Qual o significado de desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade e sua importância?

DESENVOLVIMENTO SUSTENT�VEL OU SUSTENTABILIDADE?

Valdir Lamim-Guedes

Bi�logo e Mestre em Ecologia pela Universidade Federal de Ouro Preto

Professor na ONG Educadores sem Fronteiras e no Centro Universit�rio Senac

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Resumo: Os conceitos de desenvolvimento sustent�vel ou sustentabilidade n�o s�o homog�neos, variando da rela��o com tr�s dimens�es ou pilares - econ�mico, ambiental e social � para vis�es mais complexas, com diversas dimens�es, como a inser��o do aspecto cultural como vari�vel a considerar. A percep��o de que n�o h� uma homogeneidade nos dois conceitos favorece uma percep��o mais cr�tica da realidade. Neste sentido, relatamos uma atividade realizada em um curso de p�s-gradua��o lato sensu em Educa��o Ambiental, na modalidade � dist�ncia. Trata-se de um f�rum no qual � proposta a discuss�o sobre os diferentes entendimentos dos conceitos de desenvolvimento sustent�vel ou sustentabilidade. A diversidade de entendimentos apresentada pelos participantes permite a compreens�o dos v�rios discursos em torno destes conceitos, situa��o que possibilita uma an�lise cr�tica da sociedade.

Palavras-chaves: Educa��o Ambiental; Educa��o � Dist�ncia; Discursos ambientais.

Introdu��o

Desenvolvimento sustent�vel ou sustentabilidade?

A problem�tica que envolve a sustentabilidade assumiu papel central na reflex�o em torno das dimens�es do desenvolvimento e das alternativas que se configuram para garantir equidade e articular as rela��es entre o global e o local (JACOBI, 1999, p. 175). Neste sentido, foi proposto o conceito de Desenvolvimento Sustent�vel, que envolve ideias de pacto intergeracional e perspectiva de longo prazo: �por desenvolvimento sustent�vel entende-se o desenvolvimento que satisfaz as necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gera��es futuras para satisfazerem as suas pr�prias necessidades� (CMMD, 1991, p. 9).

A proposi��o do Desenvolvimento Sustent�vel nos anos 1980 deve-se a um processo de mudan�a nas concep��es de modelos de desenvolvimento. O cen�rio criado pela percep��o da crise ambiental nas d�cadas de 1960 e 1970 gerou uma s�rie de respostas, como a publica��o do livro Primavera silenciosa (t�tulo original Silent Spring) por Rachel Carson, em 1962; a Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em 1972; e a publica��o do relat�rio Limites do Crescimento, em 1972.

�Poder�amos dizer que a ideia de desenvolvimento dur�vel foi encampada pelo conceito de desenvolvimento sustent�vel e est� fortemente associada a este conceito no debate que se estende durante os anos 90 e permanecem em pauta at� agora� (SCOTTO, CARVALHO e GUIMAR�ES, 2009, p. 26). Segundo Scotto, Carvalho e Guimar�es (2009, p. 8), "a no��o de desenvolvimento sustent�vel e a pr�pria ideia de sustentabilidade s�o, mais do que conceitos homog�neos e bem delimitados, campos de disputa sobre diferentes concep��es de sociedade�. Isto �, h� uma quest�o de ideologia por detr�s dos discursos, que pode se tornar objeto de estudo da An�lise do Discurso e de outras �reas do conhecimento.

A situa��o � que a discuss�o acerca do desenvolvimento sustent�vel passou a apontar para uma tr�ade envolvendo os meios social, ambiental e econ�mico, o chamado tri�ngulo da sustentabilidade (em ingl�s, triple bottom line). O triple bottom line foi criado pelo consultor brit�nico John Elkington em 1997 e refere-se � necessidade de uma gest�o empresarial voltada a suas tr�s dimens�es, em que ingl�s come�am pela letra �p�: �profit�, �people� e �planet�.

�A verdade, contudo, � que em 1992 essa bizarra par�bola dos �tr�s pilares� nem sequer havia sido inventada. Ela s� come�ou a ser difundida a partir de 1997, e no contexto das empresas, n�o das na��es� (VEIGA, 2013, p. 108).

