Que transformações ocorreram no campo brasileiro com o desenvolvimento do capitalismo?

1Espaço e Economia: Revista Brasileira de Geografia Econômica apresenta sua nova edição, integralmente dedicada à publicização da primeira parte do espólio do III Colóquio Espaço e Economia: Transformações no capitalismo mundial e a produção social do espaço: novos arranjos territoriais e a economia política do desenvolvimento, realizado nas instalações da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, entre os dias 10 e 12 de junho de 2019, com a nossa organização. Novas edições de Espaço e Economia a serem publicadas ainda neste ano de 2019 contemplarão os demais artigos aceitos, apresentados e revisados no decorrer do evento.

2Ademais, o III Colóquio Espaço e Economia ocorreu com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e foi capitaneado institucionalmente pelo Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH-UERJ), pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRRJ (PPGGEO-UFRRJ), pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UERJ (PPGEO-UERJ) e pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – Campos dos Goytacazes.

3A abertura do colóquio foi realizada pelo Prof. Dr. Eliseu Spósito (UNESP-Presidente Prudente), que apresentou a conferência “Desenvolvimento regional do Brasil, uma leitura pela ótica da quarta revolução industrial”, e a conferência de encerramento, intitulada “Corrida científica e tecnológica mundial, impactos geoeconômicos e geopolíticos e a posição do Brasil”, foi proferida pelo Prof. Dr. Clélio Campolina Diniz (UFMG). Ainda no primeiro dia, ocorreu a mesa redonda 1: As teorias das redes técnicas e escalas: os projetos de investimentos na produção e organização social do território, composta pelos seguintes palestrantes: Profª. Drª. Hipólita Siqueira (UFRJ), Prof. Dr. Marcio Rufino Silva (PPGGEO/UFRRJ), Prof. Dr. Denis Castilho (UFG), Prof. Dr. Edilson Pereira (UECE) e pelo Prof. Dr. André Santos da Rocha (UFRRJ).

4No segundo dia de evento ocorreram as seguintes mesas redondas: Transformações no capitalismo mundial e a produção social do espaço: novos arranjos espaciais, formada pelos seguintes membros: Profª. Dr.ª Sandra Lencioni (USP), Profª. Dr.ª Maria Terezinha Serafim Gomes (Unesp), Prof. Dr. Leandro Dias de Oliveira (UFRRJ), Prof.ª Dr.ª Arlete Moysés Rodrigues (UNICAMP), Prof. Dr. Daniel Sanfelici (UFF) e Profª. Dr.ª Regina Helena Tunes (UERJ); e Produção do espaço e espoliação imobiliária no mundo contemporâneo, formada pelos pesquisadores Prof. Dr. Rodrigo Hidalgo (PUC-Chile), Profª. Drª. Maria Beatriz Rufino (FAU/USP) e Profª Drª. Leda Velloso Buonfiglio (PPGEO-FURG).

5Já no terceiro dia de evento, tivemos a quarta e última mesa, intitulada “Os movimentos das frações de capitais, os circuitos espaciais de produção e a crescente financeirização da economia diante de um novo padrão de acumulação”, com os palestrantes Prof. Dr. Cláudio Zanotelli (UFES), Prof. Dr. Roberto Moraes Pessanha (IFF-Campos dos Gotacazes), Prof. Dr. Leandro Bruno Santos (UFF), Prof. Dr. Carlos Brandão (UFRJ) e Prof. Dr. Romeu e Silva Neto (IFF-Campos dos Goytacazes). O conteúdo destas conferências e mesas redondas integram o livro Espaço e economia: geografia econômica e a economia política (Rio de Janeiro: Consequência Editora, 2019), com nossa organização.

6Além das conferências e mesas redondas que compuseram o III Colóquio Espaço e Economia, foram aceitos para apresentação ao todo 44 trabalhos, de diferentes partes do Brasil, inseridos em quatro eixos temáticos centrais: 1) Reestruturação espacial e desenvolvimento econômico-regional, 2) Redes técnicas e organização social do território, 3) Produção do espaço e espoliação imobiliária no mundo contemporâneo e 4) Desenvolvimento e crise no capitalismo contemporâneo. É a partir deste legado de grande importância para este campo que organizamos a atual edição da revista.

