A República Velha, também conhecida como Primeira República, é a primeira fase da república brasileira e estendeu-se de 1889 a 1930. Esse período ficou profundamente marcado na história brasileira por ter sido quando as grandes oligarquias controlavam a política do Brasil por meio de esquemas de troca de favores. Show
Esse controle enfraqueceu-se na década de 1920, motivando grandes movimentos de contestação. O resultado do enfraquecimento do sistema oligárquico levou à Revolução de 1930, levante armado que resultou na subida de Getúlio Vargas à presidência do Brasil. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Veja mais: Positivismo – teoria política na qual Deodoro da Fonseca fortemente se inspirou Proclamação da RepúblicaA Primeira República iniciou-se com a proclamação da república, em 15 de novembro de 1889. Esse acontecimento foi resultado do enfraquecimento da monarquia brasileira, sobretudo entre os militares, grupo insatisfeito desde o final da Guerra do Paraguai. O movimento republicano no Brasil ganhou força a partir da década de 1870. Uma série de fatores contribuíram para que a monarquia fosse derrubada no Brasil. Economicamente o país não ia bem; havia insatisfação com o fato do trono ser herdado pela princesa Isabel e seu marido, o conde d’Eu; os militares sentiam-se desvalorizados; os grandes proprietários de terra sentiam-se traídos pela abolição da escravatura; e a relação com a Igreja estava abalada. Esse contexto fez com que o Exército mobilizasse uma conspiração envolvendo personalidades da sociedade civil. Em novembro de 1889, o movimento contra a monarquia estava organizado e foi colocado em prática quando o marechal Deodoro da Fonseca concordou em derrubar o Visconde de Ouro Preto. Depois que isso aconteceu, o vereador José do Patrocínio proclamou a república no Rio de Janeiro. Presidentes da República VelhaAo longo da Primeira República, o Brasil foi governado por 13 presidentes. O sistema de escolha presidencial no Brasil era baseado na eleição direta (houve exceções), e os critérios de quem poderia votar foram determinados pela Constituição de 1891. Entretanto, o modo eleitoral da Primeira República foi marcado pela fraude, e as eleições tenderam a ser uma disputa de cartas marcadas. Os presidentes que governaram o Brasil durante essa fase foram os seguintes:
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) As duas exceções presidenciais não eleitas de forma direta foram Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. O primeiro governou o Brasil como presidente provisório nomeado em 1889, e no começo de 1891, atuou eleito de maneira indireta. Como ele renunciou ao cargo em novembro de 1891, o seu vice, Floriano Peixoto, assumi-o. A posse de Floriano aconteceu de maneira ilegal, já que a Constituição de 1891 previa nova eleição para a escolha. Durante a Primeira República, dois presidentes eleitos acabaram não assumindo o cargo. O primeiro deles foi Rodrigues Alves, eleito em 1918, não pode assumir porque contraiu gripe espanhola e faleceu em consequência da doença. Em 1930, Júlio Prestes foi eleito, mas não assumiu porque um levante armado (Revolução de 1930) impediu sua posse. Saiba mais: As piores epidemias das história – confira nossa lista CaracterísticasImpossível falar de Primeira República e não abordar o poder e a influência das oligarquias na política do país. Essas oligarquias eram grupos ligados à elite econômica do país e, em geral, formados por grandes proprietários de terra. O poderio econômica dava-lhes poder intimidatório sobre a população e garantia-lhes o domínio da política brasileira. As práticas das oligarquias em nosso país durante a Primeira República resultaram em: mandonismo, coronelismo e clientelismo. Esses são conceitos-chaves para compreender-se o funcionamento da política e da sociedade brasileira durante a Primeira República. O mandonismo faz menção ao poder de controle que um grupo (os poderosos) tinha sob a população empobrecida, usando de sua influência para forçar as pessoas a agirem como o interesse dele ditava. O coronelismo refere-se ao poder que o coronel, o grande proprietário, tinha sobre a localidade na qual residia. A atuação do coronel era fundamental para garantir os interesses da oligarquia, pois, para essa figura, era pela intimidação que esse sistema político fraudava as eleições, o que podia ocorrer por meio do voto de cabresto, da compra de votos ou da manipulação dos votos. Por fim, o clientelismo é relacionado com o sistema de troca de favores que existia entre dois atores politicamente desiguais. Assim sendo, quando um coronel oferecia um emprego público a alguém em troca do voto em determinado candidato, a manutenção dessa pessoa naquele cargo dependia desse ato e da vitória do candidato que o coronel defendia.