Nada permite inferir da leitura do relat�rio Brundtland [ou Nosso Futuro Comum, referenciado aqui como CMMD (1991)] que o desenvolvimento sustent�vel teria apenas tr�s dimens�es. Ainda temos que essa no��o poderia ter sido manchada pela met�fora mec�nica de �pilares� a serem �equilibrados�. Ao contr�rio: nas raras vezes em que o relat�rio usa o termo �dimens�es�, apresenta longas listas, e que terminam com significativas �etc.� (VEIGA, 2013, p. 109-110).

Assim, este conceito do tri�ngulo nasceu no mundo empresarial e manteve-se limitado a uma vis�o simplista da realidade.

Segundo Scotto, Carvalho e Guimar�es (2009, p. 35 e 36):

Embora pretenda ter uma a��o abrangente e �global�, o desenvolvimento sustent�vel � um conceito elaborado dentro da esfera de um pensamento orientado pela l�gica econ�mica e com esta refer�ncia pensa a sociedade. A via de internaliza��o dos custos ambientais, seja na forma de condicionantes ambientais nas rela��es internacionais ou ainda na forma de internaliza��o de custos nos produtos finais, segue o modelo de sociedade de mercado. (...)

O conceito de desenvolvimento sustent�vel tem alimentado muitas propostas que apontam para novos mecanismos de mercado como solu��o para condicionar a produ��o � capacidade de suporte dos recursos naturais (...). mas a quest�o que permanece em aberto � se estes mecanismos ser�o capazes de reorientar a l�gica mercantil da sociedade ocidental de consumo, sendo efetivamente um freio � degrada��o ambiental, ou se estar�amos apenas vendo surgir um novo tipo de mercado �verde�.

Por outro lado, em contraposi��o ao tri�ngulo da sustentabilidade, a discuss�o da sustentabilidade envolve outras dimens�es, al�m dos 3 pilares. De acordo com o posicionamento de Ignacy Sachs (2002), h� pelo menos 8 dimens�es da sustentabilidade [eram 5 em 1993 (SACHS, 1993), mas atualmente ele trabalha com 8 (SACHS, 2002); Veja mais detalhes em Lamim-Guedes (2012) e LAMIM-GUEDES e INOC�NCIO (2013)].

Do desenvolvimento sustent�vel � sociedade sustent�vel:

a discuss�o que se dava no �mbito da sociedade civil via muitos limites no conceito de desenvolvimento sustent�vel, destacando a precariedade, a ambiguidade deste conceito que refor�ava a ideia de desenvolvimento sem enfrentar suas principais contradi��es. O fato do desenvolvimento sustent�vel se apresentar com estas caracter�sticas tornava-o de f�cil assimila��o por setores da sociedade que tem termos de projeto pol�ticos eram advers�rios hist�ricos, como por exemplo, ambientalistas e empres�rios. (...) a principal contradi��o apontada era de que o desenvolvimento sustent�vel buscava conciliar economia e ecologia sem romper com os pressupostos do modelo de desenvolvimento que estava na origem da crise social e ambiental. (...)

Um dos deslocamentos importantes que, ao longo dos anos 90, se pode observar neste debate � da no��o de desenvolvimento sustent�vel para a ideia de sociedade sustent�vel (SCOTTO, CARVALHO e GUIMAR�ES, 2009, p. 47 e 48).

F�rum on-line sobre os conceitos de Desenvolvimento sustent�vel e sustentabilidade

A proposta alvo deste texto foi desenvolvida em uma turma de p�s-gradua��o lato sensu de Educa��o Ambiental, na modalidade � dist�ncia. Um aluno deste curso questionou por qu�, no material did�tico, �o conceito de sustentabilidade se op�e ao de desenvolvimento sustent�vel�. Neste sentido, foi proposto um f�rum on-line com o seguinte enunciado:

Dada a d�vida do aluno XX, proponho que n�s reunamos mais informa��es sobre esta distin��o, baseando em artigos e livros (ou seja, sites devem ser evitados). � importante conhecer o que os te�ricos da �rea dizem sobre o assunto. � este tipo de vis�o que dever� ser usada como base no Trabalho de Conclus�o de Curso.