7Vale asseverar: historicamente, as reuniões de pesquisadores e debates em torno do tema Espaço e Economia teve início em 2008, na UERJ, ano em que foi criado o Núcleo de Pesquisas Espaço e Economia [NUPEE], registrado no Diretório de Grupos de Pesquisas do CNPq. Nos primeiros anos foram realizados dois seminários que tiveram caráter nacional (com participação de investigadores da UFMG, UFF, USP, UERJ, UERJ-FFP, UNICAMP e IFRJ), e que recebeu como título “I Seminário Espaço e Economia: reflexões contemporâneas”, realizado na Faculdade de Formação de Professores da UERJ, em São Gonçalo, nos dias 08 e 09 de junho de 2009, com apoio financeiro da FAPERJ. O segundo também foi realizada na FFP-UERJ e foi intitulado “Políticas Territoriais, Intervenção do Estado e Práticas Sociais na Reestruturação do Espaço” , sendo realizado nos dias 24, 25 e 26 de outubro de 2011. Neste evento a palestra de abertura foi proferida pelo Professor Paul Claval, Professor da Universidade de Paris IV-Sorbonne. A gênese de Espaço e Economia: Revista Brasileira de Geografia Econômica é justamente fruto dos debates realizados nestes colóquios iniciais. A partir de 2012, com a participação de pesquisadores e alunos de iniciação científica, especialização, mestrado e doutorado dos Programas de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da UERJ, do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e do Instituto Federal Fluminense – Campos dos Goytacazes, o Grupo de Pesquisa passou a ser estruturado nas três universidades. Assim, Espaço e Economia: Revista Brasileira de Geografia Econômica se tornou um importante instrumento de disseminação das investigações e dos estudos e debates sobre as políticas territoriais e a economia política do desenvolvimento.

8Assim como a obra Espaço e economia: geografia econômica e a economia política, também é desafio de Espaço e Economia: Revista Brasileira de Geografia Econômica não somente contribuir para o processo formativo e acadêmico nas instituições brasileiras e latino-americanas no campo da geografia econômica, mas também divulgar os esforços de pesquisadores dos grupos e núcleos de pesquisa e demais pesquisadores brasileiros e da América Latina. Em tempos de desalento político e crise espraiada, Espaço e Economia também permanece com o propósito de oferecer uma leitura crítica e robusta dos fenômenos econômico-espaciais em múltiplas escalas.

Quais são as principais mudanças que aconteceram no campo?

Entre os efeitos da mecanização do campo, destacam-se as mudanças nas relações de trabalho, o êxodo rural e o aumento da produtividade. O espaço rural foi, de certa forma, uma das primeiras marcas do homem a partir da transformação do meio natural em espaço geográfico.

Como é a expansão capitalista no campo?

A expansão do capitalismo no campo tem causado diferentes processos, dentre eles, a territorialização e a monopolização do capital no campo. No caso específico do Nordeste, o processo de reestruturação produtiva da agropecuária tem ocorrido de uma forma mais pontual, sobretudo nos vales úmidos.

Como ocorrem as mudanças na cidade e no campo?

Com o avanço no meio técnico, a mão-de-obra no campo foi substituída pelos maquinários, expulsando as pessoas da terra, causando um inchaço urbano. Na cidade, o produto do campo é transformado nas fábricas e, posteriormente revendido aos consumidores.

O que mudou na vida das pessoas e no espaço rural com a modernização da agricultura?

Uma das principais vantagens do processo de modernização do campo foi o aumento significativo da produtividade, incluindo a geração e distribuição de alimentos pelo mundo, o que contrariou perspectivas pessimistas que acreditavam que o crescimento populacional superaria a disponibilidade de recursos.