Além dessas três características, existem dois grandes acordos entre as oligarquias que controlavam a política do Brasil. A Política dos Governadores era o primeiro deles e fazia menção ao sistema instituído pelo presidente Campos Sales durante seu governo. Essa prática era uma aliança existente entre o Executivo e o Legislativo no Brasil. Seu funcionamento dava-se da seguinte maneira: o Governo Federal apoiava a oligarquia mais forte de cada estado brasileiro. Isso acontecia para enfraquecer as disputas locais, que, no caso de alguns estados, como o Rio Grande do Sul, eram bem violentas. Esse apoio não seria dado de graça, e o governo esperava que cada oligarquia se mobilizasse e elegesse seus candidatos, e exigia que esses candidatos defendessem as pautas do governo no Legislativo. A figura-chave no funcionamento da Política dos Governadores era o coronel porque, como mencionado, era ele quem fazia a intimidação dos eleitores e a compra dos votos, e, quando isso não fosse o suficiente, a manipulação das atas eleitorais era realizada sem o menor pudor. Em resumo, a fraude eleitoral, era papel a ser cumprido pelo coronel. Caso queira saber mais sobre esse acorodo, leia: Política dos Governadores.
Esse é outro conceito muito visto no estudo da Primeira República. Basicamente, a Política do Café com Leite trata da aliança existente entre as oligarquias de Minas Gerais e São Paulo para que um revezamento fosse realizado entre elas, tendo-se em vista a eleição dos presidentes brasileiros. Essa aliança reunia as duas maiores oligarquias do Brasil. É importante considerarmos que o pacto entre Minas Gerais e São Paulo não se estendeu durante toda a Primeira República. Além disso, outras oligarquias tinham grande poder político e conseguiram eleger outros presidentes durante o período. Também, a aliança entre as duas oligarquias foi rompida em determinados momentos. Para aprofundar-se acerca dela, leia: Política do Café com Leite. Revoltas e movimentos sociaisA Primeira República foi uma fase de nossa história rica em revoltas e mobilização social — demonstrações claras da insatisfação do povo com o sistema político e com a desigualdade que existia no Brasil. Foi um período em que a luta dos movimentos sociais começou a mobilizar-se. No entanto, a mobilização popular não era bem-vista pelos governantes brasileiros, pois não havia interesse deles em atender os direitos do povo, mas sim em atender a elite que governava o país e da qual eles faziam parte. Em outros casos, as revoltas podiam ser motivadas pela disputa de interesses que havia no país entre membros da elite. Dentre as revoltas e os movimentos sociais que aconteceram durante a Primeira República, podem ser citados:
Acesse também: Coluna Prestes - uma das maiores revoltas da Primeira República Revolução de 1930O sistema oligárquico entrou em decadência na década de 1920. Um sintoma claro disso foi o surgimento de um movimento de contestação, no interior do Exército brasileiro, contra o seu funcionamento. Esse movimento ficou conhecido como tenentismo e organizou revoltas em diferentes partes do país, como Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Entretanto foi um desentendimento intra-oligárquico que fez com que todo o sistema político da Primeira República implodisse. Em 1930, o presidente Washington Luís deveria apoiar um candidato de Minas Gerias, conforme estabelecia a Política do Café com Leite, mas decidiu lançar outro paulista e anunciou a candidatura de Júlio Prestes. Minas Gerais rompeu com São Paulo, aliou-se com o Rio Grande do Sul e lançou Getúlio Vargas. Júlio Prestes venceu a eleição, porém não assumiu a presidência porque membros da chapa de Vargas, a Aliança Liberal, iniciaram um levante armado contra o presidente depois que João Pessoa, vice de Vargas, foi assassinado. O assassinato não tinha relações com a disputa eleitoral. O levante armado, que ficou conhecido como Revolução de 1930, iniciou-se em 3 de outubro, e, no dia 24 do mesmo mês, Washington Luís foi destituído da presidência, e Júlio Prestes, proibido de assumi-la. Em novembro, Vargas foi convidado para ser presidente do Brasil em caráter provisório, e assim foi iniciada a Era Vargas. Resumo sobre a Primeira República
