualquer equilíbrio estético. O mesmo acontece com parte do pé esquerdo, sinal de que a pintora não se atrelava à tradição dominante da época.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Bachianas Brasileiras” (1930), de Heitor Villa-Lobos. Conjunto de nove sinfonias inspiradas pela música do alemão Johann Sebastian Bach, mas representando elementos da cultura brasileira, como a vida rural e o folclore local.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “O farol” (1915-1916), de Anita Malfatti. Anitta pintou a obra ao ar livre na ilha de Monhegan, na costa leste estadunidense, quando era aluna do professor Homer Boss. A imagem revela as influências expressionistas aprendidas durante o tempo em que passou estudando na Alemanha. A pintora distribui sobre a tela uma infinidade de cores fortes e vibrantes, que repassam grande dinamismo.
  • O que foi exposto na Semana de Arte Moderna?
    “Espírito moderno” (1923), de Graça Aranha. O livro-ensaio “Espírito moderno” coloca as visões do escritor Graça Aranha para o modernismo brasileiro, postulando toda a ideia de ruptura com os elementos do passado, a busca por um olhar crítico e legitimamente brasileiro e pela inclusão da cultura do país no cenário cosmopolita global.

O que foi apresentado na Semana de Arte Moderna?

A Semana de Arte Moderna aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. Música, poesia, pintura, dança, entre outros foram apresentados durante o período. Apesar de inspirações europeias, a proposta foi explorar a brasilidade e valorizar o território nacional como berço de inspiração cultural.

Quais foram as principais obras expostas na Semana da Arte Moderna?

Os 100 anos da Semana de Arte Moderna: veja obras mais famosas dos pintores do movimento.
Abaporu - Tarsila do Amaral..
O Homem Amarelo - Anita Malfatti..
Pierrete - Di Cavalcanti..
O Artesão - Vicente do Rego Monteiro..
Paisagem da Espanha - John Graz..
Operários - Tarsila do Amaral..
A Estudante - Anita Malfatti..

Que atividades foram desenvolvidas durante a Semana da Arte Moderna?

A Semana de Arte Moderna, também chamada Semana de 1922, foi uma manifestação artístico-cultural que contou com apresentações de dança, música, recital de poesias, exposições e palestras. O evento realizado no Teatro Municipal de São Paulo é considerado o marco do Modernismo no Brasil.

Qual foi o principal objetivo da Semana de Arte Moderna de 1922?

Sendo assim, o objetivo da Semana de Arte Moderna era inserir essas novas tendências de arte no cenário brasileiro, assim como romper com os modelos antigos. Para isso, o evento reuniu artistas de diferentes vertentes – desde a literatura até as artes plásticas – para apresentar suas obras.