A proposta pedag�gica por tr�s desta atividade � socioconstrutivista, influenciada pelas ideias de Lev Vygotsky (1896-1934), Jean Piaget (1896-1980) e Paulo Freire (1921-1997), que destacam a import�ncia da intera��o e contexto sociais para a aprendizagem (MATTAR, 2013).

A primeira parte do texto �Desenvolvimento sustent�vel ou sustentabilidade?� foi a postagem inicial para que os alunos debatessem. O f�rum ficou ativo por cerca de uma semana, durante o m�s de mar�o de 2015.

Ao todo, este f�rum teve 13 participantes e 26 postagens, sendo 8 realizadas pelo professor-tutor, que fez a media��o estimulando o debate. Apesar do n�mero relativamente pequeno de participantes (a turma tem pouco mais de 50 alunos), as postagens foram extensas, com textos citando fontes e as respectivas refer�ncias bibliogr�ficas. Esta � uma situa��o interessante, pois esta � a primeira disciplina do curso para estes alunos de um total de 10 disciplinas ao todo, incluindo um Trabalho de Conclus�o de Curso. Al�m disto, aconteciam mais 4 f�runs desta disciplina ao mesmo tempo.

A seguir, destacamos algumas postagens dos alunos, em excertos sem a autoria revelada, sendo apresentada apenas uma postagem por aluno. As informa��es entre [colchetes] s�o coment�rios para contextualizar ou esclarecer as postagens.

O Aluno 1 traz um coment�rio que endossa a vis�o de uma completa reformula��o do modus operandi atual:

Dois voc�bulos similares, por�m com sentidos bastante diversos, diria mesmo, em parte, opostos. Desenvolvimento � uma palavra que, no conceito acima [fazendo refer�ncia do texto inicial do f�rum], est� inscrita na ideia da produ��o e lucro, dos meios de produ��o, do cont�nuo progresso. Sendo assim inscrita, ela compactua e mant�m o alicerce da estrutura hegem�nica do pensamento capitalista, colocando um teor "sustent�vel" para poder dar conta da press�o global junto a degrada��o desenfreada que a humanidade sofre em todo o meio-ambiente. Sustentabilidade remete a uma nova maneira de pensar, fomenta uma racionalidade agregadora do sentido primordial do equil�brio e respeito � natureza, a gera��o de uma nova mentalidade e percep��o que possa abranger os campos do sens�vel e do intelig�vel, tendo como princ�pio a valoriza��o das subjetividades culturais e regionais. Esta forma de pensamento ambiental rompe a ideia de totalidade, globaliza��o, recursos naturais, conceitos inscritos no bojo da ideia do desenvolvimento sustent�vel.

Ent�o, mais do que diferentes vis�es a respeito da quest�o do meio ambiente, mais do que apenas "o que" h� nas diferen�as entre uma express�o e a outra, necess�rio observar o "porqu�" das diferen�as. A discuss�o � pol�tico-econ�mica, n�o apenas ambiental. Nesse sentido, a educa��o ambiental para a sustentabilidade, sendo inclusive nossa forma��o em processo, precisa ser muito bem embasada e de pessoas seriamente comprometidas com as realidades das disputas conceituais e caminhos epistemol�gicos que muitas vezes sugerem a manuten��o da realidade atrav�s da dissemina��o da ideia do desenvolvimento sustent�vel como a mesma de sustentabilidade. A manipula��o atrav�s da ignor�ncia e da desinforma��o e da n�o forma��o ser� sempre a melhor arma contra o caminho de uma sustentabilidade poss�vel.

Isto deve-se ao fato de que a quest�o ambiental representa uma s�ntese dos impasses que o modelo atual de civiliza��o acarreta, chamada crise civilizat�ria. Neste contexto, a supera��o dos problemas acarretados exigir� mudan�as profundas na concep��o de mundo, de natureza, de poder e de bem-estar, tendo por base novos valores individuais e sociais. Faz parte desta nova vis�o de mundo, a percep��o de que o homem n�o � o centro da natureza (BRASIL, 1996, p. 179). Tal situa��o � apresentada pelo ge�grafo Carlos Walter Porto-Gon�alves (2013, p. 15) da seguinte forma:

com a quest�o ambiental estamos diante de quest�es de claro sentido �tico, filos�fico e pol�tico. (...) O que fazer com o nosso antropocentrismo quando olhamos do espa�o nosso planeta e vemos o qu�o pequeno ele � e quando passamos a saber que, enquanto esp�cie humana, somos apenas uma entre tantas esp�cies vivas de que nossas vidas dependem?

Dizer que a problem�tica ambiental �, sobretudo, uma quest�o de ordem �tica, filos�fica e pol�tica � se desviar de um caminho f�cil que nos tem sido oferecido: o de que devemos nos debru�ar sobre solu��es pr�ticas, t�cnicas, para resolver os graves problemas de polui��o, desmatamento, de eros�o. Esse caminho nos torna prisioneiros de um pensamento herdado que �, ele mesmo, parte do problema a ser analisado. H� uma cren�a acr�tica de que existe, sempre, uma solu��o t�cnica para tudo.

Melhorias duradouras nas condi��es de vida, baseadas na vis�o de sustentabilidade, focadas na busca de formas mais sustent�veis para a produ��o industrial e agropecu�ria, a��es que incentivem a justi�a social, uso racional dos recursos naturais e o combate ao consumo exagerado s�o os grandes desafios neste momento de crise civilizat�ria.

Um ponto importante nesta discuss�o � a disputa pela hegemonia te�rica. Para Hoeffel e Reis (2011, p. 126),

a dimens�o pol�tica da quest�o ambiental � dada justamente pela disputa entre os diferentes atores na busca de uma hegemonia te�rica sobre a problem�tica do meio ambiente, base para a legitima��o das pr�ticas de apropria��o dos recursos naturais pelos diferentes interesses em disputa.

O aluno 2 traz as contribui��es de dois cr�ticos ao conceito de desenvolvimento sustent�vel, que preferem a express�o �Sociedade Sustent�vel�:

[Aluno 1], vejo a quest�o exatamente como voc�. Belo resumo do assunto. Estava aqui pesquisando e encontrei um artigo da Revista Plural, do Programa de P�s Gradua��o em Sociologia da USP que desenvolve a tem�tica e nos coloca mais uma express�o para pensar (e eventualmente usar): "sociedade sustent�vel" [KANASHIRO, 2009].

Destaco o seguinte trecho:

"Nessa concep��o, segundo Lima (2003), prefere-se utilizar a express�o sociedade sustent�vel, salientando a autonomia pol�tica, a diversidade cultural e os valores �ticos de respeito à vida. Na defini��o de Diegues (1992, p. 28): O conceito de �sociedades sustent�veis� parece ser mais adequado que o de �desenvolvimento sustent�vel�, na medida em que possibilita a cada uma das sociedades definir seus padr�es de produ��o e consumo, bem como o de bem-estar a partir de sua cultura, de seu desenvolvimento hist�rico e de seu ambiente natural".

O aluno 3 traz uma an�lise pessoal ao fim de sua postagem, destacando a import�ncia da interdisciplinaridade:

Observo em todas as leituras j� realizadas que os conceitos de ambos est�o relacionados ao ambiente e a situa��o atual em que ele se encontra o que demostra que a necessidade da interdisciplinaridade � importante, pois esses conceitos envolvem diversas situa��es. Se formos buscar v�rias refer�ncias vamos observar que sempre alguns aspectos s�o vistos de formas divergentes ou considerados de maior import�ncia, destacando os �valores� de cada um, por�m todos demonstram a necessidade de mudan�as para a preserva��o dos recursos ambientais, sem afetar as condi��es econ�micas, sociais e pol�ticas.

Neste coment�rio, h� a cr�tica de que os dois conceitos geralmente s�o reduzidos ao triple bottom line. O coment�rio do economista Ladislau Dowbor ajuda-nos a compreender a relev�ncia de ir al�m do triple bottom line:

Um ponto de partida b�sico que nos ajuda a definir os rumos da gest�o, � a vis�o que est� se tornando aceita no planeta de que temos de assegurar um desenvolvimento que seja economicamente vi�vel, socialmente justo, e ambientalmente sustent�vel. Ou seja, n�o se trata mais das empresas fazerem dinheiro, o Estado trazer o curativo, e os verdes protegerem as baleias. Toda empresa, qualquer projeto do Estado, e qualquer iniciativa das organiza��es da sociedade civil t�m de buscar simultaneamente a articula��o do econ�mico, do social e do ambiental. Esta vis�o do triple bottom line, na medida em que se popularizou, ajuda bastante. Mas na realidade, � insuficiente (DOWBOR, 2012, p. 1080).

Para o aluno 4, precisamos de um resgaste do conceitoDesenvolvimento Sustent�vel que foi deturpado. Isto faz sentido se retomarmos o coment�rio de Veiga (2013, p. 108) de que, em 1992, na �poca da Rio92, essa �bizarra par�bola dos �tr�s pilares� nem sequer havia sido inventada. Ela s� come�ou a ser difundida a partir de 1997, e no contexto das empresas, n�o das na��es�. Assim, conhecer o hist�rico deste termo, bem como a hist�ria do movimento ambientalista, incluindo a educa��o ambiental, � essencial para um entendimento dos usos e deturpa��es nos discursos ambientais:

Acho que o conceito de Desenvolvimento Sustent�vel foi deturbado e sua ess�ncia deve ser resgatada para que n�o se mantenha uma vis�o simplista da realidade no que tange ao assunto, tais como a dos autores abaixo:

Nas tentativas de encontrar uma defini��o de sustentabilidade condizente com a ideia que temos da mesma, nos deparamos com a afirma��o de que a aplicabilidade da sustentabilidade �pressup�e a mudan�a do sistema econ�mico em seus fundamentos capitalistas� (DOBSON, 1999, p. 12) Relacionando a sustentabilidade com a no��o de sociedade sustent�vel, para este autor, �a sociedade sustent�vel � uma sociedade ut�pica no sentido estrito do termo� (DOBSON, 1999 p. 13). A utopia da sociedade sustent�vel � uma perspectiva pol�tica presente na produ��o acad�mica da educa��o ambiental e uma de suas defini��es poss�veis � aquela � que vive e se desenvolve integrada � natureza, considerando-a um bem comum. Respeita a diversidade biol�gica e sociocultural da vida. Est� centrada no pleno exerc�cio respons�vel e consequente da cidadania, com a distribui��o equitativa da riqueza que gera. N�o utiliza mais do que pode ser renovado e favorece condi��es dignas de vida para as gera��es atuais e futuras� (RODRIGUES,1997, p. 159).

Enfim, creio que seja necess�rio mais embates a fim de que se possa identificar qual termo � mais adequado e o mais importante no momento � absorvermos realmente a ess�ncia dos conceitos de v�rios autores que defendem tanto o Desenvolvimento Sustent�vel, quanto a Sustentabilidade.

Segundo Hoeffel e Reis (2011, p. 125), �a julgar pelas controv�rsias que a defini��o de sustentabilidade coloca � de se esperar que diferentes posi��es tenham surgido nos �ltimos anos. O conceito de sustentabilidade vem sendo amplamente utilizado dentro de diferentes abordagens te�ricas, muitas vezes contradit�rias�.

Dryzek (2006 apud HOEFFEL e REIS, 2011, p. 127)organiza em 4 grandes abordagens os discursos ambientais: sobreviv�ncia dos seres humanos e n�o humanos, dos ecossistemas e mesmo do Planeta Terra; abordagens que procuram resolver problemas ambientais (com tr�s perspectivas: Racionalismo Administrativo, Pragmatismo Democr�tico e Racionalismo Econ�mico); abordagens que consideram a perspectiva da Sustentabilidade (nesta an�lise est�o inseridas a perspectiva do Desenvolvimento Sustent�vel que considera a possibilidade de associar crescimento econ�mico e prote��o ambiental); e abordagens do Radicalismo Verde (perspectivas da mudan�a pessoal centradas na Consci�ncia Verde que compreendem a Ecologia Profunda).

Para Dryzek existem modelos h�bridos nestas tipologias, mas enfatiza que existem diversos discursos ambientais que em alguns casos se completam, mas que em geral competem entre si e por uma hegemonia na solu��o de quest�es ambientais e que a cada discurso � poss�vel vincular distintas perspectivas para o termo sustentabilidade� (2006 apud HOEFFEL e REIS, 2011, p. 127).

O �ltimo coment�rio que apresentamos traz uma vis�o importante, que vai al�m das disputas sobre os significados dos conceitos, focando na inevit�vel situa��o sine qua non de mudan�a no modelo atual civilizat�rio:

Sem chegar a uma conclus�o fechada, pois sei que ainda tenho muito que aprender, cito a frase de Antoine Laurent de Lavoisier (Paris, 26 de agosto de 1743), que diz:" na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", ent�o, independente de se fazer conta, usando apenas esse racioc�nio, se gastarmos mais do que o planeta tem como reserva, em certo momento as mesmas se esgotar�o, seja energ�tica, minerais, vegetais, animais, gases, enfim tudo. Uma coisa � garantida, sem �gua, calor, oxig�nio e comida a vida humana na Terra ter� fim. Equilibrar a balan�a entre o que temos e o que podemos gastar � o grande dilema. Temos que diminuir as desigualdades sociais ao meu ver, n�o apenas elevando as condi��es dos menos favorecidos, mas diminuindo o consumo e o desperd�cio desenfreado pelos mais abastados. (Ser� que isso � poss�vel?)

A diversidade de opini�es, apenas aqui retratada em parte, � interessante do ponto de vista pedag�gico porque fica claro que n�o temos conceitos homog�neos, estando o entendimento de cada um influenciado por diferentes perspectivas. Assim, um debate on-line ou presencial retrata como temos que analisar diversas perspectivas para ter uma compreens�o mais ampla da problem�tica que estamos diante. Como se trata de alunos de p�s-gradua��o lato sensu, a busca, an�lise e uso de refer�ncias bibliogr�ficas � uma importante a��o, que permite uma maior intimidade com a reda��o cient�fica, assim como com a literatura da �rea.

Considera��es finais

A atividade relatada aqui, apesar de ter sido realizada em um curso oferecido � dist�ncia, pode ser desenvolvida em disciplinas ou cursos presenciais, preferencialmente, para p�blicos adultos de cursos de gradua��o ou p�s-gradua��o. Neste sentido, a proposta � construir uma vis�o que demonstre a heterogeneidade nos discursos sobre os conceitos de Desenvolvimento Sustent�vel e Sustentabilidade, assim como podemos fazer para as concep��es da pr�pria educa��o ambiental, como destacado pelo Sauv�:

Quando se aborda o campo da educa��o ambiental, podemos nos dar conta de que apesar de sua preocupa��o comum com o meio ambiente e do reconhecimento do papel central da educa��o para a melhoria da rela��o com este �ltimo, os diferentes autores (pesquisadores, professores, pedagogos, animadores, associa��es, organismos, etc.) adotam diferentes discursos sobre a Educa��o Ambiental (EA) e prop�em diversas maneiras de conceber e de praticar a a��o educativa neste campo. Cada um predica sua pr�pria vis�o e viu-se, inclusive, formarem-se �igrejinhas� pedag�gicas que prop�em a maneira �correta� de educar, �o melhor� programa, o m�todo �adequado� (SAUV�, 2005, p. 17).

Neste texto foi apresentada uma atividade de debate sobre os conceitos de Desenvolvimento Sustent�vel e Sustentabilidade. Dada a din�mica deste debate, assim como o agravamento da crise ambiental ou para alguns autores, como Porto Gon�alves (2013): civilizat�ria, este debate pode ser permanente e contribuir para a forma��o dos alunos, incluindo professores em forma��o inicial ou continuada.

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O que é desenvolvimento sustentável e qual a sua importância?

A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.

Porque a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável é importante?

O desenvolvimento sustentável encoraja a sociedade a conservar e utilizar de maneira mais consciente seus recursos naturais.

Qual a importância de um desenvolvimento sustentável?

O desenvolvimento sustentável é necessário para a manutenção das diferentes formas de vida da humanidade, assim como para a garantia de oferta de recursos ambientais para as próximas gerações.

Qual é a importância da sustentabilidade?

A sustentabilidade serve como uma alternativa de garantia a sobrevivência dos recursos naturais do planeta ao mesmo tempo que permite que os humanos e a sociedade como um todo, encontrem soluções ecológicas de desenvolvimento.