Exercícios sobre a Primeira RepúblicaQuestão 01 (Enem/2019) A Revolta da Vacina (1904) mostrou claramente o aspecto defensivo, desorganizado, fragmentado da ação popular. Não se negava o Estado, não se reivindicava participação nas decisões políticas; defendia-se valores e direitos considerados acima da intervenção do Estado. CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 (adaptado). A mobilização analisada representou um alerta, na medida em que a ação popular questionava a) a alta de preços. b) a política clientelista. c) as reformas urbanas. d) o arbítrio governamental. e) as práticas eleitorais. Resolução: LETRA D A Revolta da Vacina foi resultado da insatisfação popular com a campanha de vacina compulsória realizada pelo governo na capital, na época, a cidade do Rio de Janeiro. A truculência pela qual a campanha aconteceu gerou revolta na população, que já estava insatisfeita com o processo violento de modernização do Rio de Janeiro, fazendo com que milhares de pessoas fossem expulsas do centro da cidade. Questão 02 (Enem/2018) Rodrigo havia sido indicado pela oposição para fiscal duma das mesas eleitorais. Pôs o revólver na cintura, uma caixa de balas no bolso e encaminhou-se para seu posto. A chamada dos eleitores começou às sete da manhã. Plantados junto da porta, os capangas do Trindade ofereciam cédulas com o nome dos candidatos oficiais a todos os eleitores que entravam. Estes, em sua quase totalidade, tomavam docilmente dos papeluchos e depositavam-nos na urna, depois de assinar a autêntica. Os que se recusavam a isso tinham seus nomes acintosamente anotados. VERISSIMO, E. O tempo e o vento. São Paulo: Globo, 2003 (adaptado) Érico Veríssimo tematiza em obra ficcional o seguinte aspecto característico da vida política durante a Primeira República: a) Identificação forçada de homens analfabetos. b) Monitoramento legal dos pleitos legislativos. c) Repressão explícita ao exercício de direito. d) Propaganda direcionada à população do campo. e) Cerceamento policial dos operários sindicalizados. Resolução: LETRA C A questão faz menção a uma prática comum durante as votações na Primeira República: o voto de cabresto. Nessa prática o coronel, a grande figura do mundo rural no interior do Brasil, usava de seu poderio econômico e sua posição para intimidar os votantes a escolherem o candidato que ele apoiasse. A intimidação do eleitor não era a única forma de fraude eleitoral, sendo realizada, também, a compra de votos e a manipulação das atas eleitorais. Crédito das imagens [1] FGV/CPDOC Publicado por Daniel Neves Silva Quais foram as principais características da Primeira República?A Primeira República pode ser dividida em República da Espada e República Oligárquica. Outras características importantes desse período foram mandonismo, clientelismo e coronelismo. O Convênio de Taubaté foi um acontecimento importante, pois garantiu os interesses dos cafeicultores paulistas.
Quais as principais características do período da República?A República Velha, também chamada de Primeira República, foi um período da história brasileira que se iniciou em 1889, com a Proclamação da República, e que se encerrou com a Revolução de 1930. As principais características da República Velha foram o mandonismo, o clientelismo e o coronelismo.
Qual a principal característica política da Primeira República?A Primeira República é marcada pelo predomínio das oligarquias na política brasileira. O coronelismo, o clientelismo e o mandonismo são características essenciais do funcionamento do sistema político da Primeira República